nao-tenha-medo

[nao-tenha-medo]

[nao-tenha-medo]

Não sei o que dizer, nem o que pensar

parece que quanto mais me mexo, mais sangro

parece que a dor em mim não conhece limites

não termina, não cede, não parte.

[nao-tenha-medo]

[nao-tenha-medo]

não sou nada além

de uma grande

contradição.

Um paradoxo

Uma equação sem resposta

eu não faço sentido

[nao-tenha-medo]

semana passada cê disse que tinha medo do que o futuro nos guardava

que cê tava mudando, que não conseguia parar, nem prever

o que poderia acontecer.

Que talvez, o seu amor

fosse ceder

Mas e se, então?

Se cê mudar e eu não for mais o que cê quer, pode deixar, baby

eu me desdobro, escrevo pra você todos os dias se preciso, te compro flores, jogos na steam e até aquelas coisas de nerd que cê gosta

eu monto outro pc pra você, eu crio um perfil no Fortnite, eu aprendo a tocar violão

eu faço tudo isso, e quando cê menos esperar, seu coração vai bater por mim, como sempre bateu.

Eu não quero pensar no e se, eu não quero pensar num fim.

Na possibilidade de que você enjoe, de que eu seja notícia velha na sua vida.

Mas se acontecer, amor, eu te prometo

se você me deixar, eu tento de tudo

pra ter o seu coração se volta

pro lugar que ele nunca devia ter saído

Afinal, se a culpa é minha, eu que lute

Te amar, te fazer me amar, te ter pra mim tanto quanto você me tem, nunca vai ser esforço em vão

você vale à pena.

[nao-tenha-medo]

segunda à noite, e eu tô sozinha na cama.

Parece até pecado, não acha?

se bem que pecado são os pensamentos que passaram na minha mente quando comecei a escrever esse texto escutando aquela música da King Princess.

Eu me pergunto se cê ta pensando em mim ultimamente, se eu tô por aí, fazendo sua respiração falhar enquanto os arrepios percorrem o seu corpo no lugar das minhas mãos

se eu fechar os olhos, consigo imaginar você, a gente, colados, um mar de castanhos escuro se encarando enquanto alguém tá completamente fraca

se eu não fechar, seu rosto surge pra mim do mesmo jeito, e o calor desce pelo meu corpo, tão incômodo quanto

tão irresistível, tipo você

seu cabelo tem bagunçado por minha causa?

seu spotify tá no repeat de madrugada enquanto cê decide se vai de novo?

baby, eu te quero tanto...

eu sei que cê me botou de castigo, mas pode deixar que eu me comporto

por você, eu posso ser o que você quiser

de pé, na cama, no chão

só me diz o que fazer

prometo que vou te obedecer direitinho

cada palavra.

então me puxa pra perto, me beija gostoso

me queira

eu preciso tanto de você.

É segunda à noite

cê precisa de companhia?

[nao-tenha-medo]

é segunda à noite e eu to pensando em você.

É ridículo, se você me perguntar, já que faz 6 anos e 9 dias desde que a genta não se fala.

Eu já te superei

o problema é que seu fantasma anda me assombrando.

Me lembrando de coisas que eu não quero lembrar,

me fazendo pensar no que eu achei que fosse impensável.

Eu falhei com você, fiz merda, estraguei tudo.

Você foi embora e eu não te culpo

mas eu encontrei alguém, cara.

Eu encontrei o amor da minha vida, e ela ficou.

Ela sorriu pra mim, me deu motivos pra seguir, me fez sonhar quando eu tava completamente destruída por você.

Eu encontrei a pessoa dos meus sonhos sem nem tentar procurar.

Mas eu ainda tava tão ligada em você, tão desligada de tudo.

de mim, do mundo.

só queria saber de bagunça, de besteira

de coisas de adolescentes.

Eu tinha 15, depois 16, 17, 18...

eu fui machucando ela, de novo e de novo e de novo.

Sem perceber, ou às vezes percebendo.

Ela me machucou também.

Pra caralho.

