Tumgik
cxllaway · 4 years
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THE DAMSEL IN DISTRESS.
part II
O som da porta de madeira abrindo de repente a acordou, o susto fazendo com que o corpo tremesse logo após o despertar. Não teve tempo de absorver os arredores antes de constatar que as coisas não tinham sido apenas um sonho estranho, pois sequer pôde piscar vezes o suficiente até que o homem parrudo se aproximou com o que parecia ser um prato de comida. O estômago roncou e revirou, o enjoo característico da manhã lhe atingindo em cheio. Os ombros doíam horrivelmente pela posição que a mão algemada lhe obrigara a dormir, além das costas que reclamavam por terem descansado em um chão tão duro com um acolchoado de menos de dez centímetros de espessura. Aos poucos recordou-se de como chegara ali no dia anterior, e de tudo o que já havia acontecido até então. Assim que Turner a deixara sozinha com Kelz e o outro homem, Briggs, a jovem ficara o restante do tempo trancada ali. Apenas uma vez foi liberada para ir ao banheiro, tendo a sorte (se é que podia utilizar tal termo) de ser sob supervisão de Briggs, que parecia pouco interessado na jovem mais do que para fazer seu aparente dever. Não tinha a menor noção de tempo ou horário, mas com toda certeza tinha dormido muito pois se recordava de cair no sono apenas pouco tempo após o por do sol do dia anterior, tão exausta física e emocionalmente pelo decorrer, e acordava muito depois do sol nascer. O pedaço do vidro da janela que a permitia ver algo do lado de fora era minúsculo, mas a julgar pela cor do céu, diria que era por volta das nove horas da manhã. ‘Café.’ A voz sempre irritada explicou, sucinta. Diante de si foi praticamente jogado o que era um pedaço de pão seco e uma banana, recebendo da nobre uma expressão confusa. Claro, para qualquer pessoa que já tivesse passado uma situação de necessidade, aquilo pareceria uma ótima refeição. Para Callisto, era um insulto.
“Não posso comer isso.” Protestou, indignada com o pouco caso. Não havia comido nada no dia anterior, e agora lhe ofereciam somente aquilo? Que tipo de café da manhã era aquele? Instintivamente puxou o braço, sentindo a pontada de dor da algema no punho já sensível. Kelz a encarou incrédulo, antes da expressão se transformar na muito conhecida. Agachou-se diante dela, pegando o pão com as mãos imundas e sorrindo com maldade, antes de morder um enorme pedaço. ‘Então fica sem comer’ Falou, erguendo-se e levando tanto o pão quanto a fruta em mãos, mais uma vez a deixando ali. Não se deu ao trabalho de trancar a porta, afinal, ela estava algemada de qualquer maneira. Sua canhota estava presa à uma estrutura grossa de madeira no canto do quarto, bem como seu tornozelo esquerdo, ambos os locais já avermelhados. Arrependeu-se quase instantaneamente de negligenciar a primeira opção de refeição em pouco mais de vinte e quatro horas, ainda mais considerando que recentemente havia começado a comer consideravelmente mais do que o normal, como se fosse por dois. Literalmente. Deitou-se outra vez, encarando o teto. O ferimento na cabeça não sangrava mais, também não parecia ter sido mais que um corte pequeno. O rosto estava dolorido pelos dois socos, e podia senti-lo inchado. Não teve coragem de olhar a costela, que era onde mais doía, provavelmente estava com um hematoma feio. Sentiu um nó horrível na garganta, sem saber o que fazer ou pensar. Era isso, ela morreria ali. Se tivesse sorte! Se não, ainda seria espancada mais algumas vezes e, quem sabe, pior. Callisto chorou, como havia feito outras vezes nos últimos dias, convencida de que àquele ponto era a única coisa que sabia ou podia fazer.
Turner entrou no local não mais que meia hora depois, deparando-se com a imagem derrotada de Callaway. Ela não se ergueu, apenas desviou o olhar na direção dele, aguardando o que mais haviam preparado para si. ‘Chorando, Callisto? Achei que tinha um punho mais firme.’ Provocou, rindo. ‘Eu me sentaria para diminuir a distância mas você decidiu quebrar a cadeira no meu colega.’ Reclamou, com a voz carregada de sarcasmo. ‘Não se preocupe, se Alec cooperar, tudo isso vai ser mais fácil pra você.’ Explicou, colocando as mãos na cintura e olhando para fora pelo pequeno espaço da janela mal coberta. Ela franziu o cenho, confusa. “O que Alec tem a ver com isso? Ele nem tem tanto dinheiro.” Tentou argumentar, para desapreço do soldado. ‘Você é mais inteligente que isso, Callaway. Já disse que não é o dinheiro que me importa.’ Ele a encarava com tranquilidade, como se apenas estivessem conversando em um dia qualquer. A verdade era que, mesmo emocionada e com os hormônios à flor da pele, ela entendia que se não fosse por dinheiro, somente havia uma explicação para o que ocorria. Turner não era de fato um soldado; bem, não um interessado em proteger a coroa, pelo menos. “Você tem um péssimo timing. Ele não vai colaborar com nada, não agora.” Ergueu-se com alguma dificuldade, conseguindo levantar-se. “Acha que eu traí ele, não quer me ver nem pintada de ouro. Se acha que ele vai deixar a honra e o trabalho de lado por mim, os anos que gastou no castelo fingindo ser um soldado não adiantou de nada.” Mesmo com os olhos vermelhos, o corpo dolorido e fraco e o rosto inchado e roxo, Callisto ainda sabia falar com a postura de uma política. Inevitavelmente, o homem riu pelo nariz, um tanto impressionado. ‘É sempre interessante ver como você pensa. Mas eu observo Alec há um tempo, procuro algo pra usar contra ele desde que cheguei no castelo. E você, ah, você foi perfeita. Sério, a forma que conseguiu entrar...Eu até pensei em ir atrás da família dele, mas ele sempre esteve preparado para isso. Já você...e grávida, ainda por cima?’ Balançou a cabeça, utilizando-se de um tom animado, como se contasse uma enorme conquista. E, bem, para sua causa, provavelmente era mesmo. “Você não pode me manter aqui. Isso não vai funcionar. Me deixa ir embora, Turner.” Exigiu, causando no outro um riso incrédulo. ‘Você não está no controle de nada aqui, Callisto.’ Ela respirou fundo, irritada, desferindo nele um tapa com a mão livre. O homem recebeu o tapa sem dizer nada, mas claramente surpreso. Encarou a mais jovem com fúria, e ao invés de se sentir intimidada, ela gostou de tê-lo abalado. Tirando alguma força daquele momento, ergueu o rosto. “Eu falo sério! Estão procurando por mim, e quando me encontrarem vocês estarão mortos. Isso é um absurdo! Sem comida, sem ir ao banheiro. Eu preciso de um banho!” Falou, cada vez mais irritada. Turner finalmente tirou a mão do local ferido, seus olhos agora frios. ‘Tem razão.’ Disse somente, deixando o local. 
Callisto sorriu satisfeita, por alguns segundos acreditando fielmente tê-lo feito perceber o erro cometido. Quando enfim passos denunciaram uma presença no quarto, viu que não se tratava de Turner. Era Kelz, com um algo em mãos e a carranca costumeira. Deu um passo para trás, instintivamente, com certo receio do que poderia acontecer. Turner apareceu logo atrás, com os braços cruzados. Talvez tivesse focado demais sua atenção no segundo homem, pois sequer viu o enorme armário se mover. A próxima coisa que sentiu foi o choque térmico da água gelada que lhe cobria dos pés à cabeça, fazendo com que se encolhesse e puxasse os membros para perto do corpo, misturando a dor do gelo contra a pele pouco protegida e do impacto da algema. “Que porra é essa?” Gritou, tirando o excesso de água do rosto. ‘Esse é o seu banho’ Turner explicou, aproximando-se dela e segurando em seu braço com força. ‘E se tentar fazer isso outra vez, não vai precisar ver doutor nenhum’ Ameaçou, fazendo com que a jovem colocasse a mão na barriga imediatamente, sentindo uma até então inexistente preocupação com o que se desenvolvia no ventre. Mesmo que a sala não tivesse qualquer ventilação, o frio do lugar intensificava com as vestes ensopadas, e para seu completo horror, os homens saíram, deixando a moça ali, tremendo.
Precisou aproveitar que lhe deixaram trancada ali para que se livrasse das roupas, a fim de não congelar. Com algum mal jeito, conseguiu torcer as vestimentas o máximo que a força permitia. Ao final da tarde, quando já escurecia do lado de fora, Kelz entrou no espaço, para seu terror. Ficar exposta daquela maneira diante de alguém com um histórico daqueles a fizera se encolher por inteiro, especialmente quando ele se aproximou mais do que o necessário. Tinha um sorriso sacana no rosto e um olhar indelicado que corria o corpo semi nu, e ela fechou os olhos quando este estava perto o suficiente para inspirar o perfume de seu pescoço. Apertou as unhas nos próprios braços, tensa e assustada, mas Briggs apareceu ali, relembrando Kelz de que apenas deveria entregar-lhe o jantar. Assim o grandalhão fez, a contragosto, entregando-lhe um prato e então saindo dali. Callisto suspirou aliviada, e quase que esperançosa, o estômago parecia chorar alto. Quando abriu os olhos, no entanto, percebeu que irritar Turner havia sido uma péssima ideia. Aquele mísero pedaço de pão não seria o suficiente para nada. 
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cxllaway · 4 years
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devillx‌:
ouvir a condição que há pouco havia saído da própria boca o fez espasmar os ombros em susto, jamais esperando ouvir dos lábios alheios tamanha falta de espirituosidade. a voz outrora aguda porém ferrenha dos próprios desejos tinha se perdido por meio instante— mas só por um instante. ver Callisto lhe tratando daquela forma, tão grossa (não que não estivesse acostumado com a grosseria em si, por estar há tanto tempo servindo ao exército, cujas relações basicamente se baseavam naquele tipo), o fez se encolher. a fala doeu em si como a ponta de um chicote ‘puta mentirosa’. a boca de lábios finos se escancarou, e os olhos de Deville se arregalaram; não era o que ele tinha dito, pronto para argumentar, porém. recebeu o empurrão sem sequer se mexer, ou sair do lugar. cravou as botinas no chão, impedindo que Callisto lhe mandasse para longe; os músculos bem construídos por anos de exercícios diários e desafiadores não eram páreo para mãos trêmulas e raivosas de uma mulher centímetros mais baixos que si. o nó que crescia na garganta, porém, bem como o aperto no peito que subia e descia num ritmo pesado pela tensão deixavam-no fraco. sentia a força se esvair do corpo conforme as palavras saíam hemorrágicas dos lábios outrora vermelhos e atraentes -que o seduziram com tanta facilidade, ao que parecia ser uma eternidade. deixou-se ser empurrado, dessa vez, cambaleando para trás, a força das mãos em seu peito mandando-o dois passos na direção da porta pela qual havia saído. ‘você não tem direito nenhum.’ aquilo fez com que sua mandíbula se contraísse, os músculos se apertando em torno do rosto fazendo com que a expressão virasse uma careta. os reflexos mandavam-no segurar os braços que insistiam em empurrá-lo para trás e acertá-lo com socos que não doíam nada em comparação com as palavras duras e encharcadas de sentimentalismo de Callisto. nunca a viu tão desequilibrada, tão ‘não ela.’ engoliu, enquanto ainda cambaleava para trás, não tentando defender-se dos tapas e punhos desajeitados que acertavam-no sem a menor habilidade. sim, pois conforme as palavras se formavam nos lábios de Callisto (os próprios olhos colados na imagem da mais nova furiosamente tentando lhe surrar) mais ele sentia que estava errado. mais ele sentia que merecia aquela punição. Alec não entendia porque a primeira mulher tinha sido tirada tão abruptamente de sua vida, por na época ser apenas um simples fazendeiro— agora; ele aceitaria aquela pequena dor física (quase nula pelo colete grosso debaixo do uniforme oficial). e aceitaria as palavras também, se ela quisesse machucá-lo daquela forma. deveria ter percebido como os próprios atos tinham sido terríveis, como a dúvida acerca daquela questão tinha sido frívola. queria dizer que não a odiava, que não faria como a sua mãe, que ficaria ao seu lado, mas as palavras eram natimortas. a boca ainda pendia meio aberta, até que as mãos finalmente se lembraram de como funcionar e o cérebro alertou-o que muito provavelmente todos ouviam aquela conversação— que sua carreira estava em jogo. a dúvida acertou-o mais uma vez acerca da paternidade da criança, e Deville segurou os pulsos da Callisto, sentindo toda a própria bagagem emocional pesar a fala, que era dolorida porém firme. “é melhor você ir para o seu quarto agora, Callisto.” as mãos eram duras como pedra ao redor dos pulsos alheios, mas ele fizera certeza de não machucá-la. não era esse seu objetivo— que era estancar aquela cachoeira de xingamentos e descontrole. ele não conseguia lidar com toda aquela bagunça. Deville gostava de ordem, de lógica, e não de todos aqueles sentimentos de renasceram em seu peito depois de anos. a vontade era enorme de abraçá-la, porém seus suboficiais lhe olhando o tornava consciente demais do que acontecia ali. “amanhã nós vamos conversar sobre isso. parece que já não compete somente a você mais— você não pode. você não pode fazer isso comigo.” adicionou, dessa vez em um sussurro enquanto a figura encurvava-se sobre ela para que apenas a mulher ouvisse. “vá para o seu quarto. eu tenho uma reunião para acabar.”
