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Flashback, the hunt
As batidas aceleradas do coração feminino reverberam por sua mente, carregando a inquietação de anos de questionamentos indesejados. Nas noites mais escuras, Sanem via-se perguntando o que Sarp poderia ganhar através das falácias proferidas sobre seus lábios. Que tipo de divertimento doentio teria motivado um envolvimento tão perigoso? Mais do que isso, como as quase duas décadas de treinamento não haviam sido suficientes para que ela distinguisse os sinais de suas mentiras? E quando nem mesmo a racionalidade permitia-lhe uma resposta, Beren encontrava o dilema de sua vida. Era nesses raros momentos em que ela contemplava a possibilidade de nem tudo ter sido mentira. Afinal, como poderia uma criança tão cheia de amor ter sido criada a partir de qualquer outro sentimento? As cicatrizes em suas costas eram, no entanto, uma reticência. "Imagino que seja fácil falar de crueldade sob a sua perspectiva, vossa alteza. Nesse quesito, a definição pode ser deveras distinta entre azuis e vermelhos." Mais um passo. E a urgência que queimava em seu peito ardia com sensações que não poderiam ser nomeadas. "Deveria me incomodar? Não sou do tipo que lamenta por algo que nunca foi meu." Era como precisava se sentir. O amargor no fundo de sua garganta, contudo, era um lembrete malquisto do que poderia ter sido - se houvesse alguma verdade no Karadag.
Aquela era uma acusação torpe. A última coisa em que havia pensado, enquanto estava com Sanem, havia sido em sua coroa. Se o tivesse feito, sequer teria se embrenhado em lençóis com uma vermelha, tampouco feito juras de amor a ela, promessas que não podia cumprir – era um risco que alguém de seu calibre e posição não podia correr. Hoje, mais amadurecido e experiente, sabia disso. Era verdadeira tolice cogitar trocar um reino por uma paixão juvenil, porém, o jovem Sarp não fazia ideia disso. Era visto que a vermelha baseava suas palavras no que estava vendo naquele momento - na imagem de herdeiro empenhado, emproado, que projetava ao mundo, mormente diante das câmeras. Só podia ser. Caso contrário, estaria sendo completamente injusta com ele. "Isso costuma surpreender até a mim mesmo, quando penso a respeito" desviou o olhar, o riso saindo pelo nariz, como se se envergonhasse da possibilidade. "Eu era um idealista, é claro. E um tolo. Hoje vejo que o mundo não tem toda a cor que eu achava que tinha e que as pessoas são mais cruéis do que eu pensava" deu de ombros, há muito deixando de lamentar por isso. Ao ver que ela não responderia sua pergunta, o Karadag deu mais alguns passos na direção da morena, a analisando em busca da relíquia. "Não preciso de medalhões para impressionar uma dama" esperava que ela mesma pudesse atestar isso, mas, a essa altura, era apenas reticência que Beren projetava em relação a ele, como se não o quisesse por perto. Ele também não deveria se aproximar demais, depois de tudo. Já devia ter aprendido sua lição. "Mas isso te incomoda? Que eu esteja aqui? Atrás de medalhões de outras mulheres?" não estavam mais falando sobre medalhões.
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O olhar atento capturou o momento exato em que a nobre pareceu vacilar, tendo tempo suficiente apenas para ordenar que um guarda amparasse a jovem que se encontrava do outro lado da fonte dos pecados. O homem, alheio ao que ocorria, acatou ao pedido um segundo antes da morena desfalecer em seus braços, por pouco evitando estragos maiores. Mais um olhar e Cece corria para buscar a maleta de primeiros socorros, ao passo em que a enfermeira se aproximava da mulher desacordada. "Por favor, peço que concedam-lhe algum espaço para que possa respirar." Disse aos convidados que se amontoavam ao redor de Lucrezia, em um misto de curiosidade e preocupação. "Vamos evitar maior constrangimento para a princesa." Sussurrou ao rapaz, indicando com a cabeça um local afastado onde teriam um pouco de privacidade. Não tardou para que Cemre retornasse não apenas com o kit, como também um copo de suco - ótimo remédio para um problema de glicose. E o sorriso orgulhoso transpareceu nos lábios de Sanem ao murmurar um agradecimento e voltar-se para Lucrezia. "Vossa alteza perdeu a consciência por cerca de dois minutos e meio. Nada muito grave, graças à agilidade do sargento Torres que a segurou antes que pudesse bater a cabeça." Anunciou em tom leve, oferecendo-lhe a bebida que tinha em mãos. "Precisarei apenas conferir sua pressão, glicose e garantir que está hidratada antes de liberá-la. Episódios como esse são frequentes, vossa alteza?"
