Tumgik
twentysevenredroses · 3 years
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novos começos.
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twentysevenredroses · 3 years
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O retorno de Saturno | Hindsight is 20/20
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Um ensaio sobre agradecer e admirar a vista durante a escalada.
Saturno está em Aquário novamente, por volta de 29 anos depois daquele 9 de agosto quando teve início meu ciclo nessa linha do tempo. Hoje esse ciclo de certa forma se fecha para que um novo comece, e penso que foi no momento mais auspicioso possível: a Grande Conjunção de Saturno e Júpiter saindo de Capricórnio e entrando em Aquário coincidiu com uma colheita pessoal que estava escrita nos céus desde sempre, mas da qual fui tomando conhecimento aos poucos, em doses homeopáticas ao longo desses quase 30 anos de muitas idas e vindas, até a inevitável rendição e dedicação ao estudo da evolução interior.
Digo que essa rendição é inevitável porque, quanto mais cedo nos tornamos atentos aos sinais do Universo (que são constantes), mais cedo entendemos esse ciclo eterno de colheita e plantio como algo real; não há como fugir dele. E logo fica claro que esse momento pode ser extremamente gratificante se o padrão vibracional da mente se mantém elevado e conduz os anseios materiais da forma mais saudável possível. Sem ansiedade, sem apego e medos. É extremamente fácil chegar a essa conclusão, mas na prática a teoria acaba sendo outra e a compreensão dessa máxima pode acabar vindo somente com a irritação oriunda de uma sequência monumental de tropeços ao longo da vida.
Certamente esse foi o meu caso.
Por muito tempo tive receio do “fardo” que eu teria que carregar devido a esse tão falado retorno de Saturno porque grande parte das pessoas com as quais já conversei e alguns artigos que já li costumam ressaltar a característica mais implacável desse fechamento de temporada, como se invariavelmente fosse um marco tenebroso. Mas o aprendizado faz entender que o que ocorre é apenas o justo, e nada além disso. Uma vez que a colheita é inevitável, exigi de mim mesma uma resposta interior sobre o que realmente valia a pena plantar no agora para ver florescer no futuro. Isso fez o véu cair, mostrando com nitidez os padrões que deveriam ser constantemente nutridos, e os que deveriam ser quebrados.
Dentre tudo o que orbitava ao redor dessa resposta, o que ficou mais escancarado foi o fato de não querer saber como perdoar as Carolinas do passado. Essa falta de perdão interior acabava desencadeando uma série de sentimentos e vibrações que apenas me tornava uma cega prisioneira de mim mesma, me fazendo acreditar que o inferno sempre foram os outros. Acabei criando limites que me acorrentaram, não conseguia encontrar um meio de manifestar a chave e Saturno voltaria em poucos anos com sua foice para a tão esperada prestação de contas.
Era como se o lado que ardia por toda e qualquer evolução positiva despertasse após um longo sono forçado, e sair desse torpor incomodasse uma outra parte dentro de mim que até então se encontrava no controle: o orgulho, que me anestesia para mostrar o perdão como algo desnecessário, através de uma lente que distorce o real. Já perdi as contas de quantas vezes esse orgulho me fez andar em círculos enquanto isolada dentro de uma caixinha limitadora e confortável, que inevitavelmente gera a dor inigualável da resistência à mudança. Nesse momento, a escolha é bem simples: nadar ou afundar.
À medida em que Saturno se aproxima, as pistas de que o retorno é iminente vão ficando cada vez mais ressonantes. E quando isso finalmente acontece, o que se recebe é exatamente o que foi emanado ao longo dos quase 30 anos anteriores.
O caminho até aqui me faz olhar para tudo o que foi vivido ineditamente em paz, e é um alívio inexplicável finalmente ser capaz de sentir o progresso de uma forma aparente e ter a ciência de que isso exige trabalho constante, disciplina e vigília no seu sentido mais amplo. As Carolinas do passado foram perdoadas no momento em que ficou claro que cada uma das atitudes que elas tomaram, conscientes e inconscientes, me moldaram e me ajudaram a aprender a melhor forma de seguir escalando a montanha. Embora alguns momentos tenham sido tensos, com tropeços e quedas pelo caminho, libertei minhas versões do passado para manter acesa a vontade de seguir subindo, focada no agora. Soltar de uma vez por todas bagagens que tanto me drenavam e tornavam a subida desgastante foi algo essencial. Verdade seja dita: a vista tem sido extremamente gratificante.
Saturno voltou me trazendo redenção. Está sendo um despertar que mostra como os aprendizados de hoje pautam o amanhã.
O que você quer colher quando ele retornar pra ti?
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twentysevenredroses · 4 years
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Thor/Noir
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twentysevenredroses · 4 years
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This life is a trip when you're psycho in love...
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twentysevenredroses · 4 years
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A balada do Lobo Solitário #2
RITOS DE PASSAGEM
PARTE I
O Lobo Solitário se mantém isolado, porém depois de muito tempo esse isolamento é algo bom. Ele não se sente mais encarcerado; sabe que suas feridas são profundas, mas agora ele não remói o que passou enquanto tenta fechá-las, pois sabe que essa é a forma mais penosa de aplacar a dor. O Lobo Solitário finalmente entende que é chegada a hora de atar as pontas que devem atar-se, e deixar ir as pontas que simplesmente devem ir.
Ele ouve o matelo batendo ao longe, e a combinação furiosa do clarão com o som estrondoso mostram que é o momento propício para sua purificação. Dessa forma, sob a forte tempestade que abriu seu caminho e mostrou a direção, ele sobre até o topo da montanha dos seus maiores sonhos, sem dificuldades pelo caminho, pois o pior já havia passado.
O Lobo Solitário se libertou no exato momento em que chegou ao topo da montanha, por pensar em si mesmo o bastante para tomar a decisão de iniciar seu rito de passagem.
De idólatra a iconoclasta. Os dois extremos de uma corda bamba completamente turva.
