brainsuitcase
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Screw this blog man
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I don't miss u anymore and that feels like heaven
Don't wanna be here? Send us removal request.
brainsuitcase · 6 years ago
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É engraçado pensar que há alguns bons anos eu ouvia Cartola e imaginava quando é que aquelas letras fariam sentido na minha vida, porque, embora belas poesias, para um garoto de dezessete anos, elas não falavam diretamente com a minha realidade.
Desde então ouço as músicas do mestre e lembro daqueles dias com um certo carinho, porque, sob a ótica de um nascituro emocional, Cartola, trazia presságios pouco plausíveis, porém, muito agradáveis para o coração quebrado e amargurado.
Hoje, amadurecido e certamente com calos de experiência, sabendo que todo plantio tem sua colheita, nunca encontrei maior sentido nas palavras de “O Mundo é um Moinho”:
“Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés”
Me arrepia pensar que Cartola, há quase cinquenta anos atrás, ao escrever sobre a falta de empatia com a qual estava sofrendo, também conversava, sem saber, na verdade, com toda a atual geração de corações congelados e almas carcomidas pela ausência de amor.
Quando Cartola cita “os amores” que deixam como herança somente o cinismo, interpreto isso como um eufemismo encontrado para conotar a efemeridade dos relacionamentos contemporâneos. É possível que haja “amores”, porém não acredito realmente nisso.
A falta de sensatez, o despreparo emocional, a [gritante] falta de empatia e a liquidez do sentimento de intimidade são causas da doença e não podem ser confundidos com sintomas.
Cartola era poeta mas deve ser tratado também como visionário.
Tantas ilusões esfareladas; hoje vejo as migalhas sendo juntadas e lamento por essas almas. Tantos abismos cavados; hoje, oceanos preenchidos com amarguras e arrependimentos que posso observar de uma distância segura, sabendo que não serei tragado. Um dia, com o coração machucado, torci para que pudesse ver esse presságio se cumprindo. Hoje, não sinto prazer algum em ver as o plantio podre ser colhido.
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brainsuitcase · 10 years ago
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Putrefato, permaneço imóvel no frio chão de mármore da cozinha. Com o rosto afundado em vomito envelhecido, quase posso sentir o odor quente da massa estomacal que inunda minhas cavidades faciais. Mas não o sinto. Nem o gélido toque do chão abaixo de mim. Nada mais me resta, senão os mesmos vermes que um dia roerão as vísceras de cada ser que hoje vive. 
A morte não é como nos ensinam: dizem que os orgãos param, a consciência se esvai e então a luz o conduz ao mistério do além. Pois enganam-se tremendamente. Não há luz alguma na morte. Somente uma escuridão inalterável. E quanto a consciência? Bem, escrevo-lhes agora, não? Escrevo pois, toda a existência se torna clara na morte. Nunca me senti tão lúcido quanto agora. Não somente posso me lembrar de cada detalhe de minha vida, como também posso vê-los. Posso também entender as mais intrínsecas motivações de todos aqueles que um dia já tiveram suas vidas ligadas a mim de alguma forma. Como por exemplo, posso afirmar que o policial subindo as escadas em direção ao meu apartamento brigou com sua esposa na noite anterior e que trabalhar em turno dobrado o conforta de ter que voltar para sua casa e enfrentar a fúria de uma mulher traída. Posso também afirmar que o cenário mórbido de meu apartamento se tornará uma imagem de profundo terror que o fará desejar nunca ter saído de sua casa nesta manhã.
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brainsuitcase · 10 years ago
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Eu estou bem triste por esses dias. Suponho que atingi o fundo do poço. Novamente. 
Se passaram 6 meses desde a última vez que isso aconteceu. 
Eu não quero falar sobre o que aconteceu, sobre o que está acontecendo, ou falar de modo algum. Eu só preciso do meu espaço, do meu tempo e de minha amarga melancolia. Ninguém parece enteder isso. É como se eu não tivesse a permissão de todos ao meu redor para me entristecer. 
So now I’m sad and angry, which is the perfect mix mood for going out on a killing spree.
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brainsuitcase · 10 years ago
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“Uma barganha simples: minha alma pela dela. O que isso significava? Uma eternidade de suplício, dor e sofrimento a serviço dele, em troca de uma vida (ou o resto de uma) breve e agradável ao lado dela. Mas assim como Dante por Beatriz, Judas pelo dinheiro e Nero por poder, de pouco me valia uma alma vazia se eu não pudesse ter o que me preenchia. Então, mais que prontamente, enrijeci me o braço e dei-lhe um aperto de mão firme, aceitando sua oferta. 
Pois o diabo é perspicaz, mas ao contrário do que se acredita, sua palavra é única e torna-se lei. Sua promessa é cumprida e o destino se fecha em um só caminho para os desesperados que ousam negociar com ele.”