ᘛ featuring : @berenmequer ᘛ scenary : próximo a fonte dos pecados
orbes esmeraldas se demoram pela fontes, estudando aqueles que a bebem despreocupados —— julgando-os. lucrezia não se considera nem melhor ou pior, contudo, a facilidade com a qual estes conseguem abrir mão do próprio controle lhe traz um gosto errado a boca. completamente errado. mesmo que a tal tradição fosse um exagero para atiçar os curiosos, tamanha entrega e ousadia é simplesmente impraticável em seu mundo. e não demora muito para que a morena acabe sendo pega no meio de um dos maiores erros da noite —— exatos vinte e três minutos, para ser mais exata. tem a coluna ereta e a atenção focada no duque sul coreano com quem discute sobre economia, quase alheia a presença do príncipe eirian do noroeste da europa há poucos metros de distancia, vestido com os tons prateados e amearelos de seu brasão. não que pudesse considerá-la algo muito especial —— o anil está longe do trono e de qualquer poder real, e é jovem o suficiente para que seu maior objetivo na noite seja tentar encantar a princesa caçula dos phaidonos. ele também não poderia está mais alheio a italiana; a ponta de suas orelhas é tingida pelo nervoso enquanto ele tenta impressionar kalliope com uma pequena demosntração de seus poderes. todavia, o fato dele estar ligeiramente afetado por dois copos de coragem líquida e as águas traiçoeiras da fonte, se monstra um problema na hora de controlar a onda de seu poder. uma onde que espande pelo espaço em espirais livres, e uma delas quebra diretamente em lucrezia por um golpe de coincidencia. de azar. ela sente no mesmo instante em que algo está errado quando a energia desconhecida se choca contra a sua numa briga silenciosa. o dom de eirian não é delicado, e emana de dentro como uma vibração emocional —— algo que ecoa própria excitação, da confiança, e leveza de espírito dele. todas coisas que não condizem nada com o normal de lucrezia di savoia! a disputa energética que é travada em seu cerne é tal que lhe toma as forças: subitamente, os joelhos fraquejam e a escuridão toma conta. quando os olhos claros se abrem novamente, estão pesados. ela precisa piscar algumas boas vezes para espantar o embaço da visão. é só então que savoia se dá conta que recostada em uma das poltonas do local, com uma mulher desconhecida inclinada sobre si. ela espera pela desconfiança, por aquela surpresa que soa cortante mesmo sem querer. mas nada disso vem. ❛ o que... que aconteceu? ❜ a voz escapa baixa, não mais alto que um suspiro baixo.
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A risada da garotinha lhe preencheu a mente, mergulhando-a na idealização de uma liberdade jamais experimentada. E, por um segundo, não havia althara, revolução ou documentos a serem encontrados. Apenas ela e sua filha, no balanço em meio a um dos jardins mais bonitos que já vira. Não é de se estranhar, então, que a aproximação do herdeiro de Anatólia a tivesse pegado de surpresa. E pela segunda vez naquela noite, Sanem se veria amaldiçoando-se por seu descuido. Seu corpo enrijeceu-se, a respiração aprisionada em seu peito. O ímpeto de colocar-se entre o homem e Cemre a atingiu de maneira avassaladora e, por pouco, a enfermeira não arrancou a menina do assento. No entanto, tal atitude apenas atrairia mais atenção e perguntas posteriormente. "É difícil imaginar um lugar mais adequado para uma criança do que um balanço, vossa alteza." A morena exibiu um sorriso, parando o movimento do brinquedo. "Ela gosta de me ter como ajudante. E eu já sou bastante grandinha, sabia?" Cece completou, enchendo a mulher de um misto de orgulho e receio. "De toda maneira, já estávamos nos retirando. Tenha uma boa noite, vossa alteza."
