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anorexyca · 5 months
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Eu me sinto sem palavras como a Gaga naquela música incrível que ninguém faz questão de lembrar. Eu sou uma fraude. Tenho 25 anos e não sou ninguém. Tenho um currículo medíocre onde só constam serviços na área de servidão. Todas as minhas tentativas de fazer o que eu amo não foram valorizadas nem pelas pessoas que dizem que me amam. Ninguém nunca me prestigiou no teatro, ninguém me prestigiou trabalhando com arte. Quando o meu irmão tentou a música, eu apoiei ele de todas as formas, compartilhando suas criações em todas as mídias, colocando para tocar no ouvido de todo mundo que eu conheço. Quando ele se tornou professor, eu disse para todas as pessoas que eu conheço como meu irmão era educador e eu achava isso a coisa mais nobre de mundo. Quando ele se casou e virou mestre mais uma vez eu estava ali com todo o meu apoio do mundo e felicitações. Quando ele fez 28 anos eu fui a primeira a mandar um áudio gigantesco e muito embriagado pra ele de aniversário dizendo o quanto eu o amava e sentia a falta dele. Mas eu fui criada pra ser abandonada e essa sou eu. Além todas as dificuldades que o mundo já me proporciona porque ele proporciona para todo mundo, comigo foi especial. Eu nasci para o abandono. Eu nasci para ser desvalorizada. Eu nasci para ser medíocre. Hoje eu tenho um companheiro que me trata exatamente da mesma forma no sentido de desvalorização do que eu sinto e penso, mas a culpa não é dele. Ele também nasceu pra ser desvalorizado. Eu nunca mais pude fazer teatro porque teatro é uma coisa idiota que adultos não devem fazer. O meu videoclipe que eu gravei ninguém assistiu ou compartilhou. As minhas pinturas, ninguém nunca pagou por elas ou pediu por elas. Minhas esculturas, ninguém nunca gostou delas ou achou que elas fossem boas o bastante pra nada. Minhas costuram eram feias, fracas e mal acabadas. Meu senso de moda e estética é ridículo e o o meu cabelo fica mais bonito preso. Ninguém gosta de cabelo armado, só gostam de cabelo liso. Ninguém nunca quis fotografar uma escultura minha ou me felicitar pelas minhas criações dizendo que sou diva, linda, um conceito, uma artista, muito inteligente ou muito bonita. Na verdade eu também não sou fotogênica, acho que porque sou feia mesmo. Eu nasci para o fracasso. Eu já tenho 25 anos e nunca consegui concluir nada na vida. Eu tenho 25 anos e sou uma retardada com a cabeça de 12. Ninguém gosta de me ver dançando ou cantando também. Aqui em casa, meu companheiro fecha as portas para não me ouvir e quando estamos muito loucos ele vê minha dança e acha ridícula. Sabe o que é não ser bom em nada? Nunca ser bom em nada? Eu nunca vou ser boa em nada. Nunca vou ser bonita, nunca vou fazer algo que faça com que as pessoas me valorizem ou se lembrem de mim. Eu sou medíocre, feia, sem talento, sem personalidade e mereço morrer de overdose. Queria eu ter cocaína agora pra cheirar até morrer de overdose.
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anorexyca · 6 months
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Tem coisas que eu queria nunca ter conhecido, nunca ter ouvido falar. Cocaína com certeza é uma delas.
Cocaína é como diamante e brilha; Brilha com todo o seu poder destrutivo, o brilho com certeza é caco de vidro. Te entorpece de forma burra, estática, nada nunca novo, sempre o mesmo estorvo, mas o tempo passa e nós queremos mais. Queremos mais da tal cocaína. Quando você perceber vai estar apaixonado, vai estar amando a tal cocaína. Ela sempre vai parecer a decisão certo para os seus acertos e erros. Ela aparece pra te ajudar a comemorar ou ajudar a se afundar. A cocaína sempre vai ajudar você a se afundar. Ela suga tudo o que seu cérebro consegue produzir de forma tão mesquinha e egoísta, aí depois ela vai embora e tudo o que sobra são os resquícios do que ela usou enquanto estava em combato no seu corpo. Mas eu não ligo, é coisa de louco... Me apaixonei muito cedo, cruzei com ela poucas vezes e não consegui me despedir. Se você ama algo de forma borderline você precisa se despedir à qualquer custo.
