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𝑑𝑟𝑜𝑤𝑛𝑒𝑑 𝑒𝑎𝑟𝑡ℎ
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fromodins · 1 month ago
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Conseguiu rir verdadeiramente com o comentário. Achava mesmo que ela poderia ser uma ameaça a alta sociedade das damas, tendo sido um péssimo exemplo para Igraine durante toda a sua vida. Quando a princesa queria fazer algo que desafiava o ápice da nobreza, Freyja era a primeira a não só apoiar, mas ajudar. “Tem razão. Já fiquei sutilmente banida do palácio pela imperatriz quando arrastei a princesa para um caminho não muito convencional… Todas, apesar de achar que sou jurada de morte por uma delas.” Apesar da graça, sentia um pouco de pesar em mencionar a amizade enterrada que nunca teve a chance de se explicar. De qualquer forma, não deixava de ser vista como um problema e também não se incomodava tanto com isso. Estava contente e satisfeita em poder fazer e ser quem queria, e parte daquilo era dívida com Tadhg, que a tinha libertado de seu pior pesadelo. Fora pago, sim, mas ainda tinha feito o serviço sujo em seu nome. “Tenho acreditado nisso cada vez mais. Agora estou fazendo aulas particulares com uma changeling. Só sinto dor e não vejo os músculos crescerem. Deve demorar um pouco.” Sacudiu os braços por baixo do vestido, sentindo um ardor leve com o movimento pelo último treino com Melian. O compartilhar pessoal dele fez com que Freyja levantasse os olhos, um tanto curiosa para saber mais sobre. Mordeu o lábio para evitar disparar as perguntas indiscretas: como os changelings aceitavam? Como era compartilhar com os demais? Apesar de tudo, sentiu-se acolhida pela revelação. “Seu namorado não vai precisar competir por alguém que o assume em voz alta, hm?” Brincou com a sorte invertida, mal imaginando que Tadhg se referia a um de seus amigos mais próximos. O queixo de Freyja iria ao chão quando descobrisse que o amado se tratava de Vincent. Seguiu o rapaz até o brinquedo e escolheu um dragão ao lado do dele, de cor oposta, um dourado gasto pelo tempo e sem metade do brilho que provavelmente tinha em primeira mão. Sentou-se de lado como as damas geralmente faziam em cavalos, cruzando os tornozelos. “Não é exatamente um segredo.” Se agarrou na barra de ferro antes de baixar o olhar, sentindo-se envergonhada pelo que diria a seguir. “Procurei muito por você no casamento e mencionei para algumas pessoas que gostaria de alguns serviços seus. Não sei se isso pode ter contribuído com o que fizeram com você.” Mencionar a prisão em voz alta parecia errado e inconveniente, e ele entenderia bem qual era o ponto. “Pensei que estivesse zangado. Mandei uma cesta de guloseimas através de Ethel e, quando não tive resposta, pensei no pior.” Os pés balançavam inquietos e ela finalmente teve coragem de olhá-lo com um sorriso tímido. “É bom vê-lo inteiro. Em um carrossel de dragões, com um namorado ciumento e ainda me achando uma khajol imprudente. A nobreza pode ser ruim, mas gostaria de deixá-lo sabendo que tem uma amiga entre nós... Se precisar, ou quiser.”
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Sua interpretação da situação de Freyja parecia diferente da dela. Para Tadhg, acorrentá-la a um homem asqueroso como Jacquemus não era uma tentativa de expulsão, e sim de mantê-la acorrentada à alta sociedade para sempre, na posição submissa que lhe cabia. Agora que aquele obstáculo em particular tinha sido removido, a escolha estava nas mãos dela. ── Talvez seja por medo da sua influência nas demais damas. ── Invés de a contrariar, optou por dar corda às suas teorias, afinal o problema era dela. Já a tinha visto usando calças certa vez, e seria uma escândalo se a moda pegasse entre a nobreza. Sua hipótese fazia especial sentido no contexto da revelação de suas preferências, e Tadhg foi pego de surpresa pela noção de que a mulher se sentia confortável o suficiente para revelar segredos em sua presença. Não era um comportamento habitual entre os khajols e, não fosse a dívida de sangue que ela agora tinha consigo, teria desconfiado das intenções. ── Você realmente nasceu do lado errado. ── Comentou em resposta, porque o que seria um escândalo na corte era apenas mais uma terça-feira entre os changelings. Uma ideia o ocorreu então, e decidiu testá-la em voz alta pela primeira vez. ── Ao menos a notícia é boa. Meu namorado odiaria ter competição. ── Aquele título era pequeno comparado ao de príncipe, e sequer tinha sido acordado com o homem em questão, mas parecia apenas correto dar um nome aos bois depois de terem trocado as três palavras que melhor definiam o que significavam um para o outro. Quando sua vez na fila chegou, a conduziu até o segundo andar do carrossel, onde olhou ao redor buscando pelo dragão com a coloração mais parecida com a de Buruk. Um marrom sem-graça era o mais próximo que tinham, e nele se acomodou antes de voltar-se para ela novamente. ── Não pode me culpar, a maioria dos khajols seria estúpida o suficiente para andar por aqui com a bolsa cheia de ouro. ── Sua pergunta estava fundamentada não em uma burrice individual, mas em uma de classe. ── Sobre quais segredos você quer conversar? ── Deu voz à curiosidade por fim, se aproveitando do fato de que estavam a sós por ora.
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fromodins · 1 month ago
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Era difícil manter a discrição quando Ashla estava tão próxima. Poderia passar horas só olhando para a mulher e para os traços bem definidos, perfeitos demais para que ela duvidasse que Ashla fosse mesmo real. A pior parte era o constrangimento em ser vista como uma aluna que sequer era de sua classe e que a seguia com os olhos mesmo assim. Àquela altura, tinha certeza de que a changeling já tinha notado sua falta de modos, o que nunca fora o forte de Freyja. Quando ela chamou por seu nome, quase paralisou em tensão, mas conseguiu rir de forma mais nervosa que o habitual. “Senhorita Ashla!” Respondeu antes de colocar os cabelos atrás da orelha mais de uma vez. “Não poderia estar melhor. Sempre fui fã do circo.” Não era mentira, entretanto, ficava empolgada com qualquer coisa que gritasse folia. Era fácil demais para aquelas atividades. “Meu futuro?” Ergueu as sobrancelhas. Tinha passado tanto tempo de olho em Ashla que sequer percebeu a Tenda do Futuro diante de si. Negou veemente com a cabeça. “Não dessa vez. Já foi um pouco difícil me livrar do meu passado. Acho que posso lidar com surpresas dessa vez.” Riu sem graça, abraçando o próprio corpo. “E você? Vai tirar as cartas com a Madame?”
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starter fechado @fromodins
Observava a tenda da Madame Madge e não conseguia negar que aquilo lhe atraia a atenção mesmo não querendo. Parecia ridículo pensar que alguém conseguiria ver seu futuro e estava trabalhando num circo, sendo paga minimamente por isso. É óbvio que não estava desvalorizando o trabalho da mulher, mas estava cética. Claro que não deveria ser tão cética já que seu mundo contava com magia, dragões, deuses e monstros, então conseguir ver o futuro era até que razoável. Mas esse tipo de poder era raro, e sem falar que não acreditava que o destino já estava escrito, o destino era feito de várias escolhas, e qualquer coisinha que fizesse, poderia mudar o que aconteceria. Contudo, ela estava curiosa. Adoraria saber sobre seu futuro, sobre perigos que conseguiria evitar sabendo previamente, ou pelo menos uma certeza que tudo que fez até agora valeria a pena. Divagava sobre isso quando sentiu uma aproximação, virou o rosto com cuidado, pronta para lidar com qualquer problema que aquela pessoa traria, quando viu quem era “Freyja!” a cumprimentou “Como está?” Indicou a tenda com a cabeça, tentando não deixar óbvio que ponderava tanto sobre o futuro “Curiosa sobre seu destino?”