Não era um espaço que pertencia a ele para que se aproximasse. Era como se as duas estivessem dentro da bolha particular que haviam construído. Porém, aquela criança lhe intrigava, ao ponto de ser atraído por ela, para perto de onde ela estava - o que era estranho, considerando o tratamento que comumente dispensava aos vermelhos, ao ponto de não se importar com a presença deles. Pode ser que também estivesse com o orgulho ferido por conta das palavras que Beren havia lançado sobre ele durante a Caçada, e sentisse o ímpeto de retorquir, depois de pensar a respeito, ou talvez de chocá-la por se aproximar de sua cria. Certamente, aquilo era uma das poucas coisas que faziam brotar um olhar de pavor no rosto de Sanem, como se Sarp em pessoa fosse capaz de torcer o pescoço da garotinha. "Uma noite agradável para brincadeiras, de fato" começou, se aproximando, se direcionando à mais nova enquanto se posicionava na frente dela, como que para amparar a outra ponta do balanço. "Mesmo que esse não seja o lugar mais adequado para crianças. Sua mãe não te disse?"
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O desespero estampou-se nas feições femininas, seu corpo entrando em um estado de alerta em que ela seria capaz de qualquer coisa para proteger a filha - incluindo culpar outra pessoa. Os lábios já entreabertos tinham uma desculpa elaborada em lábios, uma que morreu ao dar-se conta de que se tratava da princesa Castilla -presença essa muito mais agradável do que a maioria. "Vossa alteza, eu sinto muitíssimo pelo quase incidente. A Cemre não teve a intenção, ainda está aprendendo e..." A enfermeira não tinha certeza de como o dardo havia se dirigido à loira, quando a menor mirara na direção oposta. Por sorte, Villa não parecia interessada em explicações. Mais do que isso, ela gostaria de um momento ao lado da menininha - que parecia ainda mais empolgada para aquele encontro. "Sim, claro." Concordou em meio a um sorriso, não lhe passando despercebido a gentileza da azul em pedir-lhe permissão. "Eu preciso apertar com mais força assim?" Questionou Cece, os dedinhos esbranquiçados ao apertar o dardo com toda sua força, ansiosa por seguir os ensinamentos da Bourbon.
Villa não tinha percebido a garotinha, nem Beren. Ainda que a segunda fosse bem difícil pelo tanto de beleza que ela carregava. Foi se dar conta com o gritinho infantil e a fez virar a cabeça, e para o dardo que ia pra direção dela. O bom de sua telepatia era isso. O olhar de Cece parecia um misto de vergonha e felicidade por ver a princesa, e Villavencia não conseguiu evitar um sorriso. Era estranho ser tão quista por um ser tão puro. Ela chegou perto de Beren, como se pedisse permissão pra dirigir a palavra. "— Não sabia que uma princesinha pequenina tinha vontade de aprender a jogar dardos!" Ela se abaixou, devolvendo o dardo para as mãos pequenas. "— Você vai bem, mas precisa de um pouquinho de firmeza, quer ajuda?" Então, os olhos verdes se voltaram para Beren. "— Eu posso ajudar, Beren?"
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A aproximação havia se dado de maneira calculada, ciente do tipo de informação que poderia obter na presença de uma figura importante como o ministro. O sorriso doce, porém, corroborava com a imagem de enfermeira preocupada que buscava transmitir. "Receio não ter escolhido as melhores palavras para me expressar, vossa graça. Ou talvez a quantidade de pacientes na ala da enfermaria tenha finalmente roubado toda minha sanidade. Não foi o senhor que, uns dias atrás, precisou de um remédio para enxaqueca após passar horas debruçado sobre alguns relatórios?" Indagou, o semblante ligeiramente franzido. "Quis dizer que parecia melhor do que nesse último encontro em que a dor estava estampada em suas feições. Apesar de que, a essa altura, já não tenho mais certeza de que não o estou confundindo com outro ministro atarefado, peço perdão. Com alguma sorte, esse pedaço de torta ajudará a aclarar minha mente." O tom jocoso visava contornar a situação, este acompanhado de um leve curvar de lábios.