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anorexyca · 6 months
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Eu estou cansada de procurar emprego e tudo o que eu acho são vagas arrombadas. Mais uma vez abandonei minha formação pra me dedicar à alguém e estou sozinha nessa situação. Eu sei que nunca vou ser feliz cumprindo horário de trabalho arrombado, tendo que obedecer ordens de patrões arrombados pra ganhar 1.500 reais, onde 300 reais são pra transporte. Pra ganhar mais que isso você tem que se submeter a servidão do seu corpo e mente de qualquer forma: seja servindo as pessoas em bandejas ou sexualmente. No final, me sinto da mesma forma sobre ambas.
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anorexyca · 6 months
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Planeta Terra chama, às vezes eu gostaria que não. Eu costumava acordar muito feliz todos os dias ao olhar para o lado, isso não acontece mais. Quando você compreende muito mais do que é compreendido acontece uma ruptura em algum momento. Essa ruptura, no meu caso, não é algo que possa ser colado com argamassa, superbonder ou coisa mais forte. Essa ruptura indica o início do fim de tudo. E eu perco a vontade de tudo porque eu percebo que mais uma vez levantei pedestais para pessoas que nunca fizeram o mesmo por mim nem fariam.
Eu tinha ficado extremamente deprimida pela menstruação ter descido e agora eu percebo que fui salva. Eu ainda posso recomeçar. Eu ainda posso encontrar alguém que me ame de verdade e que reconheça o que eu faço, que reconheça que eu sou um erro ambulante. Ou melhor de tudo, eu posso recomeçar sem ninguém. Sem nunca mais ter alguém. Ter apenas eu e eu mesma.
Eu não digo que sei cuidar de mim, muito pelo contrário, mas acho que posso cuidar das coisas da forma com que eu acredite serem melhor e se eu morrer cedo que pelo menos seja pelo excesso de tentar demais e não como sombra de outra pessoa que não é melhor do que eu só porque faz coisas que eu não sei fazer.
Não é o fim do mundo, nunca foi, já chegou muito perto de ser e não foi. Mas quando esse fim chegar, afundarei sozinha, como eu mereço.
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anorexyca · 7 months
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Eu me sinto muito medíocre. Fico rolando o feed do instagram incessantemente e vendo mulheres da mesma idade que eu ou mais novas muito bem sucedidas, enquanto eu não sei fazer absolutamente nada. Eu nem sirvo para fazer nada, não consigo me aprofundar em nada e acho que sempre vou ser ruim em partes em tudo.
Eu fico vendo garotas e me comparando a elas e me sentindo um lixo como eu não fazia a muito tempo, de repente voltei à fazer. Eu tentei de verdade fazer tantas coisas que eu amo tanto, mas ser tão duramente criticada e me dizerem que estou perdendo tempo me mata de pouco em pouco.
Sei que estou mais melancólica por conta da tpm, mas não consigo não me sentir a pessoa mais feia e inútil do mundo. Dói ser tão medíocre, dói ser tão ruim em tudo, dói ouvir que meu cabelo que eu cuido tanto é feio e que eu estrago ele sempre que tento deixá-lo mais bonito. Eu me sinto apaixonada por algo e imediatamente isso é roubado de mim porque não me cabe e eu não posso.
Me sinto uma fraude. Eu nunca vou conseguir fazer algo realmente bom ou ser boa em algo que eu goste. Ser desestimulada em coisas que eu gosto me fazem nunca mais querer tentar e eu sou assim desde criança.