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Enquanto ela desferia os socos e tapas tortos e sem o mínimo de consciêcia, a mente vagava tão longe que a nobre praticamente não estava mais ali. Vagava pelas poucas lembranças da mãe, pelas coisas que tivera de viver com o pai, pelo que ele lhe dissera muitos dias antes a respeito de não querer mais vê-la novamente. E quando retornou, tudo o que precisava era de alguém que a segurasse, que colocasse os braços em torno dela e dissesse que sim, o mundo era uma merda e coisas inesperadas aconteciam, mas que tudo ficaria bem porque ela era forte. Ou qualquer uma dessas coisas, qualquer que não fosse aquelas que saíram da boca do soldado diante de si, que finalmente pareceu tomar controle da situação. Callisto era uma bagunça emocional desde os primeiros anos de sua juventude, e por isso tinha aprendido a contruir em volta de si um muro forte o suficiente para manter tanta instabilidade contida. Há anos ela se sentia sufocada, mesmo que fingisse que não; e tudo bem, tinha aceitado que aquilo era simplesmente viver, sequer conhecia uma realidade em que as coisas fossem, de alguma maneira, calmas e simples. Talvez fosse esse o motivo de tanto desespero, ter finalmente um vislumbre de um interior mais leve ao lado de Deville, apenas para ter aquilo arrancado na única vez que sequer havia feito algo de errado. Era como se, naquele muro, um pequeno tijolo tivesse caído, fazendo com que ela se lembrasse do que era o ar puro do lado de fora. E ficava difícil fechá-lo de novo, especialmente quando tudo parecia muito mais intenso com o aumento de hormônios da tal gravidez. Ela sentia perto de perder a cabeça, e, bem, qualquer um que a visse naquele momento concordaria que já o tinha feito. Quando as mãos pesadas agarraram seus punhos ela finalmente parou, ofegante, perdida. Espernear não adiantaria, ela sabia daquilo há bons anos já. Tentava se convencer das próprias palavras, mas tudo o que queria era ouvir dele uma negativa. ‘Não te odeio. Eu acredito em você.’ Diabos, parte de si até esperava que ele se preocupasse com o bebê o suficiente para decidir ao menos lhe dar o benefício da dúvida! Mas àquele ponto, era só mais uma expectativa frustrada. Os ombros caíram, derrotados, e ela o encarou pelo que se convenceu de que seria a última vez. Na verdade, ela realmente não sabia qual fora a surpresa de vê-lo estabelecendo suas prioridades naquela ordem. Assentiu, puxando os braços para longe do toque grosseiro do outro e enxugando o rosto da maneira que podia. “É claro. Eu não esperaria diferente. É o seu trabalho a única coisa que importa, mesmo.” Não havia mais o que tratar ali. Nem em Ocenli, nem com Alec. Arrumou o robe em torno do corpo, pronta para retornar ao quarto de uma vez e colocar a vida em ordem novamente. “Não gaste seu tempo me procurando amanhã. Assim que eu resolver isso, vou embora. Não nos veremos mais, como você queria.”
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cxllaway · 4 years
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THE DAMSEL IN DISTRESS.
part I
Desgastada. Era o que mais se aproximava de descrever o estado bagunçado que se encontrava Callisto, tanto interna quanto externamente. Estava também enjoada, aquela maldita sensação de estômago revirado parecia nunca deixá-la em paz, e tinha ficado pior depois da conversa com Alec. “Se”. No fundo, ela bem sabia que merecia aquele tipo de tratamento. Era apenas o que o mundo parecia reservar para ela desde o início, na verdade. Justamente por aquele motivo era que jamais se viria sendo mãe, colocando alguma pessoa no mundo apenas para que passasse pelas mesmas coisas que ela. Não mesmo. ‘Senhorita Callaway, está bem?’ escutou uma voz familiar perguntar. Virou o rosto na direção do soldado que lhe dirigia a palavra, feliz por não ser Yang, já que com tanta sensibilidade era provável que desabasse se visse qualquer face familiar e amiga o suficiente. Mas não, era Turner. Isso a fez respirar fundo, na tentativa de se recompor, enquanto enxugava o rosto. “Estou. Está tudo bem.” Afirmou, com o tom confiante. O soldado então ofereceu para lhe acompanhar até o quarto, e sem motivos para negar o auxílio, a filha do primeiro ministro aceitou, seguindo pelos corredores para longe do local de sua humilhação de instantes atrás, pronta para jogar-se na cama e dormir pelas próximas vinte horas se possível. O caminho fora silencioso, apenas os sons dos passos secos de ambos os indivíduos irrompendo a falta de ruídos da madrugada, e logo estavam no aposento da jovem. Turner abriu as portas para a mulher, que adentrou o espaço e suspirou com pesar, encarando o quarto escuro e tranquilo que a lembrava de Alec até demais. Ele tinha deixado explícito de uma vez por todas o que pensava dela, e agora estava ainda mais claro que tudo à partir dali seria uma decisão que apenas dizia respeito à si. Iria no dia seguinte ao médico real exigir que findasse de uma vez seu grande problema. Depois, provavelmente recolheria suas coisas e voltaria à Port Ible. Nada lhe prendia ali, a seleção seguia seu curso e sabia que não tinha qualquer lugar em Ocenli. Seria melhor para todos. Decidida, virou-se para dispensar o funcionário e finalmente ter sua noite de sono, mas franziu o cenho ao ver que ele fechava ambas as portas e invadia o cômodo. 
“O qu...” Sequer teve tempo de perguntar de que raios se tratava tamanha ousadia, pois o soldado caminhou com rapidez em sua direção e cobriu sua boca, agarrando-na com força. Os olhos se arregalaram, absolutamente confusa. Era uma brincadeira? Oh, só podia ser. Será que tinha realmente ultrapassado os limites de Alec àquele ponto? Não, sabia que não era possível. Tentou se desvencilhar do corpo muito mais forte que o seu, o que se mostrou extremamente difícil. Deu-lhe uma cotovelada na boca do estômago, o suficiente para que tentasse correr dali. Ele bloqueava a porta, e ela sabia que não teria como passar por ali, então correu na direção da varanda. Antes mesmo que pudesse destrancar as portas de vidro, a nobre foi pega novamente, debatendo-se de maneira que conseguia e agarrando-se ao que tinha por perto. A bagunça no quarto e os sons de móveis caindo aparentemente não chamavam atenção, não quando seu quarto era espaçoso demais e portanto distante dos outros, e quando Turner deveria ser o soldado responsável po vigiar a área naquele instante. Foi jogada com brutalidade em cima da cama, imediatamente temendo o intuito dele ali. Lembrou-se das provocações direcionadas ao homem nos dias anteriores, quando em tentatativa de desconcertar Deville. Estaria ele tentando tomar de uma vez o que ela tanto fingia oferecer? O desespero cresceu e ela se debateu ainda mais, tendo como resultado um soco forte no rosto para que parasse. Ainda que não forte o suficiente para desacordá-la, o golpe a deixara desnorteada e um pouco mole, já sem a força suficiente para lutar contra ele ou mesmo gritar. Turner cobriu sua boca com alguma fita e logo a ergueu outra vez; mas as coisas aconteciam de forma estranha, como se estivesse embriagada. Precisou piscar algumas vezes, inclusive, quando percebeu que estava no parapeito da sacada. Ele a jogaria dali? Era isso, então, ela morreria daquela maneira? Céus, estava tão tonta que não conseguia nem sentir medo. De fato foi jogada, mas não para o chão; aparentemente, havia ali outra pessoa para segurá-la. Como ele tinha subido ela não sabia, tampouco conseguia enxergar alguma corda ou escada, mas logo era carregada para fora do quarto na noite fria e escura. ‘Você não desacordou ela?’ A voz do homem forte que lhe carregava soou longe, irritada, antes de tudo ficar escuro. 
Quando acordou, a cabeça latejava com força e o corpo subia e descia em um movimento esquisito. Tomou bons minutos até recuperar a consciência e perceber que era levada em um cavalo por entre uma floresta fechada e úmida, a pouca iluminação do começo do dia deixando o caminho mais visível. Em ambos os lados do seu corpo haviam dois braços de quem aparentemente conduzia o animal, e ela percebeu que não somente tinha algo cobrindo sua boca como amarrando suas mãos. O coração acelerou imediatamente enquanto as lembranças de horas antes lhe atingiam a cabeça; apenas não caiu do cavalo pois o grandalhão atrás de si a segurou com força contra o peito no momento em que notou sua agitação. ‘Se não quiser levar mais um golpe na cabeça eu sugiro que fique quieta, madame.’ Ele disse, e ela pôde sentir o hálito desagradável junto das palavras irritadiças. Olhando em volta, tentou se localizar, mas tudo parecia igual, como na vez que tinha seguido Alec e Abigail floresta adentro. Podiam estar perto do castelo ou ha quilômetros de distância, e ela ainda não sabia o que queriam de si. No meio da grama alta e de árvores grossas avisou pouco tempo depois uma pequena casa de madeira antiga, quase que caindo aos pedaços. O cavalo parou ali, bem como outros dois que levavam mais pessoas ao local. Callisto foi retirada dali sem cuidado nenhum e logo colocada sobre os pés, precisando fazer algum esforço para se equilibrar. As pernas estavam dormentes pela posição no tempo de viagem e a força ainda não tinha sido recuperada totalmente.
