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"(...) Era uma encosta. Um lugar frio e solitário que assustou Diana como nunca. Ela olhou para Regulus com os olhos arregalados, perguntando-se que maldito lugar ele a levara.
— Onde estamos? — perguntou trêmula, olhando ao redor, mas sempre voltando para a figura sombria do marido.
— Onde nos despedimos — Regulus sussurrou, olhando-a com aqueles olhos de tempestade, aqueles que ela amava, mas que no momento só trazia medo e relutância em seu coração. — É hora, Diana.
— Apenas diga a verdade pela primeira vez, Regulus — pediu com raiva e frustração. Ela o odiava quando ele fazia isso, quando a tratava como tola e ingênua mesmo que já tivesse provado inúmeras vezes que fora feita de coisas mais duras.
Como sempre Regulus a ignorou, sua expressão guardada, mas seus olhos contendo um inferno de emoção que ela não entendeu.
— O que está acontecendo? Por que me trouxe para cá? — ela questionou mais uma vez, cansada do silêncio, da distância que ele forçava entre eles.
— Era o único lugar que pensei que a manteria inteira. Segura. Como deve ser — ele disse, aproximando-se de seu corpo. — Você atrai muitos problemas para alguém tão pequena.
De pequena Diana não tinha nada, mas se comparada a Regulus ou mesmo Sirius, ela era sim, pequena. Tremeu quando Reg segurou seu rosto com as mãos frias, seus olhos a vasculhando, olhando-a profundamente, como se visse sua alma.
— As coisas não seguiram o curso que imaginei para as nossas vidas… — disse ele, roçando as pontas dos dedos em suas bochechas. — Perdemos muito e sinto que continuaremos perdendo se tudo se manter como está… Você merece melhor.
— Eu sei exatamente o quê é melhor para mim — ela falou aborrecida, não gostando do tom da conversa.
Um sorriso magro passou por seu rosto masculino. Não era um sorriso feliz, nem triste, e a incomodou sem fim.
— Eu amo você, meu pequeno corvo — ele sussurrou, roçando seus lábios nos dela, suaves como suas penas de animago. — Não duvide disso.
— Eu também te amo, Regulus, mas vou enfeitiçar suas bolas se continuar me assustando com esse tom de voz — ela rosnou, seu coração bombardeando uma tropa de batimentos assustadiços.
— Sempre violenta… — cantarolou Regulus, seus lábios descendo por seu pescoço, beijando seu ponto doce uma e outra vez. — Não poderia pedir esposa melhor.
Diana estava prestes a xingá-lo por ser estranho quando ela sentiu seus pulsos presos e então sua magia repentinamente estrangulada.
— Regulus? — sussurrou assustada, buscando pelo rosto do amante.
A culpa naqueles olhos não ajudou. Diana começou a hiperventilar.
— Sinto muito… — ele pediu desolado. — Mas precisa ser assim. Tem que ser assim.
— Você me algemou com supressores mágicos — ela disse se sentindo traída. — Você acabou de me acorrentar a uma pedra enquanto me beijava! Por quê? Por quê está fazendo isso comigo? — a dor da traição queimava como ácido.
— Porque você não me deixaria fazer o que precisa ser feito — ele argumentou triste. Era a visão do desespero, mas Diana só sentia medo e traição em seu peito.
—. E o que você pretende fazer, seu idiota? — ela explodiu, sacudindo as correntes com fúria.
— Você já sabe, amada. Você sempre soube. Eu só entendi agora — ele disse com suavidade.
Ela queria gritar com ele sobre seus delírios imbecis, mas de repente foi engolfada por uma visão vivida. Tão colorida e poderosa que a deixou fraca dos joelhos…
… quando acabou ela ainda queria gritar, mas de medo e horror, de raiva e indignação, de tristeza e de um pavor tão grande que mesmo o mar à frente deles se revoltou ante sua turbulência.
— Você não pode fazer isso — balbuciou perplexa. — Você não pode porra fazer isso! — gritou, guinchando as correntes em um som horrível.
— Há muito mais em jogo do que o que eu posso ou não fazer — ele disse. — Tentei de todas as formas impedir que chegasse nisso, mas não vejo alternativas. É o único meio.
— Você vai me deixar! — ela exclamou. — De novo. Quando prometeu que nunca o faria, quando disse que passaria os restos de seus dias ao meu lado!
— Eu menti — ele respondeu bruscamente, arrancando um pedaço de seu coração. — Como não poderia quando você sempre foi tão insistente?
— Insistente? — Diana repetiu ferida. — Insistente, eu? Meu amor vai além da insistência. Vai além da infantilidade de irritar meus pais e fugir de casa porque me apaixonei por um Comensal da Morte. Eu perdoei você! Uma e outra vez. Deixei-o entrar em minha vida novamente com a promessa de que nunca partiria meu coração de novo, mas olha onde estamos! Nem um término limpo você é capaz de me dar!
— Eu não quero terminar com você! — Regulus argumentou com a voz suave, mas com uma inflexão que ela odiou. — Eu amo você, Diana. Duvide o quanto quiser. Mas Merlin sabe que no momento que minha escolha se firmasse você tentaria me impedir. Você nunca me deixaria ir sem lutar. Eu a amo profundamente para entender que acorrentá-la é o único caminho, mesmo que me odeie no fim da tarde.
— Morrer juntos, Regulus… — ela disse com os olhos marejados. — Crescer, envelhecer e morrer juntos. Essa era a promessa. Que nada nos separaria, que nenhum lorde ou guerra seria capaz de nos separar novamente. Que você seria meu e eu seria sua. Sempre.
Ele a segurou novamente, mãos em seu rosto, tão perto, com um rosto tão torturado, com lágrimas raras que brotavam em seus olhos de tempestade. A expressão mais vulnerável que já viu em Regulus.
— Entenda uma coisa e apenas essa coisa — ele pediu baixinho, encostando suas testas juntos. — Diana Potter, você se tornou meu conforto, minha casa, o ar que respiro. Eu amo todas as manhãs ao seu lado, todos os seus sorrisos e cada uma de suas carrancas. Meu desejo mais profundo seria envelhecer ao seu lado. Porém, a cada dia que passa percebo que nunca poderia vê-la morrer. Você, pequeno corvo, deve viver a vida que sempre sonhou. Amar alguém que realmente lhe dê valor. Porque não a mereço, Diana. Não depois de tudo.
Regulus beijou profundamente sua testa. — Que o sol aqueça sempre sua pele, que o mar lave toda sua dor, que o vento sempre a leve para lugares seguros. Que haja amor além das proporções. Que seu coração possa me perdoar e amar mais uma vez. Que seu espírito seja sempre brilhante e sua magia permaneça tão bela quanto a pessoa que a carrega. Que você seja feliz, minha esposa e melhor amiga. Meu pequeno corvo negro.
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Eu possuo um milhão de plots de fanfictions que nunca terminei. Uma delas é uma fanfic que tenho escrito há anos, mas simplesmente não encontro o início perfeito para ela, então há inúmeros trechos abandonados nos meus arquivos. Resolvi expô-los aqui.
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