fadingessence

[fadingessence]

Nesse bairro de amor, de ruas e esquinas,

Construímos a história de duas almas divinas,

Somos opostos, é fato, mas complementares,

E juntos, nossas vidas se tornaram singulares.

Você, rua de baixo, tranquila e encantadora,

Com casas coloridas, uma cena sedutora,

Mistérios em cada canto, bons momentos vividos,

Convivência harmoniosa, corações aquecidos.

Eu, rua de cima, um tanto barulhenta,

Brigas e confusões, mas também acolhimento à tona,

Extravagante, esquisita, peculiar na aparência,

Mas com o coração aberto, cheio de crença.

Nossos encontros são as esquinas, lugar sagrado,

Abraços e carinhos, sorrisos compartilhados,

A esperança me visita quando passo por seu portão,

Que seu sorriso doce retorne, iluminando a paixão.

Mas a esquina agora está esburacada e ferida,

Assim como nosso caminho, cheio de vida,

Ainda aguardo o dia em que ela se reerguerá,

Para que nossas ruas se encontrem, sem hesitar.

Que as falhas no asfalto sejam superadas,

E as marcas do tempo, enfim, apagadas,

Que a beleza do nosso amor se renove,

E que essa esquina especial novamente nos comove.

[fadingessence]

Ah, como anseio ser como as nuvens,

Nunca repetindo um formato,

Navegando pelos céus sem ser notada.

Suspiro por ser como as lagartas,

Vivendo uma vida tranquila, entre folhas verdes,

Caminhando em direção a um destino único,

Repousando e emergindo como borboleta,

Asas belas, vida efêmera e liberdade plena para voar,

Sentir o aroma das flores encantadoras.

Ah, como desejaria ser como as abelhas,

Servindo a todos com utilidade,

Beijando flores exuberantes,

Levando mensagens de amor entre si,

E no final, partir para proteger os meus semelhantes.

Seria sublime ser um gato doméstico,

Vida simples e despreocupada,

Vivendo de carícias e laços afetuosos,

Aconchegado, dormindo ao lado daquele a quem mais amo.

Ah, se pudesse ser um político,

Aproveitando a companhia de belas mulheres,

Desfrutando da fortuna dos menos afortunados,

Sem preocupações com o amanhã.

Sonharia em ser uma herdeira,

Saindo com amigas, em meio a risadas,

Desfrutando da alta costura,

Enfeitando-me de um propósito de vida fictício.

Mas o universo não me agraciou com nada disso,

Restou-me apenas sofrimento e ansiedade,

Um tormento que corrói minha alma.

A mim, sobrou apenas desastre, angústia, pobreza e trivialidades mesquinhas.

Fui relegada a um mundo ordinário e cinzento,

Repleto de realidade triste e muitas vezes desprovido de esperança.

[fadingessence]

Se me pedissem para retratar minha existência, eu me compararia às últimas palavras de uma estrela cadente, numa melancolia silenciosa.

Uma estrela nasceu para morrer,

Beleza efêmera, destino sombrio: desaparecer diante de todos,

Deixando apenas um rastro insignificante de luz, prestes a se dissipar.

Muitos enxergam poesia nesse fato,

Mas há tristeza velada,

Afinal, ela já está morta há anos, então por que ainda a contemplamos?

Em suas últimas palavras, ela sussurra um clamor, pedindo socorro,

Seu brilho se desvanece, mas todos optam por ignorar,

Em um mundo de cegos que se recusam a ver.

[fadingessence]

Na imensidão do meu ser, a dor pulsa,

Um cérebro mesquinho, um silêncio enraizado,

Sentimentos tortuosos, palavras silenciadas,

Nada extraio, apenas o peso do mundo.

Anseio por uma cidade desconhecida,

Onde meus passos se perderiam no andar,

Ali, num gesto aflito encontraria: a partida, o fim de uma vida lastimosa.

Ninguém saberia, minha essência a vagar esvaziaria.

Nenhum lamento ressoaria, nenhuma lágrima cairia,

Uma vida declarada boa, completa ilusão passageira,

Estar morta, silenciosa melancolia,

Ignorada pelos olhares, me entregaria a ausência definitiva do meu ser.

A partir deste momento, ninguém mais se importaria,

Solidão é meu destino, inegável fato,

A vida, um tormento, pesar que não culminaria,

Frágil sou, sobreviver parece-me um fardo.

Possuo alma igual aos semelhantes, em corpo distante,

Fraca chama da esperança, vem a se apagar,

Beleza, um conceito impossível e distorcido,

Um quebra-cabeças sem peças para encaixar.

O que esperar deste mundo tão frio?

Que caminhos trilhar, que escolhas fazer?

Sozinha e infeliz, assim irei morrer,

Uma alma solitária, num mar de desafio,

Onde os sonhos fluem a um só destino: sucumbir a ignorância do sistema.

[fadingessence]

Rogo ao universo, suplico ao senhor divino,

Ajoelhado, imploro à força transcendente que governa nós, meros mortais:

Retira-me desta vida, deste mundo cruel.

Fecha a torneira de meus olhos, não suporto o preço destas lágrimas.

Desate o nó em minha garganta, pois não posso adquirir uma nova, conserta-a, não posso recomeçar.

Não há retorno nesta senda, apenas observe a paisagem e sorria para aqueles que desejam ver, não pense no destino, desconhecido é o caminho que trilho, continue e sorria.

Ó ser divino, pequei grandemente perante tua presença, mas tenha piedade, pelo menos desta vez, concede-me o que anseio.

Tudo é dor, eu sei que toda dor é minha culpa, porém, prometo aprimorar-me, aqui estive antes, fazendo a mesma promessa inúmeras vezes, mas desta vez, juro que tentarei.

A tudo dói.

A dor é minha companheira eterna.

Creio que eu devesse cessar de existir, a dor talvez se vá com meu ser.