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( Daniel Sharman ) Pelos portões do Acampamento Meio-Sangue podemos ver entrar uma nova esperança. Julian Blackthorn, filho de Kháos, com seus seiscentos e setenta e seis anos, será a nova luz ao nosso lado.

I. Background

Inglaterra, 1348

A peste se espalhava pelo mundo como uma sombra viva, consumindo tudo em seu caminho. Era como se os próprios deuses tivessem virado as costas aos mortais, punindo-os por suas preces esquecidas.

O caos dominava a terra, e os antigos reinos do homem desmoronavam.

Como um cataclisma, o evento rasgou o véu que separava a ordem do caos, desatando as correntes que mantinham Kháos adormecido. De seu vazio eterno, fragmentos de sua essência se derramaram pelo éter até encontrarem seu destino: a concepção de seu herdeiro.

A mulher, que em sua ignorância sussurrava preces aos deuses antigos, tornou-se a escolhida, o receptáculo involuntário dessa força primordial.

Julian tinha apenas nove anos quando a morte de sua mãe arrancou-lhe a única estabilidade que conhecia. Naquele instante, algo primordial despertou dentro dele. O mundo ao seu redor se desfez em caos – formas distorcidas, matéria vibrando e desmoronando diante de seus olhos. Tudo era incerto, instável — era uma manifestação viva do desequilíbrio. Seus poderes, vastos demais para seu corpo infantil, transformavam cada passo em uma ameaça.

Assustado, vagou pelas ruas por dois anos, sobrevivendo no limiar da realidade e do abismo. Ele sentia o caos dentro de si, um poder que não compreendia e que o aterrorizava. 

Só quando Kháos, seu pai, finalmente o resgatou invocando-o para seu domínio, que o menino pôde encontrar algum sentido na desordem que o definia.

O domínio de seu pai era um lugar onde as leis eram fluidas e instáveis, muito além da compreensão dos mortais. Ali, a realidade se moldava e se desfazia sem aviso, e Julian, exposto a desafios incessantes, foi forçado a enfrentar o caos em sua forma mais pura. Aos poucos, entre as provações, ele começou a dominar o poder que o consumia, aprendendo a controlar a própria essência que antes o aterrorizava.

Medir o tempo no domínio de Kháos era um enigma impossível. O tempo ali fluía de forma não linear, distorcendo-se como o resto da realidade. Quando Kháos finalmente o trouxe de volta ao mundo mortal, Julian parecia apenas um adolescente, embora séculos mortais tivessem se passado desde o seu nascimento. O olhar que carregava, no entanto, revelava uma alma antiga, moldada por eras de caos.

Sozinho em um mundo que mal reconhecia, Julian foi testado pelos inúmeros desafios de ser um semideus. Após uma longa jornada, encontrou refúgio no Acampamento Meio-Sangue. Sob o treinamento de Quíron, suas habilidades floresceram, e ele se ergueu como um herói conquistando a glória de servir ao Olimpo. No entanto, sua ascensão inquietou o rei dos deuses, que via em sua grandiosidade um potencial problema. Assim, seu retorno ao domínio de Kháos foi requisitado, onde mais uma vez ele mergulhou no caos que o moldara.

Aquela fora a última vez que pisara no domínio de seu pai. Trazido de volta ao mundo mortal há apenas oitenta anos, Julian viveu como um errante solitário na maior parte do tempo, buscando um sentido para sua existência — ou apenas experimentando dos prazeres do mundo moderno. Sua permanência nas terras de Kháos alterara sua essência, e o tempo deixou de lhe tocar como tocaria um mortal comum. Embora tenha nascido no século 14, seu corpo mal aparentava ter 30 anos. Suas visitas ao acampamento não eram frequentes. Nos últimos anos, foram poucas as vezes que permaneceu junto do outros semideuses. Mas agora, com a maldição do esquecimento pesando sobre ele, Julian retorna ao Acampamento Meio-Sangue, em busca de respostas e quem sabe desta vez fique um pouco mais.

II. Personalidade

A personalidade de Julian reflete o caos que carrega em seu sangue. Forjado nas provações do domínio de seu pai e — ainda pior — em um mundo ao qual nunca pertenceu de verdade, é cheio de cicatrizes emocionais que transparecem em palavras afiadas e comentários cortantes e sarcásticos,  como se vestisse cada frase como uma armadura.

Julian é como uma tempestade prestes a eclodir, intensa e imprevisível. Sua personalidade é marcada pelo constante isolamento e pela desconfiança. Não por frieza, mas porque ele acredita que qualquer um que se aproxime dele está destinado a ser tirado de sua vida. E talvez ele esteja apenas um pouco cansado disso.  Acredita estar amaldiçoado a uma vida de solidão, e apesar de fingir lidar muito bem com isso, guarda um desejo de permanecer, se conectar e pertencer.

III. Curiosidades

O tempo no domínio de seu pai não flui de forma linear. A passagem do tempo pode variar drasticamente e, como resultado, a equivalência entre o tempo terreno e o tempo em Kháos nunca é constante. Qualquer ser que passe tempo no domínio de Kháos poderá ser alterado permanentemente. No caso do semideus, sua constituição física e mental foram afetadas, resultando no envelhecimento desacelerado de suas células. É por isso que Julian, ainda que tenha nascido há muito tempo, aparenta ter por volta dos trinta anos.

Da primeira vez que Julian retornou ao mundo mortal e encontrou seu caminho até o acampamento Meio-Sangue, o Império Britânico era uma grande potência. Isso significa que durante aquele período, o acampamento era localizado, na verdade, em York.