Don't wanna be here? Send us removal request.
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there’s no such thing as coincidence.
Fazia um mês desde a morte de seu irmão gêmeo. Fazia um mês desde que ganhara mais alguns anos de vida. Era irônico como o destino funcionava às vezes. Daesoo perdera a vida no mesmo dia em que Soo ganhara o que se podia chamar de uma segunda. Parecia coincidência demais para ser obra do acaso. E ele pensara sobre isso, até o nível de exaustão, em sua tentativa de elaborar seus sentimentos acerca da perda de um irmão com o qual não tinha nenhum contato há anos e que mais se parecia um estranho do que uma pessoa com a qual deveria sentir uma proximidade absurda, o que não podia estar mais longe da verdade deles. Ainda se lembrava vagamente das brigas e disputas com Daesoo e como tudo parecia se transformar em uma competição entre eles. Chegaram a tal ponto que acabaram por atingir até mesmo o casamento de seus pais, que se separaram no que parecia uma tentativa de afastá-los e impedir mais danos. Funcionou, ainda que não fosse a solução mais adequada. E agora estava ali, diante da urna que continha as cinzas de seu irmão gêmeo, sem conseguir se sentir conectado com sua morte. Depois de todos aqueles anos, era difícil se identificar com o fato de que ainda possuía um irmão gêmeo. E agora não o tinha mais. Chegava a ser mais fácil acreditar que ele nunca havia existido em primeiro lugar. Talvez esse fosse o porquê de sentir-se tão distante em relação a morte de Daesoo. Não conseguia sentir nenhum dos sentimentos tão típicos em um luto. Tristeza, dor, vazio... nada. Apenas incredulidade, surpresa e uma apatia que não era sua.
Havia conseguido postergar aquela visita por algum tempo, dizendo-se cansado demais para uma viagem mesmo após a permissão de seu médico há quase duas semanas. Mas não poderia fugir daquela responsabilidade para sempre e sabia que, se não viesse agora, jamais o faria. E a verdade era que estava com medo. Medo de entrar naquele columbário e nunca mais conseguir sair. Medo de ter algo que o prendesse ali. Medo de que soubessem que ali era seu lugar por ter, de alguma forma, enganado a morte. Irracional e bobo, ele sabia, mas não precisava fazer sentido para ser sentido. Ele queria sair dali, ir embora. Sentia-se sufocado e sabia que não era devido a máscara, com a qual já estava quase se acostumando após um mês de adaptação. Era muito mais do que um mero tecido tampando parte de seu rosto. Era a sensação de estar rodeado de morte por todos os lados, quase como se o invejassem pela nova chance que recebera. Ele tinha que sair dali. Mal conseguindo enxergar o caminho a sua frente, cambaleou em direção a saída, até que sentiu o impacto de algo contra seu ombro. “Joesonghamnida.” Não parou para conferir se de fato trombara em alguém ou se havia simplesmente sido o batente da porta ou qualquer outra parte da construção. Assim que se viu diante da escadaria na entrada, ao ar livre, sentou-se, livrando-se a máscara e largando o buque de flores que trouxera consigo no chão ao seu lado. Levou uma das mãos até o peito, junto a cicatriz, e procurou se acalmar. Não podia ter uma recaída, não ali, não agora.
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I spent my life learning to feel less.
Jonathan Safran Foer (via quotemadness)
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Do you think the universe fights for souls to be together? Some things are too strange and strong to be coincidences.
Emery Allen (via thequotejournals)
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There is always a part of my mind that is preparing for the worst, and another part of my mind that believes if I prepare enough for it, the worst won’t happen.
Kay Redfield Jamison (via palmerwrites)
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