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A linguística na literatura brasileira
O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma foi escrito pelo autor brasileiro Lima Barreto e, na cronologia da literatura brasileira, pertence ao pré-modernismo.
O livro, que se passa no período da Primeira República, marcado pela abolição da escravidão, fim da monarquia, voto de cabresto, bem como a urbanização e início da industrialização no Brasil, tem como protagonista o major Policarpo Quaresma, um funcionário público excêntrico amante da literatura brasileira, da música erudita e conhecedor de várias línguas estrangeiras.
O personagem, criado de maneira cômica e caricatural, é um exemplo de um nacionalismo exacerbado, típico daquele momento histórico. Defende com unhas e dentes a nação brasileira, de modo a abrir mão de toda e qualquer influência estrangeira.
Assim, propõe uma ideia um tanto quanto maluca: impor o tupi como língua nacional do Brasil. Sabe-se que, lá pelos idos de 1890, a maioria dos indígenas já havia sido dizimada, e a maior parte da população era monolingue em português (à parte da crescente população imigrante).
Em seguida, com a tentativa de um decreto, Policarpo é levado para um hospício. Porém, à parte da questão literária, fica a dúvida: e se ele estivesse certo?
Em primeiro lugar, vale mencionar que existem várias línguas indígenas (cerca de 180 hoje em dia) e, desse modo, obviamente não há um único tupi.
Além disso, é preciso dizer que a linguagem não muda de uma hora para a outra, e sim de forma contínua e gradual. Portanto, as mudanças sociolinguísticas começam em um grupo social e, possivelmente, são adotadas por toda a população. Dessa forma, o tupi não pôde ser elegido pela população brasileira porque tal mudança não ocorreria de uma vez, e sim ao longo de centenas de anos.
Fora isso, outra questão deve ser levada em conta: Policarpo não tinha poder político. De fato, várias mudanças linguísticas podem ser impostas por algum grupo social que tenha poder na sociedade. Um exemplo é o estado que, através da educação, pode exigir uma reforma ortográfica.
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Se gostou do texto, confira o nosso vídeo no YouTube, que sairá em breve, em que essa história é relatada de forma mais detalhada.
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O que é crioulo?
De origem portuguesa, o termo crioulo surgiu na época colonial para fazer referências às pessoas que, embora descendentes de europeus, nasceram em países originários de colônias europeias.
Dessa forma, para a linguística, o crioulo é uma língua plena surgida a partir do contato entre várias línguas. Há esse contato, temos a língua de maior prestígio (povo colonizador) e a língua de menor prestígio (povo colonizado).
É importante saber, que para chegar no processo de crioulização a língua passa pelo pidgin. No Brasil, esse processo surge pela necessidade de comunicação entre as pessoas que faziam rotas comerciais, ou seja, essa língua surge pelo contato de dois grupos que não possuem a mesma língua.
Com o tempo, o pidgin passa a fazer parte da comunicação social da comunidade, ao passo que as crianças que nascem nessas comunidades são expostas ao pidgin e adquirem como língua materna. Esse processo tem sido chamado nativização ou crioulização (Holm, 2000: 7). Nesse momento o pidgin passa a ser um crioulo. Portanto, a diferença básica é que crioulo possui falantes nativos, já o pidgin não.
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Gramática tradicional - Para saber mais
Quando falamos em linguística, é inevitável pensarmos na gramática normativa, que é o português tido como “correto”, a boa e velha norma-padrão. Aquele português que é falado geralmente em audiências, que está escrito em documentos oficiais e é utilizado nos textos canônicos, sabe?
É sobre esse tema que os linguistas e professores do Linguisticando irão debater exclusivamente nesse vídeo. O painel traz desde as origens históricas e filosóficas que levaram a construção da gramática tradicional até as peculiaridades dessa norma, seus benefícios e sua importância para o cotidiano. Além disso, há também a abordagem sobre as diferenças entre gramáticas.
