Diário pessoal com comentários reflexivos-afetivos acerca dos filmes a que assisto! Não há um filme que eu não queira ver!!!!
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Uma Noite de Crime: Anarquia (2014)
The Purge: Anarchy
Direção: James DeMonaco;
Roteiro: James DeMonaco;
Gênero: Ação; Aventura; Ficção Científica; Suspense; Terror;
País: EUA e França;
Em termos gerais, o problema narrativo na realização deste filme é o mesmo com relação ao filme anterior (Uma Noite de Crime [2013]): muita promessa, muito potencial, mas um saldo insuficiente e um resultado decepcionante. O filme se perde na tentativa de conciliar um discurso ideologicamente orientado e politicamente pertinente a uma trama extremamente ordinária e comum a filmes de sobrevivência. O mote político é introduzido no roteiro através de questionamentos sobre a luta pela sobrevivência das classes menos favorecidas durante o expurgo; neste contexto, surge uma personagem interessantíssima, mas pouco explorada no filme: o revolucionário anarquista Carmelo (Michael K. Williams), uma espécie de líder de um movimento negro que se opõe determinadamente ao expurgo e que promove ações que questionam a participação do Estado no feriado da morte.
Aos poucos, nos é permitido perceber, juntamente com os protagonistas em fuga - um grupo de moradores do subúrbio que se unem a um expurgador determinado a mover um ato de vingança -, que é o próprio Estado quem comanda a máquina mortífera na noite do expurgo. E que a definição do evento anual foi tomada com o propósito único e genocida de reduzir a massa de necessitados. A discussão distópica suscitada pelo enredo é extremamente pertinente, porém, todo este potencial socialmente empenhado e crítico - sobretudo se pensarmos na profusão de líderes políticos “genocidas” que assumiram a liderança de grandes nações do mundo - é deixado de lado em detrimento da exibição desenfreada de cenas de muito fogo e ação. O filme, portanto, acaba redundando num desequilíbrio narrativo onde as pautas políticas suscitadas não são bem desenvolvidas e a trama envereda-se pelo caminho regular e comum dos filmes de ação. Enquanto filme estritamente de ação, porém, ele cumpre bem a função de prender a atenção do espectador, promovendo um bom e divertido entretenimento.
É interessante notar, ainda, a peculiaridade do personagem de Frank Grillo - a determinação de Sergeant, de não permitir-se distrair o foco de seu objetivo: mover uma vingança contra o assassino de seu filho - é muito semelhante à construção de outro personagem icônico do cinema de ação: Travis Bickle (Robert DeNiro), o motorista de táxi de Taxi Driver. Certamente, James DeMonaco valeu-se da influência de uma das obras-primas de Scorsese.
⭐ 3.2 / 5.0




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Harvie Krumpet (2003) - curta-metragem
Harvie Krumpet
Direção: Adam Elliot;
Roteiro: Adam Elliot;
Gênero: Animação; Comédia; Drama;
País: Austrália.
O animador australiano Adam Elliot é especialista na complexa técnica de Claymation (técnica de animação baseada em modelos de plasticina, biscuit, argila ou outros materiais similares),através da qual realiza seus filmes, que geralmente tratam de personagens com algum distúrbio neuropsiquiátrico, e que trazem profundas - e irônicas e ácidas - reflexões sobre a multiplicidade de sentidos para a vida. Seis anos antes de realizar o longa-metragem pelo qual é sempre lembrado - Mary & Max (2009), que trata da amizade intercontinental entre uma garotinha australiana e um judeu autista nova-iorquino -, Elliot realizou, em 2003, Harvie Krumpet, este curta-metragem que, inclusive, recebeu o Oscar de Melhor Curta-metragem de animação na premiação de 2004.
Este curta focaliza a trajetória de vida do personagem homônimo: Harvie Krumpet é um desventurado polonês que convive, desde o nascimento, com síndrome de Tourette. Afastado da escola por conta do bullying que sofria diante de sua condição neuropsiquiátrica, o garoto fora letrado em casa e criara o curioso hábito de anotar fatos banais sobre a existência que, para ele, tinham profundo sentido e importância. A má sorte, no entanto, o acompanha desde o berço: após a morte dos pais, Harvie emigrou para a Austrália onde empregou-se num lixão. Posteriormente, ele foi atingido por um raio, desenvolveu câncer e teve um de seus testículos amputado. No momento em que Harvie pensava em desistir de tudo e entregar-se à comiseração, ele tem um instante de epifania: uma estátua de Sócrates lhe aparece e lhe diz para “aproveitar o dia” (CARPE DIEM). A partir daí, Harvie extravasa seu modo excêntrico de enxergar a existência: ele adota o naturismo como modo de vida e passa a encarar as dificuldades com maior leveza. Ao final do curta, permanece a profunda reflexão de aproveitar melhor os momentos diante da fugacidade da existência transcrito no último “fato” do qual Harvie nos dá nota: “A vida é como um cigarro, você tem que fumá-la até o fim!”.
⭐ 4.3 / 5.0




