Deleite-me na imensidão da incoerência quando penou sobre mim a insuficiência da coesão.
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Te amei demais
A coisa sobre dar muito de si mesmo, é que esse muito sempre vem vinculado a uma expectativa que jamais será atendida por aquela pessoa a quem aquele muito é direcionado. Então vem a frustração. Você começa a pensar que há algo errado consigo mesmo, começa a achar que os sentimentos não são mútuos, você começa a se sentir exausto, como se aquela relação fosse tudo de ruim e ao mesmo tempo tudo de bom. Você se sente sufocado, não sabe como sair daquilo, porque não sabe se irá doer como o inferno deixar para trás o que construiu com alguém. Você se dedicou tanto àquilo que não quer simplesmente abandonar, porque foi muito esforço. Mas ao mesmo tempo se sente exaurido. Não se sente feliz, tão pouco contente com o que está acontecendo. Você quer mais, você almeja mais e fica ali, esperando que aquele alguém totalmente errado te dê esse mais. Ele não dá, porque esse mais não cabe no que ele considera ser muito. Esse mais o sufocaria, o aniquilaria, e você aceita a miséria, a quinquilharia, porque acha que deve aceitar aquela pessoa da forma que ela é. Na verdade você assassina sua alma, você molda ela para que ela se conforme com as expectativas frustradas, você se perde em seu próprio interior e se extingue com o pouco que recebe. Você espera. Apenas isso: espera, numa falsa ilusão de que aquilo irá mudar. E estou esperando, esperando que me ame com as palavras que jamais me disse, com a atenção que jamais me deu. Esperando que me priorize, como se tudo em você precisasse de tudo em mim, porque tudo o que eu sou almeja o que você é. E prossigo na espera que me veja, como lhe vejo, com todos os clichês em seus olhos. Sequer temos aquela intimidade que almejamos ter, porque há tantos receios que nos afogam. Falo por você, porque lhe falta sentenças. E me diz que valoriza as atitudes, mas permaneço no mar de esquecimento ao qual me condenou. Não lhe tenho nos meus dias para compartilhar ideias e quando o faço, logo você entra com as tuas, silenciando as minhas. Então reclama que pouco falo, mas por que irei falar muito para quem não possui um milésimo para me ouvir? E você sequer me conhece. Personifiquei um personagem apenas para lhe agradar e hoje vivo com medo de me expressar, medo que deixe de me amar quando me ver por baixo dos panos. E me ama? Porque se me ama, não me sinto amado. A coisa sobre dar muito de si mesmo, é que esse muito sempre vem vinculado a uma expectativa que jamais será atendida por aquela pessoa a quem aquele muito é direcionado.
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A madrugada carrega a desgraça do homem
Era esse o seu pensamento, às 4h32min, enquanto se debruçava sobre a sua escrivaninha, derrotado pela sua própria mente conturbada. Não tocava a ponta da caneta no papel há meses e se apenava por aquilo. Estava imbuído no desprezo e negação, pois tinha em mente que no segundo em que externasse o caos que assolava os fragmentos remotos do que restava da sua alma, se deixaria abater pela angústia que apenas um coração que conhecera a paixão poderia carregar. Assim, cedia ao álcool disposto em sua geladeira, em busca de um consolo inexistente.
Ele se perguntava a todo instante qual era a origem daquela irritante incapacidade de elaborar algum dos seus textos que antigamente costumavam a transbordar, como a sua percepção dos seus arredores. Embora soubesse da resposta, prosseguia a ignorá-la. Cavava até o fundo da sua essência, apenas para esquecer lá, os motivos que tanto o atormentavam. E em seu âmago deixava, abandonado como ele mesmo, o amor que um dia experimentou.
Não compreendia as razões daquele vazio interno, que o corroía como ratos em desespero. Sentia o mundo pesar em suas costas e tentava entender, com tudo de si, como podia alguém sucumbir tanto em pouco tempo. Julgava-se patético, por temer até mesmo as linhas que deveria preencher com a sua escrita. Se sentia acovardado, incapaz de proferir que naquele momento vivia na ausência da que lhe era tudo.
Lembrava-se das risadas altas, as que incomodavam quem estivesse no mesmo cômodo, mas que preenchiam o seu eu do mais puro prazer que poderia ser vivenciado. Recordava-se do peito que explodia, do sangue em ebulição, percorrendo as suas veias e esquentando até os ossos. Memorava a maneira extasiante em que inflamava como o inferno, quando os dedos delicados da que lhe apresentara o caminho da perdição proveitosa, tocava-lhe o cenho. E permitia-se viajar por aquelas memórias, naquele segundo, tão distantes, apenas para afastá-las outra vez, quando a dor se tornava latente e a realidade o estapeava, ao olhar novamente para a cama bagunçada e notar consternado, a carência do corpo despido daquela que lhe havia conquistado.
Acontece que a felicidade de muitos possui nome e endereço e com ele não era diferente. A sua plenitude possuía aquilo tudo e algo a mais. Possuía uma língua afiada e um senso de humor de causar inveja nos mais diversos comediantes, dispunha de uma voz desafinada, a que cantava as variadas músicas que estranhamente ele apreciava, como também contava com a presença indispensável da complexidade que a sua personificação da felicidade carregava consigo. E a caneta não tocava o papel há meses.
Assumindo o seu fracasso, rabiscou as palavras e então você – as que usava para falar daquela que um dia preenchera as suas páginas infinitas, dando sentido para as suas frases desconexas – e concluiu que a madrugada era a desgraça do homem, mas que a mulher que portava o universo em seu olhar era a fatalidade da alma.
Frederik.
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