Text
Conto 1 Capítulo 9 -
Mais um fim de tarde em Estrada verde, a filha do pescador se balançava na borda do barco, enquanto banhava suas pernas na água do oceano, que já estava quentinha a essa hora.
Tons alaranjados tingiam as nuvens do céu conforme a brisa do oceano formava ondas que se contorciam conforme se chocavam contra as robustas toras que formavam o cáis das docas de Estrada Verde. As tábuas de madeira rangiam ao aproximar do Corvo, este que vestia seu típico manto de farrapos. A jovem se alegrava com a chegada dele, alegremente o perguntaria:
-Você encontrou? Encontrou o Senhor Esmerildo?
Butcher dava um olhar piedoso a criança, e então perguntaria por seu pai:
-Estou trabalhando nisso. Preciso conversar com seu pai, ele está aí dentro?
A garotinha então tirava seus pés de dentro do oceano, choramingava, dizendo quanta saudade ela sentia do gato, e conduzia Butcher para dentro da cabine do Barco, onde o velho estaria, sentado em uma cadeira, com um colar de alho em volta do pescoço, e um círculo de sal a sua volta.
-Não pensei que fosse do tipo supersticioso. A propósito, alho é para vampiros, e círculo de sal é para fantasmas, não bruxas.
O homem coçava sua barba, seus lábios secos e rachados começavam a balbuciar:
-Pois então, acredito que descobriu a verdade.
-Sim, eu descobri, e quero o dobro. Adiantado. E não finja que não pode pagar pra pechinchar. Eu sei que ninguém se envolve de graça com forças tão terríveis quanto bruxas.
O homem se levantava de onde estava sentado, retiraria uma almofada, e a entregaria a Butcher. Ao tocar, perceberia que a almofada estava cheia de moedas de ouro.
-Foi pouco antes da minha filha nascer... Eu e minha esposa éramos jovens... Desesperados. O pai dela é um nobre da cidade de Maro. Ela foi expulsa de casa quando ele soube que sua própria filha havia engravidado de um pobre pescador como eu. Também tive que deixar minha vida antiga pra trás. Sem teto e desesperado, eu tive um encontro com a Bruxa. Ela me prometeu dinheiro, o suficiente para recomeçar minha vida com minha mulher. Ela me entregou o Senhor Esmerildo, e disse que 7 dias após o dia que aquele gato desaparecesse ela apareceria em minha porta para cobrar o que eu devo a ela.
Acontece que a bastarda me enganou! Cobrou juros compostos sobre meu empréstimo, e agora eu a devo um castelo! Ela simplesmente tomará minha filha se nada for feito.
Butcher levantava seu braço, sinalizando para que o homem se calasse.
-Eu vou caçar a sua bruxa, não por você, mas pela sua filha. Eu sei o que Bruxas fazem com crianças que tomam de camponeses.
Butcher se lembrava de quando leu seu livro de monstros, de seus estudos, se lembrava do ritual macabro de reprodução das bruxas, de como elas se alimentam de crianças humanas para perpetuar sua espécie.
O Corvo deixava o barco, se perguntando se aquela teria sido a última vez que ele viu o sorriso estampado no rosto daquela pobre filha de pescadores.
A noite chegava, com ela um frio incomum penetrava Estrada Verde. O Sereno da noite percorria a capa de Butcher, que entra na Taverna onde encontrou o peixeiro pela primeira vez.
“Hornik deve estar por aqui. No mínimo alguém deve saber onde ele está.”
O Corvo se aproximava do taverneiro.
-Procuro por Hornik, o anão que sempre acaba com o seu depósito.
O taverneiro servia ao corvo uma garapa, e dizia:
-Uma moeda de ouro.
O corvo colocava a moeda sobre o balcão, o taverneiro sorrateiramente se aproximava do ouvido do mercenário, e dizia:
-Ele está nos fundos. Seja discreto, na porta dentro do beco a direita da entrada.
Butcher nem sequer havia reparado na existência de uma porta dos fundos no beco ao lado da taverna. Ao contornar o estabelecimento e passar por ela, se deparava com uma escada para baixo, que ao descer levava para um porão, vários homens jogavam cartas em silêncio aqui, dentre eles, Hornik. Butcher não demorava nada se sentar ao lado do Anão.
-Não me surpreendo de te encontrar cometendo ilegalidades, Hornik.
O anão rapidamente reconhecia Butcher.
-Você é aquele cara que tomou uma comigo outro dia né? Sente-se, colega, vamos jogar um carteado.
Butcher retrucava ao anão:
-Eu não vim aqui para jogar, eu tenho um trabalho pra você.
Hornik parecia irredutível.
-Me vença com as cartas, e então eu ouvirei você usar as palavras.
O Anão distribuia as cartas na mesa assim que Butcher aceitara o desafio.
2 notes
·
View notes
Text
Conto 1 Capítulo 8 -
A chuva tornava a salpicar a terra de Estrada verde naquela manhã, uma chuva fina, cortante, agressiva e constante. Chuva essa que pouco distraía Butcher, apesar de encharcar completamente suas vestes enlameadas. Butcher estava Determinado a se encontrar com a Sarcedotisa, e exigir respostas sobre o paradeiro do gato, ou descobrir o que aconteceu na Fazenda Fenogrosso, apesar de seus instintos gritarem que se trata de uma bruxa, só será certo quando a ver.
Conforme o Corvo se perdia em seus pensamentos, ele adentrava na mata de Estrada Verde, a Escuridão é cada vez mais forte, conforme Butcher se aproximava do local indicado no mapa, podia notar os traços de magia ficando cada vez mais fortes, a ponto de nem mesmo precisar de um mapa para encontrar o local após certo ponto. Cogumelos, orelhas penduradas em árvores, animais mortos, e desenhos na grama feitos com sangue ficavam cada vez mais frequentes conforme Butcher se aproximava do local. Ao longe, um ressoar agudo era ouvido, como se alguém estivesse tocando um Bandolim da maneira errada propositalmente, resultando em uma melodia arranhada, arrastada, que praticamente sangrava os ouvidos de quem a ouvia, poucos passos a frente estava a tal clareira onde seria a congregação, o local era cercado por cabeças de bodes, cabras, e bois sacrificados em estacas, iluminados por uma grande fogueira no centro que era alimentada com os corpos desses animais que foram decepados junto a lenha podre. Cogumelos cresciam próximos as extremidades da clareira em tamanhos gigantificados, quase do tamanho de um Arbusto. Finas camadas de fumaça de esporos eram eventualmente liberadas por esses cogumelos na direção da floresta. Vários cultistas em mantos amarronzados e vestindo máscaras feitas de cabeças de animais estavam espalhados pelo local, era possível notar alguns deles com orelhas ou dedos mutilados, provavelmente uma oferenda ou uma punição.
Ao Redor da fogueira, vários tocos de árvore podiam ser vistos com musgos e líquens crescendo.
Apenas de estar na entrada, era possível sentir claramente o cheiro de podridão e cadáveres daquele local, o Estômago de Butcher se enrola por um momento, se havia qualquer dúvida de que a líder desse culto era uma Bruxa, essa dúvida já se acabara. Antes que ele pudesse ter tempo para sentir nojo, era abordado por um dos cultistas, um que estava responsável por controlar a entrada de pessoas.
-Você é...?
Butcher rapidamente mostrava o mapa que havia sido-lhe entregue pelos Fenogrosso.
-Fenogrosso.
O homem debochava, e ria de lado
-Vejo que você se acovardou, pensei que era seu próprio deus. Soube que espantalhos enlouqueceram em sua fazenda, que terrível incidente.
Butcher apenas atravessava o homem, sem dizer mais nada, adentrando na cerimônia, podia ver os cultistas trazendo oferendas, e jogando-as na fogueira. O Corvo apenas tomava seu lugar em um dos tocos de árvore, e aguardava pacientemente para ver o desenrolar.
Após alguns momentos, todos os cultistas se acalmavam, e olhavam para o norte, como se todos menos Butcher tivessem ouvido uma voz vindo de lá, e então calmamente se sentam em seus lugares.
A cerimônia então tinha início, a jovem Barda que tocava a sinfonia do horror pelo bandolim cessava seu som. E como em um passe de Mágica uma velha senhora, de cabelos grisalhos, bochechas rosadas e aparência Gentil aparecia de dentro da lareira, dissipando as chamas que surgiam nos pés de suas vestes.
Butcher conseguia ver por trás daquela ilusão, a verdadeira aparência da senhora era bem mais alta, com cabelos grisalhos longos e encrespecidos, uma pele verde acabada, e metade do rosto coberto por fungos e cogumelos.
-Ora, Ora! Meus amargos seguidores, vieram mais uma vez me agraciar com suas oferendas, vocês que buscam minhas bençãos, hão de tê-las!
