ceusemqueda
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Apenas salvando as minhas cartas aqui.
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ceusemqueda · 4 months ago
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Querida musa
Querida musa, talvez essa seja a autópsia das vidas que eu vivi. Talvez seja um ensaio sobre os pássaros que me visitam. Eles me lembram da senhora liberdade deitando-me como sua viúva em fotografia monocromática
- Encontre-me, minha alma é furta-cor, uma vigília a sós com o paraíso, onde os poetas atiram seus peitos a queima roupa.
Em preto e branco, querida melancolia, sou o teu altar, o teu filme lento, sustenido e Imortal, mas não como o corpo em mim, pois um dia minha carne será pó e segredos para as insetos e as aves, e esse será o meu beijo mudo e eterno, minha única morada.
Talvez eu seja uma tola crônica, e talvez eu saiba que despir as minhas entranhas e me pintar em um campo de cereja não vai fazer você pontilhar a inefável ruptura bordada á mim, mas isso não me impediria de continuar falando com estranhos
Querida, uma alma me disse em outra vida “estou terrivelmente apavorada em ser olhada, mas com um pesar de nunca realmente ser vista” e eu nunca esqueci o dia do seu nascimento, o eco do seu rosto reside atrás do meu crânio
Querida, eu era como a ascensão de uma promessa, então a falta de juízo era minha, mas foi você quem pensou que o seu amor fosse feito para ossos como os meus, mas não havia espaço suficiente para que eu pudesse chorar aqui. Eu esperei as suas pontuações transmutarem e as suas palavras tornarem-se rugas, e talvez você ainda se lembre de mim em vinte anos, como a mulher que desejou poder se segurar na nobre paz de apenas te ouvir chamando o meu nome
Talvez o tédio tenha nos pisado um pouco mais, criando amantes dispersos, e eu preguei que eu não poderia pertencer á lugar algum, e no mesmo segundo embrulhado em chuva ácida, a minha humanidade tornou-se catedral, um grito, uma oração resguardada na língua de multidões e órfãos
- Querida musa, os romances entre querubins e diabos floridos abrigam as minhas costelas, pois a tristeza é macia as vezes. Você está sendo entretida agora que a minha boca soa como o compasso de um Deus solitário?
A falta que me segue por todos cômodos desde a minha infância repartida, faz parecer como se o meu esperar tivesse a tua palidez e a tua bravura. Os móveis me olham de volta com seus tridentes e suas sobrancelhas arcadas, e eu engulo a minha quase prece
Você acreditaria em quem costumava recolher os meus ossos e me soprar canções de ninar, quando ela me escreveu que eu apenas sobrevoou nos voos mais quentes?
Eu, filha desperta dos júbilos de minha mãe, adormeci em um corpo morto por décadas, suspensa por uma crença que os meus erros não eram humanos, então o seu altar me fez muda, mas uma harpa sussurra que eu parti sua alma de qualquer forma
- Te rezo, te busco, te perco de vista para sempre. Agora você apenas aniquila a luz e bebe da distância como uma verdade perpétua, mas por favor, não permita que falem da minha ternura como uma falácia
Uma voz moída se ergue entre os meus vultos, e ela ainda sussurra: Senhor, eu herdarei o reino dos céus, como eu herdei as Iris ensanguentadas do meu pai?
Por alguns dias, lambida pelo meu signo, pelo sol e amena na sombra, as minhas pálpebras pesam como abismos carnívoros, o meu sorriso se parece com uma cicatriz, e as cascas dos meus dedos borbulham. A minha felicidade é uma euforia trêmula, rachando os paredes, decretando a minha inadequação
Querida musa, o sangue do Cordeiro é a testemunha do meu reavivamento, pois a minha alma sempre recorda as faltas que colorem as minhas bochechas e inflamam as minhas entranhas. Alguém poderia decifrar a língua dos arcanjos, quando tento dizer que eu sinto saudades do mundo inteiro, mas que apenas danço com o vazio?
