O caos e enxurrada de sentimentos conflitantes me puxaram para essa dimensão estranha..... E o que fazemos quando o caos reina? Queimamos tudo (ou a minha biblioteca pessoal)
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libraryonfire · 2 years ago
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As Aventuras de Pinóquio… ou O Manual de Como Ser Uma Pessoa (boa ou não)
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Antes de iniciarmos nosso ritual de atear fogo em um livro tenho que perguntar… vocês já leram Pinóquio? E a pergunta vem porque, enquanto eu lia, senti a sensação de que eu nunca conheci o "verdadeiro Pinóquio", como se eu tivesse contato com as várias versões, releituras, paródias, resumos e exageros de quem seria o Pinóquio. O boneco engraçadinho de Shrek, a versão doce e inocente da Disney, a versão mais obscura do Del Toro, a versão suave que nos ensina a não sair da escola contada na escola, ou a versão que aprende a não mentir que minha avó contava…. Tantas versões ruidosas me afastando do real Pinóquio…. Ironicamente parece tanto situações que ouvimos mais os ruídos sobre alguém ao invés de realmente conhecer a pessoa…Mas chega de divagações e vamos queimar o adorável bonequinho de madeira, ou melhor, queimar o livro dele.
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Hora de montar nossa fogueira: O homem nasce mau… ou melhor o homem nasce bom…Ou o homem nasce nem bom nem mau… melhor ainda, o homem só nasce… enfim Pinóquio nasceu..
E que nascimento…. Ordinário? Primeiramente, a história já começa de maneira promissora com o autor massacrando o pedaço de madeira que viria a ser Pinóquio. Um pedaço de madeira comum,na verdade pior do que se espera de um pedaço de madeira, um pedaço de madeira sem nada especial (um adendo que a madeira fala, fato que assusta no início mas é tratado com bastante naturalidade por Gepeto). O nascimento de Pinóquio é tão comum como qualquer nascimento de boneco de madeira (acho), não tem um grande ato, não tem uma grande magia, é um pedaço de madeira que fala que vira um boneco de madeira que fala, feito por um artesão pobre e solitário e Pinóquio é…. Caótico! Pra dizer o mínimo. Logo de cara já foge pela aldeia e faz seu pai ser preso e em poucos capítulos mata o grilo falante.
Ou seja…… Pinóquio nasceu mau…?
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Logo de cara, quando somos apresentados a Pinóquio eu pensei: cadê o bonequinho adorável e inocente que será enganado e cairá em terríveis aventuras? Cadê a doçura infantil e o sentimento de descoberta?
Bem, ele tá lá, Pinóquio é inocente e está descobrindo tudo, aprendendo o que é fome e como conseguir comida, como a sociedade e as outras pessoas funcionam, aprendendo que suas atitudes têm consequências… e ele aprende isso da pior forma possível, ou seja, passando fome e pegando fogo, ficando sozinho e vendo a indiferença dos outros em relação a ele. Existe inocência em suas atitudes, principalmente quando ele escolhe agir de forma inconsequente perante as primeiras alegrias de sua vida de boneco, não vou julgar, quantas vezes não me precipitei em situações novas pela euforia de as estar vivendo e depois me arrependi amargamente? Pinóquio é assim, ele quer viver e nessa sede acaba se cegando para as consequências ou para as pequenas maldades.
Pinóquio pode parecer malvado, mau caráter e ruim (ele matou o grilo) quando analisamos suas atitudes, no entanto, nós analisamos isso já tendo uma consciência e todo código moral impressos na nossa personalidade, sabemos que o que ele faz é ruim porque já aprendemos isso, isso não o torna mau, o torna…. Inocente, alguém que precisa aprender isso, e irá.
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Queima, queima fogueirinha, bote a lenha na chaminha: Pinóquio, o herói em situação de barril
Bem, já vimos que Pinóquio não é lá o melhor dos exemplos, mas foi aí que percebi algo: O PINÓQUIO �� O MELHOR DOS EXEMPLOS!