Mas a gente cresceu, se montou e remontou

e eu pensei...

Eu pensei.

Pensei errado.

Quando me dei conta, o trem já tava partindo e eu não tinha nem comprado a passagem.

Ainda posso alcançar.

Ainda posso correr até ela.

E eu to tentando, tanto.

Ainda que eu tropece, ainda que eu caia

eu faria tudo por ela.

Mas hoje eu lembrei de você

porque você é tudo o que eu não quero mais

lembranças, passado, arrependimentos

você foi uma página linda que se rasgou, um poema inacabado, o rascunho de um desenho.

Ela é a porra da Mona Lisa.

Então, sei lá. Torce por mim, eu acho?

Onde quer que você esteja, torce pra que eu tome jeito e consiga fazer certo.

Pra que os meus seis anos com ela não virem 12 sem.

Pra eu amar, direito dessa vez.

[nao-tenha-medo]

me conta mais de você, me deixa ouvir a sua voz

quero saber tudo.

O que você tem feito?

Quais são os seus maiores sonhos?

Sua cor preferida ainda é azul e amarelo?

cê ainda curte indie e rock dos anos 80?

seu coração bate por mim, tanto quanto o meu bate por você?

no meio da noite, quando o único som que cê ouve são os solos de guitarra e bateria das músicas, ou a voz do hozier fazendo aquele cover que eu te mostrei uns dias atrás, em quem você pensa?

sou eu, quem invade a sua mente?

é uma invasão boa? te deixa tranquilo, me ter o tempo todo, vagando ao seu redor?

ou eu sou um fantasma, te assombrando às 3 da madrugada?

me diz, a sua voz ainda muda dependendo de com quem você ta falando?

você ainda perde as chaves e tem que limpar seus óculos porque eles sujaram sem que você notasse?

quando você deita na cama, e tá mexendo no celular, ainda tem que checar todas as notificações de mensagem porque a bolinha verde no whatsapp te dá agonia e você não gosta de dar vácuo em ninguém?

me conta, vai, se essas perguntas forem bestas demais, óbvias demais, invasivas demais

eu quero saber tudo. Quero te ouvir

Quero que você fale tanto até não ter mais o que falar

que no silêncio, a gente se aconchegue, e caia no sono ao som da Liniker.

Eu quero você.

A sua voz.

Quero que, se alguém te ligar, você diga que tá nas nuvens de um poeta, ou algo assim

que o meu abraço seja conforto demais pra você sequer pensar em largar

mas não pensa que eu sou egoísta não, amor

tudo o que eu quero, mais que qualquer coisa

é que você queira.

Seja lá quais forem os seus desejos.

Então me conta, vai

eu prometo escutar

eu sempre adorei a sua voz.

[nao-tenha-medo]

tenho certeza de que não me apaixonaria por mais ninguém além de você.

Não faz sentido.

Não parece certo.

Sim, eu sou uma amante

mas eu também sou meio idiota

do tipo que se apega, por anos, talvez até decadas

do tipo que não solta, mesmo quando já te soltaram

do tipo que lembra

e vive no que foi

no que era

no que poderia ter sido

ainda que tudo o que sobre sejam lembranças

prefiro que sejam de você.

[nao-tenha-medo]

e o mais doido de tudo

é saber que

se não for você

não vai ser mais ninguém.

[nao-tenha-medo]

hoje, um dilúvio caiu

quando pensei no que restaria de mim

sem o seu sorriso.

[nao-tenha-medo]

please.

please, stay.

please, my love.

i need you.

[nao-tenha-medo]

Eu costumava achar ridículo quando diziam que você só percebe o que tinha quando perde.

Me perguntava "como alguém não poderia notar que está perdendo?"

"que estão indo embora, aos poucos?"

Como, de fato?

Até um trem me atingir, até a ficha cair, até tudo sob meus pés

ruir.

Eu sabia que tinha algo errado.

Sabia que havia um vão sendo criado entre a gente, que parecia se abrir mais e mais,

não importava o quanto eu tentasse construir uma ponte pro outro lado

de algum jeito, eu continuava na metade do caminho.