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brainsuitcase · 10 years ago
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"Com o dedo indicador faço movimentos circulares nos meus olhos. Tento obter algum tipo de reação. Esfrego, agora, com tanta força que meu olho direito escapa do globo ocular. Nem o menor movimento. Cada fungada é mais dolorosa que a anterior. Um cheiro podre sobe de baixo. Meu hálito cheira a vômito, vodka e carne humana. Parece que estou sentado nessa cadeira há décadas.  Não sinto minhas nadegas e, embora eu não veja minhas pernas, tenho certeza que elas não se moverão tão facilmente.  Apalpo a mesa a minha frente e encontro algo com uma lâmina. Agarro o objeto com força suficiente para romper o cabo e cravar um pedaço de madeira no músculo flexor de meu polegar. Ergo-o, então, o mais alto possível e em um movimento violento cravo a suposta faca na mesa. Me apoio com o braço direito do outro lado e levanto cambaleante. Encontro algum equilíbrio e acredito ser suficiente para caminhar.  Subitamente não sinto mais minhas pernas e sim o gosto de meu sangue quente lavando o chão e se misturando com indistintas vísceras alheias. Um ser humano normal estaria em uma histeria compulsiva com um nariz quebrado. Eu apenas me viro e procuro a faca no chão. Esbarro em algo com um gatilho. Nah, eu não preciso disso agora. Com a lâmina mordendo a palma de minha mão, rasgo o resto de carne dependurada de meu nariz. A sensação é parecida com a de abrir o peito de um ser humano com uma tesoura escolar - sensação com qual, devo acrescentar, tenho grande familiaridade. Não tenho certeza se estou morto, mas acredito que não seria capaz de matar o inferno inteiro, portanto ainda devo estar vivo.”
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brainsuitcase · 11 years ago
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"Depois dele são todos tão iguais normativos filhos da puta tão cheios de Eu e vazios de si depois dele as mãos escorregam sem encaixar entre os dedos os corpos não colam as almas não dançam os peitos não florescem os interruptores insistem  em continuar quebrados
Depois dele que partiu sucinto e silencioso entre os faróis apagados silhueta morta disforme pela memória frágil que ainda insisto em não forçar para amenizar sua ausência que doeu e ainda dói calada sem pressa ao fim as ruas perderam os nomes os sinaleiros demoram milênios os corredores  pontos de desencontros tão próximos
Eles, pós-ele tão sérios e chatos cheios de suas teorias concretas psicologias baratas amores efêmeros ou cheios de apego à algo que não represento tão loucos por saias por circos montados dopam-se transam trabalham como condenados e ai de todos se algo der errado
Eu nunca fiz sentido eles também não fazem mas ele completava cada lacuna que me faltava enquanto eles, simples neuroses Ele, o surto psicótico mais grave já manifestado
Se eu disser que de tamanha saudade Tom Waits virou poster pregado e que passaria cada segundo do meu dia enfiada em tuas crises cuidados remédios manipulados
você voltaria pra casa?"
by Thalita Bonacina.
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brainsuitcase · 11 years ago
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o que é pior: são 3 e a cada piscada, são 4 e ai são 2. E então são 3 de novo. E novamente 2. E 3. E eu só queria saber que horas realmente são. Vou dormir são esta noite. Vou dormir são. Não. Não esta noite. Quando eu estiver são, serão 10. E ai será mais uma noite de viagem no tempo. And this sucks. 
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brainsuitcase · 11 years ago
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People get drunk. They kiss the wrong person. And pretend to be okay. People will do anything to distract their heart. They will do anything to distract it from missing someone.
(via h-auptgewinn)
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brainsuitcase · 11 years ago
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"Acho que a memória mais antiga que eu tenho é a de ver aquele cara, com a camisa branca desabotoada, tomando uma surra. Não foi uma surra qualquer. Foram longos 5 minutos. Ao fim, se tornou quase impossível diferenciar o quê era rosto, dentes e fluidos internos no chão. Ele se levantou cambaleante e foi embora balbuciando algo como 'vá se foder'. Eu me lembro de ficar bem feliz em vê-lo sendo espancado. Eu tinha 4 anos do meu primeiro ciclo. Me lembro também do rosto do homem que tinha feito isso. Era um rosto gracioso, com um sorriso gentil. Seus cabelos eram grisalhos e desgrenhados e eu amava isso. Me lembro dele fazer carinho na minha cabeça me mandando para meu quarto e dizendo que mais tarde me traria um brinquedo novo. Ele era um dos namorados da minha mãe. Um dos que traziam dinheiro para casa. Mas, o único que a pagava sem reclamar e o único a perceber minha presença. 
O resto é nevóa em minha mente. Antes disso só me lembro de minha mãe gritando e do sujeito da camisa branca sendo arrastado pra fora do quarto. Nesse dia, acho que não sai mais do quarto até adormecer. 
O mais próximo de uma figura paterna que eu tive durante o início do meu primeiro ciclo foi este homem alto e de cabelos grisalhos. O pouco de gentileza e humanidade que ainda me restam são heranças dele." [...]