Eu cresci ouvindo que sou ruim, que sou feia, que sou ridícula e parece que nunca vou conseguir me desvencilhar disso. Ninguém nunca vai entender minha condição mental. Meus projetos artísticos sempre vão ser algo babaca, infantil, incompetente e que pode ser melhor, mas nunca fica bom o bastante.
Acho que eu vou sempre trabalhar em empregos medíocres e humilhantes até finalmente sentir coragem de me matar. Eu me sinto tão humilhada em ter que voltar pro pura que eu juro que lá ninguém vai ouvir minha voz. Não vou olhar pra cara de ninguém, vou viver com o rosto baixo e me mutilar o máximo possível em lugares visíveis, onde os clientes vejam. Eu me sinto humilhada em ter que voltar a servir pessoas quando eu nem ao menos gostaria de estar sendo servida. Eu não sou mais uma pessoa gentil, não sou mais pessoa prestativa, eu vou ser a pior garçonete do mundo.
Eu olho para mulheres bem sucedidas do meu instagram e eu entendo porque o f quer me largar. Ele merece um adulto funcional do lado dele mesmo, que tenha sucesso ou pelo menos saiba o que fazer com a própria vida porque eu não sei. Eu só consigo pensar que to desamparada, que sou extremamente feia e meu corpo é extremamente nojento, que eu sempre vou estar em baixo e deveria estar morta. Eu espero encontrar essa coragem.
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anorexyca · 7 months
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Eu gosto de fotografar lixo, sujeira, coisas abandonadas onde ninguém vê beleza. Eu gosto de toda essa porcaria porque eu me vejo enquanto parte de toda essa porcaria e ninguém nunca vai conseguir olhar e ter um olhar gentil sobre essas coisas e sobre mim.
A fotografia consegue eternalizar tudo, hoje em dia tudo é eterno mesmo se perdido em algum espaço de algum HD que foi perdido a meses atrás.
Eu sou descartável. Como lixo, eu sou descartável. Eu sou a coisa mais interessante do momento na vida de alguém até que é sugado tudo que podem de mim e depois me descartam. Eu nunca vou ser parte permanente de algo ou alguém.
Eu pensei que tivesse encontrado minha alma gêmea e eu estava totalmente segura e ninguém nunca ia tirar isso de mim finalmente, e eu era tão absurdamente sortuda que era capaz de olhar para influencers milionárias nas Maldivas e ter pena delas porque elas nunca teriam esse amor que agora eu tinha. Elas nunca seriam cuidadas da forma como agora eu era. Elas nunca fariam parte de algo tão especial assim em toda a sua vida. E eu estava errada.
Eu erro quando eu me esqueço que todos os seres humanos são tão humanos quanto eu. Eu erro quando penso que tudo pode ser solucionado desde que exista o famoso "nós temos um ao outro". Eu erro quando penso que há algo para mim que me torna especial de forma que ninguém mais é, mas eu não sou.
Eu sou puramente descartável e invisível como o lixo que eu fotografo. As minhas fragilidades jamais serão compreendidas, serão utilizadas para benefício alheio enquanto lhe forem úteis. Eu jamais vou me encaixar em um lar ou fazer parte de algo tão lindo e forte que não posso ser quebrado. Essas relações não existem.
Nós vemos nas redes sociais e eu particularmente sigo várias mulheres que estão em relações magníficas. Elas têm o seu marido que a amam acima de tudo e têm os seus bebês e esse sempre foi o meu sonho e agora eu finalmente acho que posso estar grávida e não posso levar isso adiante porque o sonho está morto. Porque essas mulheres que eu acompanho são ricas. Porque essas mulheres possuem uma grande rede de apoio para cuidar de suas bebês e tudo o que eu quis por muito, muito tempo era ter a minha bebê também cercada da certeza do amor e era tudo o que importava, mas finalmente minha menstruação está atrasada, porém eu estou em uma casa que não é minha com alguém que eu não confio para ser pai da minha bebê, se realmente existir uma bebê, porque na primeira dificuldade real ele decidiu que precisava se livrar de mim.