Após se deixar banhar pela tempestade e imergir em si mesmo, o Lobo Solitário subitamente acorda envolto em campos verdejantes. O sol entra de forma gradativa pelos seus olhos durante seu despertar, como numa manhã branca. Pura. Os dias dentro daquela caverna foram difíceis, impetuosos, mas ele sabia que toda essa catarse era extremamente necessária. O Lobo Solitário se desprendeu daquelas correntes e agora se encontra num estágio onde ele desconhece a maior parte, mas que tem traços fortes de ser algo próximo do equilíbrio - sua intuição nunca o deixara em dúvida, nesse momento de ruptura certamente não seria diferente.
O Lobo Solitário simplesmente aceita a dádiva concedida pelo Universo e se deixa levar pelos ventos da mudança, pois ele tem uma fé cega e inexplicável nas melhorias que virão. Ele absorve o que deve manter consigo e observa o que é passageiro. Mesmo sem entender o presente, a sensibilidade única dentro dele traz de novo o feeling de estar vivo. De estar ali, presente. O Lobo sente isso correndo por cada uma de suas veias, como se fosse um antídoto que o tempo, em toda sua benevolência, concedeu como um prêmio após ter aprendido, de uma vez por todas, talvez a lição mais valiosa de todo o seu caminho.
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twentysevenredroses · 4 years
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A balada do Lobo Solitário #1
O PURGATÓRIO
O Lobo Solitário carrega consigo uma bagagem pesada há muitos anos. De cada ocasião vivida, ele por algum motivo acaba trazendo para o hall das suas lembranças certas memórias que pesam como âncoras, que estalam e ferem como chicotes, contrariando completamente o fato que se deve trazer apenas o que enaltece os bons momentos que foram vividos. Ele tem o coração em chamas, dolorido, retalhado sem nenhum tipo de cerimônia ao longo de todo esse tempo, além de um sentimento de vazio que o preenche por dentro constantemente.
Ele tem um jeito torto de fazer as coisas. Como se tivesse a obrigação de confrontar-se constantemente, de punir-se por algo que nem ele entende muito bem; mas a necessidade da punição está ali. Então, mecanicamente, ele prefere se ater às memórias que estilhaçam o coração em incontáveis pedaços, a instantes que nunca aconteceram. Que por uma série de fatores foram forçados a existir apenas em um limbo de eternas possibilidades, onde todas as oportunidades descartadas ao longo dos dias se reunem.
O Lobo Solitário está na espreita, camuflado nas sombras, acorrentado e com uma tonelada de palavras presas na garganta. A angústia de nunca poder dizê-las é tão grande que todas as letras se misturam e começam a escorrer pelos seus olhos, e ele chora em silêncio. ‘As lágrimas são só água’, ele diz pra si mesmo enquanto segue ali, quieto, alerta. Focado por fora e devastado por dentro.
Ele entende que está num purgatório que ele mesmo criou e procura formas duvidosas de acelerar o processo e sair do estado desolador onde se encontra. Acabou conseguindo sair do purgatório vez ou outra por meio de certas brechas, e com isso criou correntes que não deveria ter criado.
Mas que correntes são essas?
Essas correntes realmente existem?
O Lobo Solitário começa a entender que a verdade nada mais é do que acreditar numa teoria por tempo o bastante até ela fazer algum sentido. Quando ele afirma a teoria pra si mesmo, automaticamente uma corrente surge. O Lobo vê, ao longe, indícios de que a verdade não existe de fato. O que existem são apenas possibilidades que a consciência o induz - ou não - a prestar atenção e encarar como algo que é válido - ou não. Quando ele acredita por tempo o suficiente em uma dessas possibilidades, ela se torna uma verdade inabalável. O ponto é que muitas dessas “verdades” acabaram aprisionando-o, bem lentamente, no purgatório em que ele se encontra.
Ele percebe então que esteve imóvel por todo esse tempo, acreditando estar acorrentado a memórias, momentos, pessoas, sensações, quando na verdade as correntes não estavam presas a nada. O Lobo Solitário criou as verdades, as correntes e o purgatório. Se ele criou, ele e apenas ele tem o poder de destruir. E a destruição não precisa ser dolorosa, ela pode ser tão rápida quanto a criação de uma verdade.
É só acreditar o suficiente. E ele sente urgência em sair desse estado. Ele já não aguenta mais.
O Lobo Solitário se questiona. Se ele está no controle, por que tudo ao redor o faz acreditar que na realidade ele está mais perdido do que nunca? Por que as coisas acontecem como acontecem? Os dias tem sido montanhas russas, e um pouco de linearidade cairia muito bem. Ele olha ao seu redor e, superficialmente ainda pouco convencido de que poderia se movimentar sem ser proibido pelas correntes, ele diz para si mesmo que é forte o suficiente para dar o primeiro passo para fora daquele purgatório, assim como ele foi distraído o suficiente para criar e entrar nele.
Ele consegue, e percebe que de fato não estava acorrentado a nada. Mas ao mesmo tempo, o Lobo Solitário tem noção de que o caminho não será fácil. Que ainda podem vir inúmeras dúvidas e recaídas. Ele sabe que será árduo.
Pode vir a ser sua punição final.
Mas o primeiro passo foi dado.
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twentysevenredroses · 4 years
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Blindfold on my heart
tenho sentido
uma urgência absurda
em colocar uma venda
no meu coração
não é por ti
de forma alguma
é que eu não quero
que meu coração
perceba a sua aproximação
e muito menos quero
que ele te olhe
dos ângulos que te vejo
eu não quero meu coração
encontrando os seus olhos
assim como quando você
encontra os meus
de cima
enquanto eu estou
demasiadamente ocupada
para falar o quão estonteante
você fica desse jeito
enquanto você está
estasiada demais
para proferir qualquer frase
que tenha o mínimo de coerência
tenho sentido
uma necessidade voraz
de ensurdecer
meu coração
não é por ti
não tem nem como ser
é que eu não quero
que meu coração
ouça a sua chegada
e muito menos quero
que ele reaja ao timbre da sua voz
da forma que eu reajo
eu não quero meu coração
ouvindo o que você me diz
seja numa conversa
totalmente trivial
seja naqueles momentos
em que você me fala
tudo o que você pretende fazer
num desespero sutil
e absurdamente vulgar
que me faz derreter por dentro
quase que
instantaneamente
a conta gotas
eu não quero
meu coração gritando por ti
da mesma forma
que meu corpo grita
e nesse momento
meu coração ri
de forma macabra
risada essa
transformada em batidas
descompassadas
quando você está por perto.
