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#ngangela
glaspo · 7 years
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Lago Dilolo
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25 de dezembro de 2017,
faz quase oito dias que cheguei em Luena e não paro de pensar nos soldados ngangelas. Não é uma impressão, mas um exercício. É preciso anotar tudo antes que meus dias aterrissem no descampado da memória. Ontem à noite, perdeu-se mais um gravador com cerca de dez horas de entrevista, cantos e declamações. Faltam-me os nervos, mas por sorte, restam-me os cadernos e uma kodak descartável.  
Estou muito próximo do lago Dilolo, quase no extremo leste da província de Moxico, na bacia dos primeiros afluentes da margem direita do Zambeze. Aqui é conhecida a forte ondulação do Dilolo em dias de vento leste: hoje - uma "calema" capaz de virar qualquer dos "dongos" deslizantes à margem, tocados pacientemente à varas finas. Todo movimento brusco é permitido somente ao lago, que se exaspera, drapejante, rumoroso, com razão. De pé, o Dilolo às minhas barbas, sofro o abalo de uma onda de sono.
Tenho dormido mal. Sonho com duas esculturas ngangelas. Em meu sonho, eu fujo de mosaicos: nas minhas mãos, nas paredes da palhoça e no chão batido que piso. Antes de soldados, os ngangelas são grandes mosaístas. A primeira escultura, de madeira, é a cabeça de um peixe-mulher, ao longo de cujo pescoço trepa sua criança, escarificada de barro e cinza. Tem um metro e meio de altura e me fixa de um canto do quarto de dormir. A segunda é o mestre Tjiwako, que eu conheço do Rijks museum voor Volkenkunde, em Leiden, e cujos pés, sempre à beira do abismo, me lembram nosso pescador-guia.
Foi quando Tchingoma me puxou de lado para me apresentar o lago, que calculei estarmos no dia de natal. Tchingoma é jovem e, por mais aventureiro que seja, segue o conselho dos "mocoluanas". Jamais se afastar para além de onde se possa tocar o fundo com a vara. Estar sempre à margem. Dilolo, o lago, foi outrora uma aldeia. Inundada, o centro da aldeia hoje é uma tromba-d'água. 
Voltávamos então à margem para depois seguir à comuna. Tínhamos sede. No caminho, ouço um galo. Tchingoma canta baixinho "moio ióbe" e saúda o tecedor da manhã, como suponho, submerso. “O amanhã, já passou”, eu digo. Ele me olha. E dá de ombros, dos quais pende agora um cardume bronzeado de “missoges”.
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housegurugang · 4 years
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The worst distance between two people is misunderstanding. See link inbio #ngangela https://www.instagram.com/p/CA7UDqZgwpm/?igshid=1thuen3bnl0rk
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seolocalterrassa · 4 years
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Lusona los patrones ngangela Cap.VI los Sona
#Lusona #LosSona #ideogramasSona #tshokwe #Africa
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desvelemosafrica · 4 years
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Lusona los patrones ngangela Cap.VI los Sona
Lusona los patrones ngangela Cap.VI los Sona #Lusona #LosSona #ideogramasSona #tshokwe #Africa
Introducción Matorral de la comadreja Los patrones ngangela A, C y D mostrados en la Figura 18 representan distintos lugares de danza, Pearso n, 1977, p. 113. El 18D es trilinial, el 18C, obtenido a partir del otro, eliminando un cruzamiento de dos líneas distintas, bilinial. Al disminuir el número de líneas se pierde un eje de simetría. Si eliminasen un cruzamiento se restablecería la doble…
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newguineatribalart · 7 years
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Ngangela Angola Africa
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khenti-renaissance · 8 years
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Vintage Photography: Ngangela man, Angola, Africa, 1930.
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