Tá, vamos lá: Pinóquio é mau caráter, teimoso, desobediente, egoísta, preguiçoso, violento, vagabundo, não gosta de trabalhar… tudo que, geralmente, os mocinhos não são (e que muitas versões apagam), mas é por isso mesmo que Pinóquio se torna tão bom exemplo, ele tem todos os defeitos, exatamente como todo mundo!
Quantas vezes não fui egoísta, teimosa, preguiçosa, fugi do trabalho, preferi ir pra qualquer lugar que pra aula, contei mentiras? E tenho certeza que, caso não tivesse vivido nada da vida, tomaria algumas das mesmas escolhas que ele, eu já vivi situações onde a falta de experiência me levou a tomar a decisão "errada", e sei que muita gente também. Pinóquio não é perfeito, e o autor não tenta passar essa imagem pra gente, e mesmo tendo tantas falhas eu torcia por ele, me compadecida e o mais importante: no fundo Pinóquio mantinha seu bom coração.
Não é clichê! Mesmo com tudo desmoronando, todas as situações ruins, todas as escolhas questionáveis, Pinóquio se mantinha leal ao pai, a fada de cabelos turquesa, e queria apenas o melhor para eles. Existiram escolhas feitas visando melhorar a situação para eles, e, assim que se encontrava numa desgraça terrível, Pinóquio se arrependia.
É aquela coisa, aprendeu na marra, mas aprendeu.
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E bem quente vai estar, deixe a madeira queimar: O que é ser um menino de verdade?
Essa aqui é uma coisa que não muda, o grande objetivo, o maior sonho, aquilo que Pinóquio mais deseja: se tornar um menino de verdade.
Mas afinal, o que é ser um menino de verdade?
Apesar da resposta óbvia (e que realmente acontece) de que ser um menino de verdade é ser um garoto de carne e osso, eu senti uma coisinha um pouco diferente…
A jornada de Pinóquio não é fácil. Na verdade é péssima. Ele não escuta os adultos, os animais que o aconselham, os alertas, ou os sinais, ele se coloca em situações terríveis como enforcamento, prisão, perseguição, afogamento, transformação em burro, trabalho forçado, etc etc, pra no fim entender que aquilo não era certo e conseguir assim compreender a sociedade e seus valores.
E ele passa toda essa jornada de sofrimento causado por péssimas escolhas até que no fim, após encontrar Gepeto ele passa a se dedicar ao trabalho, a escola e a seus afazeres cotidianos, que não são fáceis mas trazem certo conforto.
Inclusive fiquei um pouco emotiva nessa parte… Pinóquio começa um trabalho exaustivo para conseguir leite para o pai, faz cestos de palha para conseguir moedas para bancar os dois e, no fim do dia, acha tempo para seus estudos, comprando uma cartilha danificada e fazendo ajustes com o material de escrita que falta. Essa atitude, principalmente a parte de adaptar os estudos a sua rotina cansativa e puxada, me fez sentir um amor pelo boneco que até então estava oculto, Pinóquio não se deixou desanimar perante as dificuldades, ele queria estudar e arrumou uma forma de fazer isso.
Pinóquio evolui de situação ruim em situação ruim, sua motivação sempre sendo escolher o que não prejudica a fada e seu pai (vários momentos ele considera o desespero de ambos). Se antes ele não fazia ponderações, depois ele passa a fazer… se antes ele não reconhecia o valor do trabalho, agora ele o procura… se antes ele fugia da escola, agora inclui ela em sua rotina… Pinóquio aprende o que é "ser bom" e assim se torna um menino de verdade, um garoto de carne e osso.