Butcher só então parara para observar, os mesmos cultistas que traziam suas oferendas a bruxa estavam muito magros, perceptivelmente raquíticos, como se dessem tudo que produzem para seu ídolo tão adorado. A Bruxa continuava seus dizeres enquanto caminhava de um lado para o outro:
-Cada vez mais os fazendeiros vêm aderindo a nossa missa... Isso me enche de felicidade, vejo cada vez menos lugares vazios dentre esses assentos.
Ela se deleitava com seus próprios desejos maquiavélicos de planos que ela tinha para quando conseguisse controlar todos os fazendeiros locais, até que por um momento ela parava, e olhava bem na direção de Butcher.
-Eu sinto algo estranho...
A respiração da bruxa ficava pesada conforme ela rumava na direção de Butcher, um sorriso de orelha a orelha se formava naquele rosto deformado e esticado da criatura decrépita.
-Eu sinto... Uma ferida... Uma ferida muito profunda... Em seu coração... Eu sinto que você a ignora... Como se a dor fosse passar...
A respiração da bruxa ficava cada vez mais pesada, ela continuava a falar em êxtase:
-Mas só fica pior.
Ela se afastava, e continuava a olhar para Butcher.
-Senhor Fenogrosso ele é, certo?
Dizia ela, perguntando ao mascarado responsável pelo controle de acesso ao culto enquanto conferia num pergaminho nosso nome.
-Você é um Impostor. Eu te vi pelos olhos... Sim... Agora me recordo...Matem-no.
A bruxa desaparecia entre as chamas da fogueira, e todos os cultistas se levantavam de seus assentos para combater Butcher.
Era pouco mais de uma dúzia de Homens não treinados em Combate. Butcher sabia bem como agir.
Rapidamente o Corvo sacava seu grimório, e desferia os símbolos rúnicos de sua magia “Animar o Inanimado” para dar vida e movimento ao Cogumelo gigante que crescia próximo a beirada da clareira.
Do chão da clareira se erguia então o cogumelo, agora como um golem de fungos, uma criatura poderosa, e de tamanho considerável.
Tendo um aliado desse porte ao seu lado, Butcher rapidamente guardava seu grimório e sacava sua espada para se defender dos fazendeiros junto a seu recém criado golem de esporos.
Na outra mão, o Corvo sacava uma tocha, e rapidamente a ascendia com magia de fogo simples. Corria em direção ao golem de esporos, saltava sobre o ombro da criatura, e posicionava a tocha na frente da boca dele, rapidamente, uma rajada de gás ácido era disparada pela boca da monstruosidade fúngica. Que ao entrar em contato com o fogo, criava uma verdadeira baforada flamejante, queimando vários dos cultistas, não ao ponto de matar, mas deixando-os severamente feridos. Os demais não ousavam dar um passo sequer a frente.
Rapidamente a criatura começava a carregar-lo para fora do local do culto, onde Butcher desceria dele e passaria a correr seu caminho a pé entre a mata sombria.
Por várias vezes flechas e pedras passavam perto de Butcher conforme ele fugia, mas seu condicionamento físico estava em um nível muito superior aos fazendeiros locais, ele escapa com facilidade.
“Quando ficar sem pistas, volte ao ponto de partida.”
Pensava o corvo, arfando depois de sua fuga, agora seguiria seu rumo em direção as docas mais uma vez, o Barqueiro que o contratou merece uma visita, especialmente depois de ter-lo metido em uma trama de Bruxaria.
#d&d#fantasy#magic#spells#witches#crag#roll20#RollAdvantage#CriticalRole#Critical Role#d&d5e#5e#mage
4 notes
·
View notes
Text
Conto 1 Capítulo 7 -
“Essa sarcedotisa é a única pista que tenho. Preciso me preparar adequadamente para o encontro. Existe uma forte possibilidade de que ela seja no mínimo uma feiticeira... E no pior dos casos, uma bruxa.”
Butcher se sentava na beirada do cais, a brisa era fresca, as ondas se chocavam contra o pilar que sustentava o cais, se estilhaçando e retornando para o mar em seguida, de dentro de sua bolsa, retira-se um livro de anotações. Não se trata de um grimório, mais perto na verdade de um bestiário, Butcher folheava suas próprias anotações, passava alguns minutos as lendo, e então se levantaria.
“Bruxas, especialistas em Ilusões. Melhor me preparar, providenciarei um Encantamento de Detecção de Ilusões... Por agora, preciso de um lugar pra descansar, e me preparar... Talvez a Taverna dos Fenogrosso me acolha por hoje.”
Butcher então trilhava das docas até a taverna que agora pertence aos Fenogrosso, assim que abria a porta do estabelecimento, um súbito silêncio se instalava, a Taverna estava cheia de viajantes, o Herdeiro Fenogrosso continuava no caixa, e o segurança da família, Guille, sentava-se frente ao balcão, e era o único que parecia realmente aliviado em ver o corvo por ali, se aproximando do balcão, Butcher iniciava uma conversa com o Taverneiro por Herança.
-O que é essa comoção toda com minha chegada?
O Jovem colocava um copo sobre a mesa, e começava a encher-lo de cerveja para o corvo.
-Essa é por conta da casa, ficamos sabendo do que você fez no Rancho. Sobre como você salvou Guille, acontece que magos, e feiticeiros em geral, não são bem recebidos em Estrada Verde, muito menos feiticeiros que também são habilidosos com espadas... Afinal... Quem é você?
Butcher fazia uma pausa, dava um suspiro profundo enquanto todo o bar o encarava, e então bebia da cerveja.
-Sou alguém me escondendo, como todo forasteiro que escolhe ficar nesse buraco que é essa cidade. Eu quero viver uma vida simples, e a Propósito, eu preciso de um quarto, só até amanhã...
O jovem parecia intrigado com o mistério que Butcher tanto fazia sobre seu passado...
-Eu nunca te disse meu nome, É Rodrick Fenogrosso, como pagamento pelo quarto 2, me conte sobre o seu trabalho atual, eu soube que você esteve no rancho, e que você matou os espantalhos que estavam causando problemas a meu pai, e não pediu sequer uma moeda de ouro por isso. Não que eu esteja duvidando do seu Heroismo, nem nada assim, mas você não parece ser do tipo que faz nada de graça.
Butcher repassa o copo vazio de cerveja para o jovem, que providencia de preencher-lo com mais garapa geladinha.
-Sabe... O seu pai pisou no calo de alguém que tem mais poder do que ele imaginava. Por coincidência, essa pessoa pisou no calo de alguém que tinha dinheiro. Isso é tudo que eu posso dizer.
O guerreiro se levantava, virando completamente a garapa garganta a dentro.
-Estou indo para o quarto 2. Ficarei ocupado pelas próximas horas. Não me incomode até amanhã.
Sem dizer mais nada, Butcher sobe as escadas da taverna, indo em direção aos quartos, e o ambiente de barulheira em taverna era reestabelecido com a saída dele. Guille se mantinha no balcão, e conversava com seu jovem mestre:
-E aí? O que você acha dele?
O jovem, por sua vez, responde:
-Acho que ele é um baita de um sujeitinho suspeito, isso sim.
No andar de cima da Taverna, Butcher estava se preparando para iniciar seu ritual. Assim que entrava no quarto, começava a desenhar seu círculo de magias com Giz no chão, fazia padrões esotéricos, ele se sentava do lado de fora do círculo, e colocava sua varinha no centro do círculo, e a esquerda da varinha, colocava uma presa de Morcego.
“Morcegos são conhecidos por seus sentidos apurados, por não confiar em seus olhos, mas sim no que ouvem, isso vai ajudar com o encantamento.”
Butcher se punha a meditar, a tentar contatar um espírito no plano astral que se dispusesse a ajudar, depois de algumas horas fazendo a ponte que conecta esses mundos, finalmente o espírito de um morcego sai de dentro do círculo como uma alma de luz azulada, e antes que ele se perdesse, Butcher o atraía para entrar na varinha.
-Encantamentos por possessão nunca foram meu forte, espero que funcione dessa vez.
Butcher então se preparava para dormir, mantendo a varinha dentro do Círculo de Magia enquanto ela estabilizava-se para acomodar o espírito até o próximo dia.
Butcher acordava várias horas depois com um cacarejo estrondoso, olhando pela janela, podia ver uma Cockatriz enorme, ela carregava várias bolsas em seu corpo, e guiando-a, no chão caminhando ao lado dela, havia um velho homem de vestes surradas típicas de mago.
“Mais um Mago na cidade. É melhor eu me apressar, tenho assuntos a tratar.”
Butcher rapidamente pegava suas coisas, guardava sua varinha, e deixava o quarto.
Ele então saía da estalagem, ansioso, nem conversara com o Taverneiro.
“Faz tempo desde que enfrentei uma feiticeira, e mais tempo ainda desde que enfrentei uma bruxa. Não há motivos para me disfarçar, ela sabe que estou indo atrás dela pelo Olho da Bruxa, ela ouviu o Fenogrosso me contando o local da cerimônia, viu meu rosto através do objeto. Não vou deixar nada ficar no meu caminho até ela.”
1 note
·
View note
Text
Conto 1 Capítulo 6-
O por do sol cortava os céus de poucas nuvens do continente voador de Cockaland, Butcher acordava com sua luz ofuscando seus olhos. Era a mesma sala de estar na qual ele havia despencado de cansaço assim que resgatou José.
Na frente da fogueira, a jovem filha do fazendeiro se recolhia, ela parecia estar desenhando algo quando Butcher acordou, se levantando com dificuldade, ela percebia o despertar do corvo.
-Você dormiu por muito tempo. Já é quase noite novamente.
Dizia a jovem, com os olhos iluminados pelo crepúsculo, seu rosto delicado se voltava para o que estava a fazer antes do despertar de Butcher, se aproximando, o corvo podia ver um desenho feito em uma tela. Desenho esse que ilustrava uma paisagem, o topo de uma montanha, com uma Cockatriz-Dragão descansando em seu ninho. As penas da criatura variavam entre tons de azul,verde e vermelho. Ela tinha um semblante de tranquilidade no rosto enquanto descansava, ao seu lado, seus filhotes, protegidos pela mãe.
A Cockatriz-Dragão é uma lenda comum local, ela diz que antigamente, quando dragões ainda disputavam o poder pelo mundo, um deles se afeiçoou por uma Cockatriz, se transformara em uma Cockatriz, e juntos um filho tiveram.
Este filho foi a primeira Cockatriz-Dragão. E as lendas dizem que é ele quem secretamente governa todas as Cockatrices que habitam nesse continente.
Enquanto Butcher apreciava o trabalho da jovem, o pai dela entrava no cômodo.
-Vejo que mostrou ao homem seus dons artísticos, Patriccia.
O velho se acomodava em um banco no centro da sala.
-Querida, o papai tem negócios pendentes com o cavalheiro, nos daria um instante?
Fenogrosso carinhosamente dispensava sua filha, para que pudesse ficar sozinho comigo, assim que ela se retirava, abria as janelas da sala, ascendia um charuto, e começava a fumar próximo ao fresco.
-Você realmente conseguiu... Você cumpriu sua parte do acordo, espere que eu cumpra a minha também.
Butcher se reconfortava, e conversava com o velho:
-De fato seu filho estava certo, é um homem honrado, tinha certeza de que cumpriria nosso acordo. Eu preciso que você me conte tudo o que sabe sobre a sacerdotisa, e quando será a próxima congregação.
O velho dava uma tragada forte, e deixava a fumaça toda sair de seus pulmões para o exterior da janela da casa em seguida.
-Bem... Pra falar a verdade eu nunca vi ela pessoalmente, quem vem fazer os convites é o guarda costas dela, um anão, ele dizia que aqueles que vão a congregação seus males espantam. Eu sou um homem cético e de família, não quero me envolver em nenhum tipo de religião. Eu acredito no que eu vejo, e o que eu vejo, é que quando eu enfio uma semente na terra, e molho ela por vários meses, depois de um tempo a colheita vem. E nada disso é um milagre da fertilidade nem nada assim.
“Então ele se recusou a ir nas congregações... E o guarda costas da sarcedotisa continua a convidar-lo... é quase como se estivesse testando o arrependimento dos Fenogrosso.”
-Entendo. Você foi convidado para a congregação mais recente então...?
-Sim, ela acontecerá depois de amanhã. Aqui está um mapa do local.
O fazendeiro entregava um papel a Butcher com instruções de como chegar ao local da cerimônia, e continuava a falar:
-Todos foram orientados a comparecer com vestes que cobrem todo o seu corpo, e uma máscara de animal.
“Imagino que no meu caso, meu sobretudo e meu rosto normal bastarão.”
-Obrigado pelas orientações, senhor Fenogrosso. Eu devo lhe pedir um último favor... Os espantalhos ainda devem estar lá fora, em algum lugar no meio da mata. Está de noite, eu sou corajoso mas não imprudente. Eu poderia passar mais uma noite em suas dependências? Partirei pela manhã assim que o sol nascer.
Fenogrosso dava um leve sorriso.
-Ora meu rapaz, você salvou dois de meus homens, pode ficar o tempo que quiser, minha filha cozinhará um jantar para nós e em seu devido tempo poderá partir. Apenas me diga, caso perdoe a curiosidade, o que você espera encontrando essa sarcedotisa?
Butcher se sentia mais confortável agora, conversaria com o velho contando seus objetivos e seu trabalho atual.
-Eu espero recuperar o gato de uma garotinha, nada além disso.
Ambos conversavam a fio sobre as aventuras que Butcher já vivera, ascendiam a fogueira e contavam histórias da juventude do senhor Fenogrosso enquanto não chegava a hora do jantar.
Eventualmente a comida estaria na mesa, a deliciosa comida que a recatada jovem dama cozinhou para que os homens pudessem se servir. José e Guille resmungavam sobre a saudade que sentiam das tavernas das docas, e quanto tempo haviam que não iam lá dançar com as donzelas em noites calmas como essa, uma atmosfera confortável, em contraste com todo o caos da noite passada.
Eventualmente era chegado o momento de partir, a manhã se aproximava, e com ela os primeiros raios de sol que guiariam Butcher em seu retorno as docas para prosseguir com sua investigação. O Homem-Corvo se despedia daqueles que foram hospitaleiros com ele, e retornava a seu dever.
O próximo passo de Butcher era encontrar alguém que entendesse de feitiços de proteção, ou mais especificamente como desativar-los e decifrar propriedades mágicas ocultas, Algo naquela pedra verde translúcida incomodava Butcher, dava a sensação de que ele estava sendo observado.
Ele sabia exatamente a quem podia recorrer nesse tipo de situação, cerca de uma semana atrás, um mago elfo passara pela recém adquirida Taverna Fenogrosso, Ele andava vestindo um manto azul claro, e acompanhado de um goblin chamado Melequento que era seu ajudante, o nome dele é Ervoi Silverkin. Ele tem uma loja de artigos mágicos nos limites das docas, é um lugar um tanto quanto escondido, fácilmente encontrado apenas por magos, era pra lá que Butcher estava rumando.
Mais uma vez nas docas ao amanhecer, hoje não tinha nenhuma nuvem no céu, muito pelo contrário, estava mais quente que de costume.
“Ainda bem que a brisa do mar se encarregará de me refrescar hoje”
Chegava então ao local, um muro de tijolos com barris encostados na frente dele. Atravessável para qualquer um que tentasse testar sua física, claramente uma ilusão.
Atravessando a ilusão, chegava-se finalmente ao interior da loja. Ervoi recepcionava Butcher
-Nunca pensei que realmente viria, você não parecia ser o tipo de cara que tem problemas com magia.
Dizia o elfo, em saudação, olhando para a espada que o corvo portava, continuava a tagarelar em seguida:
-A propósito, me desculpe pela recepção pouco convidativa, você sabe o que o pessoal daqui faz com feiticeiros né? Enfim, vamos aos negócios, me diga o que o traz aqui.
O corvo olhava ao redor dentro da loja, escamas de salamandra eram esticadas na parede, várias bugigangas arcanas como ampulhetas que giravam ao contrário, macacos de brinquedo que se balançam sozinhos, pergaminhos, e outras coisas aleatórias ficavam dispostas nas prateleiras da loja, Butcher se aproximava do balcão, e colocava a pedra verde sobre o mesmo.
-Você fala ainda mais quando não está bêbado, a propósito, vim aqui pra descobrir o que isso faz, eu tentei descobrir sozinho, mas tive problemas, aparentemente tem um feitiço de proteção.
Ervoi vestia um Monóculo mágico, e analisava o objeto, o colocava na água, o tirava da água, o secava, e finalmente dizia.
-Eu compro esse olho de bruxa de você por 50 peças de ouro.
Butcher confuso, apenas responde:
-Então é um olho de bruxa... Mas... E o feitiço de proteção?
Subitamente, a pedra começava a tremer, e explodia em vários pedaços, se espalhando ao redor da sala.
Ervoi parecia desapontado, e dizia:
-Tá aí o feitiço de proteção. Não tinha como desativar, pensei que não fosse funcionar no fim das contas... Que decepção.