O céu já estava suficientemente claro, chutaria ser cinco da manhã, mas ela sentia-se exausta. Observou, totalmente perdida, enquanto um dos três homens, o mais baixo e esguio, amarrava os animais ali por perto. O brutamontes que lhe segurara no cavalo e, imaginou, descera com ela em mãos pelos muros do castelo era um homem alto - provavelmente perto de seus dois metros - e com braços gigantescos. Nem tudo era músculo, tinha uma bela camada de gordura por cima; o que parecia deixá-lo ainda mais ameaçador. Quase parecia um urso, mas fedia mais que um. O terceiro foi quem lhe agarrou os braços para que entrasse a força na casa, e este ela já conhecia bem. Turner. Apenas do lado de dentro o moreno retirou a fita forte que cobria sua boca, machucando-lhe os lábios e a pele logo abaixo do nariz. “Maldito!” Xingou involuntariamente, levando as mãos amarradas ao ferimento. O soldado não pareceu se abalar com a palavra de baixo calão e apenas deu risada antes de deixar Callisto sozinha no que percebeu ser um quarto minúsculo. Ele deixou o cômodo e a trancou ali, o que ela só percebeu com o som da chave. Ainda correu para tentar impedir o ato, sem sucesso. Deu alguns murros na porta com o restante de energia que lhe sobrava, tentando gritar por ajuda ainda que a parte sensata de sua mente soubesse que ela estava no meio do nada. Chutou a porta, bateu um pouco mais, gritou outra vez. Passou aproximadamente dez minutos se esforçando, até perceber que não conseguia prosseguir. Sentou-se no chão gelado e sujo, ainda estava com a camisola e o robe por cima, pouco útil para o frio que as finas paredes permitiam que entrasse. O local dolorido na cabeça continuava latejando, e levou a mão até lá; apenas para sentir o líquido pegajoso e avermelhado que saía do ferimento. Assustada, as mãos tremeram um pouco, e ela já não sabia se era o medo, o frio, a raiva. Devia estar sonhando, tinha que ser! As lágrimas ameaçavam sair, pela primeira vez na semana com um motivo mais que suficiente, e assim o fizeram. Encolhida em um canto, tentou escutar o que se passava fora do quarto, mas o bater dos dentes não lhe oferecia o melhor dos resultados.
Callisto não sabia o que tudo aquilo queria dizer, não tinha ideia do que significava para si. O que queriam com ela? Dinheiro? Por que não raptar de uma vez o príncipe ou a princesa? Algum ancião, até! Oh, devia ter ido embora antes. Encarou as mãos sujas de sangue agora seco, percebendo que havia sido amarrada com um pano. Esperançosa, tentou corta-lo com as unhas longas, o suficiente para que com mais algum esforço fosse capaz de se livrar da amarra mal feita. Os olhos grandes e escuros brilharam ao ver que tinha sucedido, e prontamente olhou em volta em busca de algo que pudesse utilizar. O quarto não tinha quase nada além de um colchão tão fino que parecia um tapete, uma cadeira e uma janela coberta com madeiras pregadas para que não fosse aberta. Retirar um daqueles pedaços de pau (de preferência com um prego nele) seria de muita utilidade, mas impossível sem qualquer ferramenta. Assim, precisaria improvisar. O que lhe restava era a cadeira, que ela tão logo agarrou e esperou contra a parede, ao lado da porta. Se fosse chutar, diria que já faziam quarenta minutos desde que havia sido fechada ali, e finalmente escutou o som da tranca abrir. Assim que teve o vislumbre do armário que entrava no local, utilizou toda a força que ainda tinha no corpo para jogar a cadeira velha nele, quebrando a mesma na lateral de seu torso. Infelizmente, para ela, a madeira estava podre demais. Tampouco havia acertado qualquer lugar crítico do homem, apenas o braço que com tantos músculos provavelmente não havia sentido nada demais.
A irritação nos olhos alheios, porém, fora assustadora. A mão era quase do tamanho de seu rosto, e veio sem rodeios na direção dos fios escuros, puxando-na para ele e lhe direcionando um forte soco na costela que a fez gemer de dor logo antes de cair no chão. Se o arrependimento não a matasse, podia jurar que o homem estava pronto para fazê-lo. Puxou a Ible pelos cachos uma vez mais, mas o soco que se seguiu fora no rosto, tão certeiro e forte que ela nem foi capaz de emitir um ruído, mais uma vez caindo de encontro ao piso duro. Os sons despertaram curiosidade em Turner, porque ele logo apareceu, discutindo com o outro (que ela descobriu se chamar Kelz) sobre como não podiam usá-la contra ninguém se estivesse morta. Callie cuspiu um pouco de sangue, horrorizada com a própria situação, e então virou na direção dos dois. “O que vocês querem comigo?” Encontrou fôlego pra dizer. “É dinheiro? O meu pai tem dinheiro, e ele pode dar o quanto vocês quiserem.” Afirmou, angustiada. Turner deu risada, e foi a vez dele de se aproximar e forçar seu rosto para cima pelos fios. ‘Sempre tão superficial. Isso é muito maior que o seu dinheiro, Callisto.’ Cuspiu as palavras, soltando-a bruscamente. ‘Volto à noite. Use as algemas, e por favor Kelz, sem repetir o incidente da última vez.’ Instruiu, com uma voz exasperada. Incidente? Que tipo de incidente? ‘Aquela vadia ficava me provocando, eu já disse. Ela queria.’ O grandalhão se defendeu, e qualquer mulher com o mínimo de consciência saberia do que se tratava o tal incidente. Teria gritado, se não tivesse perdido a voz. Ficaria um dia inteiro algemada, sendo vigiada por um estuprador? Bem, e ela que achava que ter um filho era o estopim das desgraças de sua vida.
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cxllaway · 4 years
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@devillx
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cxllaway · 4 years
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devillx‌:
o som estalado dos dedos alheios batendo contra a pele o fez arregalar os olhos. jamais esperaria aquele comportamento vindo de Callisto (ou de qualquer outra pessoa); era completamente desmoralizante para um General da Guarda Real de Ocenli levar tapas de civis. a própria mão foi diretamente até a bochecha recém atingida num gesto de alarde; tinha ardido, sim, mas a dor estava longe de ser qualquer coisa perto de física. já tinha aguentado murros que ameaçaram deslocar o maxilar, que quebraram, pelo menos duas vezes o nariz, e ainda sim— de alguma forma, sentia que seria melhor se ela tivesse apenas o feito. observava-a com a maior das descrenças conforme as palavras saíam convulsiva pelos lábios, com a força de uma correnteza, enquanto tentava fazer sentido nas coisas que a Callaway dizia— espera, o que é que o Quinzel, o selecionado que há alguns meses tinha encontrado perdido perambulando pelos estábulos quando tentava ir ao jardim, tinha a ver com aquilo tudo? as sobrancelhas se franziram de maneira confusa e o maxilar se trincou ao conceber com frieza as palavras que lhes eram ditas, fazendo com que a raiva apenas crescesse dentro de si, a vermelhidão da vergonha logo sendo preenchida pela completa rubescência de uma imensamente pura e destilada raiva— espera aí, ele era ridículo? tudo aquilo que ela dizia sobre si mesma, ‘qualidades’ no mínimo questionadoras de um caráter limpo.. e ele era o ridículo? sentiu-a escorregar pelos dedos quando a mulher resolveu continuar andando, e ele ficou lá, abismado sem saber como proceder, afinal, ainda tinha suas poucas e boas para colocar em dia com a Ible. se iriam lavar toda a roupa suja, que lavassem toda a roupa suja, de fato. a virada de calcanhares precedida pelo cutucão no peito, porém, o fez olhar para baixo, uma risada em escárnio saindo pelos lábios; era muita audácia atrapalhar sua reunião importantíssima, lhe dar um tapa na cara, lhe chamar de ridículo e ainda por cima ficar apontando coisas em sua cara enquanto metia-lhe o dedo no meio do peito. nobres, se achavam deuses caminhando na terra. Deville balançou a cabeça de um jeito irritado, os fios louros mais crescidos batendo nos lados do rosto, e engoliu o nó que havia se formado na garganta. seu lado emocional gritava para que ele tomasse logo uma atitude e calasse-a de uma vez (tinha a total consciência de que os ecos na madrugada deixavam o conteúdo cru para quem quisesse ouvir), mas a razão apelava de maneira pesada para que ouvisse o que ela tinha a lhe dizer.. porque, de certo modo, fazia um sentido. tudo o que eles tinham, ainda que estivesse longe de ser qualquer tipo de relacionamento ideal, fora mútuo e acordado— desde o primeiro dia, de fato, sabia as intenções da mulher para consigo, e ainda sim.. ainda sim se deixara levar por sentimentos idiotas por alguém minimamente pronta para assumir algo importante. as palavras dela, porém, fizeram com que Deville abaixasse o olhar para encará-la nos olhos, e que respirasse fundo seguindo o clima que se tornara ligeiramente mais sóbrio. “você entendeu errado.” ele disse, quando finalmente houve uma brecha para que falasse. “eu não tenho medo de me machucar, Callisto, eu não tenho é tempo—” e, de novo, fora interrompido. “você pretende me deixar—” mordeu a língua ao ser de novo atrapalhado, segurando o instinto de revirar os olhos, mas o que ouvira por último da mulher, o fizera encolher os ombros em um absurdo desacreditar que fizera a cor sumir do rosto. “o quê?” a voz grave e rouca se fez presente depois de alguns segundos encarando os olhos alheios, procurando ali por qualquer traço que pudesse alegar que tudo o que ela dizia era verdade. “você quer.. não. não!” ele nem sabia se aquilo era permitido no país! e, se fosse, que ideia era aquela?! e se o filho fosse realmente seu?! o coração disparou dentro do peito, como se uma agulha de pura adrenalina tivesse sido injetada na cavidade torácica. ambas as fortes mãos se dispuseram nos braços de Callisto, perto dos ombros, tão grandes que tapavam grande parte de seu corpo. “você não pode.” ele disse sem saber explicar o que queria dizer com aquilo e engolindo seco. balançou a cabeça mais uma vez, de um lado para o outro, as sobrancelhas se franzindo em uma careta nada bonita. ela jamais entenderia completamente a dor que havia suportado há tantos anos, e que ainda sim parecia tão real, mesmo depois de tanto tempo. “você não pode, Callisto.” disse, mais uma vez, o olhar vidrado no dela de uma maneira nada saudável fazia com que o corpo se curvasse. “Callisto, isso é— se é como você diz, se é meu filho.” as palavra doeram ao sair dos lábios, mas de repente se tornavam reais demais, trazendo à tona o olhar preocupado evidenciado pelas olheiras abaixo dos olhos. “se é o meu filho..” olhou para o ventre dela, sentindo o peito se encher de um sentimento não exatamente novo, mas há muito tempo adormecido. a voz, enfim se quebrou. “.. não faça isso comigo.”
