Tendência de Mercado: Cervejas Premium
Grazi M Siega entrevista Renato Tristão
Diante de constantes oscilações no mercado de consumo - provenientes de mudanças em cenários econômicos e políticos -, o segmento do Luxo é o que apresenta maior estabilidade. Marcas sólidas e de prestígio raramente obtém resultados insatisfatórios em relação às suas vendas e, consequentemente, aos seus lucros.
Esta atmosfera de segurança e prosperidade atrai marcas de diversos setores a tornarem-se cada vez mais próximas do mercado de alta gama. De café a automóveis, são inúmeras as possibilidades de Trading Up, ou seja, de aumentar os benefícios do produto com o objetivo de torná-lo mais interessante, prestigiado e desejado.
Um nicho de mercado com esta proposta que está em pleno crescimento no Brasil é o das Cervejas Premium. Importadas, com sabores diferenciados e especiais, elas deixaram a simplicidade de lado e passaram a ser apreciadas por um público mais seleto e exigente.
Renato Tristão, proprietário da Beer Boss de Florianópolis, nos explica esta tendência.
GMS: Como surgiu a idéia de comercializar Cervejas Premium?
RT: Tenho um irmão que é sócio de um Bar onde ocorrem eventos culturais variados. Em um desses eventos, um de seus sócios - muito apreciador de cervejas especiais-, resolveu fazer um pequena compra para revender, muito mais para seu deleite do que para seus clientes. Mas a noite foi uma surpresa e as cervejas, mesmo com preço bastante diferenciado, tiveram uma saída muito grande. Notamos nos consumidores o êxtase de poderem encontrar perto de suas casas cervejas que lhes traziam lembranças de suas viagens à Europa e outras regiões. O sabor marcante, diferenciado e a grande variedade de estilos agradavam os mais diferentes gostos. Nesta experiência estávamos presentes eu e meus irmãos. Há algum tempo pensávamos em empreender. Foi quando surgiu a ideia de levar essa experiência a outras pessoas. Decidiu-se então criar a Beer Boss.
GMS: O que torna uma Cerveja Premium diferenciada?
RT: O cuidado, ingredientes selecionados, o respeito a certas normas de fabricação, e, claro, a ''mão'' do mestre cervejeiro. Assim como o vinho tem variados tipos de uvas, a cerveja tem muitos tipos de lúpulos. Fazer cerveja é uma verdadeira alquimia. Na Alemanha existe até mesmo um decreto chamado de a Lei da Pureza da Cerveja - Reinheitsgebot, que foi instituido em 1516 para manter a qualidade da cerveja fabricada, e que logo se incorporou por toda a Europa. O decreto teve pequenas mudanças ao longo dos anos, mas continua válido, sendo referencia para os produtores. O resultado são cervejas com sabor extremamente diferenciado. Para constar: no Brasil, nenhuma das cervejas mainstream - de grande circulação - e até mesmo muitas ditas Premium seguem essa norma, apenas podendo ser encontradas em marcas de cervejarias artesanais.
GMS: O que o cliente da Beer Boss procura?
RT: As cervejas especiais são relativamente novas para o grande público. Por isso temos dois tipos bem distintos: Os apreciadores de cervejas - pessoas que conhecem, sabem o que querem, fazem encomendas e sempre procuram algo para se surpreenderem. Harmonizam pratos com cerveja e estão sempre à procura de novidades, vendo na Beer Boss um lugar para troca de experiências. E a grande maioria entusiastas - que começaram a descobrir agora a grande variedade de estilos e sabores, que compram para dar um presente diferente e com ótimo valor agregado e que se encantam pelo mundo até então desconhecido das Cervejas Premium.
GMS: De onde vêm as Cervejas mais procuradas pelo público?
RT: Na Beer Boss, temos mais de 150 rótulos de cervejas. Mas as mais procuradas são as da principais escolas cervejeiras: Bélgica, Alemanha, República Tcheca, Inglaterra e EUA, com ênfase para as belgas.
GMS: Quais as novidades e expectativas previstas para este nicho de mercado?
RT: O mercado vem crescendo tão rapidamente que fica difícil até mesmo fazer previsões a longo prazo, devido a constante mudança que o mercado exige pela crescente demanda. Ao mesmo tempo que microcervejarias artesanais estão ganhado projeção nacional por sua qualidade e uma produção menos massiva, grandes produtoras como a AMBEV já despertaram para o mercado e também querem fazer parte, enquanto os consumidores vem adquirindo mais informações e sendo mais exigentes. Mesmo com os impostos praticados no Brasil sendo um fator negativo para os produtores de cervejas artesanais - pois pagam a mesma quantidade de impostos que gigantes como AMBEV e Brasil Kirin, tornando a competição desleal - o nível de produção das microcervejarias só aumenta. Falta estimulo do governo, mas acredito que esta é uma questão de tempo.
Para quem trabalha fora da produção de cervejas, como bares, quiosques e restaurantes, ainda é um mercado vasto que se abre, cheio de possibilidades.
Renato Tristão é brasileiro, natural de Florianópolis, SC, Sócio-Proprietário e Diretor de Marketing da Beer Boss - Cervejas Nobres. Consultor de Marketing na Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esportes de SC, é Publicitário, graduada pela UNISUL em 2006 e especializado em Comunicação Estratégica de Empresas Públicas e Privadas pelo Instituto Superior de Comunicação (ISCOM - PR) em 2012.
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