Butcher não parecia nervoso, apenas continuava a conversa
-Não precisa se desculpar, aquilo não tinha valor algum pra mim. Apenas a informação. Aparentemente é um olho de bruxa... Podem ser usados para espionagem, não necessáriamente por bruxas. Seja lá quem esteja por trás disso, já sabe que estou atrás da pessoa.
Ervoi parecia curioso sobre o mistério no qual Butcher se envolveu, demonstrando interesse, ele perguntava:
-Por trás de quê?
Butcher então respondia, saciando a fome por mistério do elfo:
-Ontem a noite encontrei esse artefato em um espantalho que estava sobre uma magia de animação na plantação de um fazendeiro local, estou investigando porquê pode ter a ver com outro trabalho no qual estou envolvido.
Dizia Butcher, saindo da loja.
-Te vejo outro dia, Ervoi, venha tomar uma cerveja comigo quando tiver tempo.
1 note
·
View note
Text
Conto 1 Capítulo 5-
As botas de Butcher se manchavam com a lama da plantação conforme ele espreitava mais afundo na propriedade, a terra ainda estava úmida por conta das chuvas de mais cedo. O Barulho de cigarras e coaxares de sapos invadiam os ouvidos de Butcher, que se guiava por entre a escuridão.
“Fica realmente difícil ver um puto na minha frente sem minha magia... Tudo por causa desses malditos espantalhos que sentem energia arcana.”
Butcher precisava se esgueirar para passar desapercebido pelas criaturas dentro da plantação, até que em certo momento, ele podia ver mais a frente um espantalho, ele estava montado normalmente, com os trapos e a abóbora na cabeça, parecia inativo, ainda não havia percebido a presença do homem-corvo.
Butcher então dava a volta nele... Pegava sua espada, e em um golpe certeiro, a cravava com tudo, partindo a abóbora que compunha a cabeça da criatura em dois.
O corpo do espantalho caía inanimado no chão.
“Hora de examinar o que exatamente são esses monstros.”
Butcher podia ver o espantalho todo retalhado, com vestes rasgadas, arranhado e sujo, onde deveria ser a nuca da criatura Butcher notava uma marca arcana.
Após passar alguns momentos lendo aquela marca a fim de identificar a magia, reparara se tratar de um feitiço de “Animar o Inanimado”, lançado por um feiticeiro de poder considerável. Se trata de um feitiço que cria um servo a partir de um objeto inanimado, o tempo de duração desse feitiço depende do poder do conjurador.
Examinando melhor a cabeça partida do espantalho, Butcher notava outra coisa, em um dos globos oculares da besta, podia se notar uma pequena pedra translúcida verde, que o guerreiro guardaria consigo.
“Seria isso uma Esmeralda...? Por quê estaria dentro dessa criatura...?”
O guerreiro então lançava um feitiço de identificação sobre o objeto, mas as propriedades dele estavam ocultas, como se houvesse algo as protegendo de serem reveladas.
“Será que é a mesma “Esmeralda�� que o peixeiro diz estar encrostada no olho de seu gato desaparecido...?”
“Quando tiver algum tempo, levarei isso para um mago mais experiente analisar.”
O corvo guardava então sua mais nova pista dentro de uma algibeira e a prendia em sua mochila.
“Isso tá ficando cada vez mais estranho, o maldito do pescador me contratou para achar o gatinho dele, não para me envolver com pedras mágicas e espantalhos animados”.
De repente, os pensamentos resmungões de Butcher em meio a escuridão o distraiam de seu dever, e por sua falta de visão, ele acabara de pisar em um graveto que estava caído no chão com todo o peso de seu corpo.
Tudo que ele ouvia era o ranger da madeira dos espantalhos próximos se contorcendo para que pudessem perseguir-lo. Imediatamente, Butcher muda de abordagem, rapidamente saca seu grimório, e tão rápido quanto mais cedo, seus olhos se enchiam de energia arcana, agora, mais uma vez, ele não estava mais no escuro. O corvo disparava mata a dentro, havia um pequeno bosque dentro da propriedade rural que ainda não havia sido desmatado para a expansão da plantação do rancho.
“Vai ser mais fácil despistar essas coisas dentro do mato!”.
Butcher então corria por entre arbustos e árvores, rápido demais para olhar pra trás e ver quantos eram seus perseguidores exatamente, pelomenos três guichares agudos eram ouvidos das criaturas, berros de sofrimento e agonia.
A mata ficava cada vez mais fechada, os corredores de árvores eram cada vez mais estreitos, Butcher saltava sobre um parapeito, aterrissando em um morro mais a frente, seus perseguidores disparavam atrás dele sem nem pestanejar. Até que Butcher chegava a uma pequena cabana no mato, próximo dela havia um poço, algumas toras de madeira, e um machado. Butcher então tem uma ideia, uma ideia covarde, mas que seria a única que poderia despistar perseguidores tão implacáveis e ao mesmo tempo não dotados de inteligência. O corvo virava em uma esquina, desativava sua visão no escuro para se esconder, se entregando as trevas, rapidamente jogava sua corda por cima de um suporte para baldes do velho poço. Enrolava a corda em suas mãos, e se jogava dentro do poço a fim de despistar seus perseguidores.
E lá ele ficava, ouvindo os rangeres de paus e sons de agonia de fora do poço. Os espantalhos se contorciam como de costume, e então Butcher parava de ouvir seus barulhos.
De repente, gotas suaves de chuva começavam a cair sobre o bico do corvo, percorrendo todo seu caminho até escorrer por todo seu manto, a chuva havia voltado, e com ela, a corda se tornava mais escorregadia, Butcher a segurava com mais firmeza, enrolando inclusive seus pés nela, conforme se propunha a escalar até a superfície, quando então, o frágil e velho suporte, que fora feito apenas para sustentar um balde de água, cedia, e Butcher despencava dentro do poço, se chocando com tudo com a água que estava no fundo do mesmo.
Butcher sentia o choque percorrer seu corpo, te machucava de verdade, cada centímetro do corpo do homem corvo estava colorido, com seus músculos cansados, e suas feridas recém-abertas, Butcher tentava nadar até a margem da caverna, mas a correnteza, ainda que fraca, estava o puxando, o Corvo laçava então, usando sua corda, um dos Estalagmites da caverna, conseguindo se apoiar nele, chegava as Margens do local. Ativando novamente sua visão no escuro, Butcher podia ver alguns morcegos no teto do local, estalagmites, fungos e formações naturais. A caverna tinha várias ramificações, mas Butcher podia ver claramente de onde vinha a corrente fraca e leve que passava por ali. E sabia que seguir naquela direção poderia lhe levar para um riacho fora da caverna, então assim o fez, trilhou seu caminho pelo local escuro e escorregadio, a respiração forte do homem corvo se misturava ao ar do local assim como seu sangue se misturava ao tecido de suas roupas.
“Eu não posso descansar ainda. Preciso investigar aquela cabana.”
Eventualmente, suas habilidades de direção se provaram úteis, Butcher chegara a saída do subterrâneo, se tratava de um riacho que escorria a água da chuva para dentro da caverna. Era possível ouvir o farfalhar das árvores, balançando e dançando ao vento uma vez mais, sempre que chove a floresta fica inquieta. O frio percorria todo o corpo do corvo, suas roupas molhadas apenas intensificavam o efeito.
Deitado as margens do rio, era possível ver uma raposa dormindo, ao lado dela, um morcego morto. Vítima da mesma.
Butcher interrompe o momento de contemplação para voltar a seu dever, com dificuldade e cansado, ele voltava a caminhar pela mata, dessa vez seguindo uma trilha, até chegar a cabana onde havia despistado os seus perseguidores.
Se tratava de um lugar simples, uma cabana feita de tábuas mais finas do que grossas de madeira, ao entrar, podia-se ver um único quarto, sendo ele composto por uma cama de palha, um suporte de arco e flecha vazio,uma mesa com um cutelo perfurando uma tábua de madeira ensanguentada, provavelmente para refeições, a casa não tinha lareira, mas do lado de fora era possível ver vestígios de fogueira.
Investigando melhor o quarto, Butcher encontrava uma anotação feita em um livro, ele estava razoavelmente molhado por conta da chuva. Dentro do livro estava escrito o seguinte trecho:
“Eu estou te deixando, não venha atrás de nós nem faça isso mais difícil ou doloroso do que precisa ser, os Fenogrosso vão cuidar bem de você. Deixo contigo, uma lembrança de nossa juventude, quando ainda existia amor entre nós. Enquanto estiver sobre os cuidados dos Fenogrosso, cuide bem do lugar onde nos conhecemos, aquela clareira subindo a montanha, próximo ao riacho, por mais que não possamos mais viver juntos, este lugar estará eternamente guardado em meu coração.”
Ao lado do livro estava um pequeno pote de vidro, dentro dele, uma rosa branca delicada, murcha, sendo preservada.