Na minha visão, um tanto sentimental, Pinóquio se torna um garoto de verdade ao sair do tubarão com seu pai, quando seu amor por Gepeto o faz tomar decisões que o façam visar o conforto do pai primeiro. Ser um garoto de verdade está totalmente ligado a Pinóquio aceitar que a vida não é apenas diversão, que muitas vezes, para estarmos bem e as pessoas que amamos também, precisamos sacrificar coisas que massageiam nosso ego, e que a vida é assumir responsabilidades, mesmo que sejam chatas.
E a evolução aqui não é fingir que as escolhas ruins não existiram, não é apagar o passado ou agir como se não tivesse sido uma verdade, é aceitar o passado, suas consequências e quem ele era e reconhecer que já não o é mais, aprender com aquilo e seguir, tanto que Pinóquio é confrontado com personagens do passado ao retornar e sua atitude é de alguém que aprendeu com aquilo.
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E no fim só resta o pó: O que aprendemos com Pinóquio?
A não mentir….? Kkkkkkkkm tô brincando… bem, da minha parte, queridos incendiários, posso dizer: eu aprendi que mesmo com defeitos, todos nós podemos ser pessoas boas, independente do que fizemos ou deixamos de ter feito, das nossas falhas e escolhas ruins, se o desejo de mudar existe é completamente possível ser uma pessoa boa, um "menino de verdade".
Pinóquio se tornou, no meu coração, um manual do que é ser uma pessoa boa… não é ser perfeito, sem falhas, sem um passado cheio de escolhas erradas, mas sim ser uma pessoa imperfeita, caótica, que toma escolhas ruins, mas que não deixa isso te definir, que continua buscando ser melhor. Ser uma pessoa boa é aprender com tudo que a vida joga na gente, é aprender com nossas próprias péssimas decisões e suas consequências, mas se manter fiel àqueles que amamos, é buscar ser melhor apesar das coisas ruins.
Até porque, falhas de caráter todos temos, o que importa é o que fazemos com elas.
E essas são minhas considerações sobre As Aventuras de Pinóquio, agora devidamente carbonizado.
Até o próximo pequeno incêndio literário, com amor e tentando ser uma menina de verdade, Babs.
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libraryonfire · 2 years ago
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Textos incríveis, escrita impecável.
Thanks benzinhe
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libraryonfire · 2 years ago
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O Grande Gatsby e o Grande Problema de Ser Trouxa
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Aaah o sonho americano…. Do nada vim e do pó construirei meu império… Os loucos anos 1920 e todo seu glamour (e decadência)! A questão que fica é: tem como não amar O Grande Gatsby e toda sua história de amor impossível, crescimento financeiro, construção de caráter e todos esses aspectos que já vimos em trocentas análises?
Bem, não estou sendo cínica, realmente acho o livro maravilhoso e realmente a análise usual sobre o sonho americano e toda a motivação do Gatsby realmente é bem interessante e mostra o retrato de uma época. Mas, vamos lá, enquanto eu relia e sentia todo o turbilhão de emoções que sempre sinto com Gatsby e Daisy uma coisa martelava na minha mente, lá no fundo, escondidinha esperando para vir à tona com tudo e é sobre isso que vou falar hoje, agora, nesse texto, no espaço-tempo que você se encontra querido navegante incendiário. Hora de queimar esse meu livrinho preferido!
Vamos acender o fósforo: Gatsby era obsessivo ou apenas o último romântico de Nova York nos anos 1920?
Bem, uma coisa que eu sempre amei no Gatsby era como ele esperou pela Daisy e passou anos e anos apaixonado pela moça de sua juventude e como ele retorna para a vida dela, com todo glamour que ele acha que ela merece. Mas aí, depois de tanto caos e vivências malucas vi como a minha visão era romântica e quase ingênua, claro que fiquei em dúvida se eu só estava sendo bem pessimista sobre o amor, obviamente não queria condenar o último romântico literário dos anos 1920, mas no fundo esse sentimento martelava e martelava…
Gatsby ama a Daisy, e isso eu não duvido, mas, e se esse amor deixou de ser apenas amor e se tornou um apego doloroso disfarçado de amor, virou obsessão. Ele quis crescer na vida, não apenas por ele mesmo, mas pra agradar a Daisy, e deu festas e mais festas na esperança dela surgir em uma delas e cair de amores por ele, foi atrás dela e passou a falar como se fosse ela na cena do apartamento, assumiu a responsabilidade de um acidente que ela causou e no fim esperou por ela quando era claro que ela não voltaria.
