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Eu fui tão cega pega ideia de você, que qualquer outra pessoa não tinha graça nenhuma. E isso só confirma a minha teoria (já confirmada há muito tempo) de que eu sou a pessoa mais cabeça dura do mundo, porque eu me recusei - esse tempo todo - a aceitar qualquer outra pessoa que não fosse você. Eu fui tão disponível pra você esse tempo todo, que só faltava eu pular com uma plaquinha neon na frente da sua casa. Durante muito tempo só existia você nas minhas opções, seu nome brilhava tão forte que ofuscava qualquer outro. No meio de tantas opções, parecia ridículo escolher qualquer coisa que não fosse você. Mas nunca foi com você. Sempre foi mais sobre mim, sobre as minhas fantasias e a minha imaginação. É que eu sempre me imaginei tão com você, que não ser você não fazia sentido nenhum. Mas eu lembro de abrir os olhos, com a vista borrada e pensar: “É isso?”. E acho que foi ali que eu soube que nunca foi você. Sempre foi o que eu inventei de você e o universo entrando na brincadeira. Nunca foi com você, sempre foi as situações que eu me encaixava pra ficar por perto. Eu nunca fui uma pessoa de felizes-para-sempre ou almas-gêmeas e por isso que eu digo que nunca foi você. Sempre foi uma projeção absurda de tudo que eu lia nos meus livros favoritos e assistia nos seriados americanos. Me desculpa por não conseguir mais olhar pra você, juro que não é com você. É que olhando pra você agora eu ainda vejo todas as projeções erradas que eu fiz. E eu ainda me martirizo por todas as escolhas certas que eu não fiz, porque estava muito ocupada vivendo a escolha mais errada que eu poderia ter feito. Juro que não é com você. E o problema é esse, é que nunca foi. 

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você ainda é o mesmo cara de um ano atrás. que só usa roupa preta e o passatempo favorito é me tirar do sério. que reclama do meu gosto pra livros, músicas e filmes, mas tá sempre me perguntando sobre porque diz que é lindo me ver falar.

aquele cara que com 12 dias de conhecido soltou um ‘eu podia casar com você, sabia?’. 

o que liga as 11 da noite dizendo que tava voltando da faculdade ouvindo rádio, e só lembrou de como eu começo um discussão toda vez pra botar meu spotify no bluetooth do carro.

passa 10 dias sem dar notícias, mas aparece do nada dizendo que viu uma promoção de livro e lembrou de mim: ‘esses romances ridículos são a sua cara’, mas todos os romances são ridículos, não seriam romances se não fossem ridículos, não é? que nem naquele sábado, que a gente tinha brigado feio; você me deixou na sua casa sozinha e saiu batendo a porta... voltou umas 9 horas depois e no caminho da minha casa você disse - sem soltar nenhuma das mãos da direção ou tirar os olhos do trânsito - uma parte daquele meu poema favorito:  ‘todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente... Ridículas.’. e ficou tudo bem depois, claro.

por uns 8 dias mais ou menos. por que você ainda é aquele cara... que me deu a chave do seu apartamento mas esqueceu de avisar que o coração é trancado à 7 chaves. mas que toda 6º feira depois da última aula do turno da noite me liga perguntando se eu quero sair pra jantar: ‘mas já tá tão tarde...’  - ‘sei... só queria ouvir tua voz...’. 

você leu uma coleção de 5 livros de romance adolescente clichê só porque eu disse que você se comportava que nem o cara do livro. e encheu meu saco por quase 4 dias inteiros, falando sobre como esses romances são superestimados e que cara nenhum fala e se comporta daquele jeito. ‘fala sério, se eu soubesse que era só usar frase de livro pra te conquistar, eu não tinha demorado 3 semanas e gastado todo meu vocabulário tentando’. teria sim.

e depois disso ainda leu mais 2 livros meus: ‘não gostei não, é só pra confirmar o meu ponto de vista’

porque você ainda é o cara de 1 ano atrás, de roupa preta e sorriso covarde. que é capaz de lutar contra o mundo pelo o que acredita, mas é incapaz de vencer a si mesmo pra dizer o que sente. 

porque em todos esses dias, de todas as semanas, que compõem todos esses meses do nosso ano, você sempre foi tão você. que eu não consigo te perdoar por ter feito todos os outros perderem a graça.

você pode odiar meus clichês, mas sempre vai ser o meu favorito.

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“Primeira regra do clube da luta: Não fale sobre o clube da luta.”

Sabe, eu acredito que se botarem nós dois juntinhos e jogarem uma lona por cima... Vira um grande circo.  Não é possível que você tenha esse timming tão perfeito pra saber a hora certa de não aparecer, só pra aparecer e fazer tudo de errado parecer tão certo.

