Cura
Permita-me, caro leitor, adentrar tua porta
E confessar o tanto que me dói a aorta
É um tilinte, um chacoalhar, uma inquietude
Tu como bom ouvinte hás de gostar dessa atitude
E quem sabe encontrar algo que te conforta
Revelo-te: tal inquietude é sempre latente
É raridade ser benevolente
E nunca ajuda nesse ato transgressor
De fato é bem prudente o torpor
Mas ora, quem ousa escrever o que sente?
Quem sente, oras!
Como um comichão que causa agonia
Como tirar a carapaça que não mais servia
Como trocar de pele
Pra que assim eu zele
Pela minha sanidade e minha calmaria
É ouro
É bobo
É louco
É loucura
É touro
É tolo
É tosco
É ternura
É pouco
É povo
É poço
É pura
É couro
É sangue
É alma (mas sobretudo)
É cura
E.D., 21/12/2017
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Paisagem
Não é sobre o gramado verde, ou sobre as folhas de outono que caem sobre ele, ou mesmo as montanhas colossais que se erguem a frente. É mais sobre o quanto eu cresci enquanto o gramado verdejava, o caminho que eu trilhei antes da queda da folha, os castelos pequeninos que construí ante a grandeza da muralha terrestre.
Como Sísifo a rolar a pedra, eu também aprendi a ver a beleza no que se faz para estar aqui.
E mesmo que a espada de Dâmocles esteja sobre a minha cabeça, ainda há riqueza no que o meu olho pode ver.
Admiro o mundo como quem admira a si mesmo, pois tudo que observo também sou eu.
É preciso imaginar que Narciso não teve a sorte de se encontrar no mundo e padeceu dentro de si mesmo.
É preciso olhar a paisagem de fora pra dentro:
Se vejo o gramado e sorrio é porque já deitei sobre ele e observei o céu, sentindo o conforto da relva e o vento assobiar nas folhas. Reconheço não ser uma praga ou uma armadilha de vinhas que me prenderá para sempre.
O gramado é o que há de bom em mim.
Se me contento com o tom de laranja da folha é porque já a vi verde, amarela, vermelha e negra, e nenhuma dessas cores a caiu tão bem como essa. Amanhã já é inverno e ela some, mas vai voltar depois de amanhã quando já for primavera.
A folha é honrar o que se transforma.
Se me encontro boquiaberto toda vez que a vista alcança um cume mais alto que a nuvem, é porque respeito o trabalho da mãe Terra, que após anos e anos entrelaçando mundos, conseguiu tocar o céu.
A montanha é reconhecer a giganteza da minha pequeneza.
E tudo enfim é coroado com as últimas luzes do dia - as mais bonitas - só porque tenho a certeza que amanhã tem mais.
A luz que ainda reside em mim vai brilhar mais forte se eu continuar.
Emerson Sales, 29/10/2023
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Vendedora de poções
Conheço uma vendedora de poções. Uma alquimista poderosa, capaz de mover monções. Cultivava hortas de leguminosas, e tinha hordas e muitas hordas de muitos e muitos fãs.
Estremecia as multidões.
Para uma pele sedosa, um pouco de romã. E se lhe dói a aorta, uma noz de pecã. Sua especialidade era tratar dos corações. Duros de pedra, doces de mel, pacatos de terra, alados de céu. Tentava desvendar todos a fundo, conhecer suas paixões. Se um cliente batia a porta, ela já tinha uma resposta pras perguntas que ele (nem) fizera a si mesmo pela manhã.
Consolidava suas convicções.
Se alguém viesse com uma dor de cabeça latente, saía com a cura para todos os seus transtornos. "Já sei o que tu sentes! Tua esposa te fez corno! Tua mãe não te amou como devia!", respondia e, prontamente, remediava suas loucuras. Esse alguém não sabia, mas acabava de levar pra casa três potentes alquimias, e logo logo se tornaria dependente.
E pensar que a dor de cabeça era de concussões...