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Sequer conseguiu terminar a manobra para retirar-se dali quando as grandes mãos de Alec lhe atingiram os braços, segurando-nos com alguma força. Talvez não força, mas pressão, uma pressão que demonstrava o breve desespero que tomara conta da figura até então séria. Escutou-lhe dizer que ela não poderia. Oras, quantas vezes já tinha escutado aquelas palavras em outros contextos? Jamais aquilo a impedira de fazer qualquer coisa, muito pelo contrário: pareciam agir como o impulso necessário para que fosse atrás de seus objetivos. Mas, e podia culpar seus hormônios, por meio segundo, seus olhos brilharam. Por meio segundo sentiu-se bem em ter os dígitos do soldado em si outra vez, de tê-lo perto. Por meio segundo pensou que ele havia considerado suas palavras, que acreditava no que ela dizia e que agora pensava no pequeno ser que se desenvolvia em seu útero. “Se é o meu filho”, ele disse então. As palavras a acordaram como um balde de água gelada jamais faria. Se. Há semanas ela chorava por motivos bobos, um leve nó  sempre presente. Naquele instante, no entanto, a sensação era tão mais forte que ela sentiu como se Deville tivesse lhe dado um soco na garganta. “Se.” Ela repetiu, sem a força tão característica de sua personalidade para lhe impedir de demonstrar tão claramente os sentimentos, a mágoa profunda de toda aquela situação. “Você não tem a porra do direito de pedir nada enquanto continua me chamando de puta mentirosa” Embora seu corpo demonstrasse com obviedade o quanto estava triste, a voz tinha a firmeza que também comprovava o quão furiosa se encontrava. “Você não tem direito nenhum.” Disse, empurrando-o no peito com ambas as mãos. “Eu já disse, Alec, você não tem que pensar nisso. Você pode voltar pro seu mundinho de soldado, e eu vou lidar com esse problema sozinha. Como eu tenho feito tudo a minha vida inteira.” Empurrou-lhe uma outra vez, com mais força. “Eu não preciso de você, eu não preciso da sua opinião, eu não preciso de ninguém.” Conforme falava, os empurrões viravam socos desajeitados, a força esvaindo-se conforme o choro se intensificava. “Pode voltar a me ignorar, pode ir embora como ela fez, me odiar como todo mundo. Eu não me importo, ta legal? Mas você não pode me dizer o que fazer.” Novamente, as justificativas mentais para a sua intenção de livrar-se da gravidez atingiam a mente já perturbada, como se flashes breves de sua mãe indo embora fossem como balas atiradas contra si, cegando-a. Esquecera, por um momento, que estava próxima de tanta gente dentro de uma sala, que interrompia o homem em assuntos de seriedade e importância nacional, que àquele ponto falava ridiculamente alto em um corredor desértico em uma madrugada silenciosa no castelo, e esquecia-se que desferia socos e tapas da forma que conseguia contra o general da guarda real. “Está me escutando? Não pode me dizer o que fazer”
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cxllaway · 4 years
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devillx‌:
ah, Callisto tinha passado dos limites daquela vez (já tinha pensado aquilo tantas vezes que mal sabia diferenciar o sentimento real, e a linha que ela de fato teria que cruzar para que decretasse-o verbalmente) como é que ela tinha descoberto onde aquela reunião secreta estava sendo feita? a localização era velada no palácio e pouquíssimas pessoas tinham acesso ao local———- ah. Yang, imaginou, ou Bradshaw. sinceramente, a lealdade deles era à quem, Alec se perguntava em momentos como aquele. engoliu em seco sentindo a mão escorregar de uma vez do coldre gelado para os lados da coxa, como todos os outros ali presentes, relaxando-se pelo susto. é claro, os oficiais também esperavam para o pior, como não poderiam eles?! e que diabos era aquilo, se uma reunião poderia ser interrompida tão facilmente por um civil, quem dirá pelos rebeldes?! sentiu a raiva se acumulando no rosto deixando-o vermelho, tanto pelo embaraço de ser interrompido quanto por uma parte íntima e pessoal da sua vida ser exposta ali, para qualquer um ver. puxaria a orelha de seus suboficiais quando aquela cena terminasse— teria de fazê-lo, e de maneira dura! o exército funcionava através da hierarquia, e se pensassem que ele era fraco.. tanto trabalho jogado no lixo. o que pensariam de si, um General que não conseguia controlar nem as pessoas ao seu redor na vida íntima? como conseguiria controlar pelotões, planos de defesa, ataques sincronizados, sistemas de espionagem.. ainda que, bom, ela não fizesse mais parte da sua vida. os músculos não se relaxaram, porém, ao vê-la virar as costas para ir embora, os sentidos apontando que as coisas ainda não haviam sido esclarecidas. a conhecia bem o suficiente para saber que o drama havia apenas começado. ele não  moveu um músculo, porém; como é que deixaria todo aquele escalão de pessoas importantes ali na sala enquanto iria resolver a mais uma das famosas ‘emergências’ nada emergenciais de Callisto Callaway? metade delas eram apenas caprichos, e a outra metade? sexo. não faria nem um, nem outro. se ela quisesse, que fosse incomodar Lhoris ou sabe-se lá mais quem estava utilizando para aqueles fins. o rosto se contorceu em uma careta rabugenta ao sentir os olhares em suas costas, a vergonha subindo-lhe imediatamente até o rosto dessa vez com mais intensidade. aquele tom autoritário demandando-o que a seguisse, como um cachorrinho em uma coleira, argh. o pior, era a vontade que ocupava grande parte do peito mandando-o ir ver do que aquilo se tratava. deplorável, Deville. e então.. ‘estou grávida.’ os olhos cor de mel se arregalaram, e só os sussurros surpresos atrás de si o retiraram da inércia que o prendia ali, observando os cachos escuros irem para longe. Alec endireitou as costas, pigarreando enquanto piscava um número de vezes grande demais para alguém normal e saudável. oh, céus, ele iria entrar em choque se não se movimentasse— conhecia bem demais a sensação para que o alarde fosse real demais. “senhores.” sem olhar para trás, fez uma pequena reverência para as portas abertas e saiu sem pestanejar do cômodo, fechando as portas pesadas num alto som atrás de si. não sabia o que iria fazer primeiro ou quem iria matar primeiro, Yang, Bradshaw; ou se já se comunicava com as forças aéreas para que separasse o lugar de Callisto Callaway no próximo voo, porque, sinceramente, se aquilo ali fosse uma piada. não queria nem pensar. ‘a filha do primeiro ministro.’ passou a mão grande e áspera pelo rosto cansado, puxando as pálpebras para baixo e respirou fundo tentando amenizar aquele turbilhão de sentimentos que agora lhe assombravam. ‘grávida.’ apertou os lábios juntos, imaginando o que é que os seus oficiais pensavam de si. quando viu que ela não pararia, porém, esticou a mão ali ainda no corredor para puxar o pulso dela de um jeito inconscientemente mais delicado. “Callisto.” chamou, as sobrancelhas franzidas e a boca torcida para baixo. “você está.. grávida?” engoliu em seco. repetir as palavras soava estranho demais para os próprios ouvidos— “e o que eu..— não é meu, é?” uma risada de semi-escárnio escapou pelos lábios, as memórias do quarto do Lhoris lhe assombrando, ainda recentes, acompanhadas pela fala nervosa do General. “por acaso isso é uma brincadeira?”
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Ok; talvez a ideia de simplesmente soltar aquela informação para uma sala cheia de pessoas de alto escalão que lidavam com assuntos de suma importância para a segurança de todos no castelo não fosse a mais inteligente. Mas, sinceramente, ela sequer se recordava de quando os malditos sentimentos não entravam em seu caminho e a cegavam para qualquer escolha minimamente calculada. Isso antes mesmo de descobrir sobre a gravidez, quando outros tipos de sentimentos a faziam agir estupidamente. O som alto das portas pesadas que fechavam atrás do general denunciavam não somente o horário (já que contrastavam gritantemente com o silêncio da madrugada) mas também a irritação por parte do outro. Callisto respirou fundo, tensa, irritada, chateada. Os olhos ardiam antes de ouvir qualquer coisa ou dizer qualquer outra palavra, e ela odiava a situação ainda mais. Estava cansada de chorar, por Deus! Claro que, sequer precisou forçar-se a segurar as gotas de lubrificação extra para que não rolassem pela face bonita, já que a pergunta feita pelo outro a deixara tão abismada que todos os sentimentos se juntaram em apenas um: raiva. Os olhos já grandes por natureza arregalaram-se um pouco mais, tal como as narinas que pareciam receber um pouco mais do oxigênio que o comum. Os passos na direção do homem foram rápidos, embora parecessem ocorrer em câmera lenta na sua mente. Assim como a mão que, pesada, atingiu-lhe em cheio no rosto atraente. Em qualquer outra situação, não poderia importar-se menos caso alguém desconfiasse de que a Ible possuia uma longa lista de parceiros sexuais. Ouvir aquilo de Alec, sentindo por ele o que jamais havia experimentado antes, fazia com que ela se sentisse suja. Ele deveria conhecê-la melhor àquele ponto. Então por que raios não conseguia acreditar no que ela jurava ser verdade? “Vai se foder, Alec.” Falou, entredentes, após o tapa que viera tão naturalmente que praticamente fora inconsciente. “Quer saber, eu sabia que isso era besteira. Maldito Quinzel.” Xingou baixo, revirando seus olhos antes de virar-se para sair dali, mas antes que realmente se afastasse, girou nos calcanhares, encarando o mais alto uma outra vez. “Você é ridículo. Você conhece o meu jeito desde o primeiro dia. Eu posso ser manipulativa, e posso distorcer a verdade. Eu também sei usar a fraqueza das pessoas a meu favor e sempre, sempre consigo o que eu quero sem me preocupar como cheguei lá. Mas com você... com você eu não fui nada além de transparente.” Cutucou o peito dele com o indicador, com força. “Desde...porra, desde que eu cheguei aqui. Quem se importa se eu falei que sabia hiking ou que eu tinha emergências no meio da noite. Você sempre soube o que eu queria de verdade, nós dois sabemos que eu nunca te enganei. E mesmo que eu tenha demorado para admitir, eu fui honesta até sobre coisas que eu nunca pensei que falaria em voz alta.” Sequer precisava elevar a voz, não com o silêncio mortal no enorme e escuro corredor. “Você não tem direito de em um momento ficar bravo comigo por fugir do que estava acontecendo, e no outro acreditar em uma besteira que você imaginou porque tem medo de se machucar outra vez.” O coração agitado pediu que interrompesse as palavras por alguns segundos, retomango o fôlego antes de prosseguir, o tom derrotado em seguida, embora ainda claramente irritadiço. “Quer saber, não se preocupe, eu não vim aqui tentar te convencer de que não aconteceu nada comigo e o Lhoris outra vez, porque eu já sabia que você não me daria o benefício da dúvida. Eu só queria te avisar porque eu deixei um idiota me convencer de que era o certo a fazer. Mas não gaste sua energia com isso. Eu não vou manter, de qualquer forma.”