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fromodins · 1 month ago
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Comprimiu os lábios em uma tentativa de segurar o riso. Reclamar poderia ser uma tática, mas fazia parte de Melian e de sua natureza. Tivera tempo para conhecê-la melhor e sabia o quão marrenta era, cheia de autoridade e segurança, perturbando o juízo de qualquer pessoa que tentasse tirá-la do sério. Freyja mesmo era um exemplo de vítima, e agora que entendia e sabia como lidar, não se sentia mais intimidada. “Isso você não me ensinou nas aulas.” Deu de ombros com um sorriso discreto, não muito animada em irritá-la de verdade e optando por assistir ao jogo sabendo que a veria ter um ótimo resultado. Por pouco não sairiam dali cheias de dinheiro. Melian tinha uma habilidade excepcional, de forma que os músculos dos braços ficaram mais expostos conforme se atirou na brincadeira, algo que Freyja sequer podia comparar com os próprios. Tinha ganhado um pouco de massa magra, mas precisava ralar para chegar próximo do porte atlético da loira que era admirável, o que significava que ela não podia encarar muito. Sua dificuldade com limites era grande. Bateu palmas, fazendo com que os outros a acompanhasse, enquanto ela disparava a acidez contra os homens que mereciam ouvir coisa pior. “Brilhante!” Elogiou, os olhos faiscando de orgulho de sua tutora particular. “Devia ter ido primeiro, então. Vão devolver o frangotes em um instante.” Riu um pouco nervosa, tomando seu lugar para bater contra o alvo do martelo e sentindo a tensão descarregar pelo corpo conforme atingia a superfície rígida com o lado chato do martelo. Esperava que fosse um choque de adrenalina, mas o efeito foi o contrário. Ficou bastante distante da altura de Melian, quase na metade do alvo, e o que fez foi rir. Esperava algo muito pior. “Não sirvo para isso. Vou precisar de aulas dobradas se quiser ganhar decentemente.” Dramatizou ainda aos risos, anotando o próprio nome no caderno de pontuações que os responsáveis pelo jogo tinham. “Vou torcer para que você seja imbatível, e quando ganhar seu prêmio, vai poder me pagar uma bebida e três pães recheados.”
Melian apenas suspirou dando de ombros com o comentário, como se não ligasse. Apesar de seu interesse em descobrir mais sobre o Deus que havia a escolhido, ainda era tudo muito novo. Não entendia muito bem o porque justo ela estava naquela situação, e não queria ser dramática e dizer que era o fim do mundo, mas estava longe de ser uma dádiva. Estar divida entre dois mundos, o que havia sido criada e o que estava sendo inserida - contra a própria vontade - era tanto desesperador. Entendia por que os cochichos de que era apenas uma vendida se espalhavam, apesar de no fundo se magoar com eles. Estava sendo vista mais rodeada de Khajols a cada dia, ela mesma não se reconheceria alguns anos atrás. Dizia para si mesma que eram apenas exceções e que a maioria deles ou eram diferentes ou apenas seriam úteis - mentiras que ela mesma não acreditava. "Reclamar é parte do plano, se seu inimigo estiver aborrecido o suficiente a luta é mais fácil." Brincou e usou a destra para empurrar Freya de leve, sem realmente a fazer perder o equilíbrio. "Gosto assim, quando meus aprendizes sabem que é o mestre." A medida que se aproximavam Melian parecia mais animada, os homens ao redor desfiados continuavam olhando com curiosidade. A loira teve seu tempo para apenas os encarar com um olhar desafiador, quase que dizendo que era melhor que todos eles. Atendendo ao pedido da morena se adiantou pegando o martelo, ouviu algumas gargalhadas e apenas sorriu. Analisando um pouco o local onde estava indicador de bater, percebeu o lado menos gasto e qual estava mais baixo. Era um truque, óbvio que era. Ergueu o martelo e usou o próprio embalo do corpo para o arremessar para frente deslocando um pouco para a direita. O peso subiu alto, não o suficiente para que ganhasse, mas podia dizer que foi perto. "Aprenderam frangotes?" Vociferou para a pequena plateia e voltou para Freya. "Deixei a vitória para você."
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fromodins · 1 month ago
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Precisou tatear o próprio corpo para ter certeza de que estava inteira. Em sua vasta experiência, tinha um temor quase bobo, o de destrinchar durante uma passagem. Tinha lido vários relatos quando era criança e por isso a memória ruim tinha alfinetado sua mente, e só quando garantiu que os braços ainda estavam pendurados no corpo conseguiu relaxar um pouco, quase nada perto da tensão que ainda a consumia. Ter Sigrid ali era uma segurança e tanto, mas conseguia ver em seus olhos o quão impressionada estava. “Acho que estou, dentro do possível.” Reclamou, ainda incrédula que tinham chegado àquele lugar. Olhando ao redor, pôde inspirar fundo, e nenhum cheiro invadiu suas narinas. Não veio cheiro de maresia, nem das plantas ou da relva úmida. Na verdade, a grama sequer parecia ter alguma textura. Pisou na mesma algumas vezes, quase não ouvindo o farfalhar dos pés amassando o mato. As árvores ao redor eram tão bonitas que pareciam ser esculturas coloridas, e ainda assim, surreais demais para serem algo normal. Os olhos buscaram o céu, por fim, e o brilho amarelado não ardeu os olhos e tampouco fez com que o rosto se aquecesse. Já tinha visitado aquele lugar uma vez, tinha certeza, mas não em carne e osso. “Seus palpites geralmente não estar errados, Sigrid. Acha que estamos lá… Aqui? Na dimensão deles?” Virou o rosto para amiga, sem saber ao certo como agir.
Estar ali era um pouco preocupante para Freyja que tinha seus próprios defeitos com os deuses. Podia sentir a magia, mas era como se ela estivesse turbulenta e errônea, não pertencente a seu sangue. “Não tem aroma algum, não é? As flores do jardim imperial quase me deixam tonta logo de cara.” Franziu o cenho quando ela colocou a flor nas narinas, já sabendo qual era a resposta. O que deveriam esperar? Que algum deus aparecesse? E, o pior, como voltariam? Geralmente, aquela passagem era feita com a pira em um ritual meticulosamente cuidado e planejado, com os deuses cientes de suas presenças. Forasteiras poderiam irritá-los. Outra onda de pensamentos invadiu a mente de Freyja. “Isso é um sinal.” Murmurou. “Primeiro, Thor hospeda uma changeling sem qualquer ritual. Agora, estamos aqui. Não precisamos de mais para nos conectarmos com os deuses.” Concluiu rapidamente, e logo se encheu de uma esperança que mais falava sobre a amiga do que sobre ela. Poderia ser a chave para o problema de Sigrid! Ela ainda poderia receber um deus sem passar por processos demorados e que só aconteciam anualmente, só não sabia como poderiam fazê-lo. “Sigrid, acho que é mais que um sinal. Nem tudo se perdeu! Se você conseguiu vir até aqui, ainda está ligada aos deuses. Precisa mostrar sua presença.”
Freya parecia como uma outra metade sua. Bem, sabia que ela era a metade de Eirik, mas constantemente gostava de reivindicá-la para si também em sua mente. Pareciam seguir passos semelhantes pelo local, com as mesmas dúvidas enquanto andavam. Queria dizer que adoraria a companhia de mil Freyja também, mas o sol captava toda a atenção enquanto inclinava a cabeça e observava a amiga com curiosidade. Não esperava que a outra fosse tocar de fato, tampouco que fosse ser puxada em um segundo rápido demais, sequer tendo tempo para gritar. O pouco de comida e álcool pareceu revirar no estômago, mas Sigrid conseguiu segurar bem quando caiu com tudo na cama. Por um momento pensou que tivesse atravessado algum tipo de fundo falso do espelho, mas a luz do sol atingiu os olhos e ela colocou a mão sobre o rosto para tapar a claridade. "Estou aqui." Conseguiu murmurar para Freyja enquanto se levantava, felizmente em dor alguma, dando rapidamente dois passos em direção a ela para ajudá-la a se levantar. Enquanto estendia as mãos, o olhar rapidamente percorreu ao redor e Sigrid sentiu-se perder o fôlego. Lindo. Campos de flores coloridas e infinitas se estendiam de um lado, enquanto montanhas verdes erguiam-se do outro lado. Ao longe, era capaz de ver o azul do oceano. Tudo perfeito. No entanto, meio desbotado. E o sol não aquecia a pele, como costumava fazer. Assim que puxou Freyja, deu mais uma olhada ao redor, respirando fundo. Nada. Não tinha cheiro de nada também. Nem de flores ou mar. Sigrid enrrugou as sobrancelhas, confusa.