Se eu estiver grávida, eu não vou abortar essa bebê. O nome dela vai ser Nirvana e ela vai ser grande e vai receber todo o apoio e amor do mundo e eu vou fazer TUDO para que ela tenha tudo. Acho que vou sair do estado. Tenho um camarada que mora no Ceará e eu tentaria a vida lá. Eu só preciso de verdade estar formada em algo até lá. Eu tenho 9 meses pra estar formada em algo até lá e aí eu vou sair do estado e eu e ela vamos recomeçar em um lugar totalmente diferente e novo.
Eu não consigo mais confiar no amor, não confio no que eu tenho agora, não tenho a segurança de não ser chutada para fora em um próximo grande problema. Eu só queria poder fazer parte da solução de tudo, mas acho que eu sou parte do problema também. O problema não é que sou border, não sou border, tenho AUTISMO. E isso é uma coisa com a qual ninguém está pronto nem quer estar pronto pra lidar, todo mundo já tem os próprios problemas. Mas por nós duas eu sei que posso qualquer coisa. Eu vou ser a nossa própria rede de apoio e nunca vou deixar que fiquemos desamparadas.
Vou continuar fotografando lixo. É onde eu me vejo pertencente e me trás conforto saber que o lixo me acolhe porque não tem a opção de me expulsar.
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anorexyca · 7 months
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Existe uma passagem de tempo de uma fase para outra, quase como um espectro sombrio onde você consegue visualizar no ar as partículas que indicam que tudo está mudando. Você aumenta as gotas de clonazepam e se pergunta se é o mesmo remédio, se de repente não virou água com açúcar e o por que do seu organismo de repente se tornar tão resistente à calmantes.
Você se lembra das séries que sempre assistiu adolescentes de jovens pobres passando por perrengues semelhantes ao seu e se lembra que todas elas descambam no uso de drogas mais pesadas. Na melhor das hipóteses a assistente social da série consegue enfiar a personagem em algum programa de ressocialização para que ela fique limpa e possa ser inserida no mercado de trabalho dos pobres: como caixa de supermercado, vendedora de loja de cosméticos, atendente remota. A última opção é a melhor de todas, porque embora seja a que pague pior é que você consegue se manter o mais longe possível de seres humanos.
Eu não gosto de seres humanos. Eu acho que a sociedade capitalista como um todo é uma fábrica de gente medíocre e quem foge dessa mediocridade é sempre pobre, fodida e doente mental como eu. Digo doente mental sendo capacitista comigo mesma porque eu posso ser uma pessoa horrível comigo mesma, as outras pessoas não. O pobre nasce de um lar pobre e desestruturado, vai pra uma escolinha pública junto com outros pobres de lares desestruturados, não tem um ensino suficientemente decente para que ele possa entrar em uma universidade. Atualmente os pais e mães exaustos da classe trabalhadora que tiveram essa mesma criação repetem tudo incessantemente, mas agora existem telas de celular com conteúdos coloridos e emburrecedores no youtube para largarem suas proles assistindo toda essa porcaria enquanto tentam ter um tempo para assimilar toda a merda que são suas vidas como empregados de pessoas com muito dinheiro enquanto se embriagam, fumam, se drogam, lavam louça, cuidam da casa, fazem comida e lamentam a própria existência e da criança que foi largado ao emburrecimento do youtube. O ciclo se repente.
