capiongo
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capiongo · 3 years ago
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Uma luz se perde no meio do céu
desistido do mundo como água doce no mar
o medo de não saber viver me aproxima das árvores
a sombra de um coqueiro chora sem saber como
se há vida após a morte (eu pergunto) e a sombra, desolada: todo o cheiro apagou toda cor foi zerada
sigo para o farol apagado o maquinário fresco e uma felicidade criando um ruído
a minha alma dolorida se refaz o peito também a mão também
então uma onda bateu em um imenso recife e as árvores se curvaram
o azul queimava, límpido no fundo do mar as fogueiras acesas
tudo parece fugir e contaminar
o cheiro aperta os narizes me torno o cheiro me torno a estrada
sinto a partida de tudo tudo carregado pelo vento tudo arrancado
tudo tísico
Capiongo
The Lighthouse (O Farol, 2019) foi um filme impactante para mim. Este poema veio antes ou depois, sem qualquer ligação. Hoje, quando converso com o retalho, sinto um vínculo enorme entre o filme e o poema. Ambos são perturbadores/perturbados pela ideia de um simples absurdo — este mesmo que sempre busquei em poesia, mas que nunca me dei de cara. Quando escrevi esse poema dei um pontapé num formato para a minha poética. Foi aí que me aproximei de uma ideia teatralizada da poesia, de versos soltos, inconclusos, mas narrativos. De um teatro que tenta arranjar voz para versos (e confrontá-los). Nasce @capiongopoesia (Instagram), um eterno devaneio.
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capiongo · 6 years ago
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Todas as ondas do mundo
Estas ondas bravias seculares estarão amarrando meus calcanhares em busca de vingança?
Noite: pressionou o rosto contra os mares. Dor irrefutável-irreplicável. Pensou na própria morte, o defunto anônimo. Lembranças desastrosas. Vida inteira de desassossego, de agressividade, de malquerença e abstinências.
Nasceu: encheu a vida de mazelas, de tragédias, de incêndios; consumiu-se.
No florescer da humanidade: noite de núpcias da desgraça. Contraiu doença mental intransmissível. Sons obscuros de degolação preenchem o curto espaço da vida. 
Capiongo.  
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capiongo · 6 years ago
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Nasci para administrar o à toa                                            o em vão                                            o inútil. Pertenço de fazer imagens. Opero por semelhanças. Retiro semelhanças de pessoas com árvores                                     de pessoas com rãs                                     de pessoas com pedras                                     etc etc. Retiro semelhanças de árvores comigo. Não tenho habilidade pra clarezas. Preciso de obter sabedoria vegetal. (Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.) E quando esteja apropriado para pedra, terei também sabedoria mineral.
Manoel de Barros, Poesia Completa, Livro Sobre Nada, p. 340, ed. LeYa, 2010.
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capiongo · 6 years ago
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more evil than the devil
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capiongo · 6 years ago
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Es que usted no se ha fijao lo que pasa con el hierro nos pagan la tonelada por menos de tres centavos ¡vamos a pelear carajo!  o nos quedamos sin cerro ¡vamos a pelear carajo! o nos quedamos sin cerro No te dejes engañar  cuando te hablen de progreso porque tú te quedas flaco y ellos aumentan de peso
Ali Primera, Perdóname Tío Juan.
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capiongo · 6 years ago
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part of my animated sketchbook! (from my ig)
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capiongo · 6 years ago
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Soy todo el hombre El hombre herido por quién sabe quien Por una flecha perdida del caos Humano terreno desmesurado Sí desmesurado y lo proclamo sin miedo Desmesurado porque no soy burgués ni raza fatigada Soy bárbaro tal vez Desmesurado enfermo Bárbaro limpio de rutinas y caminos marcados No acepto vuestras sillas de seguridades cómodas  Soy el angel salvaje que cayó una mañana En vuestras plantaciones de preceptos. Poeta Anti poeta Culto Anti culto Animal metafísico cargado de congojas Animal expontáneo directo sangrando sus problemas Solitario como una paradoja Paradoja fatal Flor de contradicciones bailando un fox-trot Sobre el sepulcro de Dios Sobre el bien y el mal Soy un pecho que grita y un cerebro que sangra Soy un temblor de tierra Los sismógrados señalan mi paso por el mundo
Vicente Huidobro, Altazor, ed. Compañia Ibero Americana de Publicaciones S.A., p. 31-32, 1931. 
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