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Uma Noite de Crime (2013)
The Purge
Direção: James DeMonaco;
Roteiro: James DeMonaco;
Gênero: Suspense; Terror;
País: EUA.
A execução à curto prazo de uma nação sem criminalidade e violência é possível? A resposta a esta questão é pretensiosamente - e razoavelmente - entregue pelo enredo distópico de Uma Noite de Crime. O ano é 2022 e a solução que os “restauradores” dos EUA encontraram para coibir a criminalidade e, ao mesmo tempo, salvaguardar a economia do país foi a criação de um evento nacional, o Expurgo Anual: uma noite (12 horas) em que é permitida (e estimulada) a prática de qualquer ato criminoso - inclusive assassinato; dessa forma, os cidadãos dão vazão a todo o sentimento de ódio contido nos demais dias do ano. Na noite do expurgo, as classes privilegiadas têm acesso a todo tipo de proteção, enquanto os pobres são deixados à própria sorte. É dessa maneira que o “novo governo” americano se livra da população que necessita de auxílio governamental. Este é o mote - originalíssimo, diga-se de passagem - de Uma Noite de Crime. No entanto, apesar de toda a originalidade da ideia, o filme acaba desembocando numa tradicional e já batida trama de invasão a domicílio.
A primeira parte do filme, desenvolvida tendo como foco a família de James Sandin (Ethan Hawke), um vendedor de sistemas de segurança para famílias ricas se protegerem na noite do expurgo, sugere inúmeras questões étnico-raciais e sociais que poderiam ter sido melhor - e politicamente - exploradas pelo enredo. Sobretudo a questão étnico-racial que fica latente depois que Charlie Sandin (Max Burkholder), filho de James, destrava os mecanismos de segurança para permitir a entrada na casa de um jovem negro morador de rua (Edwin Hodge) que está fugindo de expurgadores brancos e aparentemente ricos. Esta dimensão crítica sugerida pela trama, mas quase completamente abandonada na realização do filme, é muito pertinente e pode ser diretamente relacionada com a realidade de alguns países onde tem se fortalecido discursos armamentistas e anti-assistencialistas (como é o caso do Brasil, por exemplo). A partir da segunda parte da narrativa, no entanto, somos encaminhados para a nada original batalha pela sobrevivência da família Sandin quando sua mansão é invadida pelo grupo de expurgadores que caçavam o jovem negro. Apesar de banal, mesmo esta segunda parte tem seus méritos, sobretudo porque causa sustos.
Em outras palavras, é um filme com muito potencial, mas razoavelmente executado.
⭐ 3.7 / 5.0




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Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador (1993)
What's Eating Gilbert Grape
Direção: Lasse Hallström;
Roteiro: Peter Hedges; baseado no romance homônimo também escrito por Peter Hedges;
Gênero: Drama;
País: EUA.
É possível viver numa cidade que não pulsa sem imobilizar-se também a si mesmo? A resposta de Gilbert Grape (Johnny Depp) a esta pergunta parecia ter sido a de conformação às circunstâncias, até que uma garota forasteira - Becky (Juliette Lewis) - marcará determinadamente seu destino. Ambientado em Endora, uma minúscula localidade onde o relógio do tempo histórico travara seus ponteiros, o filme nos apresenta ao cotidiano igualmente estagnado dos habitantes locais - sobretudo, ao de Gilbert Grape, um rapaz responsável e idealista, de quem as circunstâncias roubara o brilho e os sonhos. Após o suicídio do pai, a responsabilidade pelo sustento de sua família recaiu sobre Gilbert, que assumiu a tarefa com um misto inconciliável de obrigação, afeto e cuidado; sua família, no entanto, não é propriamente regular: o irmão mais novo, Arnie (Leonardo DiCaprio) tem problemas mentais e provoca confusões, a mãe (Darlene Cates) sofre de obesidade mórbida e não sai de casa há mais de sete anos, e as duas irmãs - Amy (Laura Harrington) e Ellen (Mary Kate Schellhardt) - cobram incessantemente de Gilbert uma melhora na condição financeira da família. Para piorar, todos eles vivem numa casa condenada ao desabamento, mas se recusam a abandoná-la devido às lembranças afetivas que lhes remete ao pai.
Leonardo DiCaprio, mesmo com apenas 19 anos de idade, entrega neste longa-metragem uma performance invejável mesmo para atores veteranos - e que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de melhor ator coadjuvante. Aqui, o garoto já dá mostras de que é, indiscutivelmente, um dos melhores atores de sua geração. O personagem de DiCaprio, Arnie Grape representa na narrativa um contraponto exato ao personagem do irmão. Em razão de sua inocência, Arnie encara a vida com leveza e simplicidade, sem deixar-se abalar pