kyouiboo

[kyouiboo]

eu queria que o mundo acabasse amanhã. queria entender o que se passa na sua cabeça. queria poder te chamar de meu. queria você.

[kyouiboo]

camélias no inverno envolta de seu corpo

gelado

o olhar latente era o meu

inferno particular

de uma memória cíclica de sua voz sussurrando

“no inferno só é quente quando é verão”

e quando minha alma defunta finalmente pousar sua matéria nas jazidas de incêndios incessantes

não invejarei deus

invejarei as camélias que, mesmo no inverno, ainda são capazes de tocar teu corpo. tão longe de mim.

[kyouiboo]

Querida Milena,

Eu queria que o mundo acabasse amanhã. Então eu poderia pegar o próximo trem, chegar na sua porta em Viena, e dizer “Venha comigo, Milena. Nós vamos se amar sem escrúpulos ou medo ou resistência. Porque o mundo vai acabar amanhã.” Talvez nós não nos amamos sem razão porque pensamos que temos tempo ou temos que nos considerar com tempo. Mas e se nós não tivermos tempo? Ou e se o tempo, como nós conhecemos, é irrelevante? Ah, se apenas o mundo se acabasse amanhã. Nós poderíamos ajudar muito um ao outro.

— Franz Kafka

[kyouiboo]

passei muito tempo me aperfeiçoando da arte de usar meu corpo e nunca aprendi a usar a boca.

— todos os lugares do seu corpo que eu beijaria se pudesse

[kyouiboo]

você entrou na minha vida como fumaça de café fresco, pouco a pouco foi impregnando todo o meu ser com sua presença leve, de eflúvio doce e mais tarde, com seu sabor.

por isso implorei todas as noites para você me dissolver em teu íntimo… nos torne mais fácil de amar.

entretanto me mata saber que nossa história de amor nunca será contada. ela não aconteceu. por isso imploro para ser enterrada a sete palmos do chão enquanto tudo que eu verdadeiramente quero é ser enterrada em seus braços.

outros corpos e outras bocas não me fazem esquecer a mínima expectativa de como seria te provar por inteiro denota e conotativamente falando.

me conforta saber que eu não era a única amando com prazo de validade e mesmo contra todas as probabilidades você escolheu o melhor para você e eu fico tão orgulhosa. mesmo sabendo que o melhor para você não sou eu.

meu coração se parte toda vez que eu passo na esquina da minha casa e lembro de nós. toda vez que eu tenho que fazer sozinha o trajeto que outrora foi acompanhado de ti.

sei que um dia vou parar de contar nossa história, sei que um dia eu não vou mais escrever sobre você ou sobre como você fecha os olhos quando ri. sei que um dia não vou mais sentir seu fantasma e te deixarei ir.

mas ainda preciso tomar ciência de que um dia todas as músicas que você me dedicou vão voltar a ser somente mpb’s tocando em um bar de esquina, ainda preciso me convencer de que vou ser capaz de escutar los hermanos e não lembrar de você recitando a letra olhando no fundo dos meus olhos.

é que quem te vê passar assim por mim, não sabe o que é sofrer.

e eu estou me odiando por não admitir que tudo isso machuca você tambem, talvez até mais do que eu já que você não sabe lidar com seus sentimentos.

Deus sabe que eu queria ter sido melhor para você, que eu queria que tivesse dado certo, mas tudo que posso fazer agora é torcer para não esbarrar com uma foto nossa na galeria do meu celular.

eu te agradeço por ter me amado tão de perto, mas encarar a realidade é saber que a partir de agora eu te amo platonicamente de longe.

desejo tudo de bom para você, me desejo para você mesmo sabendo que não posso ser sua. desejo tudo de melhor menos os meus textos. você nunca vai saber o que você

significou para mim.

você nunca vai ler o que eu te escrevi.

[kyouiboo]

ultimamente estou morrendo de inveja

[kyouiboo]

tagarelaria sobre os sonhos frustrados para sempre, sobre desejos ignóbeis que foram quebrados e cremados. mas estou cansada de explicar o fogo, ele queima porque deve.

e quando fazemos contato visual, suntuosamente me lembro que a morte só me mata uma vez, mas amá-lo me mata todas as manhãs, e me dói saber que nunca serei seu café, para que ele nunca ache algo mais saboroso, pois prometeria transformar seus acordares em lindas noites não dormidas.

ainda sonho com seus dedos traçando pegadas em toda a minha pele, com os — beijos — atrás de minhas pernas. e eu quero chorar. só o sol chegou tão perto.

só o sol.

o que me leva a sussurrar em seus ouvidos. implorar. para você me contar sobre a luz do sol e como ela entra em você, como uma antiga maneira de fome ardente, de um jeito que você jamais irá entrar em mim.

e me diga como foi beijar ele, como ele ria e o calor que você sentiu naquela noite. do jeito que você olha para mim e não me vê.

e então volte a me tocar do jeito que me faça acreditar que sua boca é o céu, do modo que seus beijos caem por mim como estrelas. e me mostre todas as nuances do cerne que ninguém conhece, só para me segurar pelos cabelos e o puxar para trás, implorando para eu te dizer onde colocar a pressão.