Mas, genuinamente, estupidamente, eu pensei

eu me equivoquei

imaginei

que fosse só uma fase.

Um dos tantos momentos ruins que a gente é obrigado a ter num relacionamento de 6 anos e meio.

Uma turbulência no nosso vôo pacífico.

Como eu poderia estar tão enganada?

Como eu pude ser tão ignorante? Como eu não enxerguei o que estava diante de mim?

Antes que eu percebesse, você se retirou da equação.

A gente ainda é compatível, a gente ainda se ama

mas agora tudo é incerto, tudo é...

dúvida.

"A coisa que eu mais tinha certeza no mundo, eu já não sei mais nada" você disse ontem, no meio da tarde

enquanto finalmente me contava tudo o que eu implorei pra ouvir no último ano.

Ah, amor

como a gente chegou nesse lugar?

É culpa minha, eu sei.

De uma eu que já não existe mais, mas que errou, profundamente, com você.

De uma pessoa com o mesmo rosto que eu, a mesma voz, a mesma risada.

É claro que você já não sabe de nada

como poderia?

se a mesma mão que te afaga

é a que, impiedosamente, te forçava,

te implorava, injusta, egoísta.

Tenho medo que meus pecados sejam irreparáveis.

Tenho medo de ter te machucado tanto a ponto de perfurar seus ossos, sua alma.

Seu íntimo.

Eu queria perdão, mas não só é isso que basta pra mim.

Eu quero o seu amor.

Mas agora, parece tão injusto te pedir isso.

Eu sequer tenho esse direito?

Amor, me desculpa.

Eu era jovem demais, estúpida demais pra perceber o que eu tinha

pra perceber o quanto você precisava de mim

tanto quanto eu precisava de você.

Me desculpa

eu vou passar o resto da minha vida

garantindo que

todo o amor que eu receber

será visto

amado, de volta

ouvido.

Ainda que não seja o seu.

Mas se você tiver um pouco de vontade

um resquício de coragem

pra ficar

eu te prometo, com tudo o que eu tenho

não vou desperdiçar essa chance.

[nao-tenha-medo]

As flores do nosso jardim, eu sequei.

tirei tudo delas, arranquei

sem piedade, sem perceber

eu regava, todos os dias

e chutava, todas as noites

um dia, elas murcharam

eu não conseguia entender.

Por quê?

eu reguei, eu cuidei, troquei de vazo

mas elas murcharam

e agora, eu percebo

eu cometi um erro.

Nos matei na tentativa de me salvar

condenei tudo, até o jardim

nada pode crescer

num chão infértil assim.

Me desculpe

[nao-tenha-medo]

Nos últimos tempos, parece que todos os sentimentos que me faltavam têm me preenchido

quase como um tsunami

transbordando no meu peito, me deixando nervosa, me fazendo chorar, me fazendo amar

ontem eu te amei como não te amava há semanas, sem a barreira que eu levanto inconscientemente pra me proteger de mim mesma

hoje, senti a mesma euforia, o mesmo desespero.

Uma fome insaciável, pelo seu cheiro, pelo seu toque.

Pela minha boca percorrendo a sua pele de um jeito que só eu sei fazer

pelos sons que você só faz pra mim.

Apenas pra mim.

Secretos, suaves, famintos.

Pelo brilho nos seus olhos castanhos que parecem pretos na maior parte do tempo

pelo tremor suave das suas mãos que me tocam como se eu fosse preciosa, como se você me amasse.

Você me ama, eu penso comigo mesma, e me impressiono.

Mesmo depois de 6 anos, eu me pego surpresa. Sem palavras, completamente embasbacada pela ideia de que alguém que parece tão certo pra mim também sentir o mesmo.

Também se impressionar

também sorrir, sem motivo aparente, porque o coração bateu forte demais pra ignorar

ultimamente as coisas tem sido tão complicadas. A vida tão difícil. Como se estivéssemos presos num inferno interminável, uma ladeira que não para de descer e

descer e

descer.