Daisy motivava Gatsby, e ele esquecia de si mesmo enquanto almejava ela.
De certa forma, estou pronta pra passar pano para o nosso "herói", Gatsby idealizou tanto Daisy, criou tantos cenários e situações hipotéticas onde eles estariam felizes juntos, acumulou tanta coisa e criou um império inteiro na esperança que um dia ela estaria ao lado dele, sendo recíproca, que esqueceu de viver o presente.
É evidente que ele nunca aproveitou nada daquilo que construiu, nunca aproveitou as festas, não fez amizades verdadeiros, criou vínculos frágeis e no fim nada daquilo que ele idealizou se concretizou, o amor que ele encontrou foi do pai afastado e do único amigo que fez no caminho.
Em outras palavras: Gatsby foi trouxa, romântico, porém trouxa.
Ele esperou, esperou, viu que não seria correspondido, e esperou, esperou, e se afundou num mar de idealizações, ilusões e perspectivas tortas de um futuro incerto que se baseava em uma pessoa, que não apenas não correspondia como dava mais esperanças ainda.
E bem, o que eu pude ver é que no meio do meu caos, e das minhas chateações e dos meus naufrágios conhecidos como relações amorosas falidas, eu estava tão pronta pra perdoar e acolher o Gatsby porque sou igualzinha a ele. Eu me deixo levar pela maré de e se, talvez, como seria se… eu me jogo nas ilusões e idealizações que eu mesma crio, e quantas vezes não me perdi entre passado nostálgico e futuro idealizado?
O Gatsby é trouxa, assim como muitos, assim como eu! E pode não parecer, mas ser trouxa às vezes é um problema, foi um problema aqui, foi um problema pra mim, mas o que eu aprendi é: ser trouxa é um problema, mas temos que reconhecer que muitas vezes nós mesmos que nos colocamos nessa posição.
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Hora de deixar as chamas tomarem conta: Daisy e o afogamento em si mesma
Daisy é linda, rica, carismática, marcante…. O ideal de mulher, de mocinha de romances, aquela que muitos querem mas é para poucos.
Daisy é tudo que eu queria ser…. Até enxergar que Daisy é exatamente tudo que eu odiaria me tornar!
Não achem que eu odeio a Daisy, porque, pasmem, eu não odeio! Na real, eu tenho um carinho enorme pela Daisy, minha relação é quase como uma onda: se aproxima e se distancia, quero e não quero.
Quando a Daisy é apresentada, a cena parece saída de um sonho, e é interessante como tudo que sabemos, tudo que ouvimos da Daisy é de terceiros. Toda a imagem que temos da Daisy é construída pelo ponto de vista dos outros, quase nunca ela tem voz sobre a própria história, e antes que digam que o Gatsby também não narra, existe um capítulo sobre toda a trajetória dele onde fica entendido que ele contou sobre. A Daisy não, ela está ali, passiva em sua redoma, recebendo as consequências.
O casamento com Tom é confortável, tem amor? Não sei, vejo mais dependência que amor, sabe quando a gente se sente tão confortável numa situação/relação que simplesmente ignoramos tudo de ruim apenas para manter essa sensação, aquele sentimento de querer sair mas ficar é mais seguro? É isso que vejo em Daisy e Tom. Vale mais a pena ignorar a amante e viver um casamento morno, que ir em busca de algo que pode representar o fim do status.