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twentysevenredroses · 4 years
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Boxing up 2014
Coloquei os 365 de 2014 dentro de uma caixa, e chutei a mesma pra casa do caralho.
Dentro dessa caixa ficaram atitudes, pensamentos, dias ruins e pessoas que só apareciam na minha vida pra complicar as coisas de alguma forma.
O ano que passou foi um grande professor. Mas me ensionou tudo na porrada. Foram dias complicados e densos. Por muitas vezes, eu desejava poder não ser eu por pelo menos algumas horas. Mas essas lições abriram muito meus olhos, e consegui ver com muita precisão onde eu estava errando. Aprendi que é importante saber deixar as pessoas e coisas irem embora, sem pressão. E a não esperar nada delas, nada mesmo. Isso é óbvio demais, mas a prática é muito mais difícil que a teoria.
Também aprendi que moderação é bom. Às vezes.
Por mais que os dias tenham sido arrastados e cansativos, o final desse ano estranho já me deu uma aliviada. Terminei 2014 satisfeita com as pessoas que estavam nesse período à minha volta, e com um feeling que 2015 vai ser muito melhor, lembrando que nada muda se nós continuarmos sendo os mesmos filhos da puta que fomos no ano passado. Não existe um um único lado meu que não precise de melhoras. Já que é assim, vamos dar uma mudada.
Deixar essa caixa pra trás me fez acordar bem hoje, e já não lembrava desse feeling há um tempo.
Que os dias daqui pra frente sejam assim, leves.
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twentysevenredroses · 4 years
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New age
Nós vivemos na geração dos efêmeros.
Tudo hoje é descart��vel. Comunicação, amizades, celulares, roupas. Nós temos tudo, e tudo não é o bastante. O céu deixou de ser o limite há tempos, mas em contrapartida não existe entusiasmo para expandir os horizontes. Aprendemos a nos contentar com pouco, a vida virou rotina. Estamos na era do “pra sempre” apático. Pra sempre esse que hoje pertence a ti, mas que amanhã sabe-se lá a quem pertencerá. Isso tudo me deprime demais.
O comum hoje é o vazio. É sentar numa mesa de bar com 5 amigos, e os 5 estarem digitando freneticamente nos respectivos celulares. Ninguém mais dá a mínima para encontros reais, situações reais, pessoas reais. Nós já fomos mais humanos, já nos preocupamos mais. Agora é como se as pessoas tenham virado grandes voids individuais na Terra.
Eu sou fã e devota da tecnologia, confesso. Acho que os avanços que nós tivemos até hoje são maravilhosos. Mas ao mesmo tempo, fizeram do homem um escravo. A criatura se voltando contra o criador. Com todo esse avanço, acabos nos fechando cada vez mais dentro de nós mesmos, em frente às nossas telas. Quem hoje se importa em sair do nada de casa, pra simplesmente dar uma volta pela rua, ver gente? Os computadores mantém esses e outros vínculos em tempo real, no conforto de nossas casas.
Os relacionamentos hoje também são bem mais frios. As pessoas estão bem mais frias. Acho que, por dentro, todos nós já percebemos, de uma forma ou de outra, que nossos esforços para lutar pelo que quer que seja estão sendo em vão. Tornamos assim a apatia e desinteresse nossa essência, e deixamos de viver os dias para apenas vê-los passar.
Nós nos perdemos no tempo. Hoje, é hype ter carinha de depressivo, com barbas, iPhones e óculos retrô, ir pro Starbucks pedir um café que nem se curte e fazer uma selfie pro Instagram. Nós viramos nossos próprios deuses, nossas próprias civilizações, e somos esnobes e vaidosos demais a ponto de aceitar que uma outra civilização possa ser melhor que a de nós mesmos. E com isso, vamos nos afunilando mais e mais na geração social media, e esquecendo como é de fato viver. Quando eu era mais nova, eu tinha uma visão de futuro muito mais interessante do que a realidade de hoje.
Nos tornamos seres extremamente rasos, e não nos demos conta. Todo nosso mojo se foi. Só desinteresse nos resta. É como se todas as outras gerações tivessem bebido tanto de uma fonte que tornou aqueles anos mágicos, que nos restaram apenas gotículas de toda essa magia. E a tendência desse quadro é piorar.
Nós vivemos na geração dos efêmeros. Mas sabe qual a pior parte disso tudo?
Tem muita gente que acha que sabe ser profunda.
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twentysevenredroses · 4 years
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Ódio por amor
Eu odeio você. Odeio o seu jeito tranquilo, odeio o seu olhar, odeio a sua boca maravilhosa. Odeio o seu ar de superioridade. Odeio o seu sorriso, odeio o fato de roupas ridículas caírem tão bem em ti. Eu odeio suas coxas. Odeio isso tudo. Odeio o jeito que você reluta no início, mas acaba cedendo no final. Isso me dilacera por dentro. Odeio a sua voz, e odeio mais ainda quando você, sem perceber, fala as coisas do jeito certo e me faz suar frio. Eu simplesmente odeio… Minha maior vontade é quebrar essa sua pose de merda. Te submeter a mim. Ficar acima de ti, em cima de ti. Te ouvir implorar. Te dominar. Eu inclusive te odiaria por isso. Quero te fazer entender que você não está dominando esse jogo, que nem eu nem você estamos no comando. Eu odeio o jeito que você me provoca, muitas vezes sem perceber. Eu odeio essa sede inexplicável que eu tenho de ti, e odeio mais ainda o fato de você ter a exata noção disso e me tratar com desdém, fazer o que quer de mim. Eu odeio esse seu jogo duro. Odeio suas mãos, odeio o jeito que você passa os dedos pelo meu pescoço e me puxa pela camisa pra mais perto de ti. Odeio essa sua forma de não se importar com nada, enquanto curte o som na pista de dança com um sorriso nos lábios, a cerveja em uma mão e todo o meu bom senso e sanidade na outra. E você simplesmente não se importa. Enquanto eu estou lá, um pouco mais atrás de ti, em êxtase me apoiando na pilastra, bebendo um gole ou outro pra ajudar a descer todo o ódio que eu sinto pela garganta, mordendo o meu lábio quando na verdade eu quero é morder o seu. Eu odeio como você me tira do rumo. Odeio esse charme que você tem, esse algo inexplicável que me prende e o magnetismo violento que te cerca. Eu odeio te querer inexplicavelmente e não saber lidar com isso. Tudo o que eu carrego comigo já não tem mais nenhum sentido ou valor. Você não faz sentido algum, e muito menos eu.