Ah, meu amor. Eu queria tanto poder te fazer feliz de verdade.

Você não tem ideia do quanto meu peito arde, do quanto minha cabeça gira, pensando, planejando, tentando criar formas e jeitos malucos de que tudo dê certo.

Eu faria qualquer coisa por você.

Mas não sou nada além de um escritor com traumas de mais e uma melancolia que não seca, nao importe o quanto as palavras chovam pelos meus dedos.

Uma poeta que, estupidamente e até infantilmente, deseja.

Deseja mais do que pode ter. Mais do que pode alcançar.

Você sempre foi suficiente, mas eu quero mais pra nós dois.

Quero paisagens coloridas, pôr do sóis infinitos, uma explosão de laranjas e azuis e vermelhos, e eu quero a gente, no meio de tudo

mãos dadas, sorrisos bobos, cabelos esvoaçantes.

Eu quero invernos hostis que se tornam aconchegantes no sofá de dois lugares da sala, cobertos por 2 ou 3 edredons e risadas quietas que mal podem ser ouvidas perto do barulho da chuva.

Eu quero praias, quero mares, calçadas e trens.

Mas nada disso significa coisa alguma se eu não tiver seu calor ao meu lado

fica do meu lado, sempre. Eu imploro, eu clamo, eu rezo, se for preciso. Abandono o ateísmo e acredito em qualquer Deus ou Entidade desde que eu tenha você pra olhar, pra sentir, pra ouvir

pra falar

falar com você é a melhor parte da minha vida, amor.

e eu tenho tanto a dizer

tanto a sentir

tanto a ouvir.

eu tenho tanto, que não me cabe

tanto, que me escapa

tanto que eu, por ironia do destino, me perco nas palavras e não sei o que dizer.

Ah, meu amor...

queria poder te amar livremente

sem amarras, sem preocupações

sem pensar nos "e se" ou nos males do mundo

mas eu queria que você soubesse

clamo pra que você saiba, mesmo que eu não diga

mesmo que eu sussurre, ou tropece nas palavras

mesmo que eu tropece em mim mesma

eu te amo, com tudo o que eu tenho

não poderia deixar de te amar, nem que eu quisesse

estou presa a você, completamente perdida

sem chance de escapatória

rendida, ao seu amor, ao seu toque, ao seu cheiro

e não tem outro lugar que eu poderia escolher estar

[nao-tenha-medo]

what if the spirits went rogue far earlier during Kuruk’s era and he died far earlier because of that, like a spirit killed him at 16

Bonus

[nao-tenha-medo]

Tenho pensado em como seria se eu me encontrasse com quem costumava ser quando criança.

Qual seria a reação dela se me visse hoje?

Acho que ela se assustaria.

Eu costumava ser intensa. Ter tantas emoções dentro do meu corpo que ele transbordava. Tremia, colocava pra fora, chorava.

Era demais.

E eu tive que dar um jeito naquilo.

Tive que podar aquela árvore que crescia mais rápido do que eu mesma.

Cortar os galhos incansáveis, tirar as folhas que cutucavam os limites, as barreiras de mim mesma.

E, corte por corte, a árvore diminuiu.

O que não contam sobre pais alcoolistas é que o problema não é só que eles bebem 2 grades de cerveja em uma tarde.

O problema não é o som alto das músicas, tão estridente que você precisa aumentar o volume da tv no máximo e encostar a porta do quarto (mas nunca fechar, eles ficam com raiva se você fecha).

O problema não são as piadas constrangedoras, não é o som das latas, abrindo a cada 15 minutos - por mais traumático que seja, por mais que hoje eu não consiga não travar quando ouço alguém abrir uma latinha só pra perceber que é Coca Cola.

Não. O problema é não saber.

Porque, com quem bebe, você nunca sabe.

Nunca sabe quando é um momento feliz, uma crise de risos, um calor tão quente que até seu corpo ansioso relaxa por alguns minutos.

Nunca sabe se vão chegar no seu quarto no meio da noite pra te contar a melhor notícia que você ouviu do dia, ou pra te matar por dentro pelo resto dele.

