Text
Eu tentei mil formas de te ter comigo,
perdoei teus vacilos,
acreditei no impossível,
me iludi com migalhas
e sorrisos vazios.
Um dia a ficha caiu.
Percebi que eu estava criando
um alguém que nunca existiu.
Alguém idealizado,
nascido da fumaça
de cada cigarro que você fumava,
um amor platônico,
pleno demais
pra caber em você.
Tudo bem,
a ficha caiu,
arrumei minhas coisas,
dei as costas
e fui embora…
Decepcionado,
não por te perder,
mas por ter amado alguém
que só existia na minha cabeça.
0 notes
Text
amores de fim de noite não se juram amor, se juram pele.
cheiro de cigarro, suor, perfume barato, e a pressa de alguém que não vai dormir ali.
1 note
·
View note
Text
acordei vomitando borboletas mortas
pensando na vida torta
cambaleando de álcool
quase não durmo, olho pro teto, penso demais
tem tempo que não corto o cabelo
tem tempo que não me olho no espelho
tem tempo que me larguei
o cheiro dela ainda mora em mim
feito lembrança suja em roupa de guerra
ela se foi
mas ficou grudada
comprei meu coração no mercado livre
entregaram pela jadlog, mal embalado
veio com dor de brinde
to tomando comarofe, mas nada alivia
peito apertado
ansiedade me espreme nas esquinas da mente
só queria respirar
sem parecer que tô afogando
0 notes
Text
São milhares de anos-luz,
viagens cósmicas em um universo finito.
Em meio a galáxias imensas,
em um planeta azul com bilhões de vidas,
o acaso — ou o destino —
trouxe você até mim.
E no meio de tudo isso,
do infinito ao íntimo,
é um imenso prazer,
um milagre quieto,
dividir essa vida com você.
0 notes
Text
o tempo é um filho da puta
estava rolando o fede no meu Instagram,
meio entediado, meio sem rumo,
quando vi a foto da irmã daquela garota
que um dia me fez sentir vivo.
ela era só uma pirralha.
hoje tá lá, de beca e diploma,
formada, sorrindo,
enquanto eu...
dei risada.
não da foto.
mas do tempo.
desse canalha com cara de avô que
te dá um tapinha nas costas
enquanto enfia a faca pelas costelas.
eu tinha ideias.
planos.
um monte de sonho fresco,
desses que a gente guarda como vinho caro
pra abrir no dia certo.
mas os dias certos nunca vieram.
aos 25,
meus sonhos estão lá
jogados entre boletos vencidos,
chefes que fedem a desespero,
e a conta bancária
que parece cuspir na minha cara.
as tintas secam nas prateleiras.
os quadros morrem inacabados.
o sistema é um buraco cinza
que chupa sua alma e devolve o recibo.
eu sonhei demais.
e isso foi meu erro.
aqui, sonhar é luxo.
é passatempo de milionário.
gente como eu tem que sangrar,
calar a boca
e agradecer pela merda morna que sobrou no prato.
mas às vezes
no meio da podridão,
ainda escapa um sorriso torto —
de quem sabe que perdeu
mas ainda respira.
0 notes
Text
meu próprio sabor
é sobre meu e meus,
de seio pessoal,
de carne!
póem na carneação —
eu sou mordida viva!
vi ela beijando um velho.
me fez Vomitar,
vomitei em silêncio.
entendi,
meu amor
não é pra vagabundas.
me observei demais,
me rasguei demais,
talvez.
eu me sirvo.
me provo.
sou amargo.
sou só meu.
0 notes
Text

Obra: Mariposas art by: Allaska
5 notes
·
View notes
Text
qualquer lugar servia
eu andava meio fodido,
ácido na língua,
um copo quente de catuaba escorrendo no banco de trás da alma.
a rua era um buraco sem fundo,
e no meio da escuridão
um carro parado,
uma garota fumando o fim da madrugada.
ela me olhou sem pressa e disse:
— onde vai?
eu disse:
— não sei. qualquer lugar serve.
entrei.
as estrelas riscavam a estrada como cicatrizes abertas,
a música cuspia promessas de revolução barata,
e a noite parecia infinita.
paramos numa praça fedendo a mijo e esperança,
não muito cheia,
meio morta,
viva o suficiente.
uma menina sem tênis
pintada de qualquer cor que o mundo tivesse esquecido,
rindo, como quem já perdeu tudo e agora ri da própria queda.
linda, louca, suja.
achei que fosse mais uma alucinação,
dei um trago,
não era.
ela me abraçou tão forte
que por um instante
não existiu mais fome, medo ou lembranças.
não lembro dos detalhes.
não precisava.
aquela noite serviu.
0 notes
Text
Espinhas
Nos meus piores dias,
eu decidi ser poeta.
Engraçado —
não pinto quadros,
não componho canções,
não costuro esperança nas roupas,
nem confesso ao psiquiatra.
Nos meus piores dias,
eu apenas decidi ser poeta:
um péssimo poeta,
cheio de desabafos que ouso chamar de poesia.
Nunca fui poeta, na verdade.
Essas merdas são só desabafos,
enquanto espremo espinhas no espelho do banheiro,
tentando espremer a dor também.
0 notes
Text
MARIPOSAS
Tudo que carrego já não cabe no peito,
mariposas presas, ansiosas, desfeitas,
voam cegas na luz dos meus dias,
batem no coração até caírem, exaustas.
Sapos as engolem na lama da noite,
e eu, perdido entre metáforas e medos,
carrego problemas, carrego soluções
que não existem no fundo do copo.