Lênin já previu toda essa merda em "Imperialismo, a fase superior do capitalismo", onde basicamente, a cada 10 anos ocorre uma crise no sistema capitalismo, uma crise econômica da qual o mesmo nunca se recupera. As empresas pequenas quebram e são forçadas a venderem suas posses à empresas maiores, dessa forma o capital se concentra cada vez mais na mão de menos pessoas. Esse é o imperialismo. Junto com tudo isso ocorre o desenvolvimento dos maquinários produtivos, as empresas menores que não conseguem competir com as empresas maiores quebram e o ciclo se repete. Com esse desenvolvimento tecnológico ocorre também a troca de seres humanos por máquinas, onde eram necessárias 50 pessoas em uma linha produtiva, agora é necessário apenas 5 para conduzirem o trabalho da máquina. Isso causa um exército de pessoas desempregadas, um exército de reserva. O que nesse sistema implica em pessoas desempregadas desesperadas por sobrevivência, obrigadas à venderem sua mão de obra por qualquer valor. Esse exército de reserva, em meio à toda essa merda capitalista criou formas alternativas de sobreviverem sem precisarem vender sua mão de obra diretamente à grandes empresas: o trabalho informal. É a tal da "uberização". Temos uma grande massa de pessoas desempregadas, trabalhando por conta, sem direitos trabalhistas assegurados porque o estado não reconhece essas pessoas em caso de adoecimento. Na verdade, o estado não reconhece nenhuma pessoa doente, empregada ou autônoma. O governo nada mais é do que o reflexo de uma sociedade, logo, em uma sociedade capitalista, ele vai servir apenas aos capitalistas. Vai servir apenas à propriedade privada. Se você, classe trabalhadora, adoecer e precisar de assistência do estado, você não vai ter. O órgão criado para proteção de trabalhadores em situação de doença não vai te ajudar a pagar suas contas. Você não vai ter assistência psicológica municipal em caso de necessidades mínimas ou complexas. Você vai chegar no lugar onde deveria te acolher psicológicamente e vai ser tratado como um rato que quer praticar a desordem. Como assim você adoeceu por causa do seu trabalho? Como assim você tem autismo? Como assim você não consegue desenvolver funções como as outras pessoas? Você deveria ter sido morta na maternidade, afogada no rio já que você não consegue contribuir com o capitalismo como todo mundo. E digo de antemão que o "todo mundo" são as pessoas que não possuem necessidades especiais, mas que se são pobres, também adoecem ou vão adoecer em algum momento porque todo esse sistema é desumano. O sistema capitalista é feito para que pessoas que não provém de classes "confortáveis", entre muitas aspas, virem apenas trabalhadores braçais sem senso crítico algum. Trabalhadores com senso crítico derrubam um sistema, isso é científico, todos os sistemas foram derrubados.
Mas esse texto é mais um desabafo de mais uma pessoa pobre, que tem necessidades especiais e fez o que pôde para conseguir ajudar psicológica do estado. Me negaram atendimento, fui maltratada. Exploraram minha mão de obra até minha mente explodir. O seu patrão não se importa com você, ele não gosta de você, ele só gosta de dinheiro e vai te tolerar enquanto você for útil para ele. Claro que é digno só querer viver dia após dia para pagar contas e sobreviver porque é tudo o que resta. Eu não consigo me enquadrar nessa "normalidade dócil" que o sistema quer que me enquadre. Pessoas como eu pensam em suicídio todos os dias. Pessoas como eu praticam o suicídio. Eu não vou pegar em armas nem nada disso, não tenho forças para isso. Mas eu escrevo e falo e é isso,
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anorexyca · 7 months
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Esperança é uma coisa perigosa para uma mulher como eu ter.
É quase como uma redoma que toma toda a sanidade que há em mim e transfere para outro lugar. Um lugar inaudível, não palpável, obscuro e imprevisível e eu viro refém de mim mesma por intermináveis e incontroláveis instantes. 
Eu faço  uma mistura de comprimidos que descem pela minha garganta junto a um café amargo dormido e horrível que é o melhor que tenho em casa agora. Não há energia para fazer um café novo, digo energia própria do meu corpo, porém a energia artificial da minha casa também não é recomendável pelo meu cérebro. 