"Atravessamos um portal." Ela constatou o óbvio, embora não conseguisse entender porque um portal estava no circo e como tinham sido sugadas. Um artefato mágico do tipo deveria mesmo estar em Hexwood. "Você está bem?" Indagou para Freyja antes de fazer qualquer outra coisa, aproximando-se dela com o arrependimento de não ter perguntado antes. "Não tenho certeza de onde estamos." Os olhos não pareciam alcançar o fim da paisagem e Sigrid tocou uma flor próxima. Não era macia, tampouco dura. Era nada, apenas. Como tocar o próprio ar, como se não existisse. Arrancou a flor delicadamente do caule, levando-a até o nariz. Nada também. "Tenho um palpite, mas quero ouvir de você primeiro." Pelo que tinha estudado durante os anos de formação khajol, parecia a dimensão dos deuses — o lugar onde não havia muita cor, sabor, cheiro ou qualquer coisa decente. A morada dos deuses, mas o lugar de onde eles costumavam escapar também. A razão pela qual hospedavam humanos. Sigrid pensou que se morasse em um lugar como aquele, também iria querer abandoná-lo. Bonito, mas... sem graça. A dimensão humana poderia ser caótica, mas era melhor do que todas as outras que já tinha visitado.
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fromodins · 1 month ago
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Freyja tentava adivinhar o sabor das balas que vinham em um pequeno saco quando recebeu a pancada contra o ombro, fazendo com que parte delas fosse ao chão. O tumulto ao redor era tanto que sequer pôde entender exatamente o que aconteceu, dando mais atenção à mulher que a segurava pelos braços e pedia socorro com os olhos e com a boca. Deu uma espiada por cima do ombro que latejava com a pancada, sem incomodá-la de verdade. Já tinha passado por dores piores e aquela sequer era uma de categoria alta. Avistou o palhaço ao longe, atazanando as pessoas ao redor e provavelmente procurando pela jovem à sua frente. “Hmm…” Começou, terminando de mastigar a bala que ainda tinha na boca quando foi atingida, dando de ombros rapidamente. “Você me deve um saco de balas.” Apesar da brincadeira enviesada de bronca, passou o braço pelos ombros da outra e a guiou para longe da multidão, forçando-a a andar consigo pelas pessoas. “Não se preocupe com meu ombro, já sofreu coisa pior. Uma vez acabei caindo por cima dele, direto de um mastro dos barcos de meu pai. Ele bem que avisou que eu cairia.” Riu com certo divertimento, a memória de ter ficado com uma tala pendurada no pescoço agora sendo um tanto afetiva. Tinha sido mimada por dias por sua condição de saúde.
Quando finalmente estava distantes do palhaço, ou o suficiente para que ele tivesse feito uma nova vítima, se afastou dela para olhá-la melhor. Não a conhecia e tinha certeza de que era uma changeling, tendo a visto pelos corredores de Hexwood após a fusão de institutos vez ou outra. “Você tem muito medo de palhaços ou medo da atenção? Confesso que teria medo dos dois.” Tentou fazê-la se sentir um pouco melhor, o pesar de ter visto o pavor em seu olhar fazendo o coração de Freyja amolecer um pouco. “É melhor não passar por perto das atrações externas. Eles sempre querem pegar alguém para fazer graça, e os jogos são mais divertidos. Já passou no tiro ao alvo de patinhos? Ouvi dizer que têm várias pelúcias enormes.” A conversa era apenas uma maneira de distraí-la, tentando melhorar o clima. Se estivesse no lugar dela, gostaria que alguém fizesse o mesmo, e como tinha estado praticamente sozinha em seus últimos dramas, salvo por Sigrid e Eirik, não desejava o mesmo para ninguém. Estendeu o que sobrava das balas a ela com um sorriso tímido, apreciando um pouco mais o rosto da changeling. “Coma um pouco, açúcar faz bem para desfazer os nós de tensão. Você não me disse o seu nome, aliás.”
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🎭 Entre as tendas
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A mão apontada em sua direção a deixou sem palavras e Clara engoliu em seco, olhando em volta. Ela esperava que o artista circense estivesse se dirigindo a outra pessoa, mas os olhares fixos do resto da multidão reunida indicavam que o palhaço estava esperando exatamente por ela. A jovem curandeira piscou lentamente, percebendo a situação em que se encontrava, e no momento seguinte se abaixou bruscamente, usando o público como cobertura, e começou a andar curvada para a frente. Era assim que as pessoas começavam a ter medo daqueles com grandes narizes vermelhos! Seu coração batia como o de um pássaro assustado, mas a curandeira se recusava a voltar para participar de algum número. Isso era muito mais assustador e vergonhoso do que sua fuga covarde, que os espectadores embriagados esqueceriam na manhã seguinte. Na ponta da língua estava a palavra „socorro”, que iria sair com uma voz rouca de seus lábios, mas a jovem conseguiu de alguma forma permanecer em silêncio enquanto corria por uma das passarelas, evitando os outros convidados do carnaval. Ela ouviu alguém rir e decidiu que seu pesadelo a estava seguindo, querendo levá-la de volta à tenda para que ela o ajudasse com o número.
O ombro de Clara bateu no de uma bela mulher de cabelos escuros, mas, devido à adrenalina da tensão, ela não conseguiu pedir desculpas normalmente. Ela continuou em frente, procurando um lugar para se esconder, e, em um instante, teve uma ideia que a fez voltar para a mulher que havia esbarrado um momento antes. Ela a segurou pelo braço, virando as duas de costas para o caminho atrás delas, e então sussurrou ofegante:
„Desculpe-me, mas você poderia me ajudar por alguns minutos? Preciso ficar em algum lugar para fugir de um palhaço chato.”
A morena poderia ter agido com maturidade, recusando firmemente, mas sua timidez lhe pregou uma peça, transformando-a em uma fugitiva ridícula. A jovem Erlithar não nasceu para ser o centro das atenções e isso era evidente pelo pânico que a dominava. Agora, ela colocou a mão no peito para se acalmar e recuperar o fôlego. No momento seguinte, virou-se para a mulher ao seu lado e olhou para ela com preocupação.
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„Doeu muito quando eu te bati? Quer que eu examine seu ombro? Não tenho nenhum remédio à mão, mas podemos colocar algo frio. Sinto muito. Sinto muito mesmo!”
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fromodins · 2 months ago
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Freyja não tinha certeza se estavam falando da mesma coisa e se Sigrid só estava empolgada com a possibilidade de visitar o local para ter alguma pista. Qualquer que fosse a situação, ela estaria junto da amiga, mas podia sentir no ar a magia pura. Achava que ela tinha perdido aquele toque já que Rá tinha levado a magia consigo e não tocaria no assunto por temer chateá-la. Tinha se passado um tempo desde tudo, e ainda assim, Freyja tinha a noção límpida de como tudo era tão importante para a outra. Não queria deixá-la desconfortável. “Também ouvi algo parecido. Portais e coisas do tipo, não é? Nunca vi na prática, já que Hexwood tem mais mármore que qualquer outra coisa.” Franziu o nariz levemente para a assimilação da academia. Pensando nela agora, percebia que tinham muitos véus para explorar os poderes e que outros ainda pareciam escondidos e esquecidos, como se não devessem ser tocados pelos khajols. Seguiu o toque dela no espelho, na esperança de que pudesse acessar algum outro lugar enquanto se multiplicava junto a ela. “Eu teria fácil mil Sigrids ao meu lado, mas mil Freyjas… Esse labirinto é um jogo mental.” Reclamou com um ar dramático, pensando que talvez só fosse mesmo aquilo: uma atração para divertir e confundir sem nada tão sério para ser explorado.