Você nunca sabe quando eles estão com raiva, até ser tarde demais.

Até os gritos começarem, até os dedos serem apontados, até o seu corpo travar tanto que seus ombros doem e você não esqueceu como faz pra parar de tensionar seus músculos.

E então, acaba.

Eles param. Comem. Deitam. Dormem.

E você tá sozinha de novo.

Mas você já tava sozinha antes, não tava?

Você sempre esteve sozinha.

Pensando. Criando esquemas. Sabendo exatamente os gatilhos pra evitar que eles se irritem.

Mas o problema é que eles continuam sendo imprevisíveis, e você não prevê o futuro.

Não importa o quando tente.

Então, você se poda mais. Tira tudo o que apresenta um risco - ainda que seja um galhinho pequeno, que você gosta.

Ainda que seja algo tolo, algo que eles nem perceberiam.

Mas você não pode arriscar.

A ira deles é mais do que você pode lidar.

Os anos passam, e daí a gente cresce.

Algumas coisas melhoram. Outras continuam péssimas.

E você percebe algo estranho.

"Por que eu me sinto tão vazia?"

Eu cresci, então por que eu pareço menor?

Você não sabe a resposta.

Mas na verdade, sabe sim.

Porque você continua podando a árvore.

Arrancando até as raízes que ousam ir muito fundo.

Até que um dia, você chega no tronco.

Não tinha percebido que o corte havia sido tão fundo.

Não tem mais... o que podar.

Não.

Agora ou você para ou corta a árvore inteira.

Mas então, o que você faz?

Os meus pais continuam imprevisíveis, e eu continuo com medo.

Mas é só isso.

Não tem mais nada.

Todos os sentimentos que pareciam fluir, ainda que bagunçados e caóticos, ainda que apenas de tempos em tempos, quando eu permitia que a porta se abrisse um pouco, que uma fresta de luz passasse, todos eles...

Sumiram.

Você se desespera.

Não era pra ser assim.

Você estuda a árvore, procura por aquilo que está errado. Ela parece machucada, mas está viva ainda. então por que ela não tem nada?

Você se aproxima.

Olha de perto, pra sua maior obra de arte. Pro trabalho que você começou quando não tinha nem capacidades de formar memórias de longo prazo.

E tá oco.

Não tem quase nada dentro. Só uma casca, e algumas raízes pequenas, lutando por sua vida.

Não era pra ser assim.

Eu só queria me proteger.

Mas eu cortei demais.

E agora, quando penso em mim uns anos atrás, me pergunto como ela reagiria.

Acho que ficaria com assustada.

O que leva alguém a destruir a si mesmo pra se proteger do imprevisível?

Às vezes, eu penso no meu futuro.

Me pergunto como vai ser, quando eu finalmente sair daqui.

Quando não tiver mais sons de latinhas sendo abertas.

Quando eu não precisar andar na ponta dos pés pra não ser percebida.

Quando passos não me causarem ansiedade.

Quando eu puder fazer o que quiser, porque sei que quem estar ali comigo me ama, e não vai falar mal do meu cabelo, ou das minhas roupas, nem perguntar o que eu tô fazendo num tom de desprezo.

Eu ainda vou me sentir vazia?

Ainda vou estar oca?

O vazio vai ter consumido tudo?

A armadura vai ser tudo o que restou?

Ou eu vou crescer, de verdade dessa vez?

Devagar. Tímida. Morrendo de medo.

Mas ali. Sem tesouras, sem alicates, sem serras elétricas ou qualquer outra coisa.

Apenas a luz do sol, água e amor.

Apenas uma árvore machucada, tentando descobrir onde pode chegar.

Eu me pergunto quando isso vai acontecer.

Eu me pergunto se vai acontecer.

Eu me pergunto se ainda dá tempo.

Se eu não estraguei tudo, tentando acertar.

De todo modo, eu peço desculpas.

Não era pra ser assim.

Eu nunca quis

tirar tudo de você

só queria garantir

que ninguém ia tentar

plantar outra coisa no lugar.