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poetae-locus · 9 months
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Os rumos de nós mesmos
Não existe: a nossa atitude diferente, as pessoas diversas, as situações ensaiadas, o amor e o outro, sentidos de outra forma. Nós faríamos o mesmo, seria o mesmo e aconteceria o mesmo, pois "o mesmo" e "a mesma" foram necessários para dádiva de nós atualmente, por mais que nós nunca tenhamos nossas essências em mãos.
As mesmas coisas do passado continuarão sendo o nosso presente e o nosso futuro até o momento certo no aprendizado de algo que se mostrará óbvio por hora, mas que só será ordinário quando nosso ser espiritual e psicoemocional estiverem alinhados com as condições da vida e nós estivermos receptivos para viver o momento de aprendizagem.
Então, se nada de diferente deveríamos fazer, por que sentimos tanta culpa? Por que, no fundo, o ser humano sabe o que e como deve ser feito em cada situação. O que falta-lhe de fato é a coragem para fazer aquilo que precisa ser feito, indo contra seu maior protetor e adversário: o ego.
Questionamentos como: “E se eu tivesse feito mais?” ou “E se eu tivesse feito menos?”, são a nossa própria expectativa frustrada que nos ajuda a fugir da única possibilidade do nosso presente estado de desenvolvimento; nos fazendo acreditar na tão errada e tão frágil crença de que a evolução pode dar saltos. Não existe a atitude predestinada, da mesma que também não existe o sumiço em milésimos de segundo do nosso modus operandi milenar da alma.
Isso nos leva ao credo de uma incompetência total nossa de não sabermos gerir a nós mesmos. Aprisionando-nos às situações e às relações difíceis, de se apegar às coisas e a tudo que são consequências dessas coisas. No final, a culpa, nada mais é que um adoecimento do arrependimento — quando bem gerido, pode operar um verdadeiro milagre em nossos Espíritos, sendo mola propulsora inerente à evolução —, além de ser também uma agressão microscópica e contínua no fluxo incessante de renovação que somos nós mesmos.
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poetae-locus · 1 year
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Labirinto do Minotauro, 2023 (Minotaur's Labyrinth)
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poetae-locus · 1 year
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Se me abandonar, ainda vivo um pouco, o tempo que um passarinho fica no ar sem bater asas, depois caio, caio e morro.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 159.
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poetae-locus · 1 year
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(...) O casamento é o fim, depois de me casar nada mais poderá me acontecer. Imagine: ter sempre uma pessoa ao lado, não conhecer a solidão. - Meu Deus! - não estar consigo mesma nunca, nunca. (...) Nem a liberdade de ser infeliz se conserva porque se arrasta consigo outra pessoa. Há alguém que sempre a observa, que a perscruta, que acompanha todos os seus movimentos. E mesmo o cansaço da vida tem certa beleza quando é suportado sozinha e desesperada - eu pensava. Mas a dois, comendo diariamente o mesmo pão sem sal, assistindo à própria derrota na derrota do outro... Isso sem contar o peso dos hábitos refletidos nos hábitos do outro, o peso do leito comum, da mesa comum, da vida comum, preparando e ameaçando a morte comum.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 125.
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poetae-locus · 1 year
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(...) Meu lado negativo é belo e côncavo como um abismo. O que não sou deixaria um buraco enorme na terra.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 101.
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poetae-locus · 1 year
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É necessário certo grau de cegueira para poder enxergar determinadas coisas.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 100.
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poetae-locus · 1 year
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Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência. O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo?
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 59.
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poetae-locus · 1 year
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Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 48.
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poetae-locus · 1 year
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Eternidade não era a quantidade infinitamente grande que se desgastava, mas eternidade era a sucessão.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 38.
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poetae-locus · 1 year
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- Queria saber: depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois? - repetiu a menina com obstinação.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 25
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poetae-locus · 1 year
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Se tinha alguma dor e se enquanto doía ela olhava os ponteiros do relógio, via então que os minutos contados no relógio iam passando e a dor continuava doendo.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 11.
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poetae-locus · 2 years
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Não acusar-me. Buscar a base do egoísmo: tudo o que não sou não pode me interessar, há impossibilidade de ser além do que é - no entanto eu me ultrapasso mesmo sem o delírio, sou mais do que eu quase normalmente -; tenho um corpo e tudo o que eu fizer é continuação do meu começo; (...) aceito tudo o que vem de mim porque não tenho conhecimento das causas e é possível que esteja pisando no vital sem saber.
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem, p. 16-17.
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poetae-locus · 2 years
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poetae-locus · 7 years
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- Olhe, eu vou embora porque você é impossível! -  Eu só sei ser impossível, não sei mais nada. Que é que eu faço pra conseguir ser possível?
A hora da estrela, Clarice Lispector
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poetae-locus · 7 years
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Tinha olhar de quem tem uma asa ferida.
A hora da estrela, Clarice Lispector
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poetae-locus · 7 years
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Também eu, de fracasso em fracasso, me reduzi a mim.
A hora da estrela, Clarice Lispector
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poetae-locus · 7 years
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Porque há o direito ao grito. Então eu grito.
A hora da estrela, Clarice Lispector
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