Eu te odeio, com todo o meu amor.
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twentysevenredroses · 4 years
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Nostalgia
Sábados à noite me lembram meu primeiro emprego. Era escravidão travestida com uma carteira assinada, mas eu gostava de lá. Lembro que eu trabalhava aos sábado até tarde, mas quando eu chegava em casa, eu deixava minhas coisas em cima da cama, tomava um banho, comia algo e saía. Pra Copacabana com os amigos, pra casa do meu irmão, pro bas-fond do Rio de Janeiro. E era um momento da semana onde eu me sentia livre. O único na verdade, já que o domingo eu passaria estirada na cama dormindo até 4 da tarde, pra na segunda feira começar tudo outra vez. E no sábado passado, eu senti isso de novo, essa coisa de ser livre. E foi na simples ação de ir pegar o ônibus. Esperar ali, na brisa da noite, dá uma sensação boa. De invencibilidade. Sábados à noite me lembram das noites que eu perdi, e das que eu ganhei. Me lembram de quando eu fui pra Lapa com amigos e poderia ter aproveitado muito mais a pessoa que tava comigo, mas bateu a bad trip, coloquei os pés pelas mãos a noite acabou tomando uns ares meio agridoces. Me lembra as madrugadas regadas a Rock Band e cantorias até as 5h da manhã. Não me deixa esquecer das noites escrotas no Garage, na desistência de ficar naquele lugar merda e do nascer do sol na pedra do Arpoador mais tarde. Sábados à noite me lembram liberdade.
E dias nublados me lembram passado. Infância. Me fazem lembrar o prédio em que eu morava. Quando minha mãe levava minha irmã e eu para a escola. Quando chovia, e o recreio era dentro da sala de aula. Aulas de educação física. Sair 12h40 e voltar pra casa na hora do almoço. Meu quarto, a vista magnífica da minha janela. Meus 16 anos. O primeiro cara por quem me apaixonei. As experiências que eu tive. Viagens. A sensação que eu tinha de não saber pra onde ia, mas que ainda assim chegaria bem longe. As bandas que conheci. Minha primeira banda. Dias incríveis, outros nem tanto. Quando eu fiquei de castigo por 2 meses seguidos. Amizades que perduram até hoje, outras que acabaram ficando só na memória. Corações quebrados. Descobertas. Triângulos…
Dias nublados me deixam nostálgica. E me sinto bem quando bate essa onda. É bom olhar no passado, ver as coisas maravilhosas (e as nem tanto) que aconteceram e que te tornaram quem você é hoje. Ver as decisões certas e as erradas que te construíram. E perceber que se está no caminho certo… Tenho estado bem positiva nesses últimos dias.
Que essa onda não termine nunca.
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twentysevenredroses · 4 years
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Doce ironia
A vida é engraçada. Você nunca é, de fato, alguma coisa. E sim, está. Você não é bonito, você não é rico, você não é carinhoso. Você está bonito, você está rico, você está carinhoso. Uma hora, tudo isso acaba. Não de uma hora pra outra (ou sim), mas tudo na vida é uma questão de estar. Pra ser de fato uma coisa, você tem que ser 24h por dia, 7 dias por semana, até o fim dos tempos. Ninguém é nada. Eu não sou nada. Você não é nada. Eu estou muitas coisas, mas não sou nada. Assim como você. Porém as circunstâncias acabam nos fazendo acreditar que somos demais, somos de menos. Mas não se equivoquem… Não somos absolutamente nada.
A vida gosta de pregar peças também. Ela é uma criança mimada que gosta de ver o circo pegar fogo. Sabe aquela sensação de que está tudo exatamente no seu devido lugar? Muito cuidado. Se as coisas estão indo muito bem, é porque você está fazendo algo errado. Ou então é a vida se preparando pra dar o bote. Sabe aquele dinheiro que você vem juntando há tempos pra comprar aquele tão sonhado carro? Pode ter certeza que vai acabar surgindo um imprevisto onde você vai ter que aplicar todo o montante. E você vai se revoltar com a vida. Isso a deixa bem feliz. E quando seu relacionamento está indo de vento em popa, e uma das duas partes acaba conhecendo alguém num dia aleatório que, sem mais nem menos, a encanta de tal forma que faz seu cérebro entrar em parafuso? Existe isso de amar uma pessoa incondicionalmente e se sentir atraída por outra de uma forma inexplicável? A vida adora isso, dúvidas cruéis. Ela se diverte colocando as pessoas nos seus limites, e ela sempre vai dar um jeito de nos fazer questionar tudo aquilo que temos certeza que é o certo. A vida sempre vai arranjar uma brecha para apresentar o errado como a melhor saída. Ela tem humor negro.
Com certeza os que sofrem com a síndrome de Poliana vão me achar negativa ao extremo. Que péssima visão eu devo ter da vida pra eles. Mas eu discordo. Eu simpatizo com essa linha de raciocínio onde todo o mal que acontece tem um lado bom. Eu só tenho uma visão muito peculiar sobre a vida. A vida te desafia. Ela te coloca à prova de tudo. Testa seu psicológico até sua mente gritar de dor. Se dá bem quem consegue passar no teste com um sorriso no rosto, sem se transtornar com nada. Quem zera a vida são aqueles que não deixam pra amanhã o que podem deixar pra lá.
