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tomo o último gole de café, já frio e amargo, no fundo da xícara. é curioso como até o gosto parece ecoar o vazio que se instala quando a alma se afasta do corpo.
às vezes penso que estou vivendo por inércia — como uma árvore que esqueceu o caminho de volta para a raiz.
é difícil aceitar que isso é viver. logo eu, que acreditava em sinais, coincidências, e lia o mundo como se tudo fosse carta psicografada do universo.
como reencontrar aquela menina que acreditava que amar era transcender a vida? que criava histórias pra cada desconhecido na rua? que via no caos do mundo a coreografia secreta do cosmos?
ainda a sinto aqui, em alguma dobra do tempo. mas em um estranho silêncio. - talvez ela esteja cansada demais de falar sozinha.
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tudo está indo bem. não conto as moedas para pagar o aluguel. não passo sufoco para comprar a comida do mês. estou fazendo faculdade. tirei minha habilitação de motorista. não vivo mais em um lar tóxico que me adoece. mas. apesar de as coisas irem bem. ainda há tanto a fazer. uma vida financeira para organizar. uma vida saudável para se alcançar. uma carreira para correr atrás um amor para se lapidar. uma versão nova de mim para conhecer. e é por isso que eu não posso desistir. mesmo em dias cinzas, seguir. dia por dia eu chego lá.
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tomo o último gole de café, já frio, no fundo da xícara e eu sinto o amargo e gelado gosto em minha língua às vezes sinto que é assim que estou vivendo. noites sozinha beijos amargos sexo frio. vivendo sem muito tesão de nada. assim como um café que ficou tempo demais na xícara. custo a acreditar que viver seja assim. eu sempre amei romantizar tudo ao meu redor. olhar para os detalhes. ver beleza em tudo. como me reconectar com aquela menina esperançosa, empolgada, curiosa, que fazia o coração bater mais forte a cada novo desafio aceito? que tinha uma sede insaciável de viver e se aventurar? que não aceitava café ou amor mornos? eu perdi o controle? - sinto minha essência e energia sendo drenadas de mim. (como voltar ao controle?)
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queria viciar seus lábios nos meus
do mesmo jeito que seus lábios são viciados nessa planta.
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se eu ficar
talvez essa seja minha vida para sempre
noites sozinha
enquanto ele tem todo o prazer que precisa
jogando e fumando
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queria que minha presença fosse algo importante na vida das pessoas
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o que fazer nos dias que não sei como fazer nos dias que fico ansiosa pensando nas coisas que devem ser feitas e surtando com a ideia de fazê-las mesmo querendo muito conseguir realizá-las?
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o que fazer quando não faz mais sentido sentir quando nada parece interessante quando não há luz no final do túnel quando ninguém virá te salvar e é só você, por você? eu costumava a sonhar com tantas coisas mas hoje já não sei se irei alcançá-las me sinto ainda tão nova mas ainda há tantas batalhas para lutar tanto pra fazer por mim eu consigo fazer essas coisas por mim? eu tenho energia, foco e disposição para fazê-las? ou é melhor só desistir? abandonar tudo o que um dia eu sonhei e aceitar que a vida não é o que eu havia imaginado que seria quando dei um salto de desespero à uma nova vida
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sometimes i just think i should just kill myself i cant do anything right i cant do anything right for myself, for my job, for my health, for my house or for my relationship im always fucking everything up. that hurts so badly.
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o que eu achei que poderia me libertar
acabou me prendendo também.
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quero poder dizer tudo o que eu sinto sem me sentir mal por abrir meu coração;
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desperdiçando minha energia.
às vezes sinto que eu sinto demais. exagerada. talvez seja só eu criando mais uma vez expectativa em cima das outras pessoas mas ainda assim é péssimo sentir que dou demais e recebo pouco em troca ou eu sou too much ou eu estou procurando no lugar errado. -por que eu simplesmente não consigo aceitar o que tenho? por que simplesmente não consigo ser feliz?
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quantas vezes eu ainda vou aguentar ver meus sentimentos serem feridos por indiferença e falta de cuidado? :(
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