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Fim

Eu sabia. Eu quis perguntar várias vezes- “Você conheceu alguém, não conheceu?-  E então, chegou o dia que você veio confessar. Confessou como se fosse um pecado, mas na prática era só uma conversa entre amigos. 

Em algum momento você era a minha paz, mas agora eu estava em paz, aliviada. E isso foi o que mais me deixou atordoada. Eu não te amava mais, não daquela forma. A consciência disso me enojou. Eu morreria por você em silêncio, mas agora, você era só mais um rosto nas minhas fotos, nas minhas memórias. Foi como quebrar as correntes de um suplício tantálico. Eu estava livre.

eu estou LIVRE…

estou LIVRE..

LIVRE.

EU

PS: Você se lembra de mim toda vez que a chama? HANNAH.

O universo e suas ironias.

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“And when I asked you how you’d been, I meant I missed you more than I’ve ever missed anything before.”

— Iain Thomas

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“Be with someone who will take care of you. Not materialistically, but take care of your soul, your well being, your heart.”

— Unknown

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Eterna solidão?

Parece que nasci com essa solidão no meu peito. Sempre lutei contra esse sentimento, parecia errado senti-lo. Eu nunca tive família, até hoje não sinto que tenho. Lembro da psicóloga da escola dizendo “Você tem família, ela apensa está em outra configuração”. Querida Patrícia, ela não está em outra configuração, só não existe. Na última semana, passei o estresse todo  para meu corpo, passei a noite vomitando e na noite seguinte uma febre terrível. Eu avisei a minha melhor amiga, que certamente viria me socorrer. Todos os meus amigos viriam me socorrer. 

Mas, eu sempre lembro que um dia eu precisei e ela disse que não poderia vir, porque tinha um trabalho da faculdade, e que eu deveria ver com a minha mãe. Lembro do meu melhor amigo me contando que a mãe dele achou estranho ele estar me acompanhando em vários médicos. Não me entende mal, meus amigos são incríveis, poucas pessoas tem amigos assim. Não quero ser gananciosa. Mas no fim do dia eles têm para onde voltar, eles têm um lar, e eu? Tenho uma mãe que ignora minhas ligações e se comporta como uma adolescente ranzinza. Não me entenda mal, ela faz o melhor que pode, e sou grata. Mas o que eu tenho não me é suficiente. 

Eu sou grata por todos eles, eu não estaria viva sem eles, literalmente. 

Eu sou grata por Cora me chamar para almoçar sempre, sei que ela o faz para que eu me sinta menos solitária. Mas, todo domingo quando chego desse almoço me sinto mais solitária ainda. 

Por isso ando pensando, já que vou ser só, vou ser só fazendo algo que eu queira. Eles vão ser contra, mas eu vou mesmo assim, é a minha vida não a deles. 

Quem sabe eu não me sinta melhor?Me sinta menos só abraçando essa solidão. 

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b&w | love blog

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A saudade não me deixa

Bastou uma pessoa me perguntar de você. UMA. Uma amiga chegar e perguntar “Como está o pequeno rei?”. A sensação que eu tive era que eu estava afundando, afogando em saudade. Ninguém desperta esse sentimento em mim. Eu tenho saudades das nossas conversas, das nossas provocações bobas, do teu cheiro, dos teus olhos azuis translúcidos. 

Tenho saudade de ver teu peitoral nu, mesmo que em fotos. Saudades do seu jeito maroto e do teu sorriso brincalhão. Saudades de acordar com uma mensagem sua dizendo “Bom dia velha chata”. Eu sinto saudades.

Uma saudade tão grande que dói, que me deixa melancólica e até desesperada. Queria pegar um avião e cruzar o mundo só para te dar um abraço. E me doeu você pegar um avião e atravessar o mundo e só me mandar um aviso “Estou aqui”, e não ter respondido minhas mensagens de revolta, pelo não aviso prévio. Eu estava num episódio de mania e achei que por isso queria te ver. Não é verdade, eu sempre quero te ver, todos os dias, eu sempre sinto sua falta, todos os dias. Eu não consigo lhe superar, não importa o que eu faça, quem eu beije. Você sempre está aqui. Na minha cabeça. 