Concordou com ela apertando os lábios, sentindo um leve arrepio quando a ouviu perguntar sobre o barulho. Da última vez que Sigrid falou de barulhos, perseguiram animais pequenos pela floresta até serem mães de um pássaro por dias. O correr da água era claro em seus ouvidos, o líquido parecendo fluir sem nenhuma obstrução no caminho. “Estou.” Confirmou baixinho, tentando olhar pelas frestas dos espelhos para desvendar algum outro truque, sem sucesso. “Onde vai?” Apressou o passo para segui-la antes que a perdesse de vista, sabendo que ficaria desesperada e temendo ter uma de suas crises sozinha naquele lugar. Quase bateu o peito contra as costas de Sigrid quando ela parou diante de um espelho, vendo o rio parecia se materializar contra o reflexo delas. “Não faço ideia. Pode ser.” Ergueu o rosto para enxergar melhor, conseguindo sentir a magia puxando-as mais ainda. “Também está sentindo isso?” Antes mesmo de Sigrid chamá-la para tocar, Freyja estava levantando os dedos, atraída para o espelho como se fossem ímãs. “Muita coisa que deveria estar em Hexwood não está, então…” Deu de ombros, dando um passo para frente e mergulhando os dedos contra o espelho. Antes que pudesse recuar, Freyja foi puxada por uma força maior que queria engoli-la. “Espera!” Tentou falar com a força como se fosse ter alguma utilidade, e só teve tempo de olhar para Sigrid e agarrar em sua mão na esperança de que ela a puxasse de volta para não ser engolida, mas era tarde demais. Tinha caído de joelhos em uma grama que não era fofa, nem seca, nem cheirosa… Onde é que estavam? “Sigrid?” Levantou o olhar, o desespero começando a sufocá-la por achar que tinha caído sozinha.
Estava curiosa com a tal sala dos espelhos, portanto parecia uma ideia interessante visitar o local. Era sempre ávida por aventuras e descobertas. E a ideia de visitar com Freyja era melhor ainda. A amiga era a companhia perfeita, então não hesitava em convidá-la para algo do tipo. "Esse lugar já dá mesmo a sensação de bebida." Não que fosse grande expert, mas tomava um ou outro copo e conhecia a sensação do corpo quente e confuso. Encarou o primeiro espelho da frente, virando um pouco para conferir o caimento do vestido escolhido. Não era novo, mas gostava de como o azul realçava os olhos. Perdeu-se um pouco na própria vaidade antes de escutar Freyja, levando alguns segundos para assimilar as palavras. "Nunca ouvi sobre espelhos. Quero dizer, não me recordo. Já ouvi de alguns khajols que usavam como ferramentas de magia." Alguns espelhos pareciam mostrar outras realidades ou cenários, mas Sigrid nunca tinha se interessado muito em o que era ou como fazer; o interesse de Freyja, no entanto, também despertava o dela, que tirou os olhos do próprio reflexo para olhar ao redor. Mil versões de Sigrid a encaravam de volta. "Um espelho que parece feito de água é realmente algo que eu gostaria de ver." Um dos dedos tocou o da frente, que parecia bem firme. "Não é esse." Deu uma risadinha ao se afastar, grudando na amiga para seguir outro caminho. Parecia fácil perdê-la ali e não queria se sentir estúpida caso acontecesse.
Os braços enlaçados ao dela dava alguma segurança, mas começava a sentir algo estranho ao olhar para aqueles espelhos. Algo estranho a cada passo que dava. O ar parecia vibrar, pesado com o que pensava ser magia. Poderia não ter mais nenhuma em seu corpo, mas ainda era possível reconhecer a presença no ambiente. "Esse lugar é esquisito." Sigrid sussurrou, como se o mero som da voz fosse capaz de quebrar algum espelho. E então ela ouviu. Água. Um som como água corrente, como se houvesse um rio próximo — no entanto, a jovem sabia que não havia. Os sons do circo também deveriam abafar qualquer outra coisa. "Você está ouvindo?" Água. Sigrid se afastou de Freyja, seguindo na direção do som até estar de frente a um espelho como todos os outros. No entanto, tinha certeza que o som partia dali. Como se um rio através do espelho... "Acha que é desse do qual estavam falando?" Indagou com desconfiança. Como khajol, deveria estar acostumada com coisas estranhas. Só que ainda não estava. "Parece o tipo de coisa que deveria estar em Hexwood, não aqui." Ergueu um dos dedos, incerta sobre tocar ou não. "O que acha? Vamos tocar?" Um sorriso discreto apareceu nos lábios, como uma criança prestes a fazer uma travessura.
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fromodins · 2 months ago
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Se divertiu tanto com a provocação que deixou a risada escapar quase que naturalmente, negando com a cabeça. “Deve ser por isso que estão tentando me expulsar dela.” Brincou com o fundo de verdade que ambos sabiam bem. Freyja não era uma das damas mais mencionadas entre os nomes das cobiçadas e tampouco era almejada para um casamento promissor, com alguém decente e que não parecia um brutamontes. É claro que aquilo não era um problema para ela, considerando um livramento completo para suas escolhas particulares. Franziu o cenho para ele, recolhendo a mão com delicadeza antes de ouvir o comentário seguinte, que a fez corar fortemente enquanto ainda tentava segurar o riso alto. “Bom, Tadhg-Is-Fine, você não é o tipo de mercadoria que eu procuro. Teria que nascer de novo e preferencialmente não ser um homem.” Tombou a cabeça com o olhar adocicado, sem se importar muito em expor aquela preferência para um changeling, especificamente em um que tinha sujado as mãos em seu lugar. Desde que tinha passado a conviver mais com os cavaleiros, tinha aberto mais o coração, sentindo-se mais liberta e identificado mais com o que conhecia de um novo mundo. Os padrões da nobreza eram complicados de se seguir, mas estava sendo pior agora que via outras coisas atraentes demais. A expressão que estava divertida e brincalhona se tornou um tanto decepcionada. “Você subjuga muito a minha inteligência, Tadhg. Acha que eu traria ouro para um lugar que, potencialmente, pode me apagar com alguns copos de vinho de rosas?” Conhecia a bebida e sabia como era traiçoeira para embebedá-la com o disfarce perfumado do líquido. “Pronto para um passeio nos dragões? Duvido que sejam tão empolgantes quanto o seu, mas para mim será inédito. Também é um ótimo lugar para conversar em segredo.”
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O acordo feito com Freyja tinha sido interrompido por suas férias no xilindró, mas Tadhg cumpriu com sua palavra tão logo saiu da cadeia – não pelo dinheiro, mas pela oportunidade de descontar toda a raiva em alguém que genuinamente merecia. Com as mãos manchadas de rubro por cortesia de Jacquemus, tinha se permitido fingir que o sangue pertencia ao seu avô. O exercício tinha sido surpreendentemente terapêutico, pois o lembrara que era mais do que uma das muitas armas no arsenal de Seamus. Recluso como estava, não fez questão de a procurar para informar que o trabalho tinha sido feito: confiou que ela saberia tão logo a notícia a alcançasse.
Semanas tinham se passado desde então, e Tadhg se aproximava mais de uma versão do seu normal agora que tinha recuperado a habilidade de falar. Sua hipervigilância tinha apenas se intensificado desde a temporada preso, e pode sentir um par de olhos o observando em meio à multidão muito antes de a Hrafnkel anunciar sua presença. A cumprimentou com um aceno de cabeça ao vê-la, seguindo a direção de seu olhar para entender do que falava. Não tinha particular interesse em brinquedos como aquele, mas o Tadhg de oito anos teria sacrificado um dedo para montar em um dos dragões do segundo andar do carrossel – e talvez tenha sido por isso que aquiesceu em concordância. ── Um tanto ousado de sua parte, Senhorita Hrafnkel. Achava que damas da alta sociedade esperavam ser convidadas. ── A alfinetada veio em tom de humor, e encarou a mão por ela estendida por um par de segundos. O contato físico não lhe era confortável no momento, de modo que o recusou da maneira mais educada possível, gesticulando para a guiar até a fila da atração enquanto a seguia. ── Sei que você recentemente ficou solteira, mas lamento informar que não estou no mercado. ── Estava tirando sarro da cara dela, é claro, mas o fez com a mais séria das expressões. ── Você trouxe o ouro para cá? ── Questionou, surpreso. Lhe parecia péssima ideia, posto que alguém poderia roubá-la, mas khajols não eram exatamente conhecidos pelo bom julgamento.
