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Na neblina desta manhã, os prédios se escondiam na imensidão pálida, quase uniformes com o céu. Luzes ofuscantes, de várias cores, remetiam a lugares, descobertos somente pela aproximação.
Nessa falta de distinguir formas e silhuetas, decifrei o enigma da descoberta: a aproximação. Quanto mais perto se está, mais a muralha turva se esvai, revelando o que só pode ser visto a partir de uma escolha, que é estar alí.
Quanto mais distante se está, maior a inquietação do não saber, e somente quando chegar lá, é que saberá, enfim, se na luz que estava a buscar, ou o buraco, que sempre quisera evitar.
No fim, o resultado não importa, pois seja um ou outro, enquanto estiver a hesitar, para sempre na neblina há de ficar.
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Estrela Cadente
Deitado sobre a relva, Hector observava as estrelas do céu noturno. Então, vinda do horizonte, emergia uma estrela cadente. Reluzente e bela, destacava-se entre suas irmãs. Admirado, o jovem fixou seu olhar nela e pensou em seu pedido: eu quero... Eu desejo você! Assim, a estrela parou no céu, e desceu lentamente em sua direção. Ao aproximar-se, Hector percebeu que ela era pequena o suficiente para ficar entre as palmas de suas mãos. Então a mesma exclamou:
-Outros tiveram tal desejo, mas ficaram decepcionados quando me aproximei.
Assim o jovem retrucou:
-Dentre todas as suas irmãs, você é única para mim, pois agora, és a minha estrela! Nada além disso me importa, pois nem mesmo para o céu tenho vontade de olhar, já que o seu brilho é ainda mais caloroso que o do próprio sol matinal.
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Luzes
Hector estava a observar as luzes dos postes que iluminam a noite da metrópole. Embora tivessem certo padrão, existiam pequenas variações de intensidade que traziam certa individualidade para cada uma delas. Assim, pôde associar as mesmas com as pessoas, que em muito diferem, mas todas são luzes de natureza, e também acrescentou que a luz de cada um é a junção de seus sonhos. Assim como um poste sem luz não tem finalidade, não existe motivo para viver se não for por algum sonho. Deste modo, fechou a cortina, e deitou-se, pensando em como consertar a sua lâmpada, que a muito estava queimada.
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Fagulha
Acordando bem cedo, logo me arrumo para começar o dia. Estou com saudades do nascer do sol, mas as paredes do trabalho me privam dessa visão. A rotina se desenrola e, ao decorrer da mesma, vejo inúmeras vidas estagnadas: pais jovens, alcoólatras, drogados, pessoas que esqueceram de viver. Em uma análise mais pessoal, não me encontro na mesma situação se tenho tempo para reparar nelas? Eu não sei. Quando chego em casa, as minhas fantasias me levam a mundos que me deslocam da realidade melancólica que vivo em minha mente. Jogos, filmes, séries... Prazer temporário para acender uma fagulha de uma fogueira que se apagou. Mas, e se pudesse acender uma nova fogueira? Basta rever o método que fiz na primeira, e melhorar o que levou-a meras brasas. Sim, eu posso fazer isso. Isso se chama recomeçar.
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Certa vez, uma voz interna ressoou dentro si, como um distante sussurro que o impeliu a fechar os olhos e concentrar sua atenção naquilo que o instigara. Recebeu uma resposta ambígua, ou talvez, com dois sentidos em contraste e dependentes de si: desligue estas lentes que o fazem ver e desejar o irreal; retire estes fones que imitam os sons dos divinos pássaros e dos riachos; remova todos os aparatos eletrônicos do seu corpo, assim, irá lembrar-se de que és um humano, de carne e osso, e seu tempo está em constante fluxo decrescente. As projeções emulam uma realidade a qual nos sentimos bem e tudo é incrivelmente confortável, mas digo-lhe: não há beleza na tristeza, quando ela pode ser calorosamente amenizada pela felicidade? A solidão não é tão melancólica se não fosse pela necessidade de companhia? E, ah, como é bom estar bem acompanhado. Se vieres com frases como “melhor sozinho do que mal acompanhado”, de certo que vou concordar contigo. Contudo, venho lhe dizer que o mundo é incrivelmente vasto, e grandes decepções e alegrias nos aguardam, e isso que significa estar vivo, ser real. Não reduza sua grandeza como ser vivo único e pensante a uma mera projeção irreal de imitações baratas de “modelos”, aos quais associamos felicidade. Seja por riqueza, porque de certo que o que muito tem, não tem noção genuína disso por nunca ter conquistado, ou por beleza, pois o que muito é agradável, não sabe o calor de um elogio genuíno sem intenções subjetivas, e vem a ser apenas um ídolo em lentes ignorantes que nunca tiveram real interesse no que está atrás daquele belo sorriso.
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Hector estava na varanda de sua casa, observando como um dia da semana qualquer parecia tão especial. Talvez ele tivesse se dado conta de que a simplicidade torna o medíocre feliz, e a sabedoria torna o sábio melancólico.
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