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cxllaway · 4 years
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Grávida. Callisto Callaway estava grávida. Não morrendo, como inicialmente havia pensado, e recentemente se pegara desejando. Sequer podia duvidar do teste feito, já que não tinha sido um dos clássicos testes de urina que costumavam dar resultados inconsistentes, e sim um de sangue feito pelo renomado médico real - que por sorte havia sido fácil de convencer para que mantivesse segredo. Se havia uma coisa que a jovem Ible tinha certeza em sua vida, era a de que não tinha a menor vontade de ser mãe. Diabos, nunca nem tivera uma! Callisto não sabia a primeira coisa sobre o papel de uma mãe, e definitivamente não se sentia própria para tal. Se ela já era uma bagunça emocional nos dias que antecediam a descoberta, após finalmente entender a sua situação as coisas escalaram consideravelmente. Ficou ainda mais irritadiça, já que a própria situação lhe era extremamente desgostosa. Também havia ficado particularmente sensível, a mente parecia lhe pregar peças ao que relembrava de momentos específicos da infância em que a figura materna lhe fazia extrema falta. Era quase como se sua mente quisesse apenas reforçar o quão inapta Callaway estava para ocupar aquele tipo de posição na vida de um ser vivo. Sem exemplo algum, o que faria com uma criança? Como cuidaria de uma daquelas criaturas irritantes e tão frágeis? O único contato com bebês que tivera em toda a vida fora ao pegar o filho de uma das nobres de Port Ible por pura educação - e apenas porque haviam câmeras por perto. Somente em dois minutos com a pequena criatura nos braços, o diabinho tinha babado em seu braço e arrancado um chumaço de seus fios escuros. Ainda sim, mesmo que já tivesse decidido que tipo de fim a gravidez de poucos meses teria, Spencer tinha convencido a mulher de que não era certo tomar aquele tipo de decisão sem que o homem responsável ao menos fosse avisado. Claro que seria uma tarefa muito difícil, considerando que havia um pouco mais de um mês que Deville não lhe dava qualquer chance de conversa. Em seu estado, ela nem conseguia esconder o efeito que aquela abstinência tinha em seu corpo. Callie sentia falta do general quando ia para a cidade; quando passava perto da cozinha; quando via qualquer um dos soldados; quando o quarto aparentava grande demais e frio demais, e a cama vazia demais. Só ali percebeu quanto tempo se acostumara a passar com o mais velho, quantas noites se acostumara a dormir a seu lado. E, merda, só queria que tudo voltasse ao normal! Mas não importava o quanto desejasse aquilo, uma coisa a vida tinha a ensinado desde o começo: ninguém voltava para si. Com o semblante cansado tanto pelo sentimento horrível de abandono que a atingia e pelas noites mal dormidas, caminhara na direção da reunião que Alec agora participava, contra as súplicas de Yang para que não se atrevesse a interromper algo tão importante. Mas o fato era que não importava o quanto procurasse pelo general, ele parecia sempre fugir, além de literalmente ignora-lá quando ela tentava fazer qualquer tipo de comunicação. Sem mais opções, ela apenas queria se livrar logo daquela situação e do problema que crescia dentro de si. Abriu as portas da sala que reunia tanta gente importante sem o mínimo de pudor, recebendo olhares confusos e tensos ao finalmente revelar sua figura. “Alec, eu preciso falar com você” Disse logo, cruzando os braços na frente do corpo. O xingamento do outro foi esperado, mas não a intimidou. “É urgente.” Avisou, uma pequena parte da mente a fazendo recordar das inúmeras vezes que tinha falado aquilo sem realmente ser uma situação de suma importância. Definitivamente não era o caso. “É sério.” Reforçou, antes de virar as costas e sair dali, esperando que ele a acompanhasse. Do lado de fora, não quis aguardar que ele terminasse qualquer tipo de bronca sobre como ela não mais tinha direito de atrapalha-lo ou repetir que não queria mais vê-la. “Estou grávida.” Falou, na lata, o rosto impassível.
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@cxllaway​
sentir a falta.. esse era algo deveras comum para Alec Devile. nem sempre de alguém, mas algo.. algo sempre esteve faltando em seu peito. um soldado, acima de tudo, antes mesmo de ser um homem, de ser um filho, um irmão— antes de todos os sentimentos, fossem eles bons ou ruins. as insígnias do lado direito do peito que reluziam sob iluminação centralizada naquela sala de reunião ilustravam muito bem aquilo. cada uma das medalhas douradas de cordões coloridos tinham por trás da conquista material uma história, quase sempre triste, ensanguentada, custeada por vidas de seus suboficiais -algumas, quase a própria. era amargo, sim, mas aquela era a vida de um soldado, e Deville tinha escolhido aquele caminho para si. o peito sempre vazio e os olhar fosco, era um constante lembrete de que precisava encontrar o sentido em outras coisas e ignorar o buraco que lhe fazia disfuncional. o trabalho, geralmente funcionava como um torniquete que impedia uma hemorragia— deixando-o operável o suficiente para continuar na sua ascensão até a vingança definitiva. depois disso, não saberia mais o que fazer. mas ainda sim, quando sozinho.. aquela sensação de ter perdido algo, Alec tinha a impressão de que ela não sumiria depois de conseguir seu feito de vida. o sentimento de estar em constante busca, sem desconfiar jamais pelo quê. de andar sempre no escuro, o peito inchado em agonia. há tempos sua inocência no bom e no puro havia sido cremada, o sorriso de felicidade que antes habitava quase que integralmente seu rosto de lábios finos e iluminava os olhos cor de mel singelamente.. morreu consigo na fazenda, há quase vinte anos. desde então, o soldado Deville continuava sua caminhada; a ambição e fome por poder sendo regida pela disciplina e ódio inquebráveis. e vários momentos marcaram essa caminhada até nesse dia; o mais recentes deles, Deville se recordava em silêncio de maneira dolorosa ali no meio de tanta gente, segurando o peito num cruzar apertado de braços por cima da farda formal— os cabelos de Callisto enroscados em seus dedos, seus lábios juntos, o hálito quente dela batendo em seu ouvido logo em seguida. às vezes era como se na presença dela esse vazio fosse quase completo. era como se ele fosse inteiro de novo. é claro que o sorriso jamais seria o mesmo, mas ainda sim.. não era ruim. e estar tão perto de ter algo significante com alguém, de sentir ter chegado em algum ponto em sua vida que não fosse conquistar qualquer região do mapa, que não envolvesse assassinatos e conspirações, que não o lembrasse de memórias ruins era.. satisfatório, para se dizer no mínimo. a verdade era que Callisto o fazia se sentir bem, e, merda, ele gostava dela; como gostava. o jeito que ela lhe olhava tinha evoluído tanto, que Alec às vezes se esquecia da sua vingança em curso. ele engoliu em seco, forçando-se a voltar para a realidade, a dor no peito sendo bastante útil para lembrá-lo de que aquilo ali era trabalho e era importante. sinceramente, há mais de um mês se recusava falar com a mulher— e ainda sim, mesmo que em pensamento ela ainda conseguia o atrapalhar. trincou a mandíbula, baixando o olhar para as várias plantas do castelo que estavam espalhadas pela mesa, sobre mapas das castas de Islay; as cadeiras, todas elas estavam sendo ocupadas por oficiais dos mais altos rankings da guarda real e do exército. rumores de um possível e iminente ataque rebelde fazia os lábios de Alec se contorcerem para baixo no maior dos desprezos— o ódio e a vontade de vingança tornando-se tão grandes que ameaçavam consumir seu ser, sendo combustíveis para que ele seguisse com compostura os seus dias no Castelo. tinha dedicado tantos anos de sua vida para a nobreza de Ocenli e a proteção de seu país, que desistir daquilo ali parecia quase uma piada. não podia dar menos que tudo de si, não por causa de uma mulher quinze anos mais nova que si que não tinha comprometimento o suficiente para— ‘que merda, Alec. concentre-se’. o General piscou os olhos e esfregou as têmporas, estava ali em pé fazia tanto tempo que tinha perdido a noção de ser dia ou noite do lado de fora daquela sala onde a reunião secreta se dava. abriu mais a distância entre as pernas e tornou a cruzar os braços, aproximando-se da mesa. “não.” rebateu a uma pergunta feita por seu colega. “se deixarmos a parte oeste do castelo com a metade da segurança, os pontos estratégicos ficarão mais vulneráveis pelo dobro do tempo. o correto seria convocarmos as tropas da casta dois— a seleção já está no final. poupar esforços agora seria completamente imprudente da nossa parte. a morte da Lady Arteara é prova disso. eu confio nos meus homens, mas seria loucura.” disse firmemente, a voz rouca e sóbria, e tornou a dar um passo para trás. no outro instante, as sobrancelhas se contorceram em confusão ao ouvir um barulho do lado de fora, que até então se encontrava em mortífero silêncio. a mão, imediatamente foi para o coldre da cintura, tocando o aço frio da pistola em alarde— todos os outros fizeram o mesmo. dramaticamente, houve silêncio mais uma vez, o coração palpitando no peito em espera, os olhos arregalados, a respiração sendo controlada através da memória de vários anos de treinamento para que se precisasse agir, o fizesse com calma, e então.. as portas da sala de reunião foram completamente abertas, revelando uma figura conhecida até demais. e dizendo coisas que não conseguiram lhe arrancar outra reação senão a de “what the fuck, Callisto?”
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cxllaway · 4 years
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quinxel‌:
o choque de callisto ao ouvir sobre a sugestão do teste de gravidez não deixou a spencer quaisquer dúvidas. o argumento do anticoncepcional pareceu ser bom o suficiente por rápidos dois segundos, até o primeiro agregador verbal se fazer presente, ponto em cheque a sugestão. “ahm…. quer dizer… e… sabe…”. cada vez mais, o loiro ficava mais desesperado, e o problema nem era dele. quer dizer… não era mesmo? a lembrança dos “bons contatos de thomas” o lembrou de uma noite de decadência muito específica. passou uma mão pelos fios dourados, puxando-os para trás. ah, callie não se contentaria com dois selecionados. certo? claramente ela estava envolvida com outro homem. mas e se..? oh, deus, não queria nem pensar. deu um longo suspiro, buscando acalmar a ele próprio. o universo não o castigaria duas vezes. « Seguinte, Callie, escuta… » tentou falar, antes de ser interrompido não apenas pela própria ible, mas pela careta que ela fez. ele, infelizmente, conhecia muito bem aquelas expressões, vistas há pouquíssimos dias atrás em um quarto não muito longe dali. já ia virá-la para o banheiro da suíte, mas percebeu que a mais nova tinha outros planos. engoliu em seco assim que o braço da morena esticou-se para a sua prateleira, o loiro tentou impedir que ela alcançasse a caixa prateada, que parecia ser justamente o alvo das mãos ágeis. o ato desesperador fora mais rápido que o seu reflexo, porém, e logo callisto havia arruinado as amostras de perfume caríssimos da marca da família que sua mãe havia lhe dado de recordação, para que se lembrasse da família enquanto estivesse lá. não sabia o dano material que havia sido feito ali, já que a caixa continha fórmulas antiguíssimas, que sequer estavam mais circulando pelo mercado. além, é claro, do veludo legítimo e caro que revestia a parte de dentro da caixa, que era muitíssimo bem velada… até agora. « Ah… As amostras de perfume da minha mãe… » murmurou, conforme espalmava a canhota no peito, sentindo a alma escapar do próprio corpo. ugh, não saberia como explicar para alicia quinzel que o seu cuidadoso memento havia sido arruinado por vômito. tomou a caixa das mãos da mulher, a fechando imediatamente e a colocando sobre a marmoraria do banheiro. que merda. estava limpando vômito alheio demais para seu gosto nas últimas semanas. bem, lidaria com aquilo depois. agora tinha uma mulher grávida, perigosa e extremamente sentimental para lidar no seu quarto, e não queria que ela arruinasse algo a mais. chegando perto de callisto, colocou as mãos nos próprios joelhos, para ficar da mesma altura que ela, inclinando a coluna para ficar próximo a ela, os olhos semicerrados e um sorriso mecânico no rosto. ah, se pudesse vender sua paciência, estaria mais rico que qualquer família anciã. « Vamos fazer o seguinte: A gente vai até a enfermaria para ver se você tá grávida mesmo, e aí eu faço um churros com doce de leite para você. Tudo bem? » ah, a ironia fora cuspida de tal jeito que poderia ser palpável, mesmo que seu tom se assemelhasse ao mesmo que utilizava com seus primos mais novos.