Mais um gole de cevada amarga,
e, por um dia apenas, me deixo estar,
leve, vazio, talvez até feliz —
sinceramente, talvez eu esteja bem.
1 note
·
View note
Text
eu e meu cachorro
é madrugada.
sou eu, meu cachorro,
e esse quarto fodido.
antes dele,
era só eu e o eco da minha cabeça —
ainda é,
mas agora tem quatro patas ouvindo.
ele fica ali, quieto,
ouvindo minhas queixas de bêbado,
meus problemas de homem pequeno
num mundo grande demais.
a cada gole de cerveja quente,
ele me encara como se entendesse tudo.
nunca me julgou.
nunca virou as costas.
só escuta.
às vezes, acho que ele entende.
talvez entenda mais do que qualquer mulher
que veio e foi,
mais do que qualquer amigo que desistiu.
no final da noite,
quando os cigarros se apagam,
as cervejas perdem o frio,
e a solidão volta feito velha conhecida,
só sobra eu,
meu cachorro,
e esse quarto frio pra caralho.
0 notes
Text
Minha mente
minha mente rachou cedo,
nem barba tinha,
e já tava perdido.
hoje vivo na beirada —
álcool, pílulas,
e aquele fio tênue
entre o hospício e o resto do mundo.
às vezes eu percebo:
tô fodido demais da cabeça,
então paro.
dou uns dias de trégua
pra ver se o cérebro volta pro lugar.
mas aí chega o fim de semana —
aí fode tudo de novo.
copo cheio,
nariz ardendo,
e alma vazia.
tem moral? tem final?
porra nenhuma.
só me passa um cigarro,
e deixa o mundo queimar primeiro.
0 notes
Text
sem medo, sem alma
não amo ninguém
e tá tudo certo.
maconha, umas drogas baratas,
coisas que me cabem melhor que pessoas.
às vezes até penso,
mas logo passa.
a cabeça não é um bom lugar pra morar.
famoso por nada,
igual você.
fds.
escolhi errado, eu sei—
mas sigo,
caçando opioides
como quem caça deus num beco escuro.
o coração tá vazio,
mas não dói.
só ecoa.
e você vem com esse amor placebo,
mas eu tô chapado,
tô largado,
e quero mais é que se foda.
te vi no baile,
te quis por instinto.
cargas e cargas,
corpos em transe.
fala menos.
detalhes demais estragam o barato.
no fim,
só eu, um copo de whisky
e o silêncio
que grita mais alto que qualquer amor.
0 notes
Text
ela fumava, e como fumava
hoje me apaixonei por alguém
que vi uma única vez.
claro, não era amor,
era só aquele desejo sujo
que te acerta no meio do peito
como um tiro que nem sangra.
ela tinha o rosto coberto de tatuagens,
olhos fundos de quem briga com o travesseiro
todas as noites
e sempre perde.
fumava cigarro
como quem quer morrer
mas com estilo.
dava pra ver no rosto:
álcool misturado com tarja preta,
provavelmente um corpo cansado
de lutar contra a própria cabeça.
mas linda,
meu deus,
como ela era linda.
com aquela beleza profana,
deturpada,
quase um quadro renascentista
pichado no muro de um bairro fodido.
a mente dela—
um campo de guerra.
o corpo—
um templo em ruínas.
e mesmo assim,
me deu um tesão
tão maldito, tão absurdo,
que meu coração quis bater palmas
com as próprias veias.
é disso que eu gosto.
da beleza visceral.
da verdade estampada na cara.
da destruição com batom borrado
e cheiro de cigarro barato.
e ela nem sabe
que virou poema.
0 notes
Text
fumaça na cabeça
todas essas situações hipotéticas
que eu crio na minha cabeça —
é ansiedade ou criatividade?
foda-se.
tanto faz.
a verdade é que tô sempre
com o coração batendo rápido demais
por coisas que nem aconteceram.
me pego ensaiando conversas,
discussões que nunca existiram,
momentos perfeitos que nunca vão rolar,
tragédias dignas de Oscar
só porque alguém demorou 5 minutos pra responder.
sou um roteirista da desgraça,
um poeta do talvez,
um artista da merda que só existe
na minha cabeça.
chamam de ansiedade.
mas se eu escrever bem o bastante,
talvez chamem de genialidade.
vai saber.
enquanto isso,
acendo outro cigarro,
e continuo escrevendo
coisas que ninguém vai viver,
mas todo mundo sente.
1 note
·
View note
Text
o amor é uma facada que não sabe parar
eu desisti do amor
larguei esse vício
como quem larga a bebida
depois de vomitar sangue num banheiro sujo.
mas não sou um cínico completo,
ainda fico feliz
quando vejo dois idiotas sorrindo
como se tivessem encontrado Deus
num beijo.
eles se tocam, se iluminam,
se conectam como fios nus
pegando fogo um no outro
e eu fico ali,
feito um velho no banco da praça,
fumando meus traumas
assistindo o espetáculo da esperança.
pra mim, o amor sempre foi uma doença—
daquelas que começam com febre
e terminam com você rezando
pra morrer logo.
doía no peito como uma facada lenta,
e a lâmina nunca era limpa.
me destruiu.
me deixou em pedaços.
e mesmo assim
eu sorrio (de lado)
pros que ainda têm coragem
de se jogar nessa merda de novo.
talvez eles sejam loucos,
talvez sejam livres.
e mais ainda
fico feliz pelos raros
que aprenderam
a se amar.
isso sim é milagre.
0 notes