Daisy pode ter amado Gatsby, e isso é algo que acredito, mas ela não o ama mais, ele representa o passado, sua juventude idílica, a vida calma, o amor arrebatador de adolescência, mas ele não é o presente dela, e ela sabe disso. Gatsby foi uma aventura para a vida parada de Daisy, ele se colocou ali pra ela e ela o usou para fugir de um cotidiano amoroso chato e frio.
Ela tem novas prioridades, a vida de Daisy seguiu sem Gatsby, ela se casou, teve uma filha, criou essa imagem encantadora e vive a vida de luxo dela, não há espaço para ele ali.
Antes, eu não gostava dessa atitude dela, a forma como ela descarta aquele que era pra ser seu grande amor, como se ele não significasse nada, mas então eu entendi que a Daisy fez o que todos deveriam ter feito (incluindo Gatsby) e que a decisão dela não a torna a vilā de nada, nem uma pessoa horrível, ela seguiu em frente, seguiu a vida, mesmo que tenha se machucado com Gatsby, mesmo que tivesse sentimentos, ela não deixou de viver por ele e nem projetou toda suas expectativas em alguém que já não fazia parte da vida dela.
Então por que eu insistia tanto em não querer gostar de Daisy se suas atitudes parecem razoáveis?
E a resposta simples é: porque ela quebra toda a idealização, porque o ato dela de não corresponder vai contra tudo que até então eu acreditava sobre o amor.
A verdade é que aprendi uma coisa muito importante com Daisy e suas atitudes egoístas, uma coisa que vou guardar sempre comigo: ninguém é obrigado a corresponder porque criamos afeto, ninguém é obrigado a esperar para sempre ou insistir em algo que não deu certo.
O mito do amor incondicional do tentar e tentar mesmo se machucando, de largar tudo e ir atrás do grande amor, é lindo mas não é prático. Daisy escolheu o que, para ela, era melhor para ela, e, infelizmente, isso não incluía Gatsby. E porque irei culpá-la?
Quantas vezes não gritei para mim mesma que se ela amava Gatsby era só ir embora com ele? Quantas vezes não a chamei de covarde por não querer simplesmente largar tudo e seguir com o amor da vida dela? Quantas vezes não a chamei de egoísta e mimada por suas escolhas? Medrosa?
Mas eu me vi em Daisy, nas atitudes imaturas, em seu egoísmo que escondia o medo de se entregar de vez e a prendia em sua gaiola de luxo, em escolher o conforto ao invés de se arriscar…
Daisy se tornou refém de si mesma, se afogou em si própria quando passou a viver pela expectativa alheia, se silenciou para manter seu status quo, sua reputação, e quantas vezes não preferi me prender em pequenas celas que criei ao invés de deixar tudo transbordar, exatamente como ela?
Ela usou aquilo que tinha para se manter da melhor forma possível e entender que Gatsby não era seu futuro não foi um erro, o erro foi em um ato egoísta deixar as consequências de seus atos serem sofridas por outra pessoa, mas até aí, quantas vezes ela não sofreu por escolhas alheias?
No fim fica claro que apenas amor não era suficiente, e Daisy e Gatsby podem ter se amado o quanto foi possível, mas isso não sustentou nenhum deles.
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Nick carraway e o problema de apenas observar
Nick é um cara legal, um cara centrado, um cara que sempre está ali, observando.
Eu diria que Nick é, aparentemente, inofensivo.
Tão à parte e tão parte da história Nick é aquele que você sabe que tá sempre ali, nos cantos, aquela pessoa que sempre tá em todas e a gente não lembra, o do cantinho da foto. Aquele que assiste os outros viverem.
Ele faz parte do jogo de Gatsby, ele faz parte do jogo de Daisy, ele se deixa ser usado como justificativa pelos dois, ele caminha pelas festas e vê a tudo e a todos, seu trabalho quase nunca toma centro e suas ações são quase sempre observar a história se desenrolando.