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Ugh. Odiava a sensação de ter o estômago forçando-se daquela forma, e a ardência na garganta. Sequer havia parado para ver o que tinha em mãos, tampouco teve tempo para tal. Ao fim do castigo que seu corpo lhe dava, observou conforme o loiro levava a caixa prateada para longe de si. Foi junto a ele no banheiro para que pudesse, pelo menos, limpar a boca, sentindo uma moleza péssima no corpo em seguida. Não tinha deixado de escutar o lamurio do outro em relação aos bens estragados, mas não poderia se importar menos. Claramente sua doença (sim, tinha que ser uma doença!!) era de maior importância. Teria reclamado da maneira que o outro inclinou-se para falar com ela, de maneira condescendente, mas a verdade era que estava mais perdida do que gostaria de admitir, e infelizmente, podia contar apenas com Quinzel. Oh, que ótima situação para se colocar, Callaway. De fato. Foi inevitável, no entanto, que a proposta do outro fizesse os olhos grandes e escuros da nobre Ible brilhassem um pouco. Podia sentir o cheiro da sobremesa em sua mente, tamanha era sua vontade. “É sério?? Você faz?” Ela sorriu, uma injeção de animação muito bem vinda depois dos últimos estressantes dias, de modo que sequer tinha prestado atenção no tom irônico e desgostoso do mais velho. “Sabe, Spencer, você não é um total inútil como eu tinha pensado.” Elogiou (bem, em seu conceito aquilo era um elogio) e então assentiu, arrumando a postura e caminhando para fora dali com o loiro, tratando de caminhar rápido o suficiente para que o menor número de pessoas a vissem naquelas condições. Repetia mentalmente que ela não estava grávida, que não poderia ser verdade - mesmo que a parte lógica de sua mente soubesse que de nada aquilo servia. Finalmente na ala médica, Callie abraçou o próprio corpo ao chegar lá, nervosa. E ao contrário do que normalmente faria, isto é, tomar as rédeas da situação, ficou em silêncio diante da pergunta do médico a respeito dos motivos de sua presença no local, permitindo que Spencer respondesse por si, tal qual uma criança que permite que a mãe explique os sintomas. 
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cxllaway · 4 years
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quinxel‌:
conforme callisto comentava sobre cada sintoma que estava sentindo, a faceta de spencer caía mais e mais em puro desespero. vomitando. sentimentos à flor da pele. sensibilidade à cheiros. engoliu em seco, o próprio rosto ficando mais e mais pálido conforme ela o pegava pelos ombros e o sacudia. as lágrimas nos olhos cujos tubos lacrimais poderia jurar terem secado há muito tempo não contribuíam para deixá-lo ainda mais tranquilo – e ela estava ameaçando chorar por algo tão banal quanto… doce de leite? não precisava ser um gênio (ou, pelo menos, ter mais do que dois neurônios) para entender o que todos aqueles sintomas juntos significavam. as mãos apertando seus ombros não o deixavam desconfortável, de maneira alguma (o que seria normal em uma situação em que seu espaço físico estava sendo claramente violado), pois o seu receio pela situação da mais nova lhe deixava bem mais desconfortável. a ible era tão inteligente… spencer não poderia sequer considerar a possibilidade de que ela realmente não tinha compreensão do que… não. talvez ela, como o gremlin que era, talvez acreditasse que bebês nasciam de ovos ou algo parecido– tinha de pensar em todos as opções possíveis antes de poder realmente acreditar que ela estava, de fato, morrendo. descruzou os braços para poder pegar nos pulsos da morena, afastando as mãozinhas que tanto lhe apertavam por cima da blusa social escura, olhando para ela com toda a enorme paciência que havia adquirido ao longo dos anos (e ainda mais nos últimos meses, dadas todas as confusões que estava tendo de lidar). « Callaway. Me diz que pelo menos antes de vir para cá, você fez um teste de gravidez e ele deu negativo. » apesar de toda a sua preocupação, falava delicadamente com a mulher, como se tivesse explicando a situação para uma criança.
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Callisto podia ter os braços finos, mas tinha alguma força consideravel. Por isso apertava os de Spencer enquanto o encarava, como se esperasse que ele tivesse qualquer solução para seu problema. O que, de alguma forma, ela esperava de fato. O caso era que, embora não admitisse, ela sabia que Quinzel era uma das pessoas mais inteligentes que conhecia. Dito isso, era a única pessoa que vinha na cabeça para que resolvesse algum problema seu daquela magnitude. Observou, instintivamente, as próprias mãos enquanto estas eram afastadas e seguradas pelo selecionado, erguendo seu rosto na direção dos olhos azuis em seguida. Ele parecia menos tenso do que o início da conversa, mas ainda totalmente incomodado. Piscou algumas vezes quando seu sobrenome foi pronunciado, assentindo em seguida. O que ele disse, no entanto, deixou a jovem desconcertada. “O que?” Franzindo o cenho, puxou as mãos para longe do toque alheio, cruzando os braços em imediato, cobrindo a barriga. “Teste de gravidez, Quinzel?” Repetiu, incrédula, apenas para, segundos depois, ponderar sobre o que ele tinha falado. Oh, não. Não não não. Era melhor a morte. “Não pode ser isso, eu uso anticoncepcional há anos!” Defendeu-se, caminhando de um lado para o outro. Quanto mais pensava sobre, mais sentido tudo aquilo fazia. Estava perdida. Acabada. Se não era uma doença que a mataria, seria seu pai. “Eu tomo sempre do jeito certo, e...ahm...quer dizer, teve...aquela vez que eu esqueci, no ano novo, porque...eu fiquei bêbada. E...um pouco antes, sabe...o Thomas tem ótimos contatos, eu precisei aproveitar.” Pensando na quantidade de vezes que tinha de fato esquecido alguma das pílulas ou apenas usufruido de alguma substância que obviamente poderia interferir na eficiência do remédio, ela encarou o loiro com os olhos arregalados, sem chão. “Não, não deve ser isso. Só porqu...” O estômago revirou outra vez, particularmente sensível diante da hipótese do outro, e por isso alcançou a primeira coisa que viu pela frente.
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cxllaway · 4 years
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Fez uma careta descontente assim que Spencer concordara com sua afirmação - mas sequer pôde contraria-lo, sabendo que sua imagem estava no mínimo um lixo. Andava de um lado pro outro, preocupada. Não queria morrer! Céus, havia planejado sua morte especificamente e uma doença naquele momento atrapalharia seus planos. Além do mais, ainda tinha que convencer Alec e conquistar seu lugar como politica. Oh, céus, precisava resolver aquilo logo! Não sabia ao certo o motivo de ir atrás de Quinzel. Talvez porque, àquele ponto, era o mais próximo de um amigo disposto a ajudá-la que ela tinha. E ele não era nem seu amigo, e nem disposto a ajudá-la. O que dizia muito sobre sua atual situação. Respirou fundo diante da pergunta dele, unindo forças para responder em detalhes. “Para começar, eu estou enlouquecendo. Qualquer coisa me faz chorar, qualquer coisa! E eu estou irritada, muito mais irritada do que o costume. E meu estômago, ugh. Eu não consigo nem sentir o cheiro dos meus perfumes sem parecer que levei um chute na barriga! Tudo me deixa enjoada, eu até vomitei hoje. Eu vomitei, Spencer, sabe o que é isso?” Aproximava-se dele conforme dizia, o tom de voz aumentando, exasperada. Segurou ambos os braços do outro com alguma força. “Eu vomitei!! Eu nunca vomito. Nunca! E eu sinto que se eu não comer churros eu vou perder totalmente a noção. Ninguém nessa porra de pais sabe o que é doce de leite! Como que pode isso, Quinzel?” Àquele ponto, os olhos da moça já enchiam de lágrimas - a total contragosto da nobre.
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cxllaway‌:
Callisto estava morrendo. Sim, estava morrendo. Faziam exatas três semanas desde que Alec lhe dissera que tudo o que existia entre eles tinha acabado, exatas três semanas que ela tentava de tudo para chamar sua atenção, para força-lo a falar consigo - sem sucesso. E exatos dez dias desde que tinha percebido que estava doente e provavelmente morreria em pouco tempo. Sentia-se constantemente enjoada, e suas emoções estavam absolutamente fora de controle. Tinha chorado sete vezes naquela semana! Sete. E uma delas tinha sido porque a cozinheira do palácio disse que não poderia preparar churros. Só tinha uma explicação: estava perdendo a cabeça. Maldito amor, sentimento estupido. Tinha derretido seu cérebro! Não sabia mais o que fazer; sentia-se exasperada e tudo parecia ter ampliado. Quando sentia fome, ela realmente sentia fome. Quando estava brava, realmente estava brava - sua criada havia sido trocada recentemente, inclusive. Aparentemente, ter uma bandeja atirada contra si era seu limite. Mas naquela manhã, oh, ela percebeu que estava mal de verdade. A dor característica na barriga e o revirar do estômago já lhe eram praticamente familiares àquele ponto, mas naquele dia particular, a sensação foi um pouco mais forte. Tanto que precisara correr para o banheiro e vomitar - muito. A sensação era horrível, o estômago se retraía com força e a garganta queimava. Quando enfim seu corpo pareceu terminar de tortura-la, ela se enfiou no chuveiro e tomou um banho breve. Saindo dali, trocou-se de qualquer jeito (ah, sim, qualquer jeito mesmo) e deixou o cômodo em estado que, para uma nobre, era considerado deplorável. Desceu um andar e seguiu o caminho conhecido, parando na porta de um dos selecionados. Após socar a estrutura de madeira sem o mínimo de pudor repetidas vezes, finalmente teve o vislumbre do rosto confuso de @quinxel. Ela respirou fundo, entrando no cômodo e virando-se para o loiro. “Eu tô morrendo.”