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fromodins · 2 months ago
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“Você reclama muito. Não tem nada parecido com Odin além de um olho faltando.” Deu um risinho com a associação, pensando que Melian ainda devia estar se acostumando com aquela novidade e detestando. A incentivaria como pudesse para trazê-la mais para perto da cultura divina dos khajols e não conseguia esconder o quão empolgante achava que Melian fosse hospedada por um deus de seu próprio panteão. “Eu posso tentar garantir os patinhos apesar de nunca ter usado uma arma na vida. Não deve ser tão difícil assim e você pode me dar umas dicas já que tem todos os dons do mundo.” Deu uma piscadinha para ela enquanto fazia um arco-e-flecha no ar com as próprias mãos. “Se não é ganhar, vamos jogar por que razão? Sou competitiva!” Protestou enquanto unia o braço ao dela, sentindo-se perdida no intuito da brincadeira. Freyja sabia que diversão era a verdadeira motivação, mas se dependesse dela e do próprio ego, estavam perdidas. Pelo menos Melian tinha braços fortes o suficiente para garantir alguma coisa. “Não vou usar um aon de força. É trapaça.” Corrigiu a loira com um rolar de olhos. “Já entendi que vou ser obrigada a acertar o martelo e só o farei para provar que aprendi alguma coisa, sim, nas aulas.” Empinou o nariz como sempre fazia quando queria se garantir para algo, seu rito de autoridade sendo quase um vício do próprio corpo. Tirou a moeda para pagar a brincadeira de dentro de um dos bolsos escondidos do vestido e se colocou no lugar na fila ao lado de Melian, olhando para ela com o olhar pidão. “Pode ir primeiro?”
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Aquele festival viera bem a calhar, mesmo com a desconfiança de que poderia ser algum tipo de truque. Se divertir fazia bem, até mesmo para Melian. Não havia pensando e ir ou chamar alguém para lhe acompanhar, sabia que Zara o faria, mas pretendia dar a ela espaço e ter o seu próprio. Achar Freya em meio a multidão foi um alívio até, gostava de sua aluna e de como ela parecia sucessível as suas loucuras. Arrastar ela para algo seria o menor de seus problemas.
"Por que eu estou proibida de acertar alguém com a flecha." Melian apontou para o tapa olho em seu rosto indicando como se fosse óbvio. Este não era o motivo, na verdade, apenas queria se divertir e rir um pouco dos que não conseguiam atingir o pico do força de dragão. "Olha, primeiro, eu quero o pato agora que ofereceu, vamos depois. Segundo, nós vamos sim nesse. Esses brutamontes são idiotas, não ligue pra eles, a maioria apanha pra mim." A medida que a fila andava, Melian puxava Freya pelo braço sem deixar que ela se afastasse demais, não iria ceder tão facilmente. Claro que ela tinha um plano, e era um plano muito bom, em sua opinião. "Por Erianhood e todos os deuses, o objetivo não é ganhar! Está preocupada com o que?" A loira levantou os braços dramaticamente para o céu como de forma dramática, como se rezasse. A loira era competitiva, mas entendia a diferença de brincar e lutar até a morte. "Freya estou começando a achar que aprendeu nada comigo!" Se inclinou para frente, para que pudesse cochichar nos ouvidos da menina. "Se quer tanto ganhar usa uma runa de força, esses jogos são todos truques!"
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fromodins · 2 months ago
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O riso dado por Mikah fez com que Freyja pensasse que aquele empecilho poderia não estar o incomodando tanto quanto antes. Por mais difícil que fosse crer em destinos saudáveis e desejosos, tinha a mísera esperança de que poderiam ter uma chance de conquistarem suas ambições verdadeiras. Agora que ela tinha conseguido seu alvo maior, e isso consistia no fim de Jacquemus para ela e qualquer outra mulher, via o mundo com um olhar diferente e se dava créditos por isso. “Será que discordar de um futuro prometido faz com que ele mude?” Franziu o cenho, curiosa com as possibilidades. Nunca tinha visitado cartomantes e sequer sabia como funcionava tudo aquilo, a cultura de sua família sendo completamente afastada das crenças e práticas. “Não acho que qualquer coisa pode piorar agora que um dos meus maiores pesadelos terminou. Ainda tenho aquela outra questão para lidar.” Suspirou com frustração intensa, sentindo-se contrariada por não conseguir controlar outra coisa em sua vida. O divino dificultava sua busca por respostas e Freyja sentia que não poderia fazer muito além de esperar os deuses decidirem que era hora de parar. Mikah sabia os detalhes de sua visão e tinha presenciado as crises mais de uma vez, tendo sido o responsável por tirá-las dela quando o elixir feito por Sigrid estava longe de alcance. Franziu os lábios, estreitando os olhos. “Não sei quais são meus sonhos atuais, Mikah. O meu maior já foi conquistado e perdi boa parte das ambições para tentar ter um pouco de paz. Ainda não desapeguei da ideia de velejar, mas não quero colocar como objetivo.” Abriu o coração sem muito receio de expor como estava retraída para que não houvesse chances de que tudo fosse arruinado porque ela queria tanto. Se voltou para ele rapidamente, vendo novidade no assunto. “Ainda não sabe muito? Vamos perguntar. Posso colocar como meu objetivo principal para ter as respostas certas e espero que ela não saiba quando somos mentirosos.”
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Mikah estava determinado a levar Freyja para uma grande aventura onde todas as suas crenças fossem testadas desde que ela havia se livrado do noivado da pior maneira possível e desde que, claro, eles haviam conversado sobre possibilidades. Além disso, sabia que tanto ela quanto seu irmão vinham vivendo e crendo que estavam próximos do Ragnarok. Bom, Mikah acreditava em possibilidades. Pra isso, precisavam ver um grande sábio, que poderia muito bem ser uma cartomante ainda que ele também fosse totalmente cético. Esperava, no mínimo, despertar sentimentos de esperança e alguma novidade. Não acreditava que a cartomante pudesse estar totalmente certa sobre nada, mas acreditava fielmente no quanto isso podia distrair sua melhor amiga de infância de qualquer tragédia. Era pra isso que festivais existiam. - Combinado. E eu estarei aberto a ouvir desde que eu possa discordar. - respondeu dando uma risada gostosa, sentia falta dessa leveza de conversa com a amiga sem as grandes preocupações pelas quais passavam. - Eu tenho certeza que poderemos tirar proveito de qualquer conselho, considerando nossas sortes. - falou com tom travesso e divertido. Rir da própria desgraça era um de seus maiores talentos. - Vamos perguntar sobre nossos sonhos, será que estão próximos? - perguntou baixinho pra ela enquanto adentravam a tenda onde a cartomante os aguardava para uma leitura supostamente certeira. Não que Mikah fosse contra esse tipo de previsão, mas não tinha nada de muito racional ali em que pudesse se agarrar. Preferia levar de forma leve e considerando que talvez fosse real, mas talvez não. - Eu quero perguntar sobre os Fae. - falou focando na cartomante. - Quero saber se encontra-los é algo a curto ou longo prazo. - perguntou muito objetivamente. Já havia lido muitas histórias de heróis e era sempre certo que deveriam receber instruções claras de oráculos, portanto as perguntas também deveriam ser claras.