“Provavelmente ele não sabe que parte da culpa pela fuga de sua esposa foi minha, com certeza esse é o alojamento onde Seu José passa pelo menos parte de seu tempo. O que eu preciso descobrir é onde ele foi parar...”
Investigando o lado de fora do casebre novamente, Butcher notava que, apesar do local ter bastante madeira, água em baldes, não se via nem sequer traço de comida. Examinando a lareira, era possível ver uma panela fria.
“Muito tempo sem ser usada.”
Pensando melhor, Butcher se lembrava do suporte de arco e flecha vazio, não seria difícil deduzir que ele estaria fora caçando... Mas para onde ele teria ido?
Butcher começa a analisar as pegadas, o que seria uma boa ideia, se a chuva não tivesse apagado todas... Não conhecendo o local e não sabendo ao certo onde ele poderia caçar, Butcher fica sem pistas para seguir, exceto o tal “Local especial” descrito pela ex esposa do rapaz.
“Com sorte, ele deve estar lá por perto, se eu seguir riacho acima eu devo encontrar-lo.”
Butcher retornava ao riacho, encontrava a mesma raposa dormindo, passava ao lado dela sem incomodar-la. Arrastava seu sobretudo morro acima.
A subida era árdua, talvez não para uma pessoa normal, mas sim para alguém tão debilitado quanto Butcher está agora. Ele já havia perdido sangue demais, precisa encontrar logo o homem, ou acabaria por perder a consciência.
Chegava então no mirante no topo do morro, e lá estava Seu José, sentado no meio da clareira ao lado do riacho, com seu arco ao chão, e um filhote de raposa morto em seu colo. As gotas de chuva se misturavam com as lágrimas do pobre homem, Butcher se aproximava, e se sentava ao lado dele.
-Vai acabar se matando entrando no mato tarde da noite assim.
O homem esboçava certa surpresa ao encontrar o corvo em tal local
-Eu acabaria me matando é se tivesse ficado um segundo a mais naquela cabana. Soube dos monstros que estão a solta por aí. E não tenho medo deles.
Butcher se aconchegava no banco
-Você diz isso porquê não os enfrentou ainda, ou ainda não precisou.
O corvo era interrompido pelo homem amargurado, que com lágrimas nos olhos retrucava:
-Eu não tenho medo deles porquê já não tenho nada a perder! Eu fui um pai horrível, um esposo pior ainda, eu não mereço o amor de Marli, e muito menos de minha filha!
Butcher ouvia o desabafo de José sem retrucar, apenas se levantava, e insensível aos sentimentos do homem amargurado, o convidava para sair dali.
-Pega essa raposa, e vamos dar o fora daqui. É tarde demais para salvar sua mulher ou sua filha, mas pode não ser tarde demais para lhe salvar.
Dizia Butcher, recolhendo o Arco do homem.
-Eu irei lhe escoltar até a casa dos Fenogrosso. A Maioria dos espantalhos ainda devem estar perdidos me procurando nessa mata, então tenha cuidado.
O homem então se recompunha,secava suas lágrimas, se levantava do banco e pegava seu arco da mão do guerreiro.
-Se for assim, eu quero estar armado para o pior.
Passando pela mata, e retornando a segurança da casa-mestra dos Fenogrosso, era possível ver o sol raiando no horizonte. As finas gotas de chuva que rasgavam o céu negro da noite do rancho davam lugar para as nuvens se abrindo para o sol da manhã que aos poucos se levantava no horizonte, os dois homens não eram incomodados por nenhum espantalho animado pelo caminho.
José era o primeiro a abrir a porta da casa, atravessando ela, recebia um aperto de mão de Guille, o segurança dizia:
-Pensei que nunca mais o veria. Mil perdões, eu falhei contigo em manter a sua segurança.
José negava com a cabeça.
-Eu ter ficado lá fora foi o maior crime que já cometi contra mim mesmo, não se incomode em se desculpar comigo.
Butcher entrava na casa, completamente ferido e acabado, sentava-se na namoradeira onde na noite anterior a filha do fazendeiro estaria descansando, acordado há mais de 20 horas, o corvo descansaria ali mesmo, com o sol da manhã batendo em seu bico.
1 note
·
View note
Text
Conto 1 Capítulo 4-
Butcher acordava deitado no chão da casa, podia notar um curativo no local de sua ferida, e o lorde da casa Fenogrosso lhe observado enquanto o guerreiro acorda.
-Você fede a feitiçaria, homem-corvo. Sabe o que acontece com Feiticeiros aqui em Estrada verde.
Conforme recobrava seus sentidos, Butcher deslizava a mão sobre seu ferimento, conseguia observar uma foice armando o homem que conversava com ele.
-Eu sou um Mercenário. Magia é uma ferramenta de trabalho pra mim...
De repente, Butcher sentia uma dor aguda sobre seu ferimento.
-Além disso, se não fosse minha magia, Guille poderia ter entrado em pânico lá embaixo, o que só tornaria meu trabalho mais difícil.
O homem continuava irredutível, ele com certeza não confiava em Butcher, e tinha todos os motivos para desconfiar.
-Feiticeiros são a praga dessa terra, basta olhar o que a feitiçaria fez com minha plantação! Esses demônios de madeira e feno infestaram todo o rancho, nada se colhe ou se planta sem que esses desgraçados surjam do nada, dois dos meus homens já morreram, e outro está desaparecido! Pobre Seu José, que os deuses tenham piedade da pobre alma.
Butcher via então uma oportunidade entre as palavras de desconfiança do homem.
-Imagino que começamos com o pé esquerdo, senhor Fenogrosso. Sua desconfiança em magos, quanto mais estrangeiros, é bem justificada. Assim, eu vou encontrar o seu funcionário desaparecido, como prova de boa vontade, e depois disso, conversamos sobre os negócios que tenho com o senhor.
O Senhor de terras coçava sua barba, e esboçava um sorriso debochado no rosto.
-Você só pode ser maluco de querer sair na noite com aquelas criaturas lá fora, ainda mais com esses ferimentos. Faça o que bem entender, antes de partir apenas, me conte quais são esses “Negócios” que tanto diz ter comigo.
-Eu tenho um trabalho em andamento, uma investigação, coisas estranhas tem acontecido em Estrada Verde. Preciso encontrar uma pessoa, mais especificamente, uma sarcedotisa que convida fazendeiros para congregações.
O Fazendeiro suspirava aliviado
-Ainda bem, estava pensando que você tinha vindo me cobrar dinheiro. Façamos então a vossa barganha, será a nossa troca de favores.
Butcher se colocava de pé, pegava seus equipamentos, ao equipar sua armadura de couro, percebia um furo que havia sido remendado nela, mais ou menos no local onde sofreu o golpe mais cedo. Antes que ele perguntasse qualquer coisa, o fazendeiro dizia:
-Minha filha tomou a liberdade de consertar vossas vestes, a menina é muito afeiçoada por Guille, obrigado por ter cuidado dele lá fora. Dias negros estes que vivemos. Cada dia pode ser o nosso último. Fale com ela antes de sair, ela vai gostar de saber que você está bem. Ela deve estar na sala junto de Guille a essa hora.
Butcher assentia com a cabeça, e saía do quarto, passando por um corredor, ele chegava a sala de estar da casa do fazendeiro.
Era uma sala grande, com uma lareira, retratos de família, um tapete feito com pele de Cockatriz depenada, cabeças de animais empalhados, machados e outras ferramentas de roça em suportes nas paredes, Guille repousava sentado em frente a lareira, tentando assimilar o trauma de ver a morte com os olhos e ser salvo dela por pouco, o quarto também tinha uma namoradeira na qual uma jovem donzela de cabelos encaracolados negros e olhos castanhos arredondados repousava, ela usava vestes simples, seus delicados pés descansavam sobre a fria madeira do piso da casa. Guille mal lhe percebia no lugar, estava praticamente em transe olhando para as chamas. Butcher se aproximava da jovem, que o olhava com um olhar piedoso.
-Agradeço por remendar minha armadura... imagino que também tenha sido você quem fez esse curativo.
O corvo mostrava o curativo para a garota, que o respondia:
-Soube que você salvou Guille lá fora, ele é muito importante aqui no rancho, então isso é o mínimo que eu poderia ter feito...
Butcher observava um rasgo grande próximo a borda inferior das vestes da jovem, próximo aos pés.
“O tecido da roupa dela é o mesmo do meu curativo... Ela Rasgou as próprias vestes pra ajudar um completo estranho...”
-Entendo. Estou de saída, retornarei antes do amanhecer.
A jovem se colocava de pé rapidamente, segurando Butcher pelo braço.
-Você não pode ir... É muito perigoso lá fora!