spencer estava radiante. tudo parecia estar indo bem, na medida dos conformes. já havia se acostumado com a loucura de sua relação com o jovem mccarthy, conseguia tratar a princesa na linha longe do romantismo, podendo firmar o que acreditava ser uma boa amizade (não tinha como ela escolhê-lo por isso, tinha?), e seus treinos com os instrumentos estavam melhores que nunca. havia até chegado a ser parado por um par de nobres que adoraria que um dos prováveis futuros reis de ocenli pudesse tocar em sua festa de casamento. ah, talvez as coisas finalmente pareciam mais claras, e um raio de esperança estivesse permeando seu destino. aquela manhã, livre de atividades, seria provavelmente dedicada a tocar o caríssimo violino ganho, já que muito provavelmente thomas estaria dormindo até tarde e khan já parecia ter outros compromissos (suspeitos demais, valia a pena dizer)– até ouvir a porta do quarto sendo esmurrada com força. ah. ali estava, o seu verdadeiro fim. tudo estava bom demais para ser verdade, ele tinha consciência…! com aquela intensidade, provavelmente deveria ser algum guarda, o puxando para a sua morte. puxando o colarinho da blusa social escura com o indicador e o médio para que pudesse respirar melhor e não parecer tão amedrontado, spencer abriu a porta oferecendo ao tal guarda o melhor dos sorrisos——- até perceber que não era um guarda. o nome de callisto sequer conseguiu escapar de sua boca em completude antes da mulher adentrar o seu quarto, sem qualquer convite. a tensão de esperar pelo anúncio de sua execução por conta dos crimes à coroa sumiu instantaneamente ao colocar os olhos na figura da rival de anos em um estado que nunca a viu antes. deus, aquilo eram olheiras? e uma palidez que não estava disfarçada por maquiagem? e um cabelo desgrenhado? e… bem, o anúncio dela parecia ser razão o suficiente. « É, percebi. » disse, enquanto fechava a porta atrás de si, olhando para a ible dos pés à cabeça outra vez, cruzando os braços na frente do peito. queria explicá-la que não era um médico, e que suas habilidades em química eram medíocres o suficiente para conseguir arranjar alguns curativos e entender bulas de remédio, mas não para realizar milagres– porém, não conseguiu arranjar forças para expulsá-la. primeiro, porque ela havia lhe ajudado antes, quando ele estava desesperado. segundo, porque… ela parecia estar em um estado realmente deplorável para vir pedir auxílio a ele. « O que você está sentindo, exatamente? Já passou na enfermaria? »
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cxllaway · 4 years
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Callisto estava morrendo. Sim, estava morrendo. Faziam exatas três semanas desde que Alec lhe dissera que tudo o que existia entre eles tinha acabado, exatas três semanas que ela tentava de tudo para chamar sua atenção, para força-lo a falar consigo - sem sucesso. E exatos dez dias desde que tinha percebido que estava doente e provavelmente morreria em pouco tempo. Sentia-se constantemente enjoada, e suas emoções estavam absolutamente fora de controle. Tinha chorado sete vezes naquela semana! Sete. E uma delas tinha sido porque a cozinheira do palácio disse que não poderia preparar churros. Só tinha uma explicação: estava perdendo a cabeça. Maldito amor, sentimento estupido. Tinha derretido seu cérebro! Não sabia mais o que fazer; sentia-se exasperada e tudo parecia ter ampliado. Quando sentia fome, ela realmente sentia fome. Quando estava brava, realmente estava brava - sua criada havia sido trocada recentemente, inclusive. Aparentemente, ter uma bandeja atirada contra si era seu limite. Mas naquela manhã, oh, ela percebeu que estava mal de verdade. A dor característica na barriga e o revirar do estômago já lhe eram praticamente familiares àquele ponto, mas naquele dia particular, a sensação foi um pouco mais forte. Tanto que precisara correr para o banheiro e vomitar - muito. A sensação era horrível, o estômago se retraía com força e a garganta queimava. Quando enfim seu corpo pareceu terminar de tortura-la, ela se enfiou no chuveiro e tomou um banho breve. Saindo dali, trocou-se de qualquer jeito (ah, sim, qualquer jeito mesmo) e deixou o cômodo em estado que, para uma nobre, era considerado deplorável. Desceu um andar e seguiu o caminho conhecido, parando na porta de um dos selecionados. Após socar a estrutura de madeira sem o mínimo de pudor repetidas vezes, finalmente teve o vislumbre do rosto confuso de @quinxel. Ela respirou fundo, entrando no cômodo e virando-se para o loiro. “Eu tô morrendo.”
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cxllaway · 4 years
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Yang lhe auxiliou conforme solicitado, passando o protetor nos locais que Callisto indicava - sempre com o toque leve e cuidadoso; receoso, até. Ela o conhecia o suficiente para saber que respeitava demais o general para sequer pensar em se aproveitar daquela situação, o que não exatamente ajudava em suas intenções. Mesmo assim, esperava que sua presença e seus atos causassem irritação suficiente no general. O que foi demonstrado, em partes, poucos minutos depois, ao ouvi-lo gritando furioso com seus subordinados, sexy como sempre. Ah, se pudesse arrasta-lo dali e os trancar em um armário. Quando o jovem soldado terminou de ajudá-la com o filtro solar, prontamente obedeceu Alec e se retirou dali, despedindo-se da nobre. Callisto encarou Deville, que dava uns minutos de descanso para os homens. Era descanso, certo? Então ela poderia conversar com alguns deles! O mais próximo de si era o tal soldado Shire, com quem Alec havia gritado pouco tempo antes, e tão logo Callie aproximou-se despretensiosamente. Puxou assunto sobre como o general parecia desnecessariamente duro naqueles treinamentos, e como Shire era forte (o que, ha, nem se comparava aos braços de Deville). Turner se juntou a eles, interessado, e assim a moça procurou o olhar do general tal qual havia feito há semanas antes, na academia - deixando claro que ela poderia atrapalha-lo se quisesse. A verdade era que, àquele ponto, o homem não parecia somente irritado, mas cansado. E aquele cansaço, ela sabia, era desapontamento - o que aparentemente impedia que este tomasse qualquer atitude para sequer mandá-la sair dali. Ela se sentia ignorada, um sentimento que não lhe era novo, mas sim particularmente doloroso. Nem mesmo naquela situação ele parecia se importar o suficiente para gritar com ela ou o que fosse; e um nó crescia em sua garganta ao notar aquilo. Aceitando, por fim, que aquilo não a estava aproximando de seu objetivo, recolheu as suas coisas e deixou o local, coberta pela saída de praia desta vez.
cxllaway
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Ok—- o fato era que Callisto não sabia muito bem o que fazia ali. E aquilo era algo novo para si, não saber o que porra poderia fazer para conquistar algo que queria. Mas era, acima de tudo, agonizante. A sensação de impotência era horrível, e talvez por isso tinha convencido a si mesma que aquela posição tão ridícula poderia de alguma maneira lhe ajudar. Imaginou que levando Alec à eventual ruptura, ele poderia ao menos decidir escutá-la. E era o que precisava! Céus, não havia feito nada de errado. Como poderia o universo ter um senso de humor tão ironico? A filha do primeiro ministro tinha se livrado de muitas merdas, mas a única vez que realmente não fazia nada demais - pelo contrário! oferecia ajuda e, ugh, ‘apoio emocional’ a um, ugh, amigo. Viu? Ser legal não levava a nada. Apenas não estava inteiramente frustrada por observar que seu plano funcionava, de certa forma. O general aparentava estar tomado em fúria, enquanto o soldado Turner se aproximava para auxiliar com a cadeira. O homem ajudou, até porque não era nenhuma tarefa de fato complicada, e quando percebeu estar perdendo alguma atenção por parte de Deville, sorriu com falsa inocência para o homem. “Nossa, não lembro de ver você antes.” Comentou, sem mentir. Ela não prestava muito atenção neles mesmo. A mão foi atrevida no braço suado e forte do soldado, mas antes que pudesse fazer qualquer comentário sobre, foi interrompida. Não por Alec, que era o que de fato queria e esperava que acontecesse - mas por Yang. Não entendeu a intenção do jovem de início, mas pela maneira que o outro soldado pareceu apreciar o toque indecente, pronto para flertar de volta, imaginou que tinha sido muito provavelmente pela integridade física deste. Revirou os olhos, a figura do jovem Yang de início não lhe pareceu muito útil a suas intenções, já que bem sabia que era a sombra de Deville, e que muito ele confiava no mais jovem. Como fazer-lhe ciúmes assim? Arqueou as sobrancelhas ao ter uma ideia. “Yang, querido, que bom que está aqui. Preciso que me ajude com o protetor solar. Toma.” Entregou-lhe o frasco, virando-se para que o garoto lhe auxiliasse. Oh, sim, perfeito.
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ver a figura de Edward Yang passar o filtro solar pelas costas de Callisto Callaway, para alguns, seria uma cena cômica. para Deville, era agonizante, e por vários motivos. primeiro de tudo, ele sentia muito ter acabado por arrastar o mais novo para o meio de sua bagunça, mas a verdade era que grande parte desta se dava por causa dele. se recordasse bem, lembrava-se da chegada da mulher em Ocenli, em que o soldado a encarou de maneira tão pasma que mal pôde carregar as malas———– não. não. a culpa era inteiramente sua. mordeu o lábio inferior, sentindo o peito pesar ao observar as expressões de puro pânico na face do jovem soldado, agradecendo, porém, mentalmente, que o outro, o Turner, havia se afastado. Yang sabia muito bem como mediar seus conflitos, e era essa uma das grandes razões pelas quais o General gostava de mantê-lo por perto; além, de é claro, sentir um grande apreço e ter desenvolvido um laço emocional com o mais novo. o olhar, portanto, se amaciou levemente, ainda que o corpo insistia em se movimentar de um lado para o outro, tentando se concentrar de novo no treinamento de seus homens— que por sinal, faziam tudo errado. sinceramente. depois que os barulhos desordenados lhe incomodaram demais, Deville gritou em alto e bom tom “sentido!” e imediatamente todos obedeceram ao comando, juntando os pés e firmando as mãos na testa, em continência. inclusive, é claro, Yang, que ficou sem saber o que fazer com o vidro de filtro solar. “soldado Yang. descansar——-” um mesmo soldado, por engano, fez o mesmo e Deville deu dois passos para frente. as mãos dadas atrás do corpo e o peito estufado conseguiam dar a aparência de que ele era maior, se é que aquilo ainda era possível. aproximou o rosto do outro soldado, que era centímetros menor que si e cuspiu as palavras em sua face. “qual o seu nome?” perguntou, a voz baixa e grossa. “qual o seu nome, soldado?” ele parecia ter perdido o rumo até de casa. se fosse dispensado, mal saberia voltar para seu dormitório, o General observara. “você. White. leia o nome do seu colega, aqui no uniforme, já que ele parece ter perdido a língua.” o cenho franzido e o nariz enrugado eram um péssimo sinal. ‘sim, senhor!’ depois de um pequeno movimento de olhos, sem sair do lugar, o soldado ainda em continência e continuou. ‘é Shire, senhor!’ satisfeito com a obediência de todos, o General virou as costas para o pelotão. “descansar. dois minutos, e depois tudo de novo. Yang—- acabe logo com isso, para voltar a treinar.”