- O correto é “vende-se casas” ou “vendem-se casas”?
- Existe relação da gramática com a literatura?
- É possível realizar um diálogo entre Aristóteles, Platão e gramáticos como Bechara, Celso Cunha e Rocha Lima?- Qual é o lugar da gramática na linguística?
- Dominar a gramática tradicional garante uma forma de poder nas relações sociais?
As respostas para essas e outras perguntas você vai ver no canal Linguisticando.
Não esqueça de seguir o canal e continuar acompanhando nosso conteúdo.
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#linguistica #conhecimento #leitura #escrita #gramática #gramatica #português #portugues
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Nova tradução do Curso de Linguística Geral feita por Marcos Bagno
O Curso de Linguística Geral, escrito por Ferdinand de Saussure, é provavelmente o livro mais importante da história da linguística. Obra póstuma publicada em 1916, um ano depois da morte do filósofo, foi capaz de inaugurar completamente uma nova ciência.
De fácil leitura, o CLG busca definir o objeto de estudo da linguística, a relação da fala com a escrita, os princípios da fonologia, a natureza do signo, a sincronia, a diacronia e ainda a perspectiva geográfica e a retrospectiva.
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É, de fato, difícil para o leitor moderno perceber a importância de um único livro. Mesmo assim, todos os calouros de letras estudam, ainda no primeiro semestre, como Saussure fundou a linguística há pouco mais de um século.
É claro… As reflexões sobre a linguagem são muito posteriores. O registro mais antigo de tal ato é a Gramática de Pāṇini, publicada na Índia no século VI A.C. Tendo o objetivo de estudar o Sânscrito, considerada como a “língua dos deuses”, foram realizados estudos a respeito da estrutura desse idioma. É surpreendente observar que o gramático menciona 68 estudiosos anteriores que, até então, pertenciam apenas à tradição oral.
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Posteriormente, os gregos e romanos também criaram gramáticas. Entre eles, está Dionísio o Trácio, Varrão e mesmo nomes mais famosos como Platão e Aristóteles. Novamente, durante a Idade Média e Moderna, outros estudos linguísticos foram realizados, seja por razões pedagógicas, filosóficas ou religiosas.
Além disso, como se sabe, o século XIX foi conhecido, dentro dos estudos linguísticos, como a era da filologia. Eram feitos estudos comparativos a partir de textos literários escritos em línguas diferentes com o objetivo de resgatar uma suposta “língua mãe”, não preservada pela escrita. O exemplo mais marcante é a reconstrução hipotética do proto indo-europeu, supostamente o “pai” de quase todos os idiomas da Europa, a maioria das línguas do subcontinente indiano, bem como de algumas outras línguas faladas no Oriente Médio.
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Mesmo assim, foi apenas com Saussure que a Linguística passou a ser considerada ciência, tendo em vista que os estudos científicos modernos, isto é, aquela que conhecemos hoje, só foi surgir há pouco mais de um século e meio. Outras áreas das humanidades, como a história, a sociologia e a geografia, também vieram a nascer oficialmente no final do século XIX e início do XX, embora seus objetos de estudo tenham sido discutidos por milênios.
Sabendo disso, há uma nova tradução do Curso de Linguística Geral feita pelo professor Marcos Bagno que, além de linguista, é também tradutor e escritor. Foi originalmente publicado em francês (Saussure era suíço), idioma que Bagno domina bem. Mesmo assim, o pensador europeu também menciona exemplos em alemão, inglês, latim e grego, de modo que as análises são bastante multilíngues.
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No dia 04/06/2021 houve uma live no YouTube em que Bagno discutiu a tradução, bem como a obra. Considerando a importância de tal livro, vale a pena assistir. Além disso, sabe-se que qualquer tradução é uma adaptação, de forma que dois textos traduzidos por pessoas diferentes nunca são iguais. Assim, caso se interesse, você pode comprar essa nova versão do Magnum Opus de Saussure.