Butcher soltava seu braço do gentil agarrão da garota, e retrucava.
-O mesmo perigo que estou prestes a presenciar um homem sem treinamento com armas e recém abandonado pela família está passando. Eu preciso encontrar-lo. Você me mantendo aqui, mesmo que pra me proteger, estaria selando o destino dele com a morte.
Butcher olhava pela janela, os espantalhos que antes cercavam a casa agora já não são mais vistos, mas o corvo tinha certeza, que em algum lugar lá fora, entre a plantação e a sombra da noite, alguma dessas bestas espreitava ao aguardo de uma presa.
A porta era aberta por Butcher, e o manto do corvo se misturava com as sombras do mundo exterior.
#d&d#sword and sorcery#dnd beyond#critical role#fantasy#magic#spells#thewitcher#fantasy tale#brasileiro
3 notes
·
View notes
Text
Conto 1 Capítulo 3-
As Nuvens se condensavam mais uma vez no céu, uma fina chuva tornava a sujar o horizonte das docas, conforme as gotas de chuva rasgavam o céu, Butcher aguardava a chegada do contratante apoiado na parede do lado de fora da taverna, iluminado apenas por um lampião de cabo retorcido que estava ali por perto. Da escuridão do beco de onde a saída dos fundos da taverna ficava, a figura do homem velho vista mais cedo saindo do barco com sua filha emergia, agora com as vestes de um cozinheiro, trabalhando honestamente para sustentar sua família e seu próprio vício bohêmico. Butcher então se levantava de onde estava apoiado, seu sobretudo tornava a se arrastar no chão das docas, e então o corvo quebrava o silêncio, chamando o velho por seu nome:
-Senhor Elizeu, Eu vim pelo serviço.
O Velho coçava seu queixo, observando os equipamentos que Butcher carregava consigo, e finalmente o respondia com sua voz rouca e senil:
-Certo, Certo. Me desculpe por não estar nas docas, o trabalho me chamou... Eu não esperava encontrar alguém tão bem equipado, especialmente com a recompensa que eu ofereci... Será que há algum altruísmo, um ímpeto de ajudar uma pobre garotinha por trás de suas ações?
Butcher recuava, e desviava do assunto, indiferente a pergunta anterior:
-Preciso de mais informação, onde esse gato desapareceu, e como você foi conseguir um gato com um dos olhos feito de esmeralda?
O velho tossia, e em seguida respondia:
-O Animal foi um presente de uma velha sacerdotisa que mora na parte rural da cidade. Ela de tempos em tempos faz uma cerimonia e convida os fazendeiros locais para ir, eles dizem que a fertilidade acompanha aqueles que a seguem.
Butcher interrompia o homem, e completava o que o velho estava prestes a dizer:
-É possível que ele possa ter se perdido, e seus instintos tenham o levado a encontrar sua antiga dona. Obrigado.
“Dona Marli é uma Taverneira, o tipo de gente que conhece todo mundo, tenho certeza que consigo chegar em um fazendeiro se usar ela como intermediária.”
Butcher se levantava de onde estava apoiado, se despedia do homem, e voltava a trilhar as docas de Estrada Verde, fazendo seu caminho de volta para a Estalagem de fora das docas...
Butcher entrava na estalagem, já era começo de tarde, alguns viajantes cansados faziam pausas de suas jornadas no local para descansar seus ossos e se proteger da chuva, mesmo que rala, que caía lá fora.
O corvo deixava seu sobretudo molhado e sujo em um cabideiro próximo a porta de entrada, reparava a ausência de dona Marli no balcão da estalagem, ao invés dela, Butcher via um rapaz jovem-adulto, que vestia roupas de fazendeiro, ao ver Butcher, ele se assustava.
-O-Olá?! O que quer aqui?
O menino estava tremendo com a presença de Butcher, este que o respondia ignorando o desconforto do jovem:
-Procuro por Dona Marli. Eu nunca te vi por aqui, quem seria você?
O rosto do cabra que estava tomado por medo, agora é pintado com tons de valentia.
-Você nunca vai a encontrar, entendeu?! Agora essa Estalagem é propriedade dos Fenogrosso! Ela nos contou que você ameaçou a família dela, e por isso ela vendeu este local para meu pai, e fugiu com a filha!
Butcher balança com a revelação da consequência de suas ações, Apesar de se manter sério.
“Eu não queria que ela fugisse com a filha, queria apenas proteger aquela criança do pai...”
-Você não mencionou o pai da menina, Seu José.
O Jovem, percebendo que Butcher não iria avançar sobre ele, ou apelar para a violência mesmo depois do que ouviu, parava de tremer, e respondia:
-Quando dona Marli vendeu essa loja, ela negociou com meu pai um emprego para seu marido como Capataz no rancho dos Fenogrosso. Ele ficou muito bravo de sua esposa ter sumido do nada.
Butcher fazia uma cara fechada.
-A mulher foge em segredo do marido, te diz que foi por minha causa, e você simplesmente acredita? Mantenha-se fora do que não for problema seu. A propósito, eu preciso me encontrar com seu pai.
O jovem fazia uma cara de curiosidade, e indagava ao corvo:
-Que negócios um mercenário como você pode ter com um homem honrado como meu pai?!
O corvo por sua vez, retrucava ao jovem:
-Se seu pai realmente for o homem honrado que você diz ser, acho que estive lidando com os fazendeiros errados a minha vida toda. Eu acabei de lhe dizer para ater-se ao que é seu problema.
O novo taverneiro-júnior se frustrava, e em seguida, assobiava para um dos homens que descansavam na taverna, este que comparecia ao balcão rapidamente, Em seguida, o primogênito Fenogrosso os apresentava um ao outro:
-Este é meu segurança, Guille, este homem diz ter negócios com o pai, leve-o até o rancho.
Conforme o sol se aconchegava no horizonte, dando fim ao dia, a rala chuva que se via mais cedo dava lugar a uma leve brisa fresca. Butcher se aproximava guiado por Guille até o rancho dos Fenogrosso, a fim de descobrir a localização e a data do próximo culto, para investigar a sacerdotisa, a única pista que Butcher tinha do paradeiro do tal gato.
O manto de Butcher afastava os ramos de trigo que bloqueavam o caminho dele até a casa dos Fenogrosso, era visível os grãos podres, e vários pedaços de plantação vazios. Guille se virava para Butcher, fazendo sinal para que ele parasse de andar, e fazia a seguinte colocação, apontando para um espantalho que estava mais a frente na plantação:
-Cuidado andando por aqui. Conforme nos aproximamos da casa, mais desses espantalhos vamos encontrar. De uns dias pra cá, eles andam meio... Vivos. Eles cercam a casa, e não permitem que nada seja plantado aqui. Nem que ninguém chegue ou saia da casa.
Butcher já tinha certeza do que era aquilo, claramente uma praga arcana, alguém enfeitiçou esses espantalhos.
“Talvez um fazendeiro com algum tipo de rivalidade com os Fenogrosso faria isso?”
Os dois passavam então abaixados pela plantação, que já estava escura devido a noite caindo. Butcher decide abrir sua mochila, pegar seu grimório, e canalizar a magia “Ver no Escuro”.
Assim que o faz, tudo fica mais claro, mas os rapazes também podem ouvir sons de galhos se retorcendo e se quebrando atrás deles, ao se virarem, podem ver a cabeça de abóbora de um dos espantalhos gargalhando, alertando vários outros espantalhos nas proximidades.
“Ah, ótimo, essas coisas também sentem magia.”
Butcher, ainda com seu grimório em mãos, soltava uma “Repulsão”, para afastar o espantalho agressor, este que era repelido por dois metros, caía no chão, mas logo mudava a disposição de seus membros, se pondo a perseguir os dois em uma forma quadrúpede.
Guille dava um grito aterrorizado, e disparava junto de Butcher em direção a casa dos Fenogrosso, onde da janela da residência o patriarca Fenogrosso observava os dois chegando, fugindo de meia dúzia de espantalhos amaldiçoados, Guille batia incessantemente na porta de entrada da casa, enquanto Butcher se colocava a afastar as criaturas com sua espada, Guille então entrava em Pânico, Butcher percebia que a janela do 2° andar da casa estava aberta, sacou de seus bolsos uma pena de galinha, e canalizou a magia “Peso-Pena” em Guille, em seguida disparando o homem em direção a janela do segundo andar com a “Repulsão” que ele conjuraria a seguir.
Guille chegava em segurança ao segundo andar da casa, agarrando-se a janela, ele conseguia entrar.
Agora Butcher estava lá embaixo sozinho, sem mais magias, munido apenas de sua espada contra todos aqueles espantalhos.