Nem acreditas, tinha tantas soluções. Quem diria que com soluto e solvente certos, curava-se de soluço a insolações. Escorbuto ou dor de dente. Do mais profundo luto da perda de um ente, da mais sorridente histeria de um sorriso frouxo.
Eram tantas opções.
Não havia um ingrediente que ela não conhecia. Te juro, qualquer receita, em segundos já está feita e tu não rejeitas, era difícil receber negações. Com tanta técnica, i.negável ética, era a rainha das manipulações. Adicionava alguns dentes de alho, um galho de carvalho, e não uma, nem duas, nem três... Mas quatro(!) sementes de pinhões.
Inundava os caldeirões.
Seus compradores, viciados, faziam cortejo na feira, ou em qualquer ambiente que fizesse aparições. Para os céticos, que não adoravam seu trabalho, empurrava-o goela abaixo e logo criavam comoções. Os efeitos mágicos que seus frascos causavam penetravam a mente feito óleo no assoalho.
Verdadeiras invasões.
Chegou a vender poções de Vênus a Marte. Neste momento, talvez, estejas a perguntar-te:
Quanto valem suas poções?
Milhões! É claro! Como três e seis são nove.
O segredo de seu sucesso?
Fácil! Nenhuma secreta arte:
Nunca sequer tomou um único gole.
E.S., 14/07/2023
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Sombras [ou sobre grandes problemas pequenos]
Acordo ao meio dia
Quando o Sol não faz mais sombra.
Olho para o chão:
Não há o que temer
O dia entardece
As sombras crescem
Olho para o céu:
Não vai chover
[Noto que] os portões do mundo estão mais altos
As chaves estão nas estantes mais distantes
Onde eu não alcanço mais
Nem mesmo na ponta dos pés
O Sol dá seu último sorriso
E todo objeto, por mais pequenino
Projeta a maior escuridão dentro de si:
Não tenho mais fé
Que fizeram com esse mundo?
A noite chega e tudo me apavora
Fantasmas me sussurram frágeis fatos
Sinto-me elefante cercado num ninho de ratos
O lume das estrelas é fogo fátuo
Tateio o breu sem esperança, sem tato
Inundo na chuva seca, tal qual flor de cacto
E digo a mim mesmo baixo: não há solução
Súbito, feito um raio, um clarão se fixa
Vindo sabe-se lá de onde
Do topo da nuvem, do chão da terra
E a tristeza por um segundo então me erra
Vejo cada pequena batalha do tamanho que de verdade se entrega
Pra que assim
Até que enfim
Eu tenha a paz e vença a guerra
Não era a sombra que estava grande
Nem mesmo as chaves que estavam inalcançáveis
E muito menos a luz que enlouquecera
Era somente eu, que estava de ponta a cabeça
Emerson Sales, 20/06/2023
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Desescrever
O que há mais de se inventar?
Tudo já foi dito
E é por isso que eu transgrido
Nesse ato de desescrevær
Nenhum motor de improbabilidade infinita
Seria capaz de imaginar a realidade
Ou a irrealidade desta epifania
Sem antes pifar
Não há grito
Não há folia
Não há fuligem
Não há grilhões
Não há aperto
Não há desaperto
Não há parafusos
Não há parafinas
Ou talvez há
Há uma vontade de desestruturar
E até então o que parecia muito clássico
Compasso quatro por quatro
Caiba até então valsar
Ou é uma fanfarra sem fanfarrões
Ou uma marchinha sem marchar
É um eco sem vozes
De cem vocês ou
Até mais ninguéns
Uma ata sem pauta
Uma carta sem data
Uma falta sem cartão
Uma canção
Sem rima ou com
Tanto faz
É desescrevær
Desalinhar
Embaralhar
E pôr do avesso
Descreesvær
Værcredeses
D e c r e s e s v æ r
Rævercsesed
E só
Mudar o mundo de lugar
E.S., 07/04/2022
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Gran Sasso
Que impávida intrépida
É a estrutura
Entre os estreitos
Das placas tectônicas
…
Pra que um dia a montanha
Alcançasse a nuvem branca
O mundo precisou colidir
E buscar o mesmo es…passo…
Pra dois corpos conflitantes
Se hoje eu vejo tudo
Das alturas
E me estico até onde me cabe
É porque o conflito foi chave
Na hora de alçar o chão aos Ares
O conflito foi err, errante
Minha pedra sobre pedra tua
E há de se perpetuar
Há de haver conflito
Há de conflituar
Há. Conflito há
E.S., 02/05/2022
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Consumatum [Est]
Viemos do profundo do oceano
Onde o carbono fez-se mistério
E ao profundo desta Terra nós marchamos
Até o tempo nos tornar destronados
Este solo cuja a gula é insaciável
Há de nos incluir em suas inúmeras -fagias
E antes que percebamos sermos os próximos da fila
Já terá passado nossa vez, como num estalo
Por que há de ser assim, infindo ciclo?