Talvez a catástrofe seja que algumas horas não me sinto aqui, e outras, sou arrancada da minha anatomia para tornar-me a sala de estar da tempestade. Talvez seja herança de infância se estendendo até os meus anos rompendo o meu tendão de Aquiles, caindo como ícaro, pressionando e rasgando os vultos em monólogos
Querida musa, a senhora morte paira entre as escamas do meu pescoço desde as minhas primeiras sílabas, e as vezes ainda me pergunto como eu poderia viver sem a sinfonia da sua serpente vigiando o coração esculpido á mim. Me faço rir como uma criança varrendo a lua, pois nasci com tormentas escarlates, e o meu espírito dança possesso por uma crença de liberdade que me assombra por todos os tempos mestiços que eu vi
Querida musa, você escorre da minha cabeça pelos meus ouvidos de Ofélia, adormece entre os meus dedos como um anti-herói. Eu queria que você me visse aqui com o meu cabelo solto até os meus quadris, adorando uma religião secreta. Eu queria que você me visse aqui, ainda escrevendo para as minhas cidades afundados
Querida musa, eu conheci Deus e o diabo desde os nós como impérios no meu cabelo, até o teto vertendo estrelas e cortando as minhas costelas. Talvez eu esteja caindo de um precipício familiar mesmo quando sinto que eu estou flutuando
Querida, me pergunto por onde você esteve por todos os segundos nebulosos, lembro que você acomodava em si todas as vozes do mundo. As suas crenças ainda sangram os seus ouvidos e te deixam de joelhos para que qualquer um possa ver?
Doce rebelião com suas mãos devoradoras de obscuridade, somos da mesma estrela?
O meu luto pode ser obsceno, mas o meu amor é um coral de harpas e trovões. Teu rosto me salvou de servir meu coração em uma bandeja para os ladrões repartirem
E nenhum deles sabem que eu daria meu último fôlego para te ouvir gargalhar de novo
Você me vê como uma silhueta invisível ao seu lado, um terno e incendiário espírito dançando com as luzes estouradas?
Você é um pacto amável ao redor da minha silhueta, e você disse que lamberia o meu rosto, e eu disse que o preço a pagar é nunca mais ser o mesmo.
Você me vê como uma alma benigna esvanecendo entre as begônias, uma segunda feira que rouba almas, uma musa que escapou da moldura?
Doce rebelião, decorei as suas marcas de nascença, nós somos uma supernova sangrenta manchando os céus, não somos?
-Você é um relâmpago ascendendo vênus, você tem estrelas cadentes e flores de açúcar. Minhas quimeras descalças com seus mantos de purpurina, pensam sobre a louça quebrada e Salvador Dalí, e elas diriam que eu sou mais como panoramas em espelhos rompidos e uma pirueta (de quem não sabe dar pirueta) constrangedora no silêncio entre estranhos.
- Você nunca mais passou
Imprimi teu sorriso entreaberto em uma cena lunar entre fogos de artifício de ano novo. Você foi um sinal de fumaça, um beijo de hortelã na dormência, afinando em céu poente até cair em labirintos infinitos de quem eu nunca vou ser. Talvez seja Intervenção divina, deuses enciumados, tela em chamas, você a sós com garotas nuas borradas no chão do seu quarto.
- Quem sou eu? Meu espírito levitou entre becos de poeira e turnês para o meu rosto entorpecido em frente a penteadeira. Lembrar que você sabe o meu nome arde a minha espinha, ceifa a minha sanidade que caminha como uma noiva que ora por mim na catedral de santos e profanos.
Desejei que me tocasse como o roxo se parte em lilás. Desejei que me olhasse como Gênesis e apocalipse.
- E aqui, o mundo diz que o sol está em sangue e o amanhã não veio. Agora todas as palavras do mundo tem um tom de azul e cinza, e parecem não acertar a minha medida, porque não são mais de quem eu espero.
Doce rebelião, meu cartão postal, você me trouxe uma adaga prateada atravessada no estômago, e ela para sempre se sentará no meu peito em um feriado mudo, um bilhete longo demais para ser lido e tardio demais para ser esquecido.
Sem mais fotografias de palavras estrangeiras, sem mais dia das bruxas em plena quinta feira de fevereiro. Nunca mais vou ouvir sobre os seus vizinhos ou chegar a ouvir a sinfonia das suas botas fundando cicatrizes no chão.
Doce rebelião, a compreensão falhou comigo, me vestiu em um sobretudo, arrancou a minha língua, mas ouvi que você está bem, você está bem.
Querida, desejei que eu pudesse afogar os meus nervos na lama, ou que eu pudesse ter o “brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Você nunca verá meus olhos em mel ou em escarlate ao seu lado entre as esculturas do museu do centro. Agora não pareço mais ter nome, apenas as suas últimas sílabas. A saudade é uma marcha entre tudo que eu sou e serei, perfurando as canções de carnaval, mas você está bem, eu ouvi que você está bem.