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fromodins · 2 months ago
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Não havia qualquer quantidade de álcool no mundo que pudesse fazer com que Freyja não reconhecesse a gargalhada alta que ecoou por entre os espelhos, e ouvi-la não foi exatamente bom. Um arrepio percorreu a espinha enquanto ela apertava os olhos, se perguntando se precisava mesmo ter tanta sorte. Já era a segunda vez que entrava na Sala dos Espelhos desde que ouvira rumores sobre cair em outras dimensões — estava desesperada com as visões que ainda não tinham cessado e tinha uma ansiedade maior que tudo para pará-las. Josephine não era a pessoa em quem confiaria para fazer parte daquilo, afinal, não eram amigas como foram antes. Tentou não fazer um movimento sequer para passar despercebida, mas o vinho de rosas enganava o paladar e o olfato com o aroma, contendo mais álcool do que o previsto, e a fez tropeçar nos próprios pés. Geralmente, acabaria por sorrir e deixar um comentário ácido, mas não o conseguia fazer com a princesa. Tudo entre elas era um grande mal entendido sem a chance de explicações e Freyja não estava tão aberta a se justificar depois de ter tido a porta batida em sua cara sem delicadeza alguma, e era algo que a assustava porque sempre vira Josephine como um poço de delicadeza, bondade e doçura, tudo o que ela jamais conseguiria ser. “Você reservou a Sala de Espelhos só para a sua presença e não fui comunicada, Alteza?” Retrucou muito a contragosto, detestando aquela postura e mais ainda como o substantivo havia saído da boca. Nunca tinha se referido a ela formalmente e parecia errado tratá-la como se fosse tão acima, tão diferente… Por mais que fosse. “Não me parece que sua situação está tão ruim.” Era impossível não notar as bochechas coradas que destacavam ainda mais o rosto alvo e os cabelos levemente desarrumados, mas ainda intactos.
Observou o pincel na mão dela e cruzou os braços na defensiva, achando um deboche e tanto que ela ousasse levantar a magia contra si. Dessa vez, a risada não conseguiu ser engolida de volta, saindo por uma vontade nada típica de si. “O que vai fazer com esse pincel?” Os olhos estreitaram na direção do objeto, ponderando que aon ela usaria quando estavam só elas, sozinhas, em um lugar onde ninguém parecia ser atrevido demais a entrar o tempo todo. Tentaria colocar fogo na barra do vestido de Freyja? Ou então faria com que ela se esquecesse de tudo? Por mais que Freyja namorasse a ideia de querer se livrar das memórias que tinham um toque de tristeza e injustiça, ainda eram suas e ninguém tinha o direito de mexer com sua cabeça. Os deuses já tinham aquele fardo e não estavam sendo piedosos. Soltou os braços, puxando os cabelos para o lado e dando de ombros sem olhá-la outra vez. Era mais doloroso do que ela achava que fosse ser. “Não se incomode comigo, princesa. Tenho mais o que fazer.” Murmurou enquanto empurrava um dos espelhos na esperança de que abrisse uma passagem, mas o mesmo emperrou e ficou parado, assim como o próximo e o próximo depois dele, deixando Freyja ainda mais próxima de Josephine e sua postura soberba. Sorriu sem muito humor, mirando nos olhos azuis em seguida. “Como veio parar aqui, hm? A saída era por esse espelho e deve ter mudado de posição outra vez. Quero sair.”
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⠀( … )⠀SETTING: com @fromodins na Sala dos Espelhos.
No desespero de se manter fora da vista dos guardas, tinha se enfiado na primeira tenda que alcançou, o coração palpitando contra as costelas como se estivesse prestes a saltar do peito. Uma vez ali dentro, tirou a capa pesada na esperança de aliviar o calor. Correr para cima e para baixo a tinha feito suar, o que não era próprio para alguém de sua estatura. Infelizmente, tinha escolhido o pior lugar possível para evitar a percepção: ao olhar a redor, só o que encontrou foi o próprio reflexo em uma dezena de espelhos, cada um mais distorcido que o anterior. Estava uma bagunça, as bochechas coradas após a indulgência em sua primeira caneca de vinho. A noção que antes a teria envergonhado agora trazia o gostinho viciante da liberdade. Usou do veludo para secar a testa, afastando a trança de sua nuca para tentar se refrescar, e então levou a mão ao peito para acalmar a respiração ofegante. Pensando estar sozinha, deixou escapar uma gargalhada – e foi então que ouviu o farfalhar de movimento. ── Quem está aí? ── Perguntou em um reflexo, desconfiada. A felicidade de estar sozinha foi substituída pela apreensão ao perceber que aquilo a tornava o alvo perfeito. Silenciou a própria risada imediatamente, tateando nas vestes até sacar seu pincel. Não era como se tivesse particular proeza na magia, mas ter uma arma qualquer era melhor do que arma nenhuma. Se saísse do esconderijo, seria pega, o que a deixava com uma única escolha. Engolindo a própria covardia, seguiu na direção do ruído, tentando manter os próprios passos tão silenciosos quanto possível.
Do outro lado de uma das divisórias de espelhos estava Freyja Hrafnkel. Qualquer resquício de medo deu lugar a uma emoção muito pior, e sua expressão se fechou imediatamente, tomada pelo ressentimento. ── É claro. A situação tinha que piorar. ── Ouviu a si mesma dizer sem nenhuma cortesia, desviando os olhos para não ter que encará-la. A grosseria era completamente fora do comum, e talvez fosse resultado do álcool em seu sangue, ou do lado amargo de sua personalidade que só a antiga melhor amiga era capaz de despertar. Com o pincel ainda entre os dedos, se perguntou se havia alguma combinação de aons capaz de apagar a memória de que ela a tinha visto.
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fromodins · 2 months ago
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Não sabia o que estava olhando exatamente e teria deixado passar se não fosse a reação de supetão unida ao susto que a professora tinha levado. A changeling era desconhecida para Freyja, que não tinha muito contato com os professores changelings e, aos poucos, vinha criando um pouco de intimidade com os aprendizes. Era difícil deduzir alguma coisa, mas de uma coisa ela tinha certeza: a mulher era um crânio com poções, e o que quer que fosse que tinha em mãos, parecia mesmo perigoso. “É de se estranhar com comportamento suspeito, quase amador para uma mestre.” Subiu as sobrancelhas, a ousadia de Freyja nunca a deixando mesmo com superiores. Deu uma mordida na bala que tinha em mãos, a avaliando de cima a baixo. “Depende do tipo de perigo. Estou testemunhando algo que vá me deixar na mesma prisão que os suspeitos do assassinato da imperatriz? Não é muito inteligente fazer esse tipo de coisa em um circo lotado.” Deu ênfase à última frase para lembrá-la de que estavam rodeadas de mais da metade da população das ilhas e talvez até de outros continentes, considerando que vários barcos vinham trazendo visitantes e a própria família Hrafnkel tinha oferecido alguns ao serviço do imperador. “Laxativo?” Torceu o nariz, sentindo a barriga dor só de imaginar os sintomas. Nos primeiros dias em que havia testado o elixir de Sigrid, teve um pouco de sofrimento com o banheiro até se acostumar. “Qual é a razão? Duvido muito que uma mulher como você se diverte com pessoas se borrando por aí sem motivo algum.” Freyja tinha olhos para enxergar a elegância, discrição e outros pontos importantes das pessoas. A mulher à sua frente parecia muito delicada, metódica e, aparentemente, vingativa, mas com certeza não tinha um sadismo gratuito. Não estava curiosidade de verdade, entretanto, com a insegurança de acusações que eram feitas à rodo pelos cantos, era melhor se prevenir e garantir que não estava se envolvendo acidentalmente em um crime terrível.
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@fromodins
tenda das comidas 📍
prompt: paraíso proibido do strike. "escondido é bem melhor, perigoso é divertido."