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cxllaway · 4 years
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Callaway não somente estava acostumada a esconder e ignorar a existência dos próprios sentimentos, desde os mais mundanos e simples até os mais profundos e intensos, como também havia convivido com um homem que parecia não dispor de nenhum deles. Por isso havia, por tantos anos, confundido sua obsessão com o príncipe herdeiro de Port Ible com paixão e amor; porque em todos os vinte e três anos de vida, não havia recebido de qualquer um aqueles sentimentos. E, se não o visse, como saberia reconhecê-lo? E mais, como conseguiria aceita-lo? Aqueles questionamentos nebulavam a mente costumeiramente agitada da jovem nobre desde o dia em que o soldado tinha admitido os sentimentos em relação a si, na cama. Admitir que retribuía, naquele exato momento, foi como se finalmente tirasse de si um enorme peso que sequer tinha notado carregar por aí. Sentiu-se aliviada, tranquila. Era como se pela primeira vez ela sentisse se encaixar em alguma posição que parecesse verdadeiramente pertencer a si. Era assustador, sim. Mas tão certo que não conseguia pensar em nada além do momento que partilhava com o mais velho após a confissão. Pôde ver nos olhos brilhantes a felicidade do soldado em ouvir as palavras, bem como o sorriso satisfeito. Ficava feliz por ter notado os próprios sentimentos (embora compreendê-los em sua totalidade ainda não fosse a tarefa mais simples) a tempo de se desculpar com ele. Não que, claro, algum pedido de desculpa efetivamente tinha ocorrido - alguns hábitos, afinal, eram difíceis de mudar. E desculpas não estavam em seu dicionário. Por isso, também, sentia-se tão confortável com o general. Alec parecia conhecer todos os seus lados o suficiente para não lhe cobrar atitudes que não condissessem com sua personalidade. E ela realmente apreciava aquilo. A última coisa antes de ter os lábios tomados outra vez pelo beijo fervoroso foi um palavrão, que a deixou sorrindo nos instantes anteriores ao selar. Ela retribui com força, vontade, energia. O seu corpo subia e descia conforme Deville conduzia, os braços fortes dando o suporte necessário. O local era pouco propício para aquele tipo de atividade, definitivamente. Sairia dali com folhas nos cabelos e com as costas levemente feridas por raspar algumas vezes contra a árvore - mas ela não podia se importar menos. Seu foco estava inteiramente na sensação aprazível de ter o mais velho dentro de si, forçando-se contra ela o máximo possível e sem delicadeza alguma. Embora não exagerasse nos ruídos, tampouco tentava se controlar, deixando que os sons saíssem livres por entre os lábios semi abertos que estavam próximos do ouvido alheio. Arranhou levemente a nuca exposta, os olhos fechados enquanto absorvia as fortes estocadas, a sensação conhecida formigando no baixo ventre. Ela sorriu, travessa, pronta para testar mais alguns limites do outro - sabia que as frases de baixo calão não eram tanto de seu feitio. “Tell me you missed fucking my pussy like this” Sussurrou, lambendo e mordiscando seu lóbulo. “Come on”
cxllaway
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A maneira que tivera seus fios de cabelo puxados causou um suspirar involuntário, muito mais parecido com um ronronar manhoso. Fechou os olhos enquanto aproveitava a forma que o soldado a beijava, toda a necessidade sem nenhum resquício de delicadeza a deixava acesa. Parecia que a jovem Ible queimava de dentro para fora, que por pouco não explodia em chamas ali mesmo cada vez que o mais velho explorava sua boca ou a tocava em locais tão sensíveis seus. Sendo quem era, Callisto tivera suas inúmeras e diversas experiências transando com outros homens, e cada vez que se encontrava naquela situação com Deville ficava mais óbvio que nenhum dos outros casos sequer chegara perto do que experimentava com ele. Tampouco havia ela mesma se encontrado tão malditamente atraída por qualquer outra pessoa, não somente no contexto puramente sexual. Alec parecia puxá-la para perto como um íma, não porque a oferecia toques maravilhosos, mas porque apreciava as conversas, as provocações, a forma por vezes carinhosa que o outro lhe tratava. Tudo com ele era novo, de alguma maneira, e aquilo era bom. Não queria perder o que existia ali, e se tivesse que abrir mão ao menos um pouco do orgulho, pela primeira vez, percebeu que o faria. Com as pernas em torno dele e as costas apoiadas na árvore, afastou-se apenas o mínimo para mais um breve vislumbre do torso desnudo do outro, mas antes que pudesse denunciar sua satisfação com a cena em palavras ou mesmo sons, sentiu a ponta de seu membro entrar em contato com a intimidade já tão molhada e sensível. “Oh, fuck.” Callaway ainda deu um risinho torto, satisfeito, quase orgulhoso, diante da confissão do outro em ter sentido falta do que faziam. Ah, sim, ela sabia! O general da guarda ocenliana precisava estar com muita saudade para fazer aquele tipo de coisa em um local tão aberto. E aquilo deixava a situação ainda melhor. A investida veio forte e sem aviso, e o gemido que se seguiu foi um pouco mais alto do que deveria - sorte que estavam já longe o suficiente e os sons eram abafados pelos que viam da aglomeração de gente e música. As unhas grandes e meticulosamente pintadas fincaram na pele clara do mais alto, e os olhos fecharam em êxtase. E, talvez fosse a felicidade por ter finalmente o ganhado de volta, ou apenas o prazer que lhe corria pelas veias, mas sentiu a necessidade de admitir o que havia realizado naquele instante. Com os braços em torno dele, a mais nova aproximou o rosto do pé de seu ouvido, e enfim respondeu ao que o outro havia dito dias antes. “Eu gosto de você, também.” 
eufemismo era dizer que a compatibilidade sexual de ambos era alta. o calor que ele sentia ao segurá-la nos braços, na medida que a pele das mãos por vezes áspera e cheia de calos encontrava a delicada e sensível da mulher, não era nada vindo de uma conexão comum. o prazer que sentia ao penetrá-la, de beijar os lábios vermelhos e atraentes, de pressionar o corpo contra o dela—— tudo o deixava louco, e cego. os gemidos arrancados da boca alheia funcionavam da mesma maneira, completamente blindando-o de conseguir prestar atenção em qualquer outra coisa. o quadril se movia de maneira fluida, gostosa, enquanto os braços fortes seguravam as coxas nuas de Callisto, possibilitando-o de segurar agora com ambas as mãos livres, as nádegas da mulher para que a mantivesse em uma altura maleável. ele inspirou fundo, pressionando os lábios juntos enquanto desenvolvia o movimento com estocadas profundas e bem controladas, mal sentindo o peso dela arder os antebraços enquanto procurava colocar todo seu tamanho para dentro da mulher—- não conseguia, porém, não gemer ao forçar seu membro que escorregava de maneira fácil pela lubrificação natural dela e a própria, a qual Deville sentia sair aos montes pela glande sensível. geralmente, ele não usava muitos palavrões e palavras de baixo calão, e não apreciava quando os outros perto de si o faziam—- mesmo assim sorriu ao ouvi-las da boca da mulher. era gostoso saber que ele lhe despertava tais sensações. portanto, penetrou-a ao ouvir tal, com mais força, enquanto puxava a pele macia das nádegas para baixo, forçando-a contra o próprio quadril. um outro gemido escapuliu dos lábios do soldado, que vez ou outra se mantinham semiabertos por tempo demais, ele observou; tratou de controlá-los em ambas intensidade e altura, ocupando-se agora em beijar a Ible. tomou seus lábios sem nenhum aviso, sem qualquer romance. partiu-os com a própria língua, desenvolvendo o beijo enquanto as estocadas continuavam no ritmo mais acelerado e ainda sim fluido de quadris, sentindo o corpo dela subir e descer da árvore e se roçar contra o próprio peitoral—- provavelmente ela teria algumas surpresas ao descer de seu abraço, como cascas de árvore e folhas no cabelo, além, é claro, dos fios desarrumados. depois de separar os corpos, o membro funcionando com a ereção no seu potencial, escorregando-se de dentro para fora da mulher, começou a beijar seu queixo, mandíbula, pescoço, ombro, e traçar o caminho de volta, parando apenas para soltar todo o ar pela boca ao sentir as unhas alheias de encontro à sua pele; ah, o prazer irradiando pelo corpo em vários epicentros, fazendo todos aqueles hormônios correrem pelas veias e aguçarem seus sentidos, permitindo-o apreciar com o tesão crescente toda aquela cena. arqueou de leve as costas para trás ao sentir a dor, porém não parou os movimentos. invés disso, apenas os intensificou, a figura de Callisto subindo e descendo de altura enquanto Alec se afastava brevemente para poder captar qualquer imagem que a iluminação natural pudesse lhe oferecer. ela era linda, e despertava nele um lado animalesco, que ele não sabia antes existir. riu, por um momento, encontrando seus olhos em meio às estocadas, e voltou a apoiar o rosto perto do dela, para ouvir as palavras que tanto ansiava. ela.. gostava.. Deville forçou a saliva que se acumula dentro da boca a descer, arregalando os olhos por breves momentos enquanto sentia os batimentos cardíacos aumentarem pela constatação. ele sorriu, sozinho, antes de voltar a admirá-la, retirando uma das mãos de apoio para que pudesse encontrar seu rosto, puxando-o para um beijo demorado. não podia, e nem iria esconder o quanto estava feliz por aquelas pequenas palavras, ditas em um perfeito timing, da mesma maneira que ele tinha as feito. “que merda, Callisto.” sussurrou, antes de encontrar seus lábios de novo, e de novo, perdendo-se em meio à todas aquelas sensações.
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cxllaway · 4 years
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Chloe Bridges photographed by Bradley Meinz (2017)
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cxllaway · 4 years
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Little Bitches (2018)
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cxllaway · 4 years
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‘ TRUTH ! ’ (Alec e Spencer)
Alec:
“Olha, eu sei que você não quer falar comigo, mas você não pode continuar assim. Quer dizer, eu sei que eu não sou a pessoa mais confiável e que sempre te dei motivos pra duvidar da minha palavra, mas eu preciso que acredite em mim! Eu não fiz nada, e nem faria nada. Eu...olha, eu não fiquei com mais ninguém desde, sabe, a nossa conversa sobre isso. E se não vai acreditar em mim, então pergunta para o guarda pessoal do príncipe! Ele sabe que o Lhoris nunca teve nada comigo. Eu só preciso que você me de cinco minutos e eu te explico o que aconteceu, o motivo de eu ter dormido lá. Você sabe que eu conheço o príncipe desde criança! Nós somos amigos, e só. E mais ou menos, ainda. Eu não gosto dele.” Oh, sim, aquilo ela já tinha percebido há um bom tempo. “Eu...eu gosto de você.” Aquilo, não. Era bem recente. Mordiscou o lábio, desviando o olhar para o chão. “Eu realmente gosto de você. Olha, eu nunca tive muito contato com...ahm, sentimentos positivos e fortes, como...você sabe, amor. Mas eu...eu realmente acho que...tipo, deve ser isso, né? O que eu sinto. Eu tenho quase certeza. E eu não quero ficar afastada, porque...eu preciso de você, e eu odeio precisar de qualquer um. Mas não consigo fingir que não é verdade. Então é isso, ok, eu acho que eu amo você.” Sim! Finalmente, ela havia falado. Ah, não. Ela havia falado! Merda. Merda, merda. ‘Recado gravado. Deseja enviá-lo? Aperte 1 para sim. Se não estiver satisfeita, aperte 2 para apagar.’ A voz da gravação do telefone foi como um balde de água fria, e ela encarou a garrafa de uísque consumida quase em sua totalidade. Depois de pressionar o 2, largou o celular e se serviu mais um copo.
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cxllaway · 4 years
Note
💔 for a interrupted kiss. - Alec
Apesar dos olhos fechados, Callisto conseguia ver a imagem de Alec enquanto sentia as pontas dos dedos longos e levemente ásperos levemente passeando pelas feições tranquilas do rosto feminino. O peito subiu e desceu devagar com o suspiro tranquilo, e Callaway percebeu que naquele momento, nada fora daquelas paredes importava. Porquê tinha esperado tanto para admitir para si o quão bom era aquilo e o quanto se sentia excepcionalmente feliz perto do general, ela não sabia mais. Parecia agora um tempo longínquo desde a última vez que ela se recusara a admitir seus sentimentos, pois agora lá estava ela, deitada ainda desnuda ao lado do corpo quente e forte, recebendo o carinho tão suave nas bochechas rosadas pelo calor que agora ocupava o quarto. Esticou-se devagar, espreguiçando-se e então finalmente abrindo os olhos para enxerga-lo através da luz noturna que entrava pela janela semi aberta. Virou-se, interrompendo o ato do outro e apoiando-se nos cotovelos. Callaway ainda encarou o mais velho por alguns segundos em silêncio, sorrindo. “Obrigada por acreditar em mim.” Disse, em tom baixo. Ela se sentia leve após finalmente ter esclarecido ao outro o que tinha acontecido com o príncipe, pronta para seguir o que tinham sem mais problemas. Inclinou-se não direção dele e colou os lábios nos seus, iniciando um beijo calmo.
E então, abriu os olhos uma segunda vez. Mas dessa vez, não viu Alec a seu lado, tampouco sentiu o toque lento e carinhoso. O quarto não estava quente, muito pelo contrário; parecia prestes a congelar. Puxando as cobertas para melhor se cobrir, o suspiro que deu também não havia sido tranquilo como no recente sonho, mas entristecido ao perceber que, na realidade, não tivera qualquer oportunidade de corrigir as coisas.
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