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O que são JARGÕES e PIDGINS?
No mundo em que vivemos, é impossível não haver algum tipo de contato entre pessoas e, portanto, entre línguas. Todos os dias, imigrantes, turistas, bem como minorias linguísticas em seus próprios países precisam se comunicar em um idioma que não é o seu.
Tendo em vista a intensa troca que existe entre falantes de diferentes línguas, surge a linguística de contato, ciência que estuda justamente como os idiomas mudam ao se relacionarem uns com os outros.
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Diversas coisas podem acontecer em um contato entre línguas. O mais comum é haver alguma aquisição de L2 pela minoria linguística em questão. De fato, se um brasileiro emigra para a Alemanha, é esperado que ele aprenda alemão, não que os nativos de lá estudem português.
Entretanto, frequentemente não ocorre uma aquisição completa, seja por falta de interesse ou mesmo oportunidade. Muitos mexicanos vivem décadas nos Estados Unidos sem falar inglês, da mesma forma que há uma comunidade grande de árabes monolíngues na França. Existem também uma quantidade imensa de turistas que viajam sem dominar o idioma local.
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Nesses casos, a interação ocorre por mímica e palavras isoladas. Na linguística, tal sistema é denominado de jargão e pidgin.
O jargão é uma forma de comunicação extremamente simples. Contém uma quantidade pequena de palavras e não possui gramática. Não é a língua materna de ninguém. Já o pidgin surge quando há um contato mais longo entre diversos grupos sociais, havendo uma complexidade linguística maior, mas ainda sem formar um idioma completo. É comum afirmar que o jargão é um pré-pidgin.
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Uma época muito comum de surgimento de pidgins foram o tempo dos descobrimentos. Nessa época de expansão comercial e desenvolvimento do capitalismo, havia um contato mais prolongado entre povos diferentes, coisa que não acontecia na idade média, quando os meios de transporte eram muito mais precários e o comércio, menor.
Assim, houve uma necessidade de comunicação dos europeus com os africanos, asiáticos e ameríndios. Às vezes era possível contar com a presença de algum intérprete nativo. Entretanto, nem sempre isso existia. Desse modo, ocorria o pidgin: uma língua franca sem uma morfossintaxe própria nem um léxico bem estruturado.
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Um exemplo de um pidgin bastante famoso é o sabir. Trata-se de uma língua franca usada no mediterrâneo do século XI ao XIX. Seu léxico vinha de línguas românicas, principalmente o italiano.
Já uma possibilidade de jargão é a situação hipotética de um brasileiro monolíngue que viaja para a Rússia sem saber nada de russo. Em pouco tempo, haverá um sistema de comunicação rudimentar que será útil para interações cotidianas.
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Para ilustrar tal situação, imagine que você está em uma ilha com um chinês que só fala mandarim. Para se comunicar, vocês pegarão elementos do português, do mandarim e talvez de um terceiro idioma. Em pouco tempo, vocês terão desenvolvido um código próprio que só vocês entendem.
Um exemplo bastante conhecido de pidgin é o portunhol, muito comum nas áreas de fronteira. Percebe-se que não existem regras claras; cada um fala à sua própria maneira. Tudo dependerá do conhecimento do falante do idioma de seu vizinho. Um brasileiro com um nível intermediário em espanhol se expressará de forma diferente de um hispânico completamente iniciante em português. Entretanto, é preciso ter em mente que nem todos os autores consideram o portunhol um pidgin, havendo uma grande divergência na literatura.
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Um tema interessante é que, quando crianças nascem em um ambiente que fala um pidgin, no estágio de aquisição da linguagem, aprendem esse código simplificado como se fosse uma língua normal. Aí surge o crioulo. Mas esse é um assunto para um outro texto.
#linguistica #linguas #crioulo #pidgin #crioulos
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