✽ 𝑜𝑛𝑑𝑒: banquete.
✽ 𝐜𝐨𝐦: @berenmequer
✽ “you're doing so well today!”

tinha uma lista de coisas, na mente de darian. uma lista de motivos para seguir em frente, mesmo em meio a todo... a todo o caos dos últimos dias. essa lista já existe, na verdade, há muito tempo, mas vem se tornando cada vez mais turva. como se uma névoa o impedisse de ver claramente. era uma explicação barata para o que estava acontecendo, é claro. ele se permitiu mais do que deveria, então depois de algumas taças, ele agora se encontrava tentando comer algo para não cair duro para trás. foi, é claro, nesse momento que escutou a voz da mulher. sempre nas melhores horas, os piores comentários. “which... definitely implies that i wasn't. which is fine, by the way.” não tinha ofensa em sua voz, e sim certo divertimento. ele não conseguia encontrar a motivação para tal comentário, que soava mais como um elogio às avessas. tanto pelo fato dele não saber o que ela achava dele antes, quanto pelo claro fato dele não estar bem hoje. “mas eu não vou ceder as ofensas hoje. quer dividir esse pedaço de torta comigo? e talvez me explicar quando foi a última vez que você me viu nesse estado. pesquisa de satisfação e desempenho, ou como preferir.”
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Leilão dos herdeiros, w/ @sagemenas
Alguém com o treinamento da Atakan não deveria demonstrar, com tamanha clareza, a surpresa ao escutar a quantia exorbitante que fora oferecida pela condessa da Anatólia. Em defesa da enfermeira, as orbes ligeiramente arregaladas e os lábios entreabertos desapareceram de seu semblante em uma fração de segundo - infelizmente, uma fração de segundo depois de Sage compreender o que se passava em sua mente. "É... Um valor bem alto. O maior que ouvi até então." Viu-se explicando, buscando acobertar o verdadeiro motivo para sua incredulidade. Afinal, como alguém buscaria a companhia da nobre leiloada, em sã consciência, era além da compreensão de Beren. "Receio não estar acostumada a eventos como esse. Os lances são sempre nessa magnitude? É impressionante. O quanto arrecadam para causas nobres." Se é que esses valores não eram diretamente revertidos em armas usadas contra vermelhos.
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Jardim das luminárias, w/ @strvgar
Enervante. Exasperador. Digno de ter a cabeça arrancada do próprio corpo. Esse era o duque de Durmoren para a enfermeira - ao menos em momentos como aquele em que a arrogância colossal guiava suas ações. E as passadas violentas, esmagando asas pedrinhas brancas em seu caminho, não deixava dúvidas quanto a seu humor ao se aproximar do homem. Sorte a dos dois que ele estivesse sozinho, porque Sanem não ponderou muito ao envolver seu pulso em um aperto firme, usando o pouco que restava de sua sanidade para arrastá-lo conduzi-lo a um canto mais afastado. "Você permitiu que uma das criadas levasse Cece para um passeio a cavalo? E sem me consultar? O que estava pensando?" O tom arisco acompanhou o cerrar dos punhos ao seu lado. "Você não pode tomar decisões a respeito da minha filha dessa maneira. Não assim. E não aqui." Ela deu um passo na direção dele, o desafio impresso nas íris esverdeadas.
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Jardim das luminárias, w/ @karvdag
As regras que ditavam seus dias haviam moldado a personalidade disciplinada da morena - que, ainda em tenra idade, aprendera que a liberdade não era uma opção. Ao menos não enquanto a soberania azul continuasse a se firmar sobre falácias espalhadas aos quatro cantos do mundo. Beren gostava de pensar, porém, que poderia proteger a filha de todas aquelas incongruências, oferecendo-lhe uma infância mais normal do que a dela própria. Uma tarefa que aparentemente simples, não fosse pelo dilema: acatar as vontades da garotinha ou colocar sua segurança acima de tudo e todos? A segunda opção parecia mais óbvia, até ser atingida pelo tom manhoso e o bico que implorava por clemência. E, afinal, que mal teria em concedê-la cinco minutos sobre o balanço? "Se segure firme!" Ela disse para a menor, tão logo começou a empurrá-la para que fosse o mais alto possível.