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A Flor -07.08.23

Lembro da primeira vez que o vi, você era só um cara chato e insuportável, mas lembro de ter olhado e pensado “esse vai dá trabalho”. Não achei que o trabalho fosse ser para mim, para minha cabeça que está sempre em perfeito lugar até eu me deparar com seu sorriso despreocupado. Chega a ser irritante como sua boca parece ter as curvas mais sexys da face da terra e como a forma que você pega no queixo faz meu coração errar as passadas. 

Eu sou extremamente inteligente e eloquente, posso falar de física quântica, mas quando você vem e puxa um assunto meu cérebro e minha boca simplesmente não conseguem se comunicar direito. 

E não importa o quanto eu pense que você não está interessado em mim, que você tem ela, e que você faria muito mais sentido com a minha melhor amiga, não importa, meu coração ainda erra as passadas e eu fico imaginando como seria ser beijada por você. 

Por mais que eu pense que é só carnal, e estou inebriada porque não experimento muito esse tipo de atração, eu penso que você é sempre gentil, vai buscar uma cerveja se eu pedir, me manda vídeo legais e engraçados no instagram (o que por sinal parou de fazer), e talvez, eu só esteja carente e você me deu atenção. Ou talvez eu realmente goste de você, mesmo não devendo, mesmo não tendo informações suficientes. 

Então, te peço, desesperadamente, ardentemente, te suplico, será que você poderia ocupar a mente e os sonhos de outra pessoa? Você  já não tirou o suficiente de mim? Por que você não vai torturar o sono de outra pessoa?

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As primeiras 24h

Resolvi escrever sobre essa experiência tão traumática e divisora de águas, escolhi o dia de hoje porque nunca, até agora, tive coragem de revisitar aqueles dias. Pois, bem, hoje o revisitarei. 

Lembro da primeira pontada que senti na nuca, naquele instante eu já sabia que aquela bactéria tinha tomado conta do meu corpo. Pedi a minha mãe para chamar a enfermeira chefe, disse a ela que estava com muita dor e que tinha certeza que era meningite. Ela não acreditou, como poderia? Por algum motivo todas as enfermeiras do setor estava de folga e ela não me conhecia, não conhecia a minha história. Mas, mesmo assim ela chamou o clinico geral, mesmo depois de ter dito expressamente que ela deveria chamar o neuro. Ele disse que eu estava nervosa porque minha cirurgia era no outro dia, e eu respondi que já tinha feito  neurocirurgias há dois meses e não era isso. Ele me passou um rivotril, eu me neguei a tomar, a dor piorou, e eu comecei a gritar “Mãe eu vou morrer, por favor chame o médico”, o segundo médico chegou, eu comecei a vomitar a jato, ele olhou assustado e disse “Você deve estar com muita dor, porque não disse nada antes”. Ele saiu da sala e eu dizia, mãe peça o exame de sangue, logo, se não eu vou morrer”. Minha mãe ligou para minha tia, e ela gritava no telefone “peça o exame de sangue ou ela vai morrer”.  Minha mãe conta que teve que implorar pelo exame.

Quando sol nascia, você chegou, me perguntei quantas vezes eu tinha entregue minha a vida a você e você tinha tentado me fazer viver, você estava frustrado e com medo, pois não entendia as reações do meu corpo. Você disse “A., eu vou mexer no seu pescoço agora”, as lágrimas escorriam no meu rosto e eu só concordei com barulhos, pois mal conseguia falar. Quando você fé o exame e olhou para mim, empalideceu e saiu da sala correndo, desnorteado. Minha mãe disse que você a contou que eu tinha “meningite das brabas”, isso implicava que eu tinha poucas horas de vida, ou que eu sobreviveria com muitas sequelas. 

Depois disso o dia foi um borrão e lembro de cenas especificas. Minha  pedindo a mulher ruiva para ficar comigo para ela tomar banho, e ruiva cantando, a música que cantava todos os dias para mim quando ia me acordar “bom dia… o sol já raiou na fazendinha…”, obrigada G., essa música me deu esperança naquele momento, me fez acreditar que um dia eu sairia daquela cama. O dia inteiro eu escutei o choro da minha mãe, desesperada, acho que ela acreditava que eu iria morrer, ela já perdeu uma amiga de infância para aquela doença.  