Prefiro ficar no escuro, rolando para cima e para baixo um feed de uma rede social porcamente falsa e mentirosa, nada ali é real. “As pessoas não podem viver tão bem assim e serem tão felizes assim”, repito a mim mesma incessantemente. Não seria justo com as outras Lolitas como eu, que existam mulheres tão livres de suas próprias mentes e bem sucedidas. A dependência começa com a pobreza e a doença mental é um conjunto de tudo.
Insanamente mistura cafeína com calmantes, pois não faço mais ideia do que fazer. O suicídio é uma opção que passa pela minha cabeça pelo menos a cada meia hora, mas eu tenho alguém que eu amo e que não quero deixar para trás. Não falo da minha mãe, familiares que refletem meus ancestrais, não. Falo do homem que eu amo e sei que me ama e que egoístamente não quero que viva sem mim. 
As horas passam no escuro aconchegante do meu lar e eu percebo que tudo isso se tornou meu escudo. Ao colocar os pés para fora, tudo vira kriptonita e eu, como uma boa doente mental esquisita, sinto que minha mente pode morrer de vez se tiver contato com o mundo externo.
Eu tentei imensamente por diversos meses investir todo o meu tempo em tudo o que gosto, todos os ramos da arte passaram pelos meus dedos de modo meio mórbido, pois, ao passarem e eu perceber que sou um completo desastre em qualquer coisa, morreram para mim logo em seguida. Menos a escrita.
Eu não sou uma menina que consegue mais falar sobre como se sente realmente, não tenho abertura para isso e as unidades de saúde locais me deixaram ainda mais doente. Escrevo, porque consigo ser honesta com meus próprios dedos, com o restante do mundo eu finjo uma sanidade e um desapego que nunca existiram de fato. 
Eu consigo ver quando as coisas estão desmoronando e eu não consigo fazer nada para mudar tudo isso, todos os caminhos são imprecisos, é tudo muito difícil e minha mente foi danificada em um nível que eu simplesmente não consigo mais fingir ser outra pessoa senão eu mesma. Fora de casa isso é um problema porque quem eu sou não é empregada nunca. Eu não gosto de sorrir todos os dias para pessoas que eu não amo. Tem momentos que fico não verbal e não sei como lidar com tudo isso em segundo plano, visto que o primeiro plano precisa começar com a minha socialização forçada, da qual eu também não consigo mais nada e isso acaba com tudo.
Acaba com tudo porque coloca tudo em perigo, porque o mundo e as pessoas são meus inimigos e eu sei que vou perder o homem que eu amo por ser a pessoa que sou. Porque o amor não basta, o mundo não é feito para amantes, o mundo é feito para pagantes e se você não tem capital de giro você não é ninguém. 
Não consegui concluir os estudos, surtei na época em meio a pandemia e tudo e depois novamente devido ao meu vício em substâncias que me façam esquecer da minha mediocridade. 
O problema é que não me sinto medíocre, me sinto um gênio e sei que sou, mas ser um gênio não significa nada se você não nasce na família certa, já possuindo tudo aquilo que a maioria das pessoas morrem tentando ter e nunca alcançam: sucesso. Sucesso em resumo quer dizer dinheiro, estão intimamente ligados. Se você não nasce possuindo, dificilmente vai ter depois. Saúde mental também faz parte desse combo. Eu não possuo nada disso a não ser as certezas de que sou uma menina muito bonita, possuo grande genialidade e inteligência, tenho TEA e sou casada com o homem mais incrível de toda a história do mundo todo. Outra certeza que tenho é de que vou perdê-lo, por tudo o que escrevi até agora.