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Alvo e dardos, w/ @semprevencia
As mãos pequeninas envolveram os dardos mágicos, a postura ereta pouco condizente com a tenra idade da garotinha. Seus olhos estreitaram-se, mirando o alvo como se sua vida dependesse daquele tiro. "Você vai fechar um dos olhos, respirar fundo e expirar quando lançá-lo." A enfermeira explicou para a filha, que ouvia com atenção. Beren havia aprendido aquelas táticas quando era ainda menor do que Cece - e com objetos muito mais letais do que meros dardos. Aquela, porém, não era a infância que almejara para a menor. E no que dependesse da Atakan, Cemre teria uma vida tão normal quanto possível. "Pronta para tentar? Só tente não acertar ninguém, uh? Não queremos ter que prestar primeiros socorros no meio do baile."
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w/ @portalcadendias
Como uma assídua seguidora da fé rubra, era natural que Beren se mantivesse distante de autoridades do Magisterium. Era mais do que o evidente repúdio que lhe era dirigido - particularmente perceptível entre os religiosos - ela própria se incomodava com a hipocrisia do ambiente. Isso porque tivera acesso a registros o suficiente para que soubesse que as crenças haviam sido fomentadas em mentiras, destinadas a subjugar o povo vermelho. E isso era tudo contra o que a turca lutava. Para seu desprazer, no entanto, ela ergueu o olhar no exato instante em que o padre adentrou a enfermaria. "Vossa graça, não esperava encontrá-lo deste lado do palácio. Nós possuímos outros profissionais que podem auxiliá-lo com remédios e curativos sem que seja necessário que venha até aqui. Nós não temos a intenção de comprometer nenhum de seus afazeres."
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w/ @voutebahar
A missão em meio à caçada cobrara um preço mais alto do que Beren tinha previsto. Isso porque, apesar da boa vontade da maioria, era perceptível como poucos possuíam o treinamento necessário para passar despercebidos. E a tarefa de salvar vermelhos em apuros, ao mesmo tempo em que ludibriava outros nobres, mostrou-se mais complexa do que ela gostaria. O corte superficial na altura de sua costela era um forte indício disso. Aproveitando-se do baixo movimento na enfermaria, a turca posicionou-se a frente de um espelho, a blusa erguida para dar-lhe acesso ao ferimento que exigia a troca ocasional do curativo. E foi nesse instante que, uma movimentação captada pela superfície refletora lhe atraiu a atenção. "Vossa graça." Havia um quê de surpresa no tom feminino, a postura endireitada para acobertar a própria pele. "Há algo em que possa ajudá-la?"
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w/ @serrvtore
A inimizade entre a enfermeira e o chefe da guarda era perceptível desde a primeira interação. O que havia iniciado como um mal entendido, logo transformra-se em uma animosidade pautada no senso de superioridade exalado pelo italiano - um que despertava em Beren o impulso de esmurrar o ponto exato em que suas sobrancelhas se franziam. E, acredite, não foram poucas as vezes em que se viu perto de concretizar o que havia se tornado um sonho pessoal. Hoje sendo um desses dias. "Você realmente se acha tão importante que desaprendeu como usar essas perninhas magricelas para buscar um café na cozinha?" Ela se viu disparando, tão logo deparou-se com Tiziano. "O que foi? Só porque lambeu o saco de alguns azuis ta se achando um deles? Típico de um narcisista egocêntrico como você."
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w/ @ricccrdao
Ainda que jamais fosse admitir, talvez existisse uma correlação direta entre a curiosidade feminina a respeito do italiano e os alertas proferidos por Çinar. Sim, Beren tinha ciência de que deveria se manter o mais possível do perigo. Mas como resistir quando a aura misteriosa do guarda demandava algumas respostas? Em prol da própria revolução, ela teria argumentado. "Ouvi dizer que você fez um verdadeiro estrago durante a caçada." Seu tom era baixo ao se aproximar do moreno. "E que quase foi pego por uma das princesas de Castilha." O anúncio veio em meio a uma provocação, a sobrancelha arqueada no processo. "Não imaginei que seria o tipo que precisaria de resgate, Russo."