Havia um ódio particular por um membro nobre específico do qual Aerith teve desentendimentos no passado e, até os dias de hoje, ainda repercutia. O bom senso de ambos de não se trombarem e trabalharem em espaços diferentes, era mútuo, tanto é que no evento mesmo ela evitava de estar próximo a certas pessoas com as quais ele tinha contato. No entanto, claro que lhe passou uma ideia cabível de dar-lhe uma lição, apenas para que a própria mulher tirasse um divertimento daquela noite - um que ela passaria dias rindo incontrolavelmente. Conhecendo as crianças, já tinha pensado em tudo: iria chamar uma delas para entregar um pratinho com alguns doces e salgados ao homem, sem precisar explicar nada. Então, de dentro de seu decote Aerith puxou um pequeno frasco, destampando-o e pingando algumas consideráveis gotas por cima da comida que estava misturada no pratinho. Foi somente quando denotou a presença alheia, em um súbito susto, que os olhos arregalaram e ela virou o corpo na direção da outra, escondendo o frasco de volta em meio a ação. Até pensou em falar algo para disfarçar, mas entendia que o olhar da outra era de curiosidade e podia muito bem sentir uma dúvida pairar entre elas - que não era advinda de Aerith. Ainda sentia a breve desconexão do que era real ou não por conta das habilidades, cujas quais ainda não teve um treino apropriado para manipular e compreender. "Sim, querida, eu sei. É de se estranhar." Vistoriou a outra de cima a baixo, devagar e sempre, e aproximou-se apenas para confidenciar: "Perigoso é divertido, não acha? Ainda mais se for escondido. É bem melhor!" Soltou uma risada muito sutil, ao que ajeitava o próprio vestido outra vez. "Não é veneno se é isso que está pensando. Mas, talvez até possa ser... se considerar que um remedinho para destravar um pouco o intestino seja veneno." Pegou o pratinho em mãos para certificar de que ninguém mais pegaria por engano.
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fromodins · 2 months ago
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ONDE: Carrossel de Dragões
COM: @tadhgbarakat
Desde a soltura de Tadhg, Freyja não o tinha visto e tampouco tido notícias. Tinha, sim, enviado uma cesta de frutas e torta para o rapaz como conforto que, naqueles dias, era o máximo que podia fazer. A falta de notícias não a surpreendeu e optou por respeitar o espaço que não era nem um pouco seu, afinal, tinham feito negócios e não uma amizade. Mesmo com a indiferença, tinha empatia pelo rapaz. Sabia como prisões poderia ser crueis apenas pelas histórias que ouvia, e ela mesma tinha uma outra crença sobre como punições ou ocorrências deviam ser tratadas. Quando o viu conversando e andando tranquilamente pelo circo, um sorriso se abriu no sorriso da khajol, que o seguiu até a atração mais próxima.
"Sabe o que seria inédito? Alguém sem um dragão te convidando para montar em um." Brincou enquanto mirava o carrossel, os últimos giros da rodada sendo dados para que o novo grupo de pessoas aguardando pudesse entrar, com as crianças agarradas às grades para pegarem os dragões menores do primeiro andar. Não sabia como abordá-lo para conversas sérias próximos de tanta gente, sua primeira vez tendo sido um verdadeiro fracasso constrangedor que também arrancara puxões de orelha do changeling. Se voltou para ele com o queixo levemente erguido e estendeu a mão, como um dos cavalheiros de bailes sempre faziam para pares próximos. "Vai me dar essa honra? Sinto que estou te devendo um pouco de diversão além de um pouquinho de ouro."
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fromodins · 2 months ago
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ONDE: Força do Dragão
COM: @eorl-melian
"Por que não pode ser tiro ao alvo?" Freyja rolou os olhos pela segunda vez para Melian, que praticamente a arrastava para a brincadeira de martelo. Ela sabia muito bem que não tinha a menor chance de acertar a campanhia ou passar dela com o peso, e vendo os changelings com o triplo de músculos que ela errarem e se frustrarem, tinha mais certeza ainda. Não sabia se a tática era provar que ela estava evoluindo nos treinamentos ou se era por pura humilhação, e vindo de Melian, apostaria nas duas coisas ao mesmo tempo. "Posso acertar vários e te dar aquele pato de pelúcia enorme, apesar de ter certeza de que você o rasgaria em dois minutos." Fez um bico enquanto dramatizava.
Mesmo contrariada, entrou na fila e encolheu os ombros quando viu a plateia da brincadeira que ria e apostava mesmo sem conhecer quem é que estava jogando. Pelo visto, o prêmio não era apenas o dinheiro todo da brincadeira, mas também o divertimento alheio. Não gostava de ser alvo de piadas agora que tinha se livrado de ser o centro do mundo de sua mãe. "Você pode ir. Vou te dar todo o apoio moral em agradecimento pelas aulas, mas não quero fazer isso." Sorriu amarelo, usando sua última desculpa para se livrar enquanto encarava a loira nos olhos escuros, os próprios implorando para ter um pouco de facilidade, algo que ela nunca estava disposta a ceder.
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fromodins · 2 months ago
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ONDE: Leitura de Cartas com a Madame Madge
COM: @mxgicmikah
"Sabe que só quem é hospedado por deuses do futuro tem tamanho poder, não é?" Freyja arfou quando ouviu a insistência do amigo para vsitar a cartomante que prometia grandes revelações. A khajol era devota demais dos deuses para se curvar tão facilmente a algo que não passava de especulação e obra do acaso. O poder do além pertencia aos deuses e ninguém além deles, e aos homens se fosse da vontade deles. Sua crença era cética demais, mas não fecharia a mão com tanta força para Mikah. Estava sentindo falta de um tempo de qualidade junto a ele, já que seus últimos dias tinham sido enfeitados de tragédias.
Ficou de pé, mordendo o último pedaço da maçã caramelada que ele segurava para acabar logo com o doce. "Posso tentar acreditar nessa mulher por você, meu caro." Limpou o canto dos lábios enquanto desprezava o palito que segurava a fruta, terminando de engolir o doce que desceu queimando a garganta pela quantidade de açúcar. "Mas não diga que não te avisei quando ficar decepcionado e ela te disse que está fadado a ficar com uma pessoa só pelo resto da vida." Deu uma piscadela a ele, sabendo das contradições amorosas de Mikah e como as achava engraçadas. Achava um grande empecilho, entretanto, o rapaz era tão autêntico quanto ela achava que era. "E você paga também!"
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fromodins · 2 months ago
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ONDE: Sala dos Espelhos
COM: @sigridz
Andar com Sigrid pelo circo tinha sido a melhor coisa de todas. Além de fofocarem e darem palpite em absolutamente tudo, ainda se encorajavam a visitar as atrações mais intimidadoras. A Sala dos Espelhos não seria a primeira escolha de Freyja que tinha ouvido um rumor ali e aqui sobre o que poderia acontecer ali dentro e sua mente já estava embaralhada demais. Com companhia, entretanto, parecia ter um pouco mais de coragem. Não soltou a mão suada da de Sigrid conforme entravam no lugar, logo se deparando com o próprio reflexo sendo duplicado várias vezes ao lado do da amiga. "Ainda bem que não bebemos antes de entrar aqui."
Apesar da brincadeira, Freyja sentia um arrepio frio subir pelo pescoço. Não estava desconfiada, só conseguia sentir a energia pura dali. Geralmente, aquele tipo de coisa acontecia quando sentia um pouco de medo ou insegurança, mas conseguia sentir magia pura, até o cheiro. Talvez os rumores não fossem tão rumores assim. "Também ouviu dizer que os espelhos são traiçoeiros?" Perguntou enquanto olhava para o teto, também coberto de espelhos distorcidos que refletiam a imagem distorcida delas de forma desconfortável. A cabeça começaria a dor se continuasse mirando o alto e, por isso, andou em frente. "Algumas pessoas que vieram saíram confusas sem saber se era ilusão ou realidade. Podíamos tentar descobrir? Tudo começa com um espelho que parece feito de água..." Murmurou sobre a aparência turva que alguém na fila havia comentado, os ouvido sempre atentos aos cantos.
