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A vida é feita de medos e comigo carrego um sem-número deles. Medo da morte, mas também medo da vida; medo do desamor e em igual proporção, do amor. Medo da fome. Medo da solidão.
Os medos adentram minha vida antes mesmo dela ser, de fato, minha. Quando eu era só um projeto na vida de meus pais, o medo já me rondava. O que eu seria? Será que supriria as expectativas?
Por falar em medos infantis – com a licença para tratar a infância como um período cronológico e não como algo imaturo, vide os spoilers de vida que ser criança me concedeu –, que medo eu tinha daquele olho gigante dentro de um triângulo que, mais tarde, carinhosamente me apresentaram como símbolo ‘Illuminati’. Todavia, ainda prefiro chamá-lo de olho-gigante-dentro-dum-triângulo.
Quando pequena, ao fitar esta imagem tão caricata dos olhos que tudo veem, um arrepio percorria minha espinha. Não entendia tamanho medo. Mais velha e com alguns medos diferentes na bagagem, percebo que meu medo de olhos é tão grande quanto um dia foi quando criança. O olho-gigante que tudo eu pensava ver, é um espelho literal da vida que a gente trilha: somos bombardeados por olhares a todo instante.
O relógio tem olhos cruéis que observam o tempo passar e a culpa por nada ter feito adentrar. As ruas possuem olhos para mirar as injustiças sociais. Os sujeitos tem olhos para se acusarem.
Que medo eu tenho de ter olhos me olhando! Tenho tanto medo de olhos que esqueço que eu mesma é que mando nos meus. Acostumada com o grande-olho-dentro-dum-triângulo, aprendi a me olhar com os olhos dos outros. Por isso eu ainda tenho tanto medo.
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I think she periodically makes a whirring noise and then just shuts down
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Vago por essa cidade tentando esquecer suas memórias.
Sentada na mesa de bar, sinto um nó nas entranhas. Sinal de que meu corpo precisa dizer algo. Solto os ombros, relaxo. Me entrego ao momento como me entregava a você. As mãos, pois, timidamente raptam aquela embalagem de sal que dava mole sobre a mesa. Fecho os olhos e sinto a textura. Bobagem, mas pensei em você outra vez. No teu jeito de lambuzar o dedo no sal e colocar no canto da boca, sorrindo e pedindo beijo. Pedindo pausa. Pedindo riscos.
Meus dedos foram fazendo dobraduras naquele pedaço de papel. Tecendo marcas, recordando histórias. Quando vi, coração.
O corpo precisava falar, o coração precisava pulsar. Lambuzei o dedo de sal e coloquei no canto da boca. Ardeu. Queimou.
O amor é tipo sal. Dá gosto, mas aumenta a pressão. Tenho a impressão de que você me sal-vou. E agora, eu vou.
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don’t forget to leave your ♡ in the post.
Thank you!
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“Las peores pesadillas no tienen monstruos sino espejos”.
Escandar Algeet
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Fernando Botero (Col. 1932)
Adan y Eva (1998)
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