A vida é uma puta. Se engana quem acha que ela é um mar de rosas. Mas eu gosto dela. A minha vida, pelo menos, tem me colocado em situações que eu não trocaria por nada. Situações que eu acabo achando graça no final. Sabe aquele tipo de coisa que você sempre jurou pra si mesmo que nunca faria? Não deixe a vida saber disso. Aprenda a esconder seus segredos de si mesmo, porque ela sempre vai dar um jeito de fazer você queimar sua língua.
A vida é uma ironia em forma de dias…
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twentysevenredroses · 4 years
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Devaneios de um domingo de manhã
Ele acordou estirado no sofá da casa do seu amigo por volta de umas 9h da manhã. Ao abrir os olhos e olhar para o chão, o reflexo da noite anterior: o tal amigo deitado no outro sofá, já acordado, com um cigarro aceso entre os dedos, e mais dois deitados no chão, meio bagunçados, em meio a mil latas de cerveja e cinzeiros cheios. O videogame ainda parecia estar ligado. Levantou e foi no banheiro lavar o rosto, não sem antes apertar a mão do amigo. Para depois lhe dar um abraço e ir para sua casa.
Ao abrir a porta, e passar pelo corredor, os raios do sol já mostravam o quão bonito aquele dia seria. Abriu o portão, casaco na mão direita, mão esquerda no bolso, sol no rosto. Pensou em atravessar a rua para pegar o ônibus, que não estaria cheio a essa hora. Pensou mais uma vez, e decidiu ir a pé para casa. Afinal, uma caminhada de 20 minutos não mata ninguém. Pelo contrário.
Ao seguir na rua, ele percebeu o quanto domingos são pitorescos. Pais dando a mão a seus filhos, saindo da padaria com pão fresquinho. Outros, ajudando seus pequenos a andar de bicicleta. Andou mais um pouco, pessoas extremamente ativas (ah, essa geração saúde) já malhando e suando como se não houvesse o amanhã. Ele riu ao lembrar do quanto a vida dele era sedentária. O pessoal mais velho jogando futebol no campo ali perto. O sol. A rua tranquila, a paisagem bonita e sutil que o domingo traz junto com ele. Atravessou a rua mais a frente, olhando as pessoas que pareciam muito felizes andando. Olhou para uma casa. Pensou em cada família que deveria estar tomando café da manhã reunida agora, com sorrisos no rosto e já se preparando para fazer o almoço, receber os parentes. Pensou em quantas pessoas estavam estruturando a vida metodicamente. Ele riu mais uma vez. Nunca foi um cara de planos. Sempre vive cada dia como se fosse último, não acredita que o futuro exista, e nem sabe se vai estar vivo amanhã. Se vai estar vivo quando chegar em casa. Então, ele segue sua vida sem muitos rodeios, sem grandes acontecimentos, enquanto vai andando na rua. Passa em frente a uma (das muitas) padaria, o rapaz está colocando um espeto com galetos dentro daquele forno que fica na rua. Batatas assadas no fundo. O estômago dele roncou. E ele achou engraçado como na mesma hora, um cachorro se aproximou e ficou encarando aqueles galetos, como se fossem a oitava maravilha do mundo.
Chegou na sua rua. Deu bom dia pra vizinha sorridente que todos os domingos de manhã se senta à porta de casa, para tomar um sol. Abriu a porta de casa. Seu cachorro pulou em cima dele, como se ele fosse seu super-herói. Abraçou o cachorro, se deitou na cama com ele. Acendeu um cigarro. 9h50 da manhã. Pensou em como existem detalhes que ninguém percebe. Pensou que se ele tivesse voltado de ônibus, as coisas seriam diferentes. Ele perderia partes que podem parecer efêmeras quando você só olha, e não vê. Enxergou que a simplicidade é a grande jogada da vida. E ele ainda tinha toda a vida pela frente.
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twentysevenredroses · 4 years
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E não me apareçam mais por aqui!
Depois de estar há basicamente um ano longe do meu filho virtual, aqui estou de volta. E vou confessar umas coisas pra vocês, em 1 ano minha vida mudou da água pro vinho.
Ontem enquanto eu me arrumava pra ir pra faculdade, me deu aquele estalo “Volta com o blog!”. Parei pra olhar as postagens antigas e percebi o quanto eu evoluí como pessoa desde o ano passado até hoje. Meu modo de pensar, de agir, de lidar com as coisas, mudei drasticamente, e isso foi de fato muito bom. Agora sim me sinto adulta. Porque quando eu tinha meus 18, 19 anos, eu ainda tinha um espírito muito adolescente, e isso agora mudou. Não relevo mais tanto as coisas como eu relevava, fiquei mais categórica. Tenho como provar isso.
Fiz uma viagem mental esses dias. E, olhando pra trás, lembrei de quando eu ainda morava no meu prédio antigo. As lembranças dele parecem não querer ir embora. Lembrei mais uma vez de tudo o que eu vivi por lá, das coisas que senti, de tudo. E lembrei também de pessoas que eu considerava que iriam comigo até o fim, que eu tinha certeza que a amizade seria eterna, e que agora não significam mais merda nenhuma pra mim. Por mais clichê que possa parecer, à medida que o tempo passa, você começa a perceber quem é quem. Quem vai ser descartável, de momento, e que vai levar a amizade até a morte. Ou além dela. Pessoas que você dava uma moral enorme, e que depois passam na sua frente, olham na sua cara e fingem que nem te conhecem. Pessoas que você julgava amar incondicionalmente, e que agora você sente quase que um nojo de chegar perto por baterem na mesma tecla há uns 30 anos. Pessoas que simplesmente mudam com o tempo, e você acaba se perguntando “ora, porque eu ainda insisto em manter algum tipo de contato com gente assim?”. São aquelas pessoas que não vão adiantar sua vida em nada (muito pelo contrário) e que são apenas um peso morto nos contatos do teu celular, ou nas suas redes sociais. Pois é, agora comecei a cortar a porra toda pela raiz. Não faço mais questão de manter perto de mim alguém que eu não confie, e que não faça o mínimo esforço para se manter por perto, nem que seja em nome dos longos anos que nos conhecemos, ou por todas as coisas vividas. Poucas são as pessoas daquela época, dos meus 16, 17 anos, que eu sinto falta, e faço questão de estar por perto. Porque essas, embora distantes, deixaram lembranças boas na minha mente. E são pessoas que quando eu encontrar na rua, eu vou fazer questão de dar um abraço.