Pensei em hipóteses pra isso: Você pode ter o contato do meu anjo da guarda ou alguma coisa assim... “Ei, ela já parou de pensar em mim? posso aparecer do nada agora?”, também tenho a teoria das saudades... Mas acredito mais na primeira.

Eu acho que você vai embora porque não tem pra onde ir, e volta do nada porque sabe que comigo sempre vai ter onde ficar. 

“Segunda regra do clube da luta: Não fale sobre o clube da luta.”

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‘nfwmb’ by hozier except he’s a siren singing out to you beyond the crashing waves in the dead of night, drawing you in until you eventually dive underwater and dissolve into the ocean. (headphones recommended) (youtube)

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talvez você não case com o amor da sua vida.

e então o tempo que perdemos na infância assistindo filmes de princesas, príncipes e beijos mágicos; ou o tempo que perdemos na adolescência lendo clichês românticos e assistindo filmes de garotos-problemas-que-na-verdade-não-são-tão-problemas-assim não serviu pra nada. o fato é que passamos a vida inteira procurando uma pessoa certa, e acreditamos com tanta veemência que vamos encontrá-la que nos recusamos a pensar que ela talvez não exista. e se talvez existir mais de uma pessoa certa? e se talvez isso se pessoa certa nem existir? e se o que junta pessoas sejam os momentos certo e suas disponibilidades pra abraçá-los?

Talvez você não case com o amor da sua vida. Ou talvez ele nem sequer exista.

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(...) ela se apaixonou e teve o coração partido em uma sucessão quase simultânea de acontecimentos. 

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Você jamais conseguirá se encontrar enquanto estiver perdida em outra pessoa.

November, 9.

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Oi,

Não sei como começar uma carta, acho que porque eu nunca escrevi uma... Ou talvez seja por isso que eu nunca tenha escrito uma. Não importa. 

Tô escrevendo Pode escrever “Tô” em uma carta? Melhor não arriscar... Não de novo. Não com você.

Estou escrevendo essa carta pra pedir desculpas por todas as coisas que eu não te disse quando podia, quando sabia que deveria. Eu sei que você diz que eu não me abro com você, que cansou de bater na minha porta porque eu perdi a chave da minha fechadura há muito tempo... Mas não é verdade - inclusive a do meu apartamento ainda fica dentro do jarro grande do lado direito da porta, caso queira dar um “oi” pro Barney, ele sente sua falta... Eu sei disso porque, antes de deitar do seu lado da cama, ele late pra mim, como se perguntasse: “Hoje ela também não vem?”, eu gostaria de saber se você ainda vem...

Eu queria arranjar um contexto perfeito pra citar aquela frase que você tanto gosta “No meio dos meus erros, meu acerto foi você”, mas pensando bem... Essa frase cabe em qualquer parágrafo nosso, inclusive cabe certinho no contexto de coisas-que-eu-deveria-ter-dito...Meu acerto foi você. Acho que eu descobri que era você quando eu te vi bebendo meia garrafa de vodca pura naquela festa. Ou talvez antes disso, quando eu te vi jogar bola na época do colégio (você é horrível, por sinal, mas foi bonitinho ver você se esforçando). Ou talvez, bem antes disso... Quando eu, que nunca fui atrás de ninguém, quase implorei pra você ir pegar uma bebida comigo naquela festa, lembra? Eu só queria ficar sozinho você e te olhar sem ninguém ver que eu tava te olhando. Mas você não foi, né? Acho que a mesa que eu tô estou apoiando o papel nesse momento é mais maleável que sua cabecinha...Mas o erro foi meu por não querer que ninguém notasse eu te olhando, quando a minha vontade era de sair dizendo pra todo mundo que o show da festa na verdade era você. A lua tava linda naquele dia. E você também. 

Não lembro ao certo como te conheci, só sei que quando me dei conta você tava lá. Nem sei se algum dia a gente, de fato, foi apresentado...Acho que não. Acho que a gente entrou pra’quela interseção de pessoas que se viram tanto que acabam se tratando como conhecidos e fica por isso mesmo. Você pode negar até ficar rouca, mas eu sei que você quem deu o primeiro passo nessa história sem fim... Digo, eu tava de boa (pode usar essa expressão em uma carta?) até você chegar com essa carinha de quem não machuca ninguém e me jogar de um penhasco...e sem paraquedas.

