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Carrie Bradshaw em: Quando os sonhos desmoronam?

Correr pelas ruas de Nova York, com um café expresso na mão, enquanto devaneio sobre minha próxima coluna no jornal. A noite? Tomar vinho com minhas amigas e talvez acabar dormindo com um cara sexy. Ah, a vida da Carrie Bradshaw, os anos 2000 e o mundo dos ricos, um sonho mais do que impossível para mim. Será que a vida é apenas isso? Se contentar com o lugar entediante, pequeno e sem graça em que nascemos e sonhar com a vida envolvente das grandes cidades, com seus prédios, pessoas apressadas, noites selvagens e dias curtos? Eu não saberia dizer, já que tudo isso eu vejo apenas na TV. Me pergunto se as pessoas que vivem esse cotidiano os definem como trivial também, assim como eu defino o meu. É fato que nós, seres humanos, nunca estamos satisfeitos com nada.
Quando eu era mais nova, costumava pensar que eu era a protagonista, que era o sol e que o mundo girava em torno de mim. Até tinha uma fantasia louca em que tudo era uma simulação e que todos só se mexiam e viviam suas vidas falsas quando eu estava por perto; quando eu saía do local, eles todos ficavam congelados novamente. É engraçado pensar nisso agora, visto que, para o universo, eu sou tão insignificante quanto uma formiga. Mas confesso que, nessa época, tudo era melhor. Eu era genuinamente mais feliz, não porque minha vida era melhor, longe disso; na verdade, era bem pior do que agora. Mas, sob minha perspectiva tão mediocramente pueril, a vida da protagonista sempre deveria ter um desafio, uma tempestade antes do lindo arco-íris e do pote de ouro. Então, eu veementemente acreditava que um dia tudo iria melhorar e que meu príncipe encantado, no cavalo branco, iria me salvar do meu caos. Um spoiler? O príncipe encantado não era só um sapo asqueroso, como também me adoeceu, traumatizou e me fez desistir da ideia do amor para sempre.
Então, quando esses sonhos desmoronam, o que há? Primeiro, a frustração, ao perceber que sonhos não são mais do que isso: meros sonhos. Depois, vem a raiva, a raiva pelo sistema, por você, por seu primeiro amor, pelos seus pais, sua cidade natal. Então a tristeza te aflige: é só isso que terá na vida? E, ao desembarcar no estágio do contentamento, apenas o desencanto te espera. Por que o esgotamento físico e mental, ou até mesmo continuar vivendo, se a perspectiva do futuro que divaguei todas as noites desde minha infância parece tão irreal? Um borrão, uma fantasia boba e inalcançável? Mas bobo mesmo é admitir que, apesar disso tudo, eu ainda tenho esperança de, pelo menos, correr pelas ruas da cidade grande mais próxima com meu café na mão, enquanto penso no próximo tema do meu blog super famoso, até parar na cafeteria superfaturada, enquanto tomo meu latte e escrevo, tomo meu vinho tinto seco no meu apartamento estiloso à noite com meu amado. Ah, a fé, nos sonhos ou na religião, é ela quem é a responsável por nos fazer viver mais um dia em um mundo tão brutal!
Me despeço, citando um trecho de uma música da minha amiga mais íntima, que parece saber tudo da minha vida (mesmo sem eu de fato ter confidenciado nada a ela): Taylor Swift. “How can a person know everything at 18 but nothing at 22?”
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