No geral, é isso. Pesos mortos do meu passado, estou cortando mesmo. Ex babacas, falsos amigos, gente que eu não preciso do meu lado, que sempre me decepcionou, e até hoje continua me decepcionando. Desses, eu quero distância. Quem é, sabe. E que não me apareçam mais por aqui.
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twentysevenredroses · 4 years
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Divagações sobre relacionamentos (01.04.2012)
relacionamento (re-la-ci-o-na-men-to)
s.m.
Ato ou efeito de relacionar. Amizade, intimidade: travar relacionamento com alguém.
Pois é, eu já falei sobre tanta coisa nesse blog, até já deixei minha veia mais poética transparecer um pouco com posts de supostamente ficção, e agora volta o momento de expor minha opinião sobre fatos aleatórios. E nada melhor do que aproveitar esse momento pra falar deles, os famigerados relacionamentos, que podem muito bem ser o seu céu - ou o seu inferno.
Relacionamentos por si só já não são uma coisa muito fácil (dependendo do seu jeito de agir para com os outros, claro). No início tem a sua família (agradeça bastante se seu relacionamento familiar for bom, falando nisso), onde você tem que lidar com pai e mãe dando ordens, querendo impor a maneira deles de pensar/agir, e muito provavelmente irmãos que também querem te dar ordens. Logo aí você já tenta se moldar pra poder construir uma relação boa e respeitosa com eles, respeitando limites alheios e as diferentes ideologias, o que muitas vezes é longo e difícil. Você cresce, e aí começa a conhecer pessoas novas, logo várias amizades surgem. E com elas, a questão de se adaptar aos mais diferentes tipos de personalidades, ou simplesmente não se adaptar, o que acaba gerando as inimizades. Com essa farra do boi de amizades, personalidades e inimizades, já começam as confusões sentimentais que vem de brinde com os relacionamentos que vão se formando gradativamente. Até que aparece o tipo mais letal de todos: os relacionamentos amorosos. E é sobre eles que vai ficar meu foco nesse post.
O fato é que não há ninguém melhor pra falar de relacionamentos amorosos (que NÃO dão certo) do que eu. Ok, eu não tive lá muuuitos namoros até hoje, nem muitos “quase-namoros”, mas pra 19 anos de vida, a bagagem que eu tenho já dá pra me deixar certa de uma coisa (por favor, perdoem meu latim agora): eu só me fodo quando o assunto é amor. É sério, não tô dramatizando. Todos os relacionamentos tidos até então terminaram. Um de uma forma mais tosca que a outra. O que me leva a crer que das duas uma, ou o problema sou eu, ou ninguém é tão bom ao ponto de conseguir prender minha atenção por mais de um mês.
Momento réplica: “eu só me fodo quando o assunto é relacionamento”, porque na verdade eu nunca amei ninguém. E quem disser que o problema sou eu, vai levar um tiro na cara, vou logo avisando.
Ok, ok, eu não vou culpar só as escolhas erradas que eu fiz. Até porque se tivessem existido escolhas certas, elas teriam durado um bom tempo, correto? Enfim, eu sou aquele tipo de pessoa que se o infeliz com que eu estou não for MUITO FODA, é certeza de que eu vou enjoar em umas duas horas. A pessoa tem que sei lá, se desdobrar em mil e ser praticamente perfeita (nessa perfeição inclui não se importar com meu vício em café, me dar espaço e aturar meus surtos de guria paranóica/blasé com um sorriso no rosto). Eu sei, ninguém é perfeito. Mas eu não sei o que rola, parece que ninguém é o bastante pra mim, aí eu infelizmente vivo nessa, enjoando rápido das pessoas.
E o que me deixa mais intrigada comigo é o fato de o script até hoje ter sido o mesmo: se a pessoa gosta pra caralho de mim, demonstra de tudo quanto é modo que tá mega afim de mim, isso me deixa saturada logo de início. Agora, se eu começo a gostar da pessoa, começo a me doar, a fazer tudo por ela, o protocolo é óbvio: essa pessoa no início vai corresponder às minhas expectativas, mas uma hora vai me fuder a vida. E foi exatamente assim, desde sempre. E pelo visto, vai ser assim por um bom tempo.
Já passei por gente que fazia de tudo por mim, do tipo de me mandar mensagens no celular enquanto eu tava em Rio das Ostras umas 10h da manhã com infinitos níveis de “s2” e “Te amo”, gerando uma zoação colossal da parte dos meus queridos familiares, já namorei gente bem mais nova, que por causa dela eu também fui colossalmente zoada por toda minha rede de amigos, já estive em situações mega bizarras por causa de gente filha da puta e que não merecia nem um milésimo de tudo o que eu fiz, já fui tão usada, já usei pra caralho, já fui bem filha da puta, assim como já foram e muito comigo, já fugi de muita gente por quem eu criei expectativas monstro e que no final não eram nem lá essas coisas, já descobri que traí um ex no mesmo dia em que fui traída (traição sincronizada, uhul) e também já fui traída por gente que ok, não vou dizer que nunca pensei que fosse, mas sei lá… gente que de forma alguma eu queria que me traisse. Sabe quando você tira a roupa de implacável e heartbreaker, faz de tudo pra dar certo, e no final você toma uma rasteira dessas? Pois é, eu também já passei por isso.