Incansável e agravante moinho da labuta
Nossa energia gasta em desalinho
Às nossas etéreas aspirações e condutas
Ver o sangue tão drenado sem motivo
Estancando o sonho, apodrecendo a fruta
Estrondar o som a quem não dá ouvidos
E se alimenta de nós tal como sanguessuga
Pra garantir o amanhã, damos o nosso hoje
E sentimos saudade eternamente deste ontem
Que parece tão, mas tão distante
Feito o tempo que a gente morava no mar
Se eu soubesse um pouco antes
Que neste solo eu ia pisar
Não deixava ele consumir tua mente
Nem teu sono, nem teu linguajar
E quem sabe, bem nos fins dos tempos
A Terra não teria nos alcançado
...
Quem sabe a gente teria aprendido a voar
Emerson Sales, 13/08/2021
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novo de novo de novo
Nasci na areia
Cresci na areia
E a areia sempre foi o meu lugar
Conheço cada grão desta terra
E daqui não pretendia me afastar
Até que aprendi a voar
Re.nasci no ar
Criei asas
E o ar tornara-se o meu lugar
Conheci cada sopro da atmosfera
E acreditei não haver mais nada a desvendar
Até que começou a trovejar
Vivi no raio
Me transmiti no raio
E no raio percorri o Ser inteiro
Conheci cada pulso e cada metáfora
E adquiri conhecimento do pensamento primeiro
Até que começou o aguaceiro
Me molhei na chuva
Me embebedei de chuva
E me inundei de amor e de anseio
Conheci cada oceano e cada gota d'água
Da cascata ao regador do jardineiro
Até que as árvores cresceram
Fui raiz e me lembrei da areia... Mas esqueço
Fui tronco e me lembrei do vento... Mas esqueço
Fui copa e me lembrei da tempestade... Mas esqueço
E saboreio o novo (de novo) com cada vez mais vontade
Assim toda vez que o mundo muda eu percebo
Que na verdade eu e o mundo sempre fomos os mesmos
Amantes da constante novidade
E.S., 30/05/2021
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Obstrução
Trouxe o trago a traqueia, entre o trincar dos trituradores de trigo, e traçou um intrépido trajeto. Um trecho de estrada outrora tradicional há trimestres trocado tal trapo.
Travou na travessia.
Trabalhoso era triunfar no trato.
Trilhos de trem o traziam a outras atrações e a atritos atribuídos ao estresse. Tremia de trópico a trópico, trevas transpassavam seus átrios e ventrículos.
Sua pátria entrava em atroz putrefação. Entretanto, intrometer-se era estratégia intransponível.
Não trovava, nem era mais tão traquina, travesso.
Dentro de tanto entrave, atrofiava-se.
Triste é estar sempre por um triz do tropeço nesse tráfego, sinistro autotrânsito, distante de tua tribo, astronauta extraterrestre.