Eu fui um idiota com você desde o princípio, porque eu não sei lidar com coisas que são demais pra mim... Sei que parece uma desculpa besta pra algo que não tem desculpa, mas é verdade. Você tem o poder de derrubar minha fachada de cara seguro só com o seu dedo mindinho, e eu tenho que usar todo meu arsenal pra tentar mover um tijolinho dessa sua parede indestrutível. Eu não sou seu Sr. Darcy, nem seu Heathcliff, e nem qualquer outro personagem de nome difícil dos romances que você ama... Mas você é bem parecida com o que eu sempre sonhei. Eu posso ser inseguro, indeciso e cabeça dura as vezes, mas de uma coisa eu tenho certeza...você ainda é o maior acerto da minha vida...

P.s:  Você me faz querer escrever cartas às 01:35 da madrugada de uma segunda, mesmo sabendo que eu trabalho amanhã.

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7 de setembro

Tem dias que somos a própria metáfora do copo meio cheio e meio vazio. Tem dias que estamos meio cheios e esvaziamos até ficar vazio e meio. Mas são raros os dias que alguém transborda alguma coisa em você até ficar completamente cheio. 

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Acho que a gente sempre foi aquele “e se” que se tem medo de imaginar, e eu sempre gostei de jogar seguro; e você, por mais inseguro que fosse, nunca teve imaginação fértil. A culpa não foi sua por não querer quebrar a cara comigo, eu sei que minha fama de má me precede, e a culpa não foi minha por escolher não me jogar de cabeça na piscininha de mil litros que diziam que você era. Eu te conheço melhor agora e ainda assim não te conheço o suficiente, porque eu acho que nunca vou te conhecer demais, e cada dose de você é demais pra mim. Você faz cada molécula do meu corpo gritar por mais um mililitro da sua piscininha infantil... é, meu corpo faz coisas insanas quando o assunto é você. E eu nem ligo se eu pareço piegas falando isso. Mas eu ligo de ser 2 da madrugada e eu estar pensando sobre você e escrevendo metáforas sobre piscininhas infantis.

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sempre fui fissurada pelo Universo. as galáxias. as estrelas. a Lua. inclusive acho que meu erro foi começar a comparar seus olhos com buracos negros e trazer pra nossa realidade toda a poesia por trás da comparação. mas é que, de fato, se Hawking diz que nada, nem mesmo partículas que se movem à velocidade da luz, são capazes de escapar de um buraco negro... quem sou eu pra conseguir?

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Às vezes algumas pessoas aparecem na sua vida só pra você passar um tempo com elas e, então, seguir em frente. E, uma vez que aceitamos isso, tudo se torna mais fácil, porque muita felicidade flui quando gerenciamos expectativas. A razão pela qual nos machucamos é porque conhecemos alguém, passamos um tempo bom e então...ficamos obcecados. Esperamos para que mande uma mensagem. Esperamos que nos encontremos de novo. Stalkeamos. Imaginamos uma vida juntos. E, quando descobrimos que esse alguém não quer o mesmo que nós, ficamos arrasados. Mas, honestamente, essa pessoa não nos deve um futuro, ou coisa alguma; nem sequer uma mensagem no dia seguinte. E eu entendi que as vezes um tempo bom com alguém pode ser apenas um tempo bom, sem promessas de um futuro, e tudo bem.

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Assisti um documentário esses dias na Netflix que dizia que a nossa memória não é fidedigna aos acontecimentos, ou seja, podemos lembrar de uma coisa que nem aconteceu, ou lembrar de um ocorrido de forma equivocada; 50% dos detalhes da nossa memória mudam em um ano, podendo distorcer com o tempo. então eu poderia me questionar sobre X coisas do meu passado. eu poderia refletir sobre alguma viagem ou sobre alguma vergonha que eu já passei. mas o foda é que não. o que foda é que você entrou ontem na minha vida e já ta sentado na janelinha, com aquele sorriso presunçoso de quem sabe que merece ta ali. e você nem merece. o foda é que quando eu ouvi que nossa memória não faz jus aos acontecimentos eu só lembrei de você, o meu primeiro pensamento foi se a gente existiu mesmo ou foi coisa na minha cabeça sem noção. então eu fiquei pensando se o nosso último beijo realmente foi na porta do Subway, às 23h de uma quarta feira, porque você tinha certeza que meu mal humor era fome e não os duzentos trabalhos da faculdade que eu tinha que fazer. não consigo mais acreditar naquele dia que você foi bater na faculdade com um pacote de absorvente só porque eu disse que não tinha mais na minha bolsa. e quando você fez uma cena naquela festa, na frente dos seus amigos, só porque um carinha me ofereceu bebida? eu nem consigo lembrar a minha roupa nesse dia... e sabe o pior de tudo? é saber que dia a dia minha memória vai perdendo o foco e os detalhes vão de dissolvendo no tempo, dia a dia eu vou perdendo o pouquinho que você deixou pra eu lembrar.

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We stood there, looking at each other, saying nothing. But it was the kind of nothing that meant everything.

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