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w/ @allidimitri
Cada escapadela a noite era acompanhada de uma dose considerável de risco. E dado o histórico da Atakan, cujo envolvimento com a nobreza a colocava em um nível de perigo acima da média, seria esperado que ela não se sujeitasse a situações como aquela. Ao menos em uma noite comum. Mas não naquela. Não quando seus receios se fundiam em um emaranhado que crescia em seu peito, ameaçando sufocá-la. Não quando os golpes ensaiados haviam se tornado a maneira mais simples que encontrara de voltar a respirar. Não quando o mundo parecia prestes a ruir ao seu redor. Cada soco vinha acompanhado do expirar pesado que denunciava seu cansaço, mas sem que este jamais retardasse seus movimentos. Ainda tinha energia demais acumulada em suas entranhas, procedente de tudo aquilo que não fora dito. Naquele ritmo, e sem um parceiro a altura, Beren se via chegando ao amanhecer sem nunca alcançar a paz de espírito que buscava.
#( threads. )#allidimitri#deixei meio genérico mesmo pra facilitar#qualquer coisa me avisa e eu mudoo
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A turca realizava um inventário rápido dos medicamentos da enfermaria, organizando-os segundo os sintomas que previa encontrar nas próximas horas: torções, alergias e até leves concussões pelo que Beren havia presenciado. Ela não esperava, porém, deparar-se com Augusto cedo demais. As memórias imediatamente invadiram seus pensamentos, adensando sua respiração. O calor insuportável, a claridade que deixara pontos escuros em sua visão e o cheiro da madeira queimando ao seu redor ainda permaneciam vívidos em sua mente. Tão intensos quanto a culpa que carregava pelas marcas no corpo masculino. Sem que se desse conta, a Atakan se viu traçando a região com a ponta dos dedos, lembrando-se dos dias que sucederam aquele incêndio, em que as madrugadas mal dormidas eram partilhadas em meio a sorrisos singelos e a constante troca das bandagens. E foi no instante em que o timbre masculino a atingiu que Sanem se viu arrancada de seu torpor. "Essa tatuagem? Tenho certeza de que deixou a dona extremamente lisonjeada. Uma ex namorada, presumo?" Ela arqueou a sobrancelha, seu divertimento acobertado pelo tom profissional que era pouco característico da relação dos dois. "É... Bastante gentil da sua parte. Que pense que valeu a pena." Completou, sequer ousando buscar o olhar dele. Sabia o que encontraria ali e a enfermeira não estava preparada para lidar com todos aqueles sentimentos. Por isso, preferiu concentrar-se em limpar o ferimento do duque. "Espero que se sinta da mesma forma em relação à caçada. Encontrou o que buscava?"
with: @berenmequer
Talvez o senso de autopreservação de Augusto não fosse dos melhores, apesar da frieza calculista com quem ele acreditava que sim, que sempre sabia o que estava fazendo. Talvez esse cálculo o levasse a priorizar outras coisas quando sua integridade estava em risco... levando seu rumo mais próximo do caminho da autodestruição. Por conta disso, carregava uma série de cicatrizes que pareciam colocá-lo imaginado dentro de uma cena de guerra, algo que ele, de fato, nunca viveu. Cenas similares e algumas tão perigosas quanto, sim, mas aí estava: todas essas foram necessárias de serem vividas ou ele se arriscava com a desculpa que sim? Dividia com Beren uma dessas cicatrizes, e quanto à essa havia a certeza pura de que não poderia ter sido de outra forma. Podia ter morrido, mas não ter estado lá teria suscitado na morte inequívoca de duas pessoas. Assunto proibido. Ele tirou a camisa e se sentou na maca da enfermaria, o olhar tão vazio quanto sabia ser ao encarar a vermelha. Tinha uma ferida besta no peito graças à um corte de um galho que levará parte do tecido da camisa, mas sabia que ela encararia a pele enrugada que subia pelo lado direito do quadril. “Não foi nada.” Disse, o comentário vago o suficiente para poder se referir ao corte novo no peito ou à cicatriz antiga. As câmeras eram algo a se temer, e as paredes tinham ouvidos. “Valeu a pena.”