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brainsuitcase · 11 years ago
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brainsuitcase · 11 years ago
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Um homem acorda assustado. O suor frio no fim da sua nuca escorre por suas costas abaixo causando arrepios. A cama, umida e mal cheirosa; seu corpo, pegajoso. Ele se inclina hesitante e, com um impulso demasiadamente forçoso, se levanta. A porta do banheiro range estridente semi-aberta. Ele se dirige ao aparelho no canto deste cômodo e estende o braço esquerdo acenando a mão levemente. O vapor congelante saído das laminas laterais percorre seu corpo o fazendo estremecer. Por hora ele se sente aliviado e limpo. O desconforto o abandona por alguns instantes. A metade do seu primeiro ciclo se aproxima e a ideia de ter que enfrentar o decrescimento lhe tira o sono. A vulnerabilidade nos primeiros anos é inexistente mas o fim é o que lhe preocupa. (...)
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brainsuitcase · 11 years ago
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Eu odeio cada corpo celular hiperativo seu. Eu odeio cada batimento incansável do lado esquerdo do seu peito. Eu odeio cada célula nervosa sua, nessas infindáveis sinapses que te permitem amar outras pessoas e não a mim.
Eu amo cada célula sua; todas em constante reprodução. Eu amo cada pulso de seu coração. Eu amo cada um dos seus neurônios que te permitem se renovar em uma felicidade a cada dia, eliminando qualquer memória que te fere. (como se seu corpo não fosse puro amor transbordando a todos que te cercam).
Eu te amo o suficiente pra entender que, mesmo se eu quisesse, eu não conseguiria te odiar.
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brainsuitcase · 11 years ago
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Eu digitei seu nome no campo de busca do facebook e esperei sua foto aparecer. Demorei algum tempo até decidir se eu realmente iria em frente com isso. Fiz. E cá estou, em menos de 2 minutos com todo tipo de sentimento ruim transbordando de meu coração amargo. 
Não é justo. Eu sei que não é pra ser. E de fato, não é. Ou é. Na medida do sofrimento individual de cada um, isso acaba sendo algum tipo de justiça. Tudo bem dosado pra doer até machucar e deixar cicatrizes. Nada que se proponha a findar com a vida do indivíduo. Mas as vezes acontece. As vezes não se dosa o suficiente e toda a amargura da alma se torna um engasgado mudo na garganta de um pescoço dependurado por uma corda.
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brainsuitcase · 11 years ago
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Olá, Anna. Gostaria de te dizer que hoje, excepcionalmente, eu senti muito a sua falta e isso doeu como o inferno. Gostaria de te dizer que eu não estou mais sentindo tanto a sua falta quanto antes. Eu realmente adoraria te dizer isto, mas não seria verdade. Gostaria de te dizer também que hoje eu te vi em cada rosto de cada pessoa em cada esquina de cada canto da minha mente distorcida. Hoje, eu tomei um café contigo e conversamos sobre esse meu problema de procurar você em todas moças com as quais eu tento me relacionar. Você me disse que isso é normal e sorriu. Disse que não é culpa minha. Que você sempre estará em todas as pessoas que me interessem, eu procurando ou não. Eu te disse que já não consigo me interessar por outras moças por mais lindas que elas sejam. Você fez uma careta e pediu açucar; seu café ainda estava amargo. Daí então, com suas carícias em minhas sobrancelhas, eu fechei os olhos e me senti aliviado. Subitamente, você não estava mais lá.
Hoje eu chorei. Chorei porque lembrei que nunca mais terei você comigo.
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brainsuitcase · 11 years ago
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Sonhei com você e acordei com um nó na garganta. Sonhei com você mas não quero escrever sobre isso.
Minhas palpebras tremulam em desacato; meus olhos se recusam a abrir. Não desejo acordar. Tudo parece tão simples nos sonhos e lá você se lembra de mim. Lá nós nos amamos. 
Eu quero ser o vício. Um vício mútuo. Algo que me consuma completamente e que disseque meus orgãos, retirando toda a vida existente em cada canto da minha existência. 
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brainsuitcase · 11 years ago
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i get pissed at almost everything that i see. i'm angry at people i don't even know. i feel like things are pointless.
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brainsuitcase · 11 years ago
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"como beijar alguém sem se apaixonar e se sentir responsável pela pessoa": um livro que eu nunca li.
Arabella tinha lábios suaves ela abria a boca e todo o universo desaparecia num buraco negro me sugando para seu universo particular e me fazendo esquecer que o momento passaria.
a conversa de Arabella era rasa e pouco relevante mas mesmo assim prendia meu corpo e minha alma.
Arabella não conhece o poder que tem. Ela não faz idéia que o mundo está em suas mãos. Arabella tem olhos verdes tristes e esperançosos.
As luzes e leds tremulam no rosto de Arabella e eu a beijo novamente. Toda a luz é ofuscada por Arabella porque naquele lugar não poderia haver nada mais bonito.
Arabella é um por do sol nuclear infinito que aquece corações mas também se destrói as poucos.
Yas, tú mereces todo o mundo. Não deixe que ninguém lhe diga o contrário.
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