Tumgik
#mãedemaria
autoraporumtriz · 6 years
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são 02:36 da manhã.
eu tô parada em frente ao berço da minha filha.
pensando em quanto a maternidade me transformou.
eu tô pensando em tudo que me aconteceu pra eu chegar até esse momento aqui.
foi um nascimento desejado. a vinda pro Estado de Goiás. a infância feliz. a adolescência nem tanto. a escolha do curso e da universidade. o estágio na Redutep. a música Home. a Avril Lavigne e a Diablo. o transbordar. a humildade e o aceitar. enfim, o Lucas e eu. e o resto todo. e essa mistura que gerou essa coisinha que eu olho agora no berço.
e é tão perfeita.
eu não aguento de tanto amor e felicidade.
é como se eu ganhasse um presente por segundo.
não. é melhor ainda.
e as dificuldades da maternidade?
não as encontrei tão severas ainda.
o parto foi traumático. mas eu já passei por outras coisas traumáticas na vida.
meus peitos doíam nas primeiras mamadas. mas eu já tive dores bem maiores na vida.
as noites são longas e cansativas. na verdade, não dá pra dormir mais que 3 horas seguidas. mas eu passei a faculdade toda fazendo isso.
a maternidade não é sofrida. não é esse drama todo.
mas, sabe o que dói?
dói ver essa coisinha minúscula chorar de cólica e nenhum remédio, nenhum peito, nenhum ninar resolver. e seu bebê te olhar com um olhar de dor dilacerante.
dá vontade de chorar junto. dá vontade de pegar aquela dor pra gente.
por mais que Maria Edy (graças a Deus) tenha poucas dores de barriga, a cada vez que ela tem eu sinto que ela não merece. que eu deveria sentir aquela dor por ela. e que se eu pudesse, arrancaria aquela dor com muitos beijos.
sabe o que mais dói?
ver minha pequena se agoniar de calor nesse Goiás mil graus. é dar banho e em poucos minutos ela já estar suada de novo e se agonizando de novo. e aí pensar "se eu colocar ventilador posso comprometer o sistema respiratório dela, se for ar condicionado, pode dar problema também, se eu colocar pouca roupa, pode ventar e dar pneumonia, mas muita roupa ela vai fritar...." e uma série de pensamentos e opiniões de outras pessoas. e aí dói. dói não saber o que fazer pra amenizar uma situação tão simples. dói querer fazer o certo e acabar fazendo errado. isso dói.
mas uma coisa aprendi: tudo passa.
e a maravilha e a dor desse primeira fase da maternidade passam.
e esse terno momento olhando Maria no berço, passa.
e no fim das contas, eu só quero eternizar tudo na memória (e no papel - quando dá).
eu só sou uma menina que acabou de nascer mãe.
(autoraporumtriz.)
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