A matriz de teu tratado, maestro, é entender o teu centro: tentar encontrar a ti próprio dentro de tudo. E a tudo dentro de ti que controle a catástrofe.
Atreva-se.
E.S., 31/03/2021
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Nerine sarniensis
Rápido alarde no peito provocas
Com teu movimento certeiro
[Vermelho]
Um dançar sinuoso insinuante
De despertar inúmeros desejos
Abraça a si com firmeza
E se ama como quem é feliz de fato
Celebra corpo e alma com a certeza
De estar no tempo e espaço exato
Conforme sente a liberdade percorrer
Do chão até a ponta dos dedos
Moves teus braços a me convencer
Que descobrirei algum de teus segredos
Há de perceber que tu encantas
Enquanto hei de encontrar alguma maneira
De dizer a ti que minha afeição é tanta
De decifrar o tanto que me queira
Efervescente efeito de tua monção
Feito boa lava se alastra, percorre o firmamento
Quem ver-te sente em si a erupção
E a quem sorrires provocas sentimento
Lirismo do teu jeito autêntico
Desacorrentado e pleno
Feito francx atiradorx em alvo concêntrico
Marcas tua memória dentro do meu peito
E.S., 15/07/2020
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S.F.
I
Pra todo sempre acerto
Que meu saber é pretérito
E a priori limitado
Pelo tempo propriamente dito
Aos prantos reconheço
Que os pregos martelados na gente
Revelam um pensamento primeiro:
O sopro da vida é escasso
Este incessante escuro que não se apaga
E custa tanto a mim e ao meu apego
É uma mensagem um tanto criptografada
É uma [não] abdicação do meu ego
Que não vai embora não importa a práxis
Fica me lembrando tudo que eu prezo
Confesso, não sei lidar a princípio
Julgo erroneamente ser um longo processo
É inevitável: Os prazos cessam [e a dor não espera]
Os pregos permanecem [e a dor martela]
E a vida, obra prima [que a dor esculpe]
Perde o seu produto que mais vale [a dor, desculpe]
II
Eu me pergunto:
Quem medica o médico?
Quem alimenta o alimentador?
Quem vigia o vigilante?
No ponto mais distante
Essa voz ecoa em cada um dos nossos
Lembra-nos de instante a instante
De não ignorar a dor
Teimosos como somos
Ainda assim fazemos
.
.
.
Os pregos caem
E o sopro acabou [conosco]
III
Pra todo sempre acerto
Que meu saber é pretérito
E a priori limitado
Pelo tempo propriamente dito
Quem dera o tempo andasse reverso
A fim de ter em mãos o futuro
Tornando meu saber imensurável
E evitar tal fatídico erro
Fica apenas o grande ensinamento:
A gente sempre morre ao ignorar uma dor
Emerson Dantas, 20/06/2020
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Cavaleiro Vazio
Ó, magnífico receptáculo
(Tu) que guardas a maldade deste mundo
Tende piedade deste oráculo
Que tem previsto o teu sono profundo
Empunha teu ferrão com mais destreza
E recupera a alma sucumbida
Que em tua missão não se permite moleza
E teu caminho é longo e só de ida
Abre tuas asas, pequenino inseto
Decora-te de amuletos e cristais
Não te deixes levar por este burgo infecto
Repleto de arrependimentos infernais
Só tu, dominador das sombras
Tem a coragem de olhar pro abismo
E quando ele te olha, não te assombras
Pois sabes que foi nele o teu batismo
Quebra estas correntes, elo a elo
E reconquista o trono do teu reino
Tu és mestre dos teus sonhos e pesadelos
O cavaleiro vazio, de coração cheio
E.D.
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Ninho
Em nenhum outro ninho fico assim seguro
Nem de folhas, de pedras ou galhos
Nem moldado por João de barro
Só no teu, a pluma mais leve, o rochedo mais duro
Nem guardado no meio das plantas
Bem prefiro a guarda do teu peito
Nem nas montanhas, de ar rarefeito
Teu amor mais alto muito mais me encanta
E tu te sentes bem quando estás comigo
E logo esconde o rosto sob o meu carinho
Fico eu a me perguntar se és ninho
Ou se sou o próprio pássaro no meu abrigo
Seria eu pequeno pássaro em tamanho alento?