O som do metal se chocando contra a madeira das criaturas ressoava pela plantação, os berros dos monstros penetravam os ouvidos do corvo que lutava por sua vida, entre os golpes, um deles acertava em cheio o ombro de Butcher. Que em seguida prendia a respiração, inflando seus pulmões para controlar a dor e seguir lutando, ainda com o espeto fincado em sua carne, conseguia trocar sua espada de mão, e decepava o espantalho, que caía tão morto quanto deveria estar no chão.
Vários outros espantalhos se aproximavam, Butcher se apoiava na porta da casa, que antes que ele percebesse, se abria, e Guille o puxava lá pra dentro, junto daquele que Butcher assumia ser o chefe dos Fenogrosso.
A visão do guerreiro ficava turva, e ele desmaiava ali mesmo.
#rpg#d&d#spells#sword and sorcery#medieval#fantasia#espadas#espada#magia#fantasia medieval#literatura fantástica#feitiços#fanfic#fanfic d&d#criticalrole#critical role#marcial#story telling
3 notes
·
View notes
Text
Conto 1- Capítulo 2-
O trapo do manto do Corvo se arrastava pelo chão das docas de Estrada Verde conforme seu dono caminhava pelo mercado de peixes, ainda era manhã, feixes de luz cortavam as nuvens do céu da cidade, irradiando o mar com seu calor. Butcher parava por um momento para apreciar a vista das docas, o som das gaivotas preenchia o silêncio no qual o mercado estava imerso, as ondas estavam lentas e fracas, o mar estava calmo. “Espero que eu tenha a mesma sorte que esses pescadores, com um mar tão calmo”.
Butcher tornava a caminhar pelas docas, aos poucos um peixeiro ou outro dava inicio ao dia de vendas de suas respectivas tendas. Um barco de pescadores que estava no mar até então ancorava em um pequeno cais, de dentro dele saía um homem velho de barba grisalha, acompanhado dele, uma menina humana de traços finos, olhos cor de amêndoas e cabelo loiro que parecia ter por volta dos 13 anos de idade, a criança carregava um caixote até uma das vendas de peixes, e é recebida com um caloroso abraço por uma senhora que estava a espera dos dois. Ela descarregava então o caixote de peixes e o cheiro das sardinhas e robalos tomavam conta do local.
Conforme fazia seu caminho, um Anão de feições roliças esbarrava em Butcher. O Anão estava obviamente embriagado, tomado pela bebida do porto, O Anão então cambaleava e caía ao chão das docas. “Se algum dia eu te reconhecer em uma taverna, a garapa será por minha conta.”
Butcher finalmente chegava a seu destino, talvez um dos poucos lugares onde um homem como ele conseguiria um trabalho em Estrada Verde, um Quadro de Contratos Mercenários. “Cidade Pequena, Pouco Trabalho... É por isso que eu não gosto de ficar muito tempo no mesmo lugar.”
Os contratos eram escassos, então não era como se o guerreiro pudesse escolher a vontade.
Após analisar e ponderar, Butcher finalmente escolheu um trabalho, algo que pagasse bem, e oferecesse o mínimo de trabalho possível.
“Elizeu, Morador das Docas, Bote número 7.
Encontre o meu gato desaparecido, ele sumiu há dois dias, ele tem uma esmeralda no lugar de um dosnolhos. Minha filha está sentindo muita falta dele, pois era ele quem a acompanha quando fico ocupado pescando e a deixo sozinha com a mãe dela”.
“Um contrato interessante, pra dizer o mínimo. Nunca conheci gatos com esmeraldas no lugar dos olhos, acho melhor averiguar”.
O Corvo então fazia seu caminho de volta, caminhando pelas docas rumo ao encontro do Bote Número 7, que presume-se que esteja ancorado no cais número 7.
Chegando no local descrito, observa-se a mesma vendinha de peixes que empesteou o lugar com cheiro de robalos e sardinhas, mas dessa vez sem nenhum barco ou velho a vista. A criança mencionada no contrato aparentemente era aquela menina que carregava a caixa, que agora se encontrava sentada ao lado de alguns barris, virada para o mar, na vendinha próxima a menina estava a mesma senhora que a abraçara anteriormente, ela lançava um sorriso para Butcher, e o oferecia um peixe.
-Bom dia senhor! É uma bela manhã aqui em Estrada verde, gostaria de levar um Robalo ou algumas sardinhas para dividir com sua família? Acabaram de chegar do mar!
Dizia a senhora, com um sorriso receptivo no rosto, ignorando completamente minha aparência vagabunda, minhas vestes sujas, e meu rosto de corvo.
-Me desculpe, vim pelo contrato. Estava escrito nele que encontraria o homem aqui no cais 7. Sabe algo a respeito?
A mulher mudava sua expressão, e conversava comigo de forma casual
-Aquele imprestável? Eu diria que ele foi pra alguma taverna na região encher o bico de cachaça. Procure o barco dele no cais 2. É lá onde todos os pescadores ancoram seus barcos antes de se entupirem de rum, já que tem uma taverna bem na frente de lá! É inacreditável... Foi beber e largou a menina aqui comigo e esse tanto de peixe pra eu vender sozinha!
Butcher começa a se cansar do falatório da mulher.
-Me dá dois pedaços médios de robalo. Ensacados por favor.
O Corvo mostrava duas moedas de prata que retirara das profundezas de seu bolso de emergências para a madame, que recebia o pagamento com o mesmo sorriso o qual mostrara ao atender-lo da primeira vez, ensacava ambos os pedaços de carne, e entregava-os, em seguida, outro cliente passava a tomar a atenção da vendedora.
“Preciso economizar meu dinheiro... Restam-me apenas mais alguns trocados em meus bolsos...”
Butcher então se aproxima da criança que se sentava olhando para o Mar, se abaixava para ficar na altura dela, e dizia:
-Escuta, você vai acabar caindo se ficar tão perto da beirada.
Ele retirava um dos pedaços de carne, e oferecia a jovem, que tomava-o e comia rapidamente.
-Obrigada moço... Eu ouvi você conversando com a mamãe, você está atrás do papai, né? Você vai trazer o Senhor Esmerildo de volta?
-É... Eu vou fazer o meu melhor, mas eu preciso saber mais sobre o “Senhor Esmerildo” se quiser que eu o encontre.
A menina pensava por um momento, e começava a descrever o gato.
-Ele gostava muito de colo... e também de comida estragada! Ele comia todos os peixes que a mamãe não conseguia vender!
“Comida Estragada e olho esmeralda... Admito nunca ter visto algo assim antes”.
-Obrigado, eu o encontrarei.
Butcher então se levantava, se despedia da criança, antes de ir embora podia ver uma gaivota tomando seu lugar ao lado da jovem, um pequeno sorriso escapava do canto de sua boca.
“É uma pena que você tenha que crescer em um mundo tão mais terrível do que você imagina agora.”
Eventualmente a taverna é alcançada, se tratava de uma construção de pedra e madeira, tão rústica e medievalesca quanto possível, janelas
Abertas, um fedor que misturava peixes, cerveja, e homens suados há 3 dias sem banho. Do lado de fora do estabelecimento, era possível ver vários barris de cerveja vazios jogados ao lado da entrada, e por volta de quatro barcos de pesca ancorados no cais, sendo um deles o visto mais cedo.
Um tapete de pele de cervo cobria a Entrada da taverna o odor ficava ainda mais forte, o hall principal era composto de por volta de uma dúzia de mesas circulares, era possível ver pescadores jogando baralho, se alimentando, e até tomando cerveja, mesmo a esse horário da manhã.
O mais embriagado de todos estava no balcão da Taverna, o mesmo bêbado com quem Butcher tivera esbarrado mais cedo. Ele se debruçava sobre o balcão, empurrando com seu braço vários copos vazios de garapa até a borda, quase que derrubando-os, ele balbuciava algumas sílabas, dentre elas, apenas algumas pareciam formar palavras.
-E então aquele vé-verme *hic* me expulsou da taverna dele, só porquê eu estava com a filha dele em meu colo, não é culpa minha se a garçonete daquele lugar era tão bela! Ainda mais jovem... de seios fartos, cintura afinada, um mulherão!
O barman não parecia incomodado com os comentários indigestos do bêbado, e muito menos Butcher, que não tinha nada a ver com a situação.
-Pois é, pois é, aquela garota é o motivo pelo qual os negócios não andam mais como antigamente aqui quando éramos a única taverna das docas.
Comentava o taverneiro, que pegava os copos que o bêbado empurrara para a borda do balcão e começava a limpar-los para que possa servir mais bebida.
Butcher se aproximava do Taverneiro, e assim que se sentava ao balcão, removia seu capuz, e finalmente fazia seu pedido.
-Quantas garapas isso aqui compra?