Teve um ponto do dia que eu não conseguia me mexer, nem piscar os olhos. Gertrude entrou no quarto e me viu, dura, gelada, gritou e saiu correndo. No meu quarto não podia entrar ninguém, mas naquele momento todos de plantão entraram, desesperados achando que eu estava morta. Lembro da ruiva entrando, abrindo caminho entre eles, verificando cada sinal meu até que ela disse “Ela está viva, a dor e a morfina a paralisaram” , lembro do alívio de todos, dos olhos marejados de Gertrude. Eu queria dizer a elas que eu entendia tudo que eu estava lá. 

Lembro de ter entrado no centro cirúrgico enfermeira que abriu a porta perguntou quem era, quando disseram meu nome, ela disse “Um momento, preciso tirar todos os pacientes daqui, ela não pode entrar em contato com nenhum deles”. Entrei na sala de cirurgia,  meu anestesista conversando com aquele que me ia me ver todos os dias, que ficava frustrado, que entendia minha dor, porque em parte também era a dor dele. Ele não deu bola para o anestesista, olhava com a mão na boca, para mim, tão preocupado. Lembro de acordar da cirurgia, sem dor, com o anestesista dizendo “ A., não quero te ver mais por aqui, ok? Você vai ficar bem”.  Lembro de ir direto para a tomografia, eles queriam ver o quanto a meningite tinha sido destruído de mim. 

Acordei no outro dia com a voz de um homem estranho, ele começou a fazer perguntas para a minha mãe, e eu disse “Quem é você?” Ele olhou para mim, assustado, e depois com um largo sorriso disse “ Eu sou seu infectologista, eu lhe vi ontem, você não lembra?” eu disse “Não, desculpe” Ele pegou no meu pé deu um pulo e disse “Menina, você está falando, você está bem. Que felicidade!”. Eu não entendia porque de tanta felicidade, porque sempre esteve tudo bem, afinal eu nunca estive só. 

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Berlin, 2023

Photo: Roland Helbig

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Indagações sobre a vida

Olá, futura eu, como estão as coisas?

Por aqui parece que a vida pausou, não posso tomar atitudes sobre o futuro mais do que estou tomando, e basicamente essa atitude é esperar em mim mesma e confiar em Deus e no univero. 

Sabe, eu sonhei com o dia que tudo ficava muito rápido e minha vida mudava de cabeça para baixo, me pergunto se todos esses sonhos acontecerão, me pergunto se esses sonhos são mesmo os meus sonhos. 

A vida por aqui anda muito solitária, será que isso é o meu presente me preparando para um futuro de solidão? E o mais impor9tante é esse futuro que eu quero? A minha terapeuta me perguntou o que eu quero, em termos de relacionamento, e eu não sei. 

Não sei se gosto da solidão ou ela é apenas confortável porque é conhecida. Afinal se apaixonar é se entregar ao desconhecido, e se colocar num lugar de vulnerabilidade. E eu honestamente não sei se estou disposta a isso. A vida como é já é trabalhosa demais. Será que existe alguém por quem vale a pena? Deve existir, eu só não sei se quero achar. 

Acho que é isso, esse tetxo sem pé nem cabeça, expressando o agora, que é meio sem pé e sem cabeça. 

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Inveja

Eu nunca pensei que a inveja fosse fazer  parte do meu existir, mas ai eu a conheci. Você tem crises terríveis, muitas vezes negligencia várias coisas que eu  julgo essenciais, como fazer terapia. E apesar de tudo isso você é amada, entendida, acolhida. Enquanto eu luto constantemente para ser amada, e não sou. Eu faço das tripas coração, pago terapia, remédios, psiquiatra, atividade física. E apesar dos meus esforços eu não sou amada, e acho que nunca serei. 

Não me entenda mal, meus amigos estão lá por mim, mas existe um limite de até onde eles vão. E apesar de estarem lá por mim, sempre tem uma opinião para dar “ah você poderia administrar melhor seu dinheiro” “cadê a atividade física?" “Você só gosta das pessoas erradas”. Eu estou exausta de tanta críticas, ou por acaso eles não sabem que eu já pensei tudo isso? O meu espiríto está cansado. 