- Então os móveis murmuram e escutam a musa estalar os dedos tíbios na dormência. As linhas arenosas das suas mãos parecem ter desfigurado o seu rosto em um memorial. Ela encara os versículos escritos no teto onde as estrelas costumavam se pendurar. A minha querida musa pontilhou os templos caídos dos seus vultos e devaneios, então ela me diz que um estranho familiar partiu. Eu memorizei o seu rosto enquanto a sua cabeça traia a si mesma ás 18:18. A musa bebeu todo o escuro em água morna e os seus joelhos tremiam com um voto crédulo beijando o seu reflexo
Torno-me uma estrela inominável em céus cadentes, mais distante das tuas tardes; mas em sonhos, a sua língua povoa mundos no meu ombro e os seus lábios são portais. Você se torna parte de tudo que eu faço ou digo, mais perto enfim do mar obsoleto; mas em sonhos, talvez eu lhe visite, como uma profecia, vestida para você despir os espinhos pingando dos meus dedos e os sussurros dos planetas nos meus ouvidos
Querida, estou declarando votos em nome da gentileza?
Querida, lembre-se de mim quando as horas te curvarem, mas não como mais uma mulher a cair
Podes nomear a pele que me ciranda e me põe do avesso para que eles me vejam?
Podes nomear a glória que me enquadra nas minhas piores luzes?
Você se pergunta o quanto esses botões nos meus olhos descosturam o meu destino?
Você procurou por mim em centenas de vidas? Talvez me encontre em Saturno ou em um domingo, arrancando peles mortas e saudando as flores ainda vivas
Mas de qualquer maneira, querida musa, talvez essa seja a minha serenata para que eu possa me lembrar que eu estou aqui, ainda aqui, mesmo que você, minha supernova, minha praia com salva vidas distraídos e rock nacional, não esteja.
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ceusemqueda · 4 months ago
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- Te vi chegar, supernova.
Você é um relâmpago ascendendo vênus em uma praia com salva vidas distraídos, estrelas cadentes e flores de açúcar.
Minhas quimeras descalças com seus mantos de purpurina, pensam sobre a louça quebrada e Salvador Dalí, e elas diriam que eu sou mais como panoramas em espelhos rompidos e uma pirueta (de quem não sabe dar pirueta) constrangedora no silêncio entre estranhos.
- Você nunca mais passou.
Imprimi teu sorriso entreaberto em uma cena lunar entre fogos de artifício de ano novo.
No meu crânio, você foi um sinal de fumaça, um beijo de hortelã na dormência, afinando em céu poente até cair em labirintos infinitos de quem eu nunca vou ser.
- Para onde você foi?
Intervenção divina, deuses enciumados, tela em chamas, você a sós com centenas de garotas nuas borradas no chão do seu quarto.
- Quem sou eu? Meu espírito levitou entre becos de poeira e turnês para o meu reflexo entorpecido em frente a penteadeira. Quem é você? Você apenas passou mais veloz que o vento que poderia roubar-me daqui, como quem dança sem se importar se alguém está vendo. Como pode o teu passo ter me engolido por semanas como em décadas?
Lembrar que você sabe o meu nome arde a minha espinha, ceifa a minha sanidade que caminha como uma viúva, e ora por mim na catedral de santos e profanos.
Não lhe visito mais, ser tocada em vão nunca foi a minha sina, e você parecia apenas estar aqui para apreciar a vista.
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ceusemqueda · 4 months ago
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Doce rebelião com suas mãos devoradoras de obscuridade, somos da mesma estrela?
O meu luto pode ser obsceno, mas o meu amor é um coral de harpas e trovões
O teu rosto me salvou de servir meu coração em uma bandeja para os ladrões repartirem
E nenhum deles sabem que eu daria meu último fôlego para te ouvir gargalhar de novo
Você me vê como uma ruptura, uma silhueta invisível ao seu lado, um terno e incendiário espírito dançando com as luzes estouradas?
Você é um pacto amável ao redor da minha cintura, e você disse que lamberia o meu rosto, e eu disse que o preço a pagar é nunca mais ser o mesmo.
Você me vê como uma alma benigna esvanecendo entre as begônias, um domingo que rouba almas, uma musa que escapou da moldura?
Doce rebelião com a sua língua rígida e suas marcas de nascença, nós somos uma supernova sangrenta manchando os céus, não somos?
- Desejei que me tocasse como o roxo se abre em lilás. Desejei que me olhasse como Gênesis e o apocalipse.
- Mas pobre criatura, o sol está em sangue e o amanhã não veio. Agora todas as palavras do mundo tem um tom de azul e cinza, e parecem não acertarem a sua medida, porque não são mais de quem você espera.
Doce rebelião, meu cartão postal, você me trouxe uma adaga atravessada no estômago, e ela para sempre se sentará no meu peito como um feriado mudo, um bilhete longo demais para ser lido e tardio demais para ser esquecido.
Sem mais fotografias de palavras estrangeiras, sem mais dia das bruxas em plena quinta feira de fevereiro ou piadas que ninguém mais entenderia. Nunca mais vou ouvir falar do barulho dos seus vizinhos ou chegar a ouvir o som das suas botas arranhando cicatrizes no chão.
Doce rebelião, a compreensão falhou comigo, me vestiu em um sobretudo, arrancou a minha língua.
Mas ouvi que você está bem, você está bem.
- Desejei que eu pudesse afogar os meus ossos na lama, ou que eu pudesse ter o brilho eterno de uma mente sem lembranças.
- Pobre criatura, se rendendo ao vão só mais uma vez, pois você nunca verá meus olhos mudando de cor ou me ver em escarlate ao seu lado entre as esculturas do museu. Agora não pareço mais ter nome, apenas as suas últimas sílabas. A saudade é uma marcha entre tudo que eu sou e serei, entre todas as coisas que respiram e morrem, perfurando as canções de carnaval.
E você está bem, eu ouvi que você está bem.
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ceusemqueda · 4 months ago
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Você disse que eu sou o sol
Bem, o sol está em sangue
E eu não tenho mais nome
Apenas a sua memória
Você disse que se afogaria nos meus olhos
Bem, não há mais vestígio de água
E eu não tenho mais para onde ir
Apenas visto o som da sua risada
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ceusemqueda · 4 months ago
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Filho do Nirvana, indomado e encharcado.
Eu mordo as mangas de Deus, implorando gentilmente para que eu possa ser contemplada pela sua redoma.
Iris de arma fumegante, me encontre longe dos santos e profanos, onde a lua me arranca da minha anatomia.
- Ele poderia dissecar as minhas sílabas como pólvora, com seu terno perfurado pela flecha de um poeta vagante, bebendo a chuva em um paraíso oblíquo.
- Se a minha alma fosse uma religião caída, você adoraria os meus paradoxos como uma marca de nascença, uma estranha familiar?
- Amor, se as minhas curvas são o chão onde o sublime se derrama, então você é o meu arcanjo soturno?
Eu tenho ouvido desde a minha esvanecida infância que você estaria esperando quando o ponteiro marcasse horas gêmeas, e nenhum outro ladrão ou rei poderia me levar são e salva para casa.
Freud ou nenhum outro sangue poderia me guiar para as respostas, quando eu enterrei os esqueletos das perguntas.
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ceusemqueda · 4 months ago
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Você está sendo entretido agora que a minha boca soa como o compasso de um pregador com as mãos atadas ou como o retrato de uma aparição no seu reflexo?
A loucura é uma dama, ela me batiza em um sopro na queda dos meus cílios, ela é a verdade trêmula nos meus joelhos, tão macia quanto a razão debaixo da tua língua.
Você concordaria com quem costumava recolher os meus ossos e me soprar canções de ninar, quando ela me escreveu que eu apenas sobrevoou nos voos mais quentes?
Torno-me catedral vestida para queimar, torno-me os escritos de ecos de órfaos
Torno-me o canto de Arcádia despovoada
Torno-me uma criança com caramelo entre os dentes
Talvez a insanidade seja uma verdade menos amada.
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ceusemqueda · 4 months ago
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A sombra de um homem cego me fitou em um pêndulo, suas mangas dobradas e a adaga enferrujada em seus olhos de engolir noite, me disseram que um dia ele venderia a lua de seu signo, se pudesse casar-se com todos os meus domingos.
- Mas a minha cicatriz é ter aprendido que a cabeça que me esgoela, me perde nos segundos constrangidos e me encontra no despencar dos meus ombros, é a mesma que me diz que ele nunca saberia como me tocar, pois seus olhos de engolir noite eram apenas um reflexo de mim mesma(Eu poeta, apegada ás entranhas entre as sílabas, fincadas em ferro e mel. Eu imperatriz de cidades submergidas, horas ensaiadas e esquecidas). Então os relâmpagos povoaram o tremor na minha fala, tornei-me mais distante da tua órbita; eu nunca mais fui a mesma desde que você se prostrou diante do meu olhar na multidão apenas para manchar a minha ternura, como se minhas asas fossem acasos. Agora o meu próprio amor lateja nas minhas têmporas, me faz andar sobre as águas.
O pesadelo com uma mulher muda no banco de trás, me lembra que ela já me leu em voz alta em uma língua etérea, dedilhando o meu cabelo na solidão de Plutão, criptografando minhas cartas na sua coxa, como se me conhecesse muito antes de ter sentido o sol rugir e lamber o seu pescoço, como se pudesse guardar a sagrada eternidade em um bolso rasgado.
- Mas a minha cicatriz é ter lhe deixado ir. Eu fui a chama trina envenenada, entorpecendo o altar. Eu chorei sangue na sua cama, como se eu tivesse parido tempestades feito marcas de nascença, para sempre jorrando dos seus dedos e entre as vísceras das paredes. Do raso ao fundo, penso em Salvador Dali e liberdade enjaulada, penso em correr pela sua rua, como se você pudesse lavar os meus delitos e fugir comigo debaixo de um céu bordô, estaríamos sós em lugar nenhum. (Concordaríamos que há uma linha invisível tecendo nossos passos em caleidoscópios, e a saudade seria ainda um enlace anil, de codinome lídimo e tempestuoso. Eu Mona lisa, você Michelangelo; faríamos o medo beijar e temer quem nós somos por mais uma vez.)
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ceusemqueda · 11 months ago
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Você tem o sangue pisado entre os ouvidos como as fugas do seu pai, e o colo ausente bordado nos confeitos da sua mãe.
Em soluços, lhe escrevo em silêncio trovoado. Me diga em horas gêmeas como uma promessa não dita, a minha falta ainda queima no luto nebuloso da sua garganta?
- As suas palavras embriagadas cravaram espadas prateadas em todas as paredes que me vigiam com seus olhos soturnos arregalados.
Não há mais cômodo para adequar o pesar que me batiza no colchão, embrulhando a sua risada no canto da minha cabeça e a tristeza abafada nas minhas costas.
Agora todos me veem, mas tornei-me imune a todo timbre, e no segundo cinéreo de abril, suspensa por um paraíso oblíquo, você me disse o mesmo.
- Mas quem sou eu para permanecer, depois de engolir os estilhaços do nosso pacto, e tornar-me apenas um visitante entre os seus infernos renascentistas e os meus pássaros furta cor?
A minha ânsia é um banquete feito das sobras de um jantar e as ruínas de uma supernova em queda, então me escondi de novo como quem foge de si por toda a vida.
Alguns dizem que os traidores terminam com suas línguas formigando no fim de todas as noites, outros dizem que as farsas são apenas verdades amaldiçoadas.
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ceusemqueda · 11 months ago
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Eu conheci o diabo desde os nós como impérios no meu cabelo, até o teto vertendo estrelas e cortando as minhas costelas.
Se você me conhece, então você sabe que eu sinto falta de todo mundo com as minhas vísceras derramadas em uma capela, como uma praia nebulosa no meio de fevereiro. Mas todos parecem saber que eu desapareci em fotografia monocromática, perfurada por romances com estranhos por todas as ruas em que eu já estive e pelas vozes vertebradas de um Deus solitário.
Há marços atrás, me deram nomes para o rosto da melancolia cravejada nos meus ossos, então eu soube que eu estive adoecendo desde a minha infância, quando sentei no fundo da piscina esperando para ver o que poderia acontecer se eu esperasse tempo suficiente para tornar-me púrpura.
A minha risada é um glorioso borrão entre o lítio e os meus amáveis fantasmas em vestidos bordados e ternos prateados, e nenhum amante poderia domar os meus dragões ou salvar-me de sambar descalça no quintal da minha vó em uma tempestade.
Os meus amigos me trazem flores e dizem que estão aqui para sempre, mas as vezes eu apenas sinto a senhora morte cirandando do meu bolo de debutante até as minhas íris ensanguentadas. E eu escrevi centenas de cartas endereçadas ao vazio vernáculo e ao chocolate amargo no armário marfim da minha mãe, sobre todas as mãos cadentes que me incendiaram, porque eu nunca pude fazê-los permanecerem.
Uma alma me disse em outra vida “estou terrivelmente apavorada em ser olhada, mas com um pesar de nunca realmente ser vista” e eu nunca esqueci o dia do seu nascimento e os pássaros em fileiras entre páginas de Clarice e a lagoa.
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ceusemqueda · 1 year ago
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Relembro a sua blusa listrada manchada de baunilha na luz trêmula do estacionamento, e seu coração flechado para fora do teu peito com gosto de cigarros e bolo red velvet, me tomando para si como um devoto.
Ainda sinto as suas palavras arremessadas em campo minado, depois que eu lhe deixei ir. Mas meu amado fantasma, quem sou eu para culpá-lo, por soprar um tiro certeiro na cabeça vagante de um traidor?
O eco da sua risada perfurou para sempre o mundo por trás do meu crânio, e eu precisava ser salva tanto como você não hesitou em sangrar seus punhos cerrados em uma religião profana.
Agora você diz que o meu Deus é apenas um mosaico quebrado ao redor das minhas obsessões, e que eu apenas sobrevoo nos ventos mais quentes. Eu li suas vogais como se você me conhecesse, mas eu sei que isso te fez sentir que talvez eu ter partido a sua alma não tenha sido só sobre mim mesma de novo.
Você sabe que eu me tornei o amor da vida de outra pessoa com ombros menores e sardas, como um pacto, um pássaro furta cor. E eu li que a sua nova musa é como o sol, assim como eu sabia que seria, como um mantra.
Eu não me deixo olvidar que eu desejei que você apenas vivesse, então agora o seu rosto é eterno apenas entre os pomares, e entre todos os meus cílios perdidos. As vezes, te imaginar aqui é cuspir o sal de cozinha da minha mãe na minha pele rasgada. As vezes, lembrar é um aperto de mãos, um acordo não dito, um sinal de nascença premeditado de não me atirar do segundo andar.
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ceusemqueda · 1 year ago
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Minha chama reencarnada, já estivemos aqui antes, dissecando amantes dispersos e abismos das calçadas. Eu costumava te contar sobre os adeus que me sepultaram, agora você é quem aniquila as lâmpadas dos meus cenários espelhados, para me lembrar do meu egoísmo blindado pela solidão de um mundo petrificado.
E eu não sei como eu poderia viver sem o enlace que alastrava todos os meus ossos, mas de alguma forma, eu tenho respirado.
A minha arma fumegante permanece submergindo debaixo do seu travesseiro. Eu sei que a minha farsa te acertou em um inferno renascentista, mas eu descobri o cinza entre os nossos querubins com suas agarras atravessadas, pois o imperdoável precisava de misericórdia para descansar.
Mas agora você me diz que as minhas palavras são apenas naufrágios, e nada arde mais do que permanecer tempo o suficiente para perceber que o seu amor é um fantasma povoando o seu vazio como um doce carma, não mais como um amigo que poderia decodificar a sua obscuridade.
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ceusemqueda · 1 year ago
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Vinte e seis, á capela, reconheço que o meu olho oblíquo e alarmado não se perde de mim.
- Uma voz moída se ergue entre os meus vultos, e ela ainda sussurra: Senhor, eu herdarei o reino dos céus, como eu herdei as Iris ensanguentadas dos meus pais?
Eu e o meu vazio vernáculo, nós somos um manifesto, um besouro-Goliat no canto da mesa de vidro. Eu e o meu louvável manifesto, nos sentamos na tormenta gentil da sala de estar.
Te espero há luas antes desta vida, mas tudo que eu sei agora é que você poderia ser qualquer um, se eu estivesse atrás de chamas azuis para entreter o meu algar.
- Os astros emoldurados na sua pele me teleguiaram, mas agora eu adormeço na chuva acídula e ela me decompõe em bordô, como as veias dilatadas nos seus pulsos.
Noventa comprimidos por milhões de trinta dias me tomam. Torno-me mutante, enquanto a minha melancolia embriaga o anil da minha cidade flutuante. A minha ânsia amarga o grafite e a língua que disseca o fundo da louça da minha mãe.
- A verdade que me blindava abriga a luz trêmula da cortina, e de tão terna, atravessa a minha escama em um céu felícia, esfarelando as unhas na minha cama. E tudo me lembra, que eu me apartei de um anti herói que lambeu o sangue dos meus ouvidos e me levou sã e salva para casa sem hesitar todos os domingos, mas agora ele me diz “você necessitava ser livre de tudo e de todos, lembre-se disso”
Então torno-me mulher em fotografia rasgada, aniquilando a minha imodéstia, alteando todas as minhas histórias para longe da sua panorama.
O calibre da minha memória, em era uma vez, de tão iluso, esfumou os passos turvos dos estranhos que me amaram, então os meus remansos ralam as minhas entranhas no ralador da cozinha. Eu inflamo a minha pele, cirando todo fôlego suspenso pela ponta dos seus dedos, e me deito com horrores gentis.
- A falta que me segue por todos cômodos desde a minha infância repartida, sempre faz parecer como se o meu esperar tivesse a tua palidez e a tua bravura. Os segundos e os móveis me olham de volta com seus tridentes e suas sobrancelhas arcadas, e eu engulo a minha quase prece.
Relembro do teu tom cortês enfeitiçando os meus portais, e a sua sombra em carne viva, contornando os meus medos vertebrados. Relembro de educar o ciúme, e de selar as suas costas com as ruínas demolidas do meu batom.
- Te busco em todo canto, adocicando os nevoeiros do meu reflexo, nos caroços das uvas negras, no verniz arrastando os meus ossos e no vestido no cabide marfim. Não te sinto mais, e os meus pecados cavaram um túmulo só para me lembrar do que eu deixei ir.
Capturados pelo meu estado maníaco e pelo roteirista, reis e rainhas não puderam me salvar de mim mesma como uma profecia de um ministério santo em suas mangas, e eu amaldiçoei o meu sarcasmo por deixá-los pensarem que poderiam enjaular a minha cintura e encantar a minha íris, só para beija-los de olhos abertos e deixá-los antes que eles pudessem me deixar.
- A tua imagem e o meu apego me dissipam do tronco ao teto. Encurvo as minhas preces, a minha melancolia. Uma devota no espelho me reconheceu, e ela finalmente me diz que eu nunca estive satisfeita.
A senhora morte paira entre as escamas do meu pescoço desde as minhas primeiras sílabas, e as vezes ainda me pergunto como eu poderia viver sem a sinfonia da sua serpente vigiando o coração esculpido á mim. Me faço rir como uma canção de ninar, pois nasci com tormentas escarlates dentro do umbigo. Os olhos de Yeshua me guiam no vale da sombra da morte, e o meu espírito dança possesso por uma crença de liberdade que me assombra por todos os tempos mestiços que eu vi.
- A minha solidão é a cerimônia incendiária envolta dos ossos que me ricocheteiam, e eles não sabem que o sangue do cordeiro é o remetente da minha catástrofe e do meu renascimento, da anatomia da minha infância repartida até os meus anos rompendo o meu tendão de Aquiles, pressionando e rasgando paredes em um monólogo.
Eu ranjo os dentes, pois a minha alma sempre te visita mesmo na clemência da espada que eu cravei entre as suas costelas. O inferno pálido e gélido das nossas salivas permanece cuspido no chão onde eu me deito, então tenho mastigado silêncios farpados e perdões vertidos. Te chamo no codinome supernova, onde ainda tenho vertigem dos nossos dias embargados em cartas com as línguas cortadas e pássaros em revoadas.
- Em quimera, eu te sorrio de volta depois de ter me sentado com o estio e velado o adeus por toda a processão. Você não me conhece mais; não há alívio e pesar mais cruciante. O vento brando dissecou a minha crença juvenil e os esqueletos nos meus armários. Vesti as suas inicias e os meus estrondos, espiei a nossa premissa pela fumaça do seu incenso. Então eu vi a minha tristeza não mais me devorar em um banquete na metade de abril, pois ela adormeceu no meu colo, desaguando em rio prateado.
Vinte e seis, á capela, por amor, reconheço a mim mesma, na ausência ou em aluvião.
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ceusemqueda · 2 years ago
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O meu chá de ontem permaneceu intacto na mesa de granito. Perdi o apetite e os pássaros furta cor que se entranhavam em todos os cômodos.
- Talvez você n��o seja distorcido o suficiente para mim. As horas me fitam como se eu tivesse perdido a consciência que submerge entre as minhas mãos.
Não conte ao meu amante, que a senhora tristeza já inflamou todas as peles que me vestiram até os vinte e seis anos. O meu reflexo se cristalizou enquanto passávamos pelas multidões e não me revelou na luz perene, mas a sua risada serenou o meu horror, como quem ergue serenata entre farsas e cruzes penduradas.
Não conte ao meu amante que eu ainda temo que um dia, a navalha cega de baixo do meu travesseiro, volte a ser o meu ápice.
Uma paz roubada pela minha própria doutrina me denuncia, e as promessas rompidas mancharam as minhas íris, mas você parece apenas sorrir, acenar e andar até mim.
- Eu te beijei com os olhos abertos, talvez eu esteja mentindo para mim mesma e para você, talvez eu esteja caindo de um precipício familiar mesmo quando sinto que eu estou flutuando.
“Me perdoe” minha própria voz ecoa. Eu sublinho os mundos que eu vi com você aqui, mas não nasci para estar assim e os meus ossos gritam e afundam em água petrificada depois de te ver. Como eu vou dizer que eu não posso mais estar aqui?
“Me perdoe”, eu sou pior do que eles te disseram, e agora suas superstições tremem em chão úmido, porque você fingiu não ouvir quando te avisaram para fugir daqui.
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ceusemqueda · 2 years ago
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Eu enterrei alguém essa semana, Amélia. Não sei como disfarçar que estive me curando do que eu nunca soube nomear.
- Eu estive tão alta apenas para ficar pendurada por um fio no final do dia.
Amélia, eu não posso mais voltar para o lugar onde eu morri. A alma que eu conheci há três verões atrás, diz que as minhas promessas são pulsos quebrados ao redor da utopia. Minhas pálpebras pesam como se um algar tivesse se acomodado entre meus cílios. Desde ontem, o meu coração parece ter absorvido toda melancolia do mundo ao som inerte das letras do teu nome. É a senhora tristeza que arrasta o seu coração pela janela entreaberta, mas é a paz de espírito que se deita sobre as suas cinzas e salga os seus poros. A neblina se estende até o quarto e cobre os seus dedos na perfeita apatia. Ela diz que parece que eu a cortei em dois pedaços desde dezembro, e eu era como Midas, mas agora tudo que eu toco, adoece, Amélia. Ela é apenas viciada em se sentir entorpecida, e eu não posso mais rastejar nas sombras das paredes da sua casa. Eu sinto a minha deslealdade correndo mais rápido que o vento nas suas bochechas. Agora diga em voz alta que o meu campo minado nos deixou em ruínas, e fomos capturado pelos meus demônios disfarçados de empatia.
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ceusemqueda · 2 years ago
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Soturno em veraneio como um souvenir, inflando as minhas bochechas, e sucumbindo os meus delitos nos céus nebulosos do meu paraíso fictício. Setembro logo arrastará as poeiras das minhas velhas ligações enferrujadas, e eu, eu quase faria qualquer coisa para ser descoberta pelo seu toque de Nirvana, e então você poderia me ver despida do blues e me ver ascender faróis de uma terra ilícita pela boca de apóstolos. Derrame a sua doce vórtice atrás do meu crânio e todo o meu corpo beberá do jugo dos teus mares. Te imagino aqui enquanto danço com a minha solitude incendiária, te imagino cercando os montes negros dos meus olhos, e pela primeira vez, não parece tão errado cair, cair como ícaro.
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ceusemqueda · 2 years ago
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Os nós do meu cabelo tornaram-se impérios de deuses enciumados, enquanto você desatava os botões da minha saia. Você é a minha arma fumegante, e os seus olhos são trovões colidindo em vitrais no meu quarto. Todos disseram que eu era insana quando eu sobrevivi no vale da sombra da morte, então você desenhou cometas ao redor das pintas dos meus seios, e sussurrou que eu era a única a incendiar os seus domingos sonolentos e as suas benevolências. Você é a lâmina na cozinha e os passos no escuro, nos deitamos perante os arcanjos e suas espadas de safira.
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ceusemqueda · 2 years ago
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Eu temo em falar em voz alta, que talvez eu não seja a mulher por quem você procurou por vinte e seis anos. Talvez o meu espírito batize os seus medos em línguas celestiais, ou talvez eu afunde os templos da sua sombra antes do salvador chamar pelo meu nome mais uma vez. Em uma cidade afundada, entre as lábias dos santos e os amantes dos pecadores, talvez eu saiba que criaturas como eu, não terminam com pessoas como você. E quando você disse que sentia minha falta, as suas palavras atearam fogo na minha cama. A paz já tinha me encontrado prostrada, mas eu apenas deixei que você voltasse.
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