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anorexyca · 5 years
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O Regresso (2016) – Diretor: Alejandro González Iñárritu
O Regresso é um bom filme para se assistir apenas uma vez, não que o filme seja ruim, porque não é. A história que o filme retrata, que sempre esteve nos cinemas, a vingança, não consegue se tornar épica por si só. Ela depende de elementos espirituais e metafísicos para potencializar nossa sensibilidade em criar uma empatia entre nós e a personagem principal.
Esse filme gerou o tão ambicionado Oscar de Melhor Ator para Leonardo DiCaprio, pois foi graças também à sua atuação no filme que conseguimos nos conectar com a trama. DiCaprio conseguiu nos transmitir muito bem todos os sentimentos de sua personagem: Hugh Glass. Ele nos faz torcer para que sua vingança se realize, desejamos que seja bruta, porque sabemos que o Fitzgerald merece. Este é um ponto importante no filme, percebemos e acompanhamos o tempo que o personagem de DiCaprio demora para o clímax.
Em uma entrevista ao Financial Times, o diretor mexicano diz que seu filme “merece ser visto em um templo”. Isso me parece ser apenas um comentário arrogante, sabemos que o diretor tem talento, mas com certeza não é sua melhor obra. Se filmes majestosos devem ser vistos em templos, infelizmente, não seria o caso de nenhum de seus filmes. Diga-se de passagem, a atuação é ótima, mas não é a melhor do Leonardo DiCaprio (deveriam ter lhe dado o Oscar em Titanic).
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anorexyca · 5 years
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M, O Vampiro de Dusseldorf (1931) – Direção: Fritz Lang
O diretor Fritz Lang conseguiu com maestria criar dilemas morais e éticos nesse longa-metragem histórico, como: qual seria a melhor forma de punição para o vampiro de Dusseldorf? Prisão perpétua? A morte? Seria a loucura real? E se fosse real, seria uma boa justificativa que tornaria todos os seus crimes perdoáveis?
Esses são dilemas nos quais ficamos refletindo após o filme.
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anorexyca · 5 years
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Black Christmas (1974) - Direção: Bob Clark
É um filme sobre natal e slasher, um ótimo filme para se assistir com a família numa belíssima noite de natal, depois daquele rangão.
É um longa-metragem que funciona muito bem na área do entretenimento e do lazer. Não é um filme que mostrará elementos bem articulados ou uma trama rica em detalhes, é um filme que segue as normas da Hollywood exploitation (apesar, de ser um filme canadense) e faz isso muito bem.
A estrutura narrativa segue bem o padrão que conhecemos, e gostamos. A trilha sonora não é boa, tanto que nem lembramos se realmente existe uma trilha sonora. O suspense é o único fator bem trabalhado na obra, pois, desde o começo ele é introduzido e vai se desenvolvendo de uma forma lenta, dando um toque preciso na atmosfera gerado em conjunto com as atuações das personagens. O modo como esse suspense é desenvolvido nos prende a trama.
O filme se sai muito bem com a proposta que ele apresenta. Para uma obra sem muito orçamento, desenvolveu bem sua proposta principal.
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anorexyca · 5 years
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Cronos (1996) - Diretor: Guillermo Del Toro
O corpo da narrativa do filme, como já disse antes, é extremamente básica, não utiliza de artifícios para incrementar ou potencializar a história. Então por este motivo o filme não deixa buracos aberto em seu roteiro, seguem as normas simples dos roteiros: conhecemos os personagens e seus dilemas, o clímax e desfecho. Tudo isso é bem executado, podem até ser fonte de reflexões, sobre a morte e a ganância.
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anorexyca · 5 years
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O Auto da Compadecida (2000) – Diretor: Guel Arraes/ Autor: Ariano Suassuna
O Auto da Compadecida é um filme que merece ser visto até mais de uma vez, pois o elenco é recheado de estrelas nacionais e, cria alguns artifícios que as comédias póstumas viriam aderir, e também porque é um grande marco na história cinematográfica do cinema nacional.