É que chega uma hora que fazem contigo o que tu já cansou de fazer com os outros. Boa e velha lei do retorno.
Mas o fato é que eu já superei isso tudo. E o mais intrigante de tudo isso é que a única pessoa que no momento é ex, e que eu mantenho contato foi quem eu pensei que sairia da minha vida com a mesma rapidez que entrou. Porque a galere com quem eu mantinha uma certa amizade, e que teve um relacionamento comigo, ainda que rápido, já rodou com distinção e louvor.
Mas querem saber, pequenos padawans? Relacionamentos são letais? Sim. São cansativos? Sim. Mas vou dizer pra vocês, são bons. Mesmo passando por várias coisas ruins (o que é inevitável), você supera. Eu por exemplo, já superei tudo de ruim que eu passei (e te garanto que não foi pouca coisa), e mantive por perto só quem de certo modo importava (pois é… só 1 jedi). E como eu costumo dizer, dar inicío a um relacionamento é como construir uma casa muito foda, com tudo o que você precisa, mas bem em cima da falha de San Andreas. E tudo o que você tem a fazer é ficar ali, aproveitando ao máximo os momentos, a espera do terremoto, que a princípio pode parecer ser iminente.
E quando você dá sorte, o terremoto nem vem.
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twentysevenredroses · 4 years
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Divagações sobre o passado (08.09.2011)
passado (pas-sa-do)
adj.
Referente a um tempo já findo; Diz-se de uma coisa que o tempo fez envelhecer, ou deteriorou.
s.m.
O tempo de outrora.
Eu tenho estado um tanto nostálgica por esses dias. Ouço músicas, leio conversas antigas, vejo fotos, sinto perfumes, tudo que me remete a uns anos. E a vontade de voltar no tempo é enorme, queria que alguém tivesse inventado a boa e velha Time Machine pra eu poder reviver dias que foram tão bons na minha vida. Sim, eu sei que de nada adianta querer isso, uma vez que o passado não volta, mas confesso que esses dias ele tem sido o meu refúgio. Por essas semanas minha mente tem sido uma confusão tão grande, eu sinto como se desconhecesse o terreno que eu estou pisando, terreno esse que eu julgava conhecer tão bem. Aí acabo caindo num buraco negro que me remete ao meu passado, onde as coisas não eram difíceis, onde a vida era simples, e eu era feliz assim.
Não reclamo da minha vida agora, pelo contrário. A liberdade que eu tenho agora em nada se compara ao que eu vivia uns dois anos atrás. Mas o fato é que foi há uns dois anos que a minha vida efetivamente começou. E eu sinto uma falta absurda desse início. Do prédio onde eu morava principalmente. Morar em prédio é mil vezes melhor do que morar numa casa. Toda aquela vibe de sair cumprimentando os amigos enquanto se sobe as escadas pra chegar em casa é uma coisa sei lá, no mínimo aconchegante. Hoje me peguei lembrando do meu quarto, todo rosa, com minha cama perto do computador, e de quando eu passava horas e horas na janela tirando fotos do horizonte, compondo músicas, ou simplesmente pensando em tudo o que se passava comigo por aqueles dias. Lembro também das montanhas lá ao fundo da paisagem da minha janela, que faziam o formato de uma mulher deitada. Engraçado como eu sempre me divertia com aquilo. Eu gostava do jeito que o sol entrava pela minha janela à tarde, deixando a porta do meu armário alaranjada, e a forma que a luz da lua iluminava a minha cama de madrugada. Falando em madrugada, sempre gostei de virar as noites escrevendo, vendo tv, ou simplesmente apreciando o silêncio, vício que eu carrego até hoje. Lembro também de quando eu ficava de castigo em casa, e o máximo que eu podia fazer era conversar pela janela com o Diogo. Falando em Diogo, me sinto tão bem de lembrar do início do meu “projeto de banda”, três guris com instrumentos toscos tocando na casa do Thi como se não houvesse o amanhã, enquanto o vizinho colocava funks dos anos 70 alto pra cacete. Saudades de quando eu sismava de cantar Poppin’ Champagne só com a bateria acompanhando, e de todos os planos que nós fazíamos, tipo ir pra Curitiba, os três, pra poder tocar nas nights de lá, aproveitar o frio sulista e fazer de lá a nossa casa.
Sinto uma descarga de memórias tão forte quando entro no bloco 02, e lembro de tudo o que já aconteceu naquelas escadas, naqueles corredores. Zoações épicas, rolês de skate na garagem, tráfico de bebida pra dentro dos blocos, festas na casa de um amigo que acabavam se estendendo pelo prédio inteiro. E o bloco 01… Ah, o bloco 01. As melhores e piores coisas da minha vida aconteceram no prédio. E as piores coisas acabavam se tornando boas no final. Sinto que se eu pudesse, eu mandaria construir um monumento na frente dele, com algo do tipo “As melhores lembranças da Carol jazem aqui”. Cada pessoa que conviveu comigo naquela época me marcou de algum jeito, o fato é que eu nunca vou esquecer nenhum deles, mesmo que a força do tempo desuna um pouco os laços, ela nunca vai ser forte o bastante pra separá-los por completo.
Lembro de coisas simples também, mas que me trazem um certo conforto, do tipo voltar do meu curso de tarde, passar no depósito perto de casa e gastar minhas moedas numa lata de energético, que com certeza faria o resto do meu dia feliz. E também de sair do mesmo curso, e andar sem rumo, simplesmente pensando, pra depois parar no shopping e começar a compor letras com uma lata de Coca-Cola do lado. Inclusive, as letras mais intensas que eu compus até hoje foram feitas quando eu morava no prédio. Onde eu tirava inspiração das situações mais controversas da minha vida, e que acabavam tendo um resultado que me deixava mega satisfeita. Quando as tardes pra mim ficavam completas ao fechar a porta do meu quarto e tirar umas melodias no violão, tendo as letras que citei acima como base. A nostalgia é grande quando eu pego meu caderno de letras e cada palavra do que eu escrevi me remete a memórias que ainda estão vívidas em mim, como se tivesse ocorrido ontem.