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fromodins · 2 months ago
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Deixando a comida na mesa quando adentrou o lugar, parou para inspencionar o mesmo por alguns instantes. Conhecia os cantos de cada parede dali por sempre ter frequentado o dormitório, assim como Sigrid fazia com o seu. Tudo estava devidamente fora do lugar, ou, talvez, no lugar certo. Franziu o cenho enquanto mastigava uma castanha, olhando para a khajol por cima do ombro. “Claro.” Murmurou, esperançosa de que ela tivesse encontrado mais algumas respostas na academia. Se estava evitando as aulas, coisa boa não era. “E não tentou falar com nenhum outro professor para saber mais sobre ou não teve vontade ainda?” Ou coragem. Freyja sabia o quão humilhante podia ser e até os riscos que Sigrid corria, como o de ser convidada a se retirar por não haver um deus a hospedando mais. Aquilo era um peso enorme para todas as medidas possíveis em Hexwood. Deu um passo para o lado, batendo o joelho com força na beirada da cama, apertou os olhos com a dor latejante. “O que você fez aqui?” Reclamou enquanto afagava a região, notando a falta de diversos elementos que não eram plantas pelos cantos. Parecia óbvio. “Já entendi. Só precisa melhorar essa cama, deuses. Deve ser a madeira mais antiga do mundo.” Sacudiu a perna em uma tentativa inútil de se livrar da dor, optando por sentar-se de vez no colchão.
Sorriu torto para ela, dando de ombros. “Estava treinando. Força bruta. Consegui umas aulas particulares com uma professora que beira a loucura para o caso de ter acabado me casando, mas acabei me apegando.” Explicou, sem sentir vergonha ou qualquer tensão em compartilhar com ela sobre sua nova disciplina separada de tudo. Não era completamente feliz com a didática de Melian, e por mais sem noção que fosse, estava funcionando. Freyja passava alguns minutos exibindo os braços que mal tinham músculo no espelho para tentar ver alguma diferença, e jurava que tinha. Suspirou, negando com a cabeça. “Não acho que devia contar para ela ainda, ou pelo menos não sem saber se há alguma maneira de reverter isso sem a pira. As chances de ser expulsa são altas e eu não vou sobreviver sem você aqui.” Dramatizou, e por mais egoísta que o próprio protesto fosse, Freyja não conseguia se ver mais sem Sigrid. Eram unha e carne e precisava dela para tudo. Queria ela para tudo. “O casamento com Jacquemus foi dispensado, Sig. Recebi uma proposta melhor.” Deu um riso discreto a ela, querendo instigá-la a saber mais por pura diversão ao mesmo tempo em que ria da maneira séria que ela tratava o assunto, indicando que tinha considerado mesmo um assassinato por sua causa. Freyja a amava.
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O quarto não parecia mais um quarto para Sigrid, o lugar que ela por tantos anos chamou de ler e onde se sentia absolutamente confortável. Não, pelo contrário; parecia estranho, frio e desconhecido. Não se identificava mais com aquelas coisas e por isso matou algumas das aulas do dia para fazer uma bagunça total, onde enfim encontraria sua organização. Guardou tudo o que se referia ao sol, seu patrono. Rá não era mais sua divindade e Sigrid não se sentia muito animada em ver representações em todos os cantos. Ela arrastou a cama com todas as suas forças para mudá-la de lugar, colocando-a contra a janela — a luz do sol não mais seria a primeira coisa a ver assim que abrisse os olhos. Retirou os enfeites dourados da parede e cobriu boa parte do ambiente de um verde suave e imparcial. As cobertas verdes combinavam com os tapetes e cortinas verdes. Poderia ter deixado todo o serviço para a camareira de Hexwood, mas queria fazer com que seu quarto fosse como um lar novamente. Depois de tantos dias longe e na companhia de Cillian, queria se sentir minimamente confortável ali. Cansada e quase finalizando, ouviu as batidas na porta torcendo para que fosse Freyja. Quando percebeu estar certa, abriu um sorriso ao sair do caminho para que ela entrasse. "Não perdeu muita coisa. Para ser sincera, não frequentei todas as aulas. Algumas eram explicitamente de magia e..." Sigrid não tinha mais nada. Nem uma fagulha. Aceitou de bom grado um pequeno pedaço de queijo, jogando-se de maneira pouco elegante em uma cadeira próxima. Estava cansada.
Aproveitou o momento para analisar a amiga, observando os cabelos desgrenhados e a barra suja do vestido. "Onde estava? O que estava fazendo?" Indagou assim que engoliu o queijo, tomando em mãos um copo de água. "Acho que todo mundo está com essa sensação de que foi rápido demais. Eu estou pensando em contar minha situação para a diretora. Talvez ela me expulse, mas não é algo que eu possa esconder por muito tempo... Ou talvez estenda a mão em uma tentativa de ajudar. Não sei se ela é tão ruim assim." Nunca tinha conversado muito com a mulher, apenas conhecia a imponente presença que ela possuía. "Mas quero saber de você também." Sigrid olhou para a porta, como se de repente a madeira pudesse criar ouvidos. Ao direcionar o corpo para a amiga, abaixou o tom de voz. "O que você fez? Estava escondendo um corpo, por acaso?" Não duvidaria nada se fosse, ficaria até orgulhosa. Só não achava que Ardosia era o lugar ideal para ocultar um cadáver.
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fromodins · 2 months ago
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Agora que não estava mais presa nas garras de sua mãe, Freyja podia fazer novamente o que sempre gostava: sair. Ia para todos os cantos e, uma vez não precisando mais da permissão e aprovação, ousava explorar mais lugares. Já tinha visitado Zelaria algumas vezes, os mesmos lugares de sempre. A loja de Baldwin era conhecida por ela, colecionadora de artefatos que poucas pessoas valorizavam, em especial conchas, cadernos e tintas antigas para pintar suas louças por puro hobby. Estava distraída tentando ler os ingredientes dos pigmentos apagados e trazidos de um lugar longe demais, pela distância e pelo tempo, quando Kadaj se aproximou. Quando derrubou o pó a ser diluído, o segurando com força contra o peito. “Jamais achei que se interessada por matar as pessoas de susto!” Protestou em voz baixa, mas relaxou logo em seguida. Era bom ter um rosto amigo que a não a censuraria de verdade por perambular. “Eu adoro muambas. São poucas pessoas que valorizam um garimpo decente, sabia? Tenho uma coleção que veio daqui.” Suspirou apaixonada nos itens que tinha em casa, em Hexwood, na bolsa… Em todos os cantos havia algo específico que gostava de carregar consigo. O rosto se iluminou ao ouvir sobre o cavalo, animal que apreciava mais que o próprio changeling. A relação entre eles tinha começado por Reginal, e não pela boa vontade de Kadaj e Freyja. Pelo menos tinha rendido mais frutos que uma ligação especial. “Posso ajudar com isso se puder vê-lo depois.” Colocou os pigmentos dentro da cestinha de palha que a loja deixava para os clientes. “Do que ele precisa dessa vez? Acessórios para a crina ou para a sela?”
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starter com: @fromodins
baldwin’s general wares 📍
Haviam muitas razões para o soldado ser tão apático e fechado em certas ocasiões e com certas pessoas, e poucos eram aqueles que tinham a chave certa para abrir aquela porteira. Não queria dizer, no entanto, que era certo de ser tão genuíno quanto poderia, contudo, Freyja, após um certo tempo de insistência, havia conseguido quebrar uma parcela de sua carcaça há muito endurecida. Como? Bom, era algo que ele mesmo se perguntava. Talvez, tivesse sido vencido pelo cansaço ou simplesmente foi por apreço... Não saberia diferir quais opções e de toda forma já estava demasiado acostumado com o tratamento a outrem. Então, quando a encontrou pelo mesmo ambiente não estranhou. Era tão natural estar na presença da khajol quanto respirar oxigênio, principalmente porque nunca era de sua índole ficar correndo atrás de ninguém - não que ela o fizesse, apenas eram poucas pessoas para se achar em Zelaria e não era incomum também. Como em todo caso com feiticeiros, Kadaj fez uma sutil reverência com a mão no peito e a outra afastando o casaco para que não pisasse em cima deste, virando-se na direção da morena. "Jamais achei que se interessaria por muambas." Estreitou os olhos indicando sua clara confusão diante da presença da Hrafnkel. E, não que precisasse, mas quis explicar o motivo de sua estada ali em Zelaria à outrem: "Reginald Horse está precisando de uns acessórios novos e só acho por aqui. Da qualidade mais duvidosa, mas tão durável quanto qualquer outro tipo."
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