Nick é o famoso neutro que de neutro não tem nada, ele tece elogios a Daisy mas críticas também, como no fim, quando a acusa de destruir vidas e seguir em frente, ele pinta Gatsby como o bom moço machucado, ele mostra Jordan como a decidida. Mas no fim terminamos o livro com poucas coisas sobre ele mesmo. Ele viveu tanto esses meses observando que não focou em si.
O final de Nick e Jordan é, para mim, sublime e melancólico, já que no seu empenho em entender Gatsby, ele trata de forma negligente seus sentimentos por Jordan, até que no fim a própria desiste dele.
E a vida é assim, cheia de Nick's que estão ali por você até que os amigos precisem mais, e quantas vezes não somos como ele, fugindo da nossa realidade pela dos outros, pegando problemas que não são nossos e esquecendo dos que cabem a nós, puxando toda aquela bagunça pra gente até que quando percebemos perdemos nossa Jordan.
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Deixe o fogo queimar: o que aprendi afinal?
Bem, antes desse livro ser queimado de vez está na clássica hora da grande lição do dia e aqui temos várias:
Não ser trouxa
O amor não se sustenta sozinho
Somos responsáveis por nossas decepções quando baseadas em ilusões que criamos
Não devemos jogar nossa felicidade em terceiros
Não tem problema não fugir com o amor de adolescência
Às vezes não é pra ser mesmo
Mas o que eu realmente vi, enquanto minha vida pegava fogo ao meu redor é que às vezes somos o Gatsby e nos iludimos um pouco (ou muito) mas o importante é saber se reencontrar, saber quando é o momento de sair dessa gaiola de ilusões e assumir o controle do presente, não se pode apenas viver de projeções. E dói, muito, muito, muito mesmo entender que a pessoa que a gente quer não nos quer (ou quer mas não sabe dizer isso, ou quer mas se deixa influenciar) mas devemos seguir, como a Daisy seguiu. Não adianta viver de um passado nostálgico que constrói um futuro capenga.
Eu amo o Gatsby, mas jamais quero ser como ele… Não quero viver de ilusões e expectativas que não me cabem, e não quero que minha felicidade dependa de outros.
Eu entendo a Daisy, mas não quero me justificar como ela… Não quero ter medo de impor o que quero, não quero estar sempre na zona de conforto, não quero fugir depois de incendiar um mundo inteiro.
Eu já agi como o Nick, mas não quero perder as coisas como ele… Não quero fingir ser neutra para agradar, quero participar mais e prestar atenção naqueles que estão próximos.
No fim quero ser como a Jordan, que era decidida e quando viu que não estava recebendo o que entregava pulou fora.
E essas são minhas considerações sobre O Grande Gatsby, o primeiro livrinho queimado da minha biblioteca ⭐
Até o próximo pequeno incidêncio literário, com leves amorzinhos,
Babs.
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libraryonfire · 2 years ago
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Hello and Welcome!
Olá Navegantes Dimensionais,
Sejam bem vindos a minha pequena ilha de caos, descontrole e leves momentos de lucidez (que surgem de maneira aleatória). Se você estava perdido e me encontrou aqui, então ficaremos perdidos juntos…
De certa forma, você está entrando em meu pequeno cantinho apocalíptico, rodeado de livros, livros, mais livros, filmes e alguns textinhos aleatórios sobre o cotidiano nessa dimensão estranha de vez em quando. 
Espero que ler as minhas opiniões sobre livrinhos que eu gosto (e muitas vezes estão sendo revisitados) e um pouco das minhas pequenas considerações ocasionais da realidade ajudem vocês a não ficarem à deriva como eu estava.
Bem vindes, e escolham um cantinho enquanto queimo minha biblioteca aos pouquinhos…
Com leves amorzinhos,
Babs.
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libraryonfire · 3 years ago
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