Morando em teu abraço sem nenhum tormento
E aqui pairando por essa bonança
Fico então feliz, até estupefato
O nosso amor é como um tesserato
Eu moro dentro de ti, e tu no meu abraço
E.D., 14/05/2016
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Colecionador de Cactos
Conheci em minha vida muitos loucos e muitas manias. Por alguns poucos já chorara, de alguns outros já rira. Mas havia um dentre todos que me causara muito impacto: Um velho e rabugento colecionador de cactos.
Quando o conheci sua coleção já era vasta, das mais diversas formas, oriundos das mais longínquas áreas deste mundo. De cores esverdeadas, espinhos pontudos. A melhor parte pra ele contudo, era o fato de mal precisarem de água.
Regava um num dia, outro noutro, sem ordem definida. Por vezes se machucava, abria ferida, corte profundo. Ficava com raiva, se maldizia, ah como reclamava em demasia. Mas nunca cansava do que fazia, não importava o quanto doía, seu coração pulsava lá dentro, no fundo.
Triste, meu caro, triste. Podia criar pássaros, dá-los alpiste. Ouví-los cantar, ter companhia dos domingos aos sábados. Preferia os cactos, e as cicatrizes nos dedos, os calos.
Eu não sabia, mas uma vez ao ano todos os cactos o presenteavam com uma flor. E ele assistia o espetáculo, surpreso, tanto cheiro, tanta cor. E por um breve momento o homem era feliz de fato.
Mal sabia ele, coitado, que fora de seu quintal, de seu pináculo, todo dia era primavera.
Emerson Dantas, 12/11/2018
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Felina
Tuas mãos me percorrem num afago
E assim todo o mal que eu trago
Dissipa-se enfim
E quando louca em estado insaciável
Crava as unhas em meu dorso
E dizima-me em fim
Deixa memórias no meu corpo, tão mal acostumado
Deixa cicatrizes na minha mente, de saudade imensurável
Dessas tuas mãos indecisas
Que alternam entre carinho e calvário
Completamente em.ar[r]anhado pelo teu prazer
E.D., 04/10/2017
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[Peróla das Estrelas]
Ela estava na janela
O Sol iluminava sua face
Pobre astro tolo, que não reconhece
Estar diante de uma outra estrela
Ao chegar naquele espaço eu percebera
Que de alguma maneira despertei sua atenção
Eu, mero asteroide sem direção
Nos raios de uma embaixatriz finesse
De seus lábios escarlates nenhuma palavra
Mas seus olhos não negavam seu pensamento
E eu, quê faço então nesse momento?
Todo meu ser agora a orbitava
Ficávamos assim se enamorando sem pretensão
No silêncio do espaço em quietude
Na dança vagarosa desta gravidade
Sem nada entender das leis desta dimensão
Eu que tanto navego no oceano desse universo
Fascinara-me logo pela pérola a qual nunca alcanço
E.D., 19/04/2018
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Masoquismo
Gritos do pico da montanha ao vale
Arrepios por toda floresta negra
Tornados, terremotos, tempestades
Queda livre ao abismo empurrado da beira
Caos instaurado como brincadeira
Sádicos e mais sádicos deleitam-se
Pagam o preço pra rastejar na trincheira
E sentir o pânico correndo em suas veias
Inúmeras e inúmeras vezes
Cíclicos passeios de medo
Num único dia vivem meses
E ainda acham que acabou-se cedo
Intrigante, meu caro, intrigante
Que é que causa esse estrago tão grande, e tantas e tantas emoções?
Montanha-russa, bate bate, roda gigante
Chamam tudo isso de parque de diversões
Emerson Dantas, 05/03/2018
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