e você sabe onde, como, quando. eu não sei, meu cérebro não funciona perto de você, é tudo tão novo e especial que é como se o mundo parasse para observar seus olhos brilhando em laranja pela temperatura entre nós.

me puxar para mais perto com seu singelo, calmo, sussurrado e sôfrego "acredite em mim". minha barriga tremelicava ao passo que você me carimbava digitais cada vez mais baixas, quis rasgar os céus pedindo para, por favor, ter você para sempre.

eu estava onde você queria. te contando sobre meu amor por morangos e como eles foram feitos para compartilhar. então quando eu estava em pedaços e não conseguia comer você me comprou morangos e comeu comigo. como você se atreve a me amar da única maneira que eu sempre implorei para ser amada?

seu toque tinha sabor de frutas vermelhas e explodia como constelações sucumbindo, enquanto eu pedia para você me segurar gentilmente pois me considero a-mavel.

nunca me senti tao bem quanto no momento que você segurava meu cabelo tão cuidadoso como se eu fosse quebrar, enquanto você deslizava na curva da minha garganta. não lembro se foi relacionado ao sentimento de ser sua por um segundo que fosse, se teve haver com o toque físico ou a sensação de te agradar de maneira que ninguém havia feito antes, mas estava lá, a comoção de por uma vez na vida estar denotativamente abaixo de ti.

e é claro que eu me lembro. da primeira vez. a única. e é por isso que no inverno eu colapso pela falta do teu calor e do aconchego do seu olhar no meu. e me disseram que no inferno só é quente quando é verão, logo acho que estou presa em um eterno inverno infernal longe de seus braços. basta dizer que é utópico pensar que sou muito dependente de braços que nunca me abraçaram.

[kyouiboo]

e quem sabe, que em algum momento, em outro universo, por descuido ou por poesia, você goste de ficar

[kyouiboo]

n acredito q to chorando por isso

[kyouiboo]

[kyouiboo]

eu quero q a sentinus se foda

[kyouiboo]

hoje se encerra um ciclo. e como todos os outros eu não estou pronta para acabar com ele. o cientistas começou em fevereiro, não fazia um mês que eu tinha chegado em uma cidade nova, um estado novo, eu não tinha feito amizade com ninguém e chorava todos os dias de saudade, de falta, de vazio. o projeto me fez cativar e me cativou também é um pouco engraçado ver que 95% dos meus amigos na sala são da minha equipe, a competição veio com tudo em pouco tempo e não consegui me aproximar do outro lado, laços não foram criados e ao passar dos meses alguns foram rompidos. eu me estressei tanto durante esse tempo, eu pedi tantas vezes para acabar logo que agora que realmente vai acabar, eu não quero, me sinto ingrata não quero que as horas passem nem que a ficha caia, as vezes quero voltar para fevereiro quero fazer tudo de novo, xingaria cada um, passaria todo esse tempo com todos eles inclusive aqueles q foram criadas inimizades. agradeço inclusive pelos dois que eu conheci no caminho, acho que parte de amadurecer é olhar para si mesmo e reconhecer seus limites, por isso que digo sem duvida alguma: sem eles eu não teria feito metade do que eu fiz. tenho aim preconceito com coach mas não sei o que faria se o pedro não tivesse me colocado para cima tantas vezes, se o Gustavo não viesse com aquele jeito lerdo dele me irritar mas mesmo assim me fazer soltar uma risada com a besteira mais sem graça imaginável. saio desse projeto sendo outra pessoa, com certeza vou ficar um tempo chorando de saudade, de falta, de vazio, não consigo lembrar como era minha rotina antes desse tsunami de coisas cair nas minhas costas, sei que fiz o melhor que pude, sei que fiz mais do que eu deveria, sei que esse ciclo se encerra em menos de 24 horas, a nexum não vai existir mais, a sentinus também não, e me dói, dói muito mas é preciso seguir em frente, a vida continua, e se em outra vida eu fiz uma escolha diferente, não sei se estou tao realizada como agora.

[kyouiboo]

essa vagabunda

[kyouiboo]

constantemente sinto que desperdicei toda a minha adolescencia sendo triste, meus 18 anos estao batendo na porta e eu posso contar nos dedos das mãos quantas vezes eu sai para uma festa sozinha, para algo dos meus amigos. ano passado foi uma vez só. vejo as pessoas da minha idade, da minha sala saindo todo fim de semana e nao posso evitar a semente de inveja que eu plantei a muito tempo e so vai desabrochando mais e mais. eu culpo os meus pais por sempre serem tao duros comigo e tao conservadores, eu entendo que eles tem que me preparar para a “vida” mas ao mesmo tempo o circulo familiar nao deveria ser mais leve? queria sair, nao muito, eu gosto da minha casa, mas queria curtir com os pseudo amigos que eu acho que tenho, queria sorrir mais, queria ter tido meu primeiro beijo sem ser de uma forma traumatica, queria nao ter me fechado nesse assunto e tambem queria nao ser tao sensível a isso, queria sim poder beijar como os outros fazem mas eu nao consigo. nao da. o meu corpo inteiro trava e aquela cena se repete na minha cabeca, eu queria ser normal