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“Estava alegremente exausto, mas também vivia exausto naquela época: era como se o esforço diário para parecer normal fosse tão grande que sobrava pouca energia para qualquer outra coisa.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Amizade, companheirismo: essas eram coisas que tantas vezes desa avam a lógica, que tantas vezes passavam longe de quem as merecia, e que tantas vezes agraciavam os esquisitos, os maus, os excêntricos, os perturbados.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“– Uma coisa eu aprendi – disse. – Precisamos falar sobre as coisas enquanto estão frescas. Ou nunca falaremos. Vou ensinar você a falar sobre elas, pois vai car cada vez mais difícil quanto mais você adiar, e isso vai apodrecer por dentro, e você sempre irá se culpar. Estará equivocado, é claro, mas sempre pensará assim.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Naqueles momentos, desejava contraditoriamente nunca a ter conhecido, pois era pior tê-la ao seu lado por um tempo tão curto do que jamais tê-la em sua vida.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Quando estava ao lado dela, sentia-me estranhamente à vontade, como se, diante de tanta competência, nem mesmo o azar ousaria nos desafiar.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Mas é, sim, um amor único, pois se trata de um amor cuja fundação não é a atração física, o prazer ou o intelecto, mas sim o medo. Você não sabe o que é medo até ter um lho, e talvez seja isso que nos faça pensar que é mais magnânimo, pois o medo em si é mais magnânimo. A cada dia que passa, seu primeiro pensamento não é 'Eu o amo', mas 'Como ele está?'. Da noite para o dia, o mundo se rearranja numa corrida de obstáculos de horrores. Eu o segurava nos braços, aguardando para atravessar a rua, e pensava como era absurdo que pudéssemos esperar que o meu lho, que o lho de qualquer pessoa, sobrevivesse àquela vida.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Mas era verdade que, pela primeira vez, conseguiu compreender que as pessoas em quem aprendera a con ar também podiam traí-lo um dia, e que, por mais decepcionante que isso fosse, também era inevitável, e que a vida continuaria a impulsioná-lo para a frente, pois, para cada pessoa capaz de magoá-lo de alguma forma, havia pelo menos uma que nunca o faria.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Você pode não entender agora, mas um dia entenderá: o único segredo da amizade, acredito eu, é encontrar pessoas melhores que você, não mais inteligentes, não mais bacanas, mas sim mais bondosas, mais generosas e mais piedosas, e tentar dar ouvidos a elas quando dizem algo sobre você, não importa o quanto seja ruim, ou bom, e con ar nelas, o que é a coisa mais difícil. Mas também a melhor.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“O nal de outubro era sua época preferida para desfrutar a cidade, e sempre cava triste ao perdê-lo. Morava na esquina da Perry com a rua 4 oeste, num apartamento no terceiro andar em que as janelas cavam na mesma altura que o topo das árvores de ginkgo; antes de se mudar, imaginara-se deitado na cama tarde da noite nos ns de semana, assistindo ao furacão que as folhas amarelas formavam quando o vento as arrancava. Mas aquilo nunca aconteceu.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Nos últimos tempos, vinha pensando se a codependência seria assim algo tão ruim. Sentia prazer em estar na presença dos amigos e aquilo não fazia mal a ninguém, então quem se importava se ele era codependente ou não? E, de qualquer forma, como uma amizade poderia ser mais codependente que um relacionamento a dois? Por que seria algo admirável quando você tinha vinte e sete anos, mas esquisito quando se tinha trinta e sete? Por que uma amizade não poderia ser tão boa quanto um namoro? Por que não poderia ser até melhor? Tratava-se de duas pessoas que permaneciam juntas, dia após dia, unidas não por sexo, atração física, dinheiro, lhos ou bens, mas apenas pela concordância em seguir em frente, numa dedicação mútua a uma união que não podia ser sistematizada. Amizade era testemunhar o lento gotejar de tristezas, as longas crises de tédio e os triunfos ocasionais do outro. Era sentir-se honrado pelo privilégio de estar presente durante os momentos mais sombrios de outra pessoa e saber que você também podia ter seus momentos sombrios perto dela.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Sabia que era uma ideia romântica, mas os admirava: admirava todos que conseguiam viver ano após ano à base de suas minguantes esperanças, mesmo que envelhecessem e se tornassem mais obscuros a cada dia.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“O que não imaginara sobre o sucesso é que o sucesso torna as pessoas chatas. O fracasso também torna as pessoas chatas, mas de um modo diverso: o esforço perpétuo dos fracassados só tinha um objetivo — o sucesso. Mas as pessoas bem-sucedidas também tinham de lutar para manter seu sucesso. Aquela era a diferença entre correr no mesmo lugar, e por mais que correr fosse chato de qualquer maneira, pelo menos a pessoa que corria estava se movendo, passando por cenários e diferentes paisagens.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Qual deveria ser a sensação de fazer parte da vida adulta e ainda estar descobrindo os prazeres da vida?”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Era a idade, supunha. E junto a ela: Trabalho. Dinheiro. Filhos. Coisas que afastavam a morte, coisas que tornavam as pessoas relevantes, coisas que confortavam e ofereciam contexto e conteúdo. A marcha para a frente, ditada pela biologia e por convenção, à qual nem mesmo a mente mais irreverente era capaz de resistir.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Sua nostalgia contínua o deprimia, o envelhecia, mas ainda assim não conseguia deixar de sentir que seus anos mais gloriosos, os anos em que tudo parecia iluminado por luzes fluorescentes, haviam ido para nunca mais voltar. Todo mundo era muito mais divertido antes. O que havia acontecido?”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Às vezes, quando acordava, já havia escurecido e ele não sabia onde estava, que horas eram ou que dia. Dias: o próprio conceito do que era um dia se tornara uma piada. Não conseguia mais precisar quando um dia começava ou terminava. Alguém me ajude, dizia em voz alta naqueles momentos. Alguém me ajude. Mas não sabia a quem estava fazendo seu apelo, ou o que esperava acontecer.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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“Aquela não era a versão de si mesmo que queria pintar. Mas cada vez mais pensava que aquela era a versão que deveria pintar: aquela, afinal, era sua vida. Aquele era ele agora.”
— Hanya Yanagihara - Uma vida pequena.
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