clecias

[clecias]

Eu fico triste pelo meu eu que queria tanto te viver, ver, rever, muitas vezes, incansavelmente, pelo tempo que nos fosse permitido. Um eu que esperou, se parou, se controlou, se revoltou e contrariou. Por fim, um eu que se matou, não aguentou o tanto que te desejou, o tanto que te precisou, o tanto que te guardou e nem te falou.

[clecias]

Hoje eu fiz as minhas malas

Andei pelo espaço

Não muito grande

Em que habitamos

Até agora

Eu sempre precisei

Talvez não se lembre

Mas sempre precisei de motivos pra ficar

Apesar de não ter pedido

Pois queria

Que de bom grado tivesse me dado

Então me vou

Pois você já foi

E não me esperou

Nem pense em querer voltar

Eu tranquei a porta

Não tem nada lá

Afinal

Já não tinha há tempos

Desde você foi

E levou consigo o meu coração

[clecias]

Eu sou a que toma um porre e logo em seguida está entornando vinho de novo. Aparentemente sou assim o tempo todo, a mania de esquecer o sofrimento passageiro, repentino, no fundo prazeroso, é meu pior defeito, o mais terrível dos meus desvios de caráter. Assim também sou com amores, há um padrão, de gente e comportamento, minha burrice nunca foi tão óbvia.

[clecias]

Em sua plena melodia, ela deliciava-se inteiramente do timbre que lhe fora dado. Finalmente tomava para si seu próprio toque, teus sons e até mesmo suas covardias, teus fios despenteados ajeitavam-se livremente, pois já não lhe tinha tanta utilidade um espelho, não se importava simplesmente, não por desleixo nem preguiça e sim descasualidade, sua e recém descoberta.

[clecias]

Eu não sei que tipo de buraco é esse que eu cavei

Úmido e morno

Sinto somente meus pulmões pesados

E minha chuva não cessa

E o tempo não me importa

Lá fora não tem sentido

Não sinto mais nada

Eu não quero ser salva