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O questionamento alheio lhe pegou de surpresa, não apenas por não imaginar que os nobres pudessem suspeitar das ações dos vermelhos - afinal, eles dificilmente prestavam atenção suficiente para tal - como porque não pensara que Ela o faria. Talvez fosse a inocência em seus traços ou a amabilidade de seu olhar, fato era que Beren precisou se recompor rapidamente, endireitando a postura para transmitir a credibilidade que almejava. "Vossa alteza, espero que tenha ciência de que meu único trabalho aqui é garantir o bem-estar de todos os participantes da Althara. E me comprometo a manter um olhar mais atento em busca de ações que não tenham por objetivo ajudá-los." Assegurou, ajoelhando-se ao lado da condessa desacordada. "Dado que é minha responsabilidade levá-los à enfermaria e zelar por cada um - e que eu certamente responderia por um aumento na quantidade de candidatos precisando de auxílio - imagino que possa compreender porque não teria sentido que eu a tivesse colocado para dormir, certo?" Seu tom continha algum humor ao exibir um sorriso, demonstrando um esforço exagerado ao passar o braço ao redor da ruiva e suspender seu corpo. "Infelizmente meu dever me obriga a oferecer cuidados mesmo àqueles que carecem de mais do que apenas saúde. Mas compreenderei se preferir não se envolver."
Ouvindo as palavras alheias até se aproximou um pouco mais para ver de quem se tratava e não demorou muito para saber que reconhecesse a condessa, o nariz prontamente se retorceu em certo desgosto. O olhar lançado a vermelha agora detinha certa curiosidade e desconfiança, como se duvidasse que a outra azul havia acabado daquela maneira naturalmente. ❝Ela realmente caiu?❞ Indagou sem um pingo de julgamento ou severidade na voz, sabia que eram poucos os pontos que detinham câmeras na floresta, por isso imaginava que se a vermelha havia feito algo era em um área sem elas e com isso poderia ter uma conversa mais sincera. Ao menos era o que Ela esperava. ❝Pode ser sincera comigo, já percebi que o papel de vocês aqui não é nos ajudar e certamente seria compreensível colocar algumas pessoas para dormir.❞ Havia certo desgosto na voz conforme o olhar descia para a condessa caída no chão, não fazendo menção alguma de se mover para ajudar a mulher cujo diariamente detestava as ações e falas. A Karadag não era má, mas considerava que talvez algumas pessoas só aprenderiam através de algum sofrimento e esse certamente era o caso daquela nobre. ❝Realmente deseja ajudá-la? Eu não contaria a ninguém se apenas nos retirássemos daqui.❞
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Sanem tinha ciência dos riscos que corria quando concordara em seguir com a missão, levando-a para perto demais de um passado que não deveria ser desenterrado - não se isso significasse colocar a vida de Cemre em risco. Ela havia, no entanto, sido criada para jamais permitir que questões pessoais interferissem no objetivo maior, um que poderia assegurar que a filha jamais enfrentasse aquilo que ela própria passou. E Cece... ela sempre havia sido sua maior motivação. Beren somente não imaginara que os Espíritos da Natureza pudessem ser tão maldosos, colocando-a frente a frente com o herdeiro da Anatólia na primeira semana da Althara. Com a postura rídiga, a enfermeira manteve o olhar sobre o frasco destroçado, tão focada nos cacos de vidro que era surpreendente que tivesse sido capaz de se cortar, tingindo a superfície translúcida com o rubro que os distinguia. A adrenalina era tamanha, contudo, que sequer sentiu a pontada de dor causada pelo rasgar de sua pele. "Vossa alteza é alérgico a algum medicamento?" Seu tom soou quase robótico, obrigando-se a fazer perguntas para as quais tinha a resposta. E talvez fosse exatamente esse o problema, saber demais. "Caso não tenha nenhuma, recomendo esse medicamento mais forte. Assim não será necessário que regresse a enfermaria tão cedo." Anunciou, a destra alcançando uma gaze para estancar o sangramento em sua mão. "Tem algo mais que precise?" A pergunta veio apenas por educação, imaginando que ele estaria tão ansioso por se retirar quanto ela própria se sentia.
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