Eu me sinto tão pequena, tão indigna. Todos são amados. Eu só queria num momento de crise poder chorar, ser abraçada por alguém que me ame e que me diga que vai ficar tudo bem. Eu não queria ter que pensar “Ok, estou a tempo de despersonalizar preciso ir na urgência”. Eu estou cansada de estar sempre só. Na busca de ser amada. Tentando agradar a todos. 

Então eu tenho inveja. Inveja que para algumas pessoas o amor venha de graça.

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Eu te amo de amigo

No hospital eles pedem para gente mesurar a dor numa escala, para mim o máximo é sempre 7, quando eu tive meningite eu achava que tinha atingido meu 10, Mas, hoje eu falei eu te amo para você, e você não retribuiu, ao contrário, disse que só podia dizer "eu te amo" se fosse um eu te amo de amizade. Essa foi a maior dor que já senti, esse foi o meu 10. Porque eu te amo de uma forma que as vezes eu acordo chorando desejando você ao meu lado novamente. Você parece que é parte da minha alma, e eu em sinto cada vez mais solitária. A pior parte é que eu escolhi esse caminho para nós essa distância, porque doía muito mais está perto, está com você.

E amor não é para doer. 

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I am no one's favorite person ant that sucks

Ontem, num fatídico sábado, foi aniversario do pai da minha melhor amiga. Eu conhecia a irmã da mãe dela, Sônia. Sônia começou não gostando muito de mim, porque eu falei muito alto para o namorido da minha melhor amiga que não gostava de cancerianos, e adivinhem só? Sônia é canceriana. Mas, como toda boa canceriana ela me deu uma segunda chance e então começamos a conversar sobre diversos assuntos da vida, e ela disse:

-Você mora só?

-Sim.

- E sua família?

-É de Brasília.

-Ah, sua mãe também mora lá?

-Não, mas ela viaja muito para lá- menti, mas não via como explicar para aquela senhora tão carinhosa, e que se mostrou uma mãe tão dócil para seu filho durante a festa, que minha mãe simplesmente não gosta de mim, me ama, mas não gosta de mim.

- Entendi. A solidão é difícil Ana.

- Mas eu não estou só, tenho meus amigos – acho que nesse momento menti para mim mesma-.

- Mas os amigos,  às vezes deixam deixam de ser amigos, eles casam, eles tem filhos, as próprias famílias.

- É, mesmo depois de tudo que passei e sabendo que eles são verdadeiros amigos a vida ela acontece né? Acho que a senhora tem razão.

- Você precisa de um companheiro. Tire por mim, me sinto tão só agora que meus filhos cresceram, mas quando meu marido chega me sinto muito bem, ele me entende me compreende, é meu melhor amigo, acho que é disso que você precisa, começar sua própria família.

               Nesse momento fomos interrompidas com a chegada dos pais da minha amiga, mas as palavras daquela senhora ecoaram em mim. A única coisa que não tive foi uma família, não sei o que é passar um natal pacifico, pois aqueles que passei meu pai ameaçou bater na minha mãe. Não sei o que é amor de pais, pois os meus não me amaram. Mas, eu tive muita sorte, pois os meus amigos me ensinaram o que era amor, cuidado, carinho e compaixão. E talvez agora esteja na hora de eu começar a minha família. Por enquanto ela só tem uma pessoa, mas aos poucos ela vai aumentar.

               Quando eu cheguei em casa minha amiga disse que Sônia a disse que eu precisa de família eu li aquilo com os olhos marejados.

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11.06.21

“Eu sei que tudo isso serão apenas histórias algum dia. E nossas fotos se tornarão velhas fotografias. E todos nós nos tornaremos mãe ou pai de alguém. Mas agora, exatamente agora, esses momentos não são histórias. Está acontecendo. Eu posso ver. E nesse momento, eu juro, nós somos infinitos.”

           -As vantagens de ser invisível.

Ainda não me tornei pai ou mãe de alguém, mas o que vivemos já se tornaram velhas histórias e nossas fotos já se tornaram velhas fotografias. Acredito que me encontro naquela idade da primeira crise existencial onde você percebe que de fato vai envelhecer e que de fato os seus planos vão se frustrar, onde de fato está tentando colocar na sua cabeça que existem coisas que não valem seu tempo, sua saúde mental e suas noites em claro... mas, claro isso não entra na sua cabeça e por isso estou aqui escrevendo.