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anorexyca · 5 years
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Drive (2011) – Diretor: Nicolas Winding Refn
A estrutura narrativa do roteiro não apresenta elementos complexos cheios de artifícios, ou subtramas, mas a forma que ela é aborda é interessante.
O filme funciona bem com efeitos, mesmo sendo o puro fetiche estético do cinema americano. Os stop-motion e enquadramentos empregam algo de heroico, porém, com o decorrer da narrativa, sabemos que o protagonista não é nem um tipo de herói, sua moral é rala e também não enfrenta dilemas morais (um verdadeiro anti-herói). A trilha sonora emprega bem o seu papel, as músicas selecionadas penetram muito bem no ambiente frio e corrompido da cidade, não ficando desconexo, mas sim trabalhando em conjunto com a fotografia.
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anorexyca · 5 years
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Shiki Oriori: O Sabor da Juventude (2018) – Diretores: Li Haoling, Jiaoshou Yi Xiaoxing e Yoshitaka Takeuchi
Shiki Oriori: O Sabor da Juventude (2018) – Diretores: Li Haoling, Jiaoshou Yi Xiaoxing e Yoshitaka Takeuchi.
É muito fácil se identificar com qualquer uma dessas três histórias, ou com os personagens, pois já passamos ou iremos passar por situações semelhantes. Nós seres humanos somos seres presos aos nossos passados, e este filme é apenas um conselho de como lidar com esses fantasmas.
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anorexyca · 5 years
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10 Coisas que eu odeio em você (1999) – Diretor: Gil Junger
Inspirado na peça de William Shakespeare: A Megera Domada, 10 coisas que eu odeio em você é um filme perfeito para a Sessão da Tarde, pois, tem o hábito irritante de repetir toda hora o enredo do filme. Você pode começar a assistir em qualquer parte e será situado dos eventos do filme.
Os elementos de comédia são a essência do humor norte americano dos anos 90, porém, o filme reúne vários atores prodígios, como: Joseph Gordon-Levitt, no personagem de Cameron e Heath Ledger como Patrick. O primeiro posteriormente protagonizou filmes como Origem de Nolan e 500 dias com ela de Mark Webb. O segundo foi eternizado como o Coringa, diga-se de passagem, um dos melhores coringas que o cinema já viu. Os outros atores e atrizes conseguiram apenas papéis secundários em filmes do mesmo gênero.
A mise-en-scène é a mais básica possível, pois, ele não tem a pretensão de elaborar e experimentar algo mais complexo que exija maior atenção do expectador. O roteiro é bem esclarecido e já vem mastigado. Os elementos que são apresentados no começo do filme são bem desenvolvidos, assim como o progresso dos personagens. Como a estrutura narrativa é simples, consegue se desenvolver naturalmente. A estrutura psicológica dos personagens não é aprofundada e não aparenta nenhum tipo de conflito com estrutura complexa. O foco do filme são problemas cotidianos de jovens de classe média.
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anorexyca · 5 years
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Decifrando Imagens
Her (2013) - Direção: Spike Jonze
DECIFRANDO IMAGENS
A imagem apresentada no começo do filme mostra Theodore na profundidade de seus pensamentos mais angustiantes. Notamos que a cidade está em desfoque, ela possui cores frias e neutras, além de prédios monumentais, que contrasta perfeitamente com o protagonista da história.
Ele pelo contrário, está usando um casaco vermelho, está de braços cruzados e olhando para o chão em completo estado de introspecção.
O casaco vermelho rubro no cenário causa uma ambiguidade junto ao olhar introspectivo e os braços cruzados, dando a impressão que o personagem não quer participar do mundo.
Então por que escolher o vermelho rubro?
Ao decorrer do filme notamos que Theodore é a cor vermelho rubro. Percebemos que o humor e temperamento de Theo condizem com a cor, pois, ele é muito sensível, e a sensibilidade tem relação com essa cor. Toda sua sensibilidade o distância da cidade, que é insensível, e a mesma parece o oprimir.
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