Por essas e outras que eu digo, 2009 foi o melhor ano da minha vida. Eu, no alto dos meus 17 anos, dando de fato início à minha vida. Me estressava menos, me importava menos quando as coisas não saíam como o planejado. Meus relacionamentos eram mais simples, eu pensava de modo mais simples. Por outro lado, dava mais soco em ponta de faca, perdia mais meu tempo com causas impossíveis. Mas de certo modo, isso tudo era bom. Era quando eu estava mais próxima de mim mesma. Quando eu era a Carol. E eu sinto falta disso, dessa proximidade minha comigo mesma. Não digo que a minha essência está morta, mas ela se perdeu de mim do ano passado pra cá. Agora eu me tornei uma pessoa que eu não conheço. Alguém bem diferente, que eu não sei dizer se é melhor ou pior, mas que ainda assim não condiz comigo. Mas hoje eu percebi que a minha essência não está totalmente morta, ela havia apenas entrado num estado de coma, e de fato começou a recobrar os sentidos hoje. E depois de ter tirado férias de mim mesma há praticamente um ano, sinto que é chegada a hora de volta a pegar pesado, de voltar a ser eu.
É hora de me dissolver, pra me recompor. Hora de deixar de ser Carolina, e voltar a ser Carol.
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twentysevenredroses · 4 years
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Inverno
Eu tenho me alimentado meio mal ultimamente. Meu estômago dói constantemente por causa dos litros e mais litros de café que eu tenho tomado. É como se nas minhas veias, ao invés de sangue, corressem cafeína e tensão. Confirmei ainda mais o meu status de pessoa noturna por esses dias. Noturna e insone. Porque a noite me faz pensar. E pensar não me deixa dormir.
Eu nem vou sentar aqui e apontar as (inúmeras) falhas, porque eu já me cansei disso, desisti de ficar me repetindo. Apontar as minhas é lugar-comum, e é muito fácil descer o sarrafo nos outros quando se está de fora. Julgar é bem cômodo e se torna uma válvula de escape alternativa quando a indignação impera.
Não, eu também não vou dizer que foi tempo perdido, nem que está sendo, se é que ainda está sendo algo. Seria sim, se fosse coisa de 10, 20 anos. Afinal, 10, 20 anos são praticamente uma vida. Mas está durando pouco tempo, logo converto em experiência, sabe. É uma questão de forçar uma transformação do ruim para algo bom, e convenhamos que é de certa forma válido tomar mais umas porradas de leve pra aprender como mover as peças corretamente numa próxima vez. Vivendo e aprendendo, ainda que da forma mais complicada possível.
E os planos que eu fiz? De fato, agora eu rio da minha ingenuidade. O que me deixou tão cega a ponto de eu não ver que um dia isso tudo iria descer a ladeira? Foram as palavras, as pseudo-demonstrações de afeto? Será que foram todos os olhares? Não sei dizer. Cacete, agora estou apontando falhas.
É foda você se tornar tudo o que você condena nos outros. E foi exatamente isso que aconteceu comigo. Eu odeio gente relapsa. E sou a mais relapsa que eu conheço. Mas o pior é que eu sou assim justamente com quem eu amo, ou quem eu julgava amar. É, sou muitoeio sadomasoquista sentimental. Mesmo doendo muito em mim ver os outros sofrendo. Sou estranha. Muito estranha mesmo.
E vendo esse panorama, eu vou ficando receosa em sentir qualquer coisa que eu julgue ser boa agora, porém prejudicial pra mim a longo prazo. Assim, eu acabo criando um mecanismo de defesa, que é colocar mais uma vez a armadura de Ice Woman e fazer cara de paisagem pra tudo o que passa na minha frente. Ver que tudo está indo contra, e não me transtornar por nada. O que me deixa tensa é saber que pode aparecer a pessoa certa, e eu não vou saber lidar com ela por causa dessa frieza toda que eu estou impondo involuntariamente em mim. Mesmo que essa pessoa seja você. Mesmo que seja outrem. É como se a cada passo à frente que eu dou, eu fosse aumentando um pouco o inverno dentro de mim. E vai chegar uma hora que eu vou ser só gelo. E não vou conseguir mais sentir porra nenhuma, vou ficar totalmente dormente. Assim como eu estou agora. E eu não quero isso pra mim, eu quero sentir alguma coisa. Nem que seja dor, raiva, vontade de estar perto. O que me deixa quase que desesperada é que eu já não sei mais o que eu sinto por você. O que eu sinto pela gente. Te juro que a culpa disso não é minha. E você não sabe como dói admitir isso. Sim, um dia eu falei que nada me faria desistir disso tudo. Mas cheguei num ponto em que eu não sei mais onde eu estou pisando, não sei mais se o que eu estou fazendo é o certo. Sabe, tudo o que eu queria era um abraço seu. E ouvir “Relaxa, a gente vai passar por isso, vai dar tudo certo. Deixa de ser paranóica”. E ter a certeza de que tudo isso o que eu estou sentindo é uma peça que meu subconsciente está pregando em mim. Mas sinceramente, eu não creio que seja isso que está acontecendo. Porque ao mesmo tempo que eu não quero ir, eu sinto que se eu ficar a tendência é a situação ficar cada vez mais insustentável, aos poucos. E vai chegar num ponto onde eu vou acabar explodindo, ou vou querer desaparecer assim como eu apareci. Do nada.
Mesmo estando totalmente pessimista quando a isso tudo, e ostentando um discurso completamente derrotado, eu ainda tenho uma ponta de esperança que isso seja só uma fase escrota. E se não for, bem, o script vai ser o mesmo de sempre. Só me basta segui-lo mais uma vez.
Foda é que eu tinha prometido pra mim mesma que eu não iria escrever porra nenhuma. Que iria seguir o flow. Pois é, mais uma promessa pro Hall das que eu não cumpri. Não foi a primeira, e nem vai ser a última.
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