           Quando você é mais novo ninguém te fala, bem, na verdade te falam, mas você não acredita, porque não tem noção, do quanto dinheiro é importante, porque ele paga coisas necessária a vida, como um café com os amigos ou um plano de saúde. Eaí você fica adulta e vai ver seu checklist de coisas que deveria ter conquistado aos 25 anos e vê que nada daquilo que você deveria ter alcançado alcançou, porque você resolveu ser professora! Ok, talvez eu esteja sendo um pouco dura comigo mesma, afinal eu sou uma professora universitária, mestra aos 25 anos... fuidida e mal paga? Sim!

           A questão é, eu fiz uma merda no trabalho, porque não prestei atenção suficiente, porque o mundo a minha volta tava desmoronando e eu não tava dando conta, e amanhã vou receber um carão. E issos só colabora para o fato de estar me sentindo muito incompetente nos últimos tempos. Mas ontem eu recebi um diagnóstico de uma doença de que se eu não tratar posso ficar cega e no fim isso me faz pensar que a vida é muito curta para tudo isso.

           Eu não sou perfeita e eu não vou ser, eu cometi um erro no trabalho e eu vou cometer muitos outros em outros empregos. Eu cometi erros na vida que venho remoendo essas últimas semanas, e vou cometer outros erros na vida, estou cometendo erros agora, e vou aprender com eles, vou chorar vou ficar feliz. E tudo bem porque tudo isso são processos. O mundo não vai acabar, talvez eu fique lisa, talvez eu fique rica. A vida é esse bando de talvez e eu tenho que aceitar e lidar com isso.

           Eu estou cansada de acordar cansada, estressada, com ansiedade, eu quero acordar, tomar meu café, e, fazer as coisas num ritmo normal. Eu quero viver o agora, não a antecipação.

11.06.2021

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20.05.2021

No momento atual me encontro exausta, não sei se por causa da pandemia e tudo que ela trouxe, mas com toda certeza ela é um fato contribuidor. Talvez ela só tenha acelerado alguns processos. Bem, não sei, o que sei é que encontro sem coragem de fazer minha caminhada, meu skin care, me encontro sem vontade de cuida de mim, o que isso significa? Estou perto de uma baixa de humor? Será que mais remédios vão resolver? Ou só vão fazer com que eu durma mais.

Acho que somos obrigados a tomar decisões muito importantes sobre a vida quando ainda nem sabemos o que a vida nos proporciona. Escolher uma carreira com 17 anos... com 17 anos eu não sei nem o valor de uma feira, de um aluguel, ou as responsabilidades de criar uma família, como posso escolher algo que vai determinar tudo isso que acabei de citar?  

Mas, para a sociedade não importa, com 17 anos você toma essa decisão. Com 25 estou terminando o mestrado e sou uma professora universitária, estou saturada da minha profissão e do meu campo de estudo, e agora?  Para alguns é muito tarde para recomeçar, para mim me faltam recursos, quem vai pagar o cursinho? Meu plano de saúde? Minha alimentação?  É então que você entende que o dinheiro traz privilégios, e ele é um privilégio para poucos.  “Recomece, não importa a idade” eles dizem, o que eles não dizem é que esse recomece é para quem tem recursos.

Preciso parar, observar e descansar, estou exausta, nem vontade de assistir minha série ou ler um livro eu tenho, é como se abrir os olhos e levantar da cama demandassem um grande esforço. Eu não sei até onde aguento todo esse esforço. Tem um choro preso na minha garganta, uma pessoa pedindo para ser tratada, cuidada, mas eu não consigo cuidar ou tratar dela. Por enquanto eu só consigo fazer o mínimo para que ela sobreviva.

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AMOR FEINHO

Eu quero amor feinho. Amor feinho não olha um pro outro. Uma vez encontrado é igual fé, não teologa mais. Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo e filhos tem os quantos haja. Tudo que não fala, faz. Planta beijos de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada. Amor feinho é bom porque não fica velho. Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é: eu sou homem e você é mulher. Amor feinho não tem ilusão, o que eletem é esperança: eu quero amor feinho.

- Adélia Prado