Dizia ele, retirando suas duas últimas moedas de prata do bolso de emergência. Estas que são recolhidas pelo taverneiro, este que serve a ele duas garapas, o Corvo então agradece ao taverneiro, e se vira para o Anão Bêbado.
-não estava nada bem quando eu te encontrei na rua, mas não serei eu quem ditará o quanto pode beber.
Butcher entregava a garapa para o anão, que bebia tudo de uma vez só.
-Sempre preferi *hic* rum! Mas essas garapas daqui realmente não são nada mal. Me chamo Hornik. *hic* E eu tô delirando ou você é uma cockatrice ambulante?!
O Corvo fechava a cara, e respondia seriamente:
-Eu sou um Homem-Corvo, um Aaracockra sem asas. O nome é Butcher, E eu já ouvi de você. Aqui em Estrada Verde você é conhecido por nunca se envolver em nada de bom. Estou procurando por um homem chamado Elizeu. A mulher dele disse que ele gosta de vir aqui pra anestesiar-se usando a bebida.
O Anão dá uma gargalhada alta, e responde em seguida:
-Aquele, Aquele Elizeu? Há Há! Ele trabalha aqui como Cozinheiro pra pagar a dívida que ele fez bebendo recentemente! Diz pra ele!
Zombava o anão, cutucando o Taverneiro com a mão que não segurava a caneca. Este que respondia de forma objetiva:
-É verdade, Elizeu tem trabalhado aqui há semanas para pagar a dívida que fez comigo, um dos poucos homens nessa cidade que honra suas dívidas eu presumo, espere por ele lá fora, eu irei chamar-lo pra você.
O Corvo então se conformava, levantava-se do banco no qual repousava, levava seus pertences consigo, e assentia com a cabeça em despedida a Hornik.
-Que nossas estradas se cruzem novamente.
Ele caminhava rumo a saída da taverna, onde aguardava de pé, já com seu sobretudo molhado e sujo das impurezas das docas, ele pensava:
“Quando eu terminar esse trabalho eu vou lavar essa porcaria”.
#rpg#d&d#d&d stuff#d&d story#sword & sorcery#critical role#d20#warrior#mage#fighter#dwarf#elf#wood elf#magic#spells#arcana
4 notes
·
View notes
Text
Conto 1- Capítulo 1-
A Chuva açoitava a terra infértil dos arredores de Estrada Verde, uma cidade de beira de estrada, situada em Cockalândia, local nomeado assim devido a presença das grandes e mortais Cockatrices, literais galinhas dragonídeas de dois metros de altura, capazes de cospir rajadas fracas de labaredas, e matar um homem que esteja despreparado para o encontro com essas bestas mortais.
O Tipo de lugar que ninguém passa, a menos que precise, ou a menos que alguém pague bem pra isso. E lá estava eu, mais pra segunda do que pra primeira opção, enchendo meu rabo aviário de cerveja depois de matar umas pragas que estavam caçando seja lá o que os caçadores daqui levam pra casa.
“Os Contratos já não são mais os mesmos, antigamente eu conseguia passar semanas sem ter que me mover.” Pensava, após acordar, beber o último terço de uma garrafa de rum, e jogar-la ao outro lado do quarto, onde ela repousaria com suas irmãs, uma pilha de cerca de 30 garrafas vazias.
Um som estridente interrompia minha Ressaca. O Taverneiro Esmurrava a Porta como se a mesma houvesse emprenhado sua filha ou algo assim.
Com o tremor da porta, a pilha de garrafas se desestabilizava, e várias garrafas de rum vazias rolavam pelo chão do quarto da estalagem.
“Verme! Já passaram-se Três dias que sua estadia não é paga! Contrata mais um pernoite ou some daqui!”
Eu me Reaconchegava na cama. Eu até posso descer, mas não vai ser agora. Eu olho pela janela deitado na cama, podia ver as gotas da chuva escorregarem pela mesma, as árvores dançarem ao vento, seu som era aconchegante, de alguma forma me lembrava a minha infância, o que é irônico, vez que eu não me lembrava de nada de antes de minha primeira década de vida... mais ou menos.
Quando me levantava pela primeira vez em muitas horas, meu corpo era completamente tomado por um mau estar, meu estômago se embrulhara, disparei então para um balde que ficava alocado a direita de minha cama, para eventuais problemas com bebedeira.
Tendo me aliviado, vendo que o rum havia acabado, assim como meu dinheiro, sem condições de continuar em meu estado de inércia, vestia minhas roupas mais limpas do que sujas, equipava a “Aposentadora De Corvos”, tão limpa e confiável quanto sempre. “O melhor investimento que eu já fiz foi nessa espada que se limpa e afia sozinha, perfeita para um preguiçoso que nem eu”.
Vestiria então meu sobretudo, e Abria a porta de meu quarto de pousada, o chão da velha estalagem rangia sobre meus pés, do teto do corredor uma goteira poderia ser facilmente vista. Fácil de perceber também era a frágil filha do Taverneiro chorando no canto do corredor na frente do meu quarto, ela tinha uma marca de tapa no rosto, e um choro baixo.
Me doía ver uma criança sendo criada em um ambiente tão ruim e sujo quanto esse, e apesar de não me lembrar de minha infância, duvido que tenha sido muito diferente de meu tempo na floresta. Meu sobretudo se balançava conforme meus passos rangiam o chão do corredor enquanto eu caminhava rumo ao balcão do primeiro andar.
A Esposa do Taverneiro estava tirando uma fornada de pães quando eu cheguei no salão principal, que estava vazio, ela suspirava quando me via, como se já estivesse cansada de me ver ali.
-Procurando meu Marido? Ele deve estar na chaminé, sempre que chove precisamos consertar a cobertura que impede a água de apagar o fogo da lareira.
Eu apoiava meus ossos sobre o balcão, tão exausto quanto sempre. Mesmo depois de dormir vários dias seguidos, a ressaca tira o que há de pior em nós.
-Não mesmo, nem pensar, não quero nem ver ele, principalmente agora que o devo três dias de hospedagem.
Ela me lançava um olhar piedoso, a Dona Marli sempre me trata bem, ela é o motivo pelo qual eu sempre volto nessa pocilga.
-Espero que você consiga o pagar logo, Como você deve saber, estamos precisando do dinheiro tanto quanto você.
Eu jogava meus olhos pro lado, desviando meu olhar para a janela da Taverna enquanto mudava de assunto.
-Escuta, a Valentina tá chorando lá no corredor. E tinha uma palma mais ou menos do tamanho da do seu marido estampada no rosto da menina. Suponho que eu não deva me envolver, mas a menina estava chorando bem na frente do meu quarto, imagino que talvez isso tenha alguma coisa a ver comigo.
A Dona Marli deixava uma lágrima cair de seu rosto nos pães recém assados, ela os colocava encima da bancada da taverna, retirava suas luvas de cozinheira, limpava o rosto e começava a me explicar.
-Já tem dois dias que o Seu José quer te expulsar do seu quarto por ter atrasado os pagamentos, sempre que ele decidia ir te despejar, a Valentina sempre o impedia, ela dizia que você era o único que a vigiava quando ela queria ir brincar lá fora.
A velha Dona Marli então dava uma pausa pra respirar, neste ponto seu rosto estava completamente vermelho devido ao choro pelo sofrimento de sua filha
-Então o homem decidiu cortar a comida da própria filha, enquanto você permanecesse aqui...
-Ele dizia que a comida dela pagaria sua estadia, já que você não a pagava.
a mulher completava.
“Ter um homem desses como responsável é ainda pior do que não ter responsável algum.”
Eu cerrava meu punho, e avançava do balcão, segurando a Dona Marli pelo seu cotovelo, com um olhar frio eu diria
-Se o seu marido encostar nessa criança mais uma vez, e você não levantar esse braço para o impedir, esse vai ser o mesmo membro que eu vou cortar, primeiro o seu, e depois o dele.
Butcher soltava a mulher, caminhava com passos fortes e profundos pelo piso da taverna, se dirigindo a saída, e batia com força a porta de entrada, deixando o lugar para trás.
Conforme eu pensava onde conseguiria dinheiro, reparava a chuva caindo sobre mim, Com certeza Fazendeiros não sairão de casa hoje, muito menos caçadores com o terreno lamacento... Fico sem opções senão ir trabalhar um Contrato pela região mais próxima do rio que corta a cidade... Quem sabe algum Pescador possa fazer bom uso de minha Aposentadora de Corvos...
E assim partia Butcher pelas estradas de chão lamacentas que compunham Estrada Verde.
#rpg#D&D#fantasia#medieval#fantasy#sword#magic#spells#roleplayinggame#roleplay#criticalrole#critical role#adventure#aventura#fantasia medieval#magia#MightyBlade#Mighty Blade#DeD#bard
4 notes
·
View notes