eagoracarol
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E Agora Carol?
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Entre o caos e o café da manhã, escrevo como quem costura sentimentos.Um diário de fragmentos, vinhetas e vazios, onde moda, memória e pertencimento se entrelaçam.Vivo entre um suspiro e uma mala pronta, tentando entender o agora. Tudo o que me atravessa, escorre por aqui.
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eagoracarol · 3 months ago
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Ser, Estar
Essa coisa de sonhar... dói. Essa coisa de querer o que não se tem — confunde. Esse não estar bem — jaz.
Ele, que te procura, talvez goste. Outro, distraído, já se acostumou. O novo, esse sempre bate à porta.
Isso de não saber... bem é. Isso de viver... dói.
Ela insiste — e luta. Eles caminham — e constroem. O mundo se despedaça — e já estava.
A cor que brilha — tem força. A força que falta — ainda existe. A existência da desistência — insiste. A esperança — vive.
Amor pra continuar — renasce. Flor pra germinar — se planta. Adubo pra nutrir — se come. Abelha pra polinizar — adoça.
Lembrete pra não surtar — se pede. Silêncio pra se acalmar — aquece.
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eagoracarol · 3 months ago
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A Força de Seguir
Uma mistura de tanto guardado. Como se algumas lacunas do passado ainda estivessem abertas — feridas sem crosta, ecoando um incômodo estridente que me rasga por dentro. Deixar ir tudo o que não há de suceder. Abrir espaço. Seguir.
Mas o que tanto me prende? Por que dói tanto o que ficou guardado? Será que tudo o que há de ser, realmente precisa ter tanta força?
Quando o passado vem à tona, talvez seja só para lembrar que o presente ainda pede cuidado. Mas... e o dia lindo de hoje? E o milagre de estar viva, conquistando meus próprios sonhos?
Não me diminuir para caber no que foi. Não tentar mudar o que já se consumou. Fechar a gestalt.
Abrir a janela e sentir a força motriz do sol no rosto. Acreditar e realizar — mesmo que, às vezes, haja dificuldade.
Entender que a inconstância é matéria viva em movimento. É construção árdua, e também divina.
Trabalhar duro é crescer. E crescer é uma oportunidade tão digna, que muitos nem percebem.
Insistir. Insistir. Na graça de si mesma.
Porque o resultado, seja qual for, terá valido a pena tanto quanto a caminhada.
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eagoracarol · 3 months ago
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O caminho das águas
Há caminhos que não se percorrem com os pés, mas com o coração inundado — sempre cheio de incertezas. O caminho das águas não tem início nem fim. Ele apenas escorre. É ali que tudo o que escapa de mim encontra abrigo. Lá se vão as lágrimas, os medos, os afetos antigos — tudo levado pela força da correnteza.
Dizem que a água sempre encontra um jeito de passar. Talvez por isso eu siga tentando: me reinvento nos vazios, desvio das pedras, escorro por entre as frestas.
Não paro. Não me separo. E, quando me parto, sou sempre inteira.
Sou a água que nasce da lágrima de uma lembrança ou do pingo de uma chuva. Passo pelas memórias antigas, pelos medos mais ofuscantes do subconsciente — mas também permeio as esperanças.
Eu inundo, eu limpo, eu afogo. Eu jorro. E, afogada em mim, faço florescer certezas e curar feridas.
Fecho os olhos e espero. Aceito. Entrego. Confio.
E começo tudo outra vez.
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eagoracarol · 3 months ago
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A espera do sol que não vem
há dias em que o céu amanhece cinza dentro de mim.
não importa o que dizem as previsões, ou o relógio na parede — o tempo aqui se move em outra frequência. mais lenta. mais densa.
espero por um sol que não chega. espero como quem ferve a água e esquece o fogo aceso. como quem deixa um recado e volta tarde demais.
o sol, esse que prometeram, não veio.
e na ausência dele, visto meus silêncios como casacos, esquento as mãos no bolso da saudade e sento diante da janela esperando que alguma luz, ainda que pálida, me alcance.
mas o que chega é o vento.
um vento que sussurra lembranças que eu não pedi, um frio que não é do corpo mas da alma que ficou suspensa — entre o que não foi dito e o que se perdeu tentando seguir.
ainda assim, espero.
porque esperar também é acreditar.
e talvez o sol nunca venha como antes, talvez ele não aqueça o que eu queria.
mas se vier — mesmo que tímido, mesmo que em um raio só — me encontrará inteira na minha espera.
🌬️ Um poema sobre silêncios, janelas e invernos que moram dentro da gente. Talvez o sol venha. talvez eu seja o sol.
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eagoracarol · 3 months ago
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Ballet
A dança abriga meu corpo em movimento — cheio de contornos, simetrias e fôlegos contidos. Sinto demais, e isso me toca em lugares que ninguém vê, porque há espaços em mim que só o som alcança. Danço como se dançar fosse uma forma de respirar. Como se o movimento fosse a única linguagem capaz de me manter viva. Carrego as memórias como notas suaves — elas moldam o contorno do gesto, e dentro do meu limite, eu desenho liberdade. É inverno lá fora, mas ele chegou primeiro dentro de mim, antes mesmo de encostar nas janelas. E diante dos meus passos, as memórias não pedem licença: elas invadem como o vento que atravessa frestas esquecidas. A cidade continua lá fora, barulhenta, impaciente — e aqui dentro, um silêncio que grita ao ritmo da melodia. Uma valsa lenta me embala, como quem cuida sem pressa. A cura chega assim: devagarinho, quase sem jeito, como quem pede desculpa por ter se atrasado. Mas eu espero. Porque no fundo, sempre esperei. Esperei por algo que não tem nome, por um toque que não machuca, por um silêncio que acolhe. Há dias em que danço por necessidade, como quem precisa se lembrar de que ainda está viva. Outros dias, danço por saudade — de mim mesma, de quem eu fui antes das cicatrizes, antes do frio. O som da música me costura por dentro, onde cada acorde é um fio que tenta manter meus pedaços juntos, mesmo quando a alma racha, porque mesmo quando o espelho devolve uma imagem turva e cansada, eu sei: o movimento me resgata. E entre o passo e a pausa, entre o giro e o chão, descubro que o tempo da dor não é o mesmo tempo da dança. Na dor, tudo pesa. Na dança, tudo flui. E assim sigo: me equilibrando entre abismos internos, me permitindo sentir, mesmo quando dói, me permitindo curar, mesmo quando demora. Porque há beleza no processo, mesmo quando ele não é bonito. E eu sou feita disso: tempestade e coreografia, cratera e flor, vento e pele, vontade de desistir e uma força que insiste em ficar.
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eagoracarol · 3 months ago
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Dentro de mim, uma cratera profunda onde o silêncio grita. Um chá em cima da mesa esfria. Uma carta tão real que não foi entregue. Um quadro estático na parede, onde o desenho de um homem nu me olha profundamente. Despido de todas as regalias humanas, encontro nesse olhar o mais sublime ato de humanidade: a vida crua, cheia de incertezas, sem delicadezas. A alma desse homem pinta cores que ninguém vê, nem ele mesmo, mas através da musculatura exposta é possível sentir cada suspiro e em sua mais pura profundidade, o sinal de vida. A parede ganha vida, a vida ganha cor. A sala não é a mesma pois, quando a solidão aperta, busco abrigo na arte que invento e na verdade, já cheguei a conclusão de que há arte em tudo. Pela janela, avisto o mar e me lembro de que sou feita de tempestades e calmarias, um mar profundo que nunca descansa. Quais espécies de criaturas esse mar que sou abriga? A brisa do mar entra pela janela e bate nas cortinas verdejantes e me lembram de que entre a angústia e a esperança, danço com meus próprios pensamentos e sinto que o procuro não existe, porque o que procuro não tem nome, mas cheguei a um farol na névoa que insiste não dissipar e agora é preciso calma. Calma e serenidade, embora as vezes o vazio seja tão grande que parece preencher tudo ao redor, como o ar em que respiro e o nó na garganta é uma palavra que não encontrei para dizer. Preciso tomar o chá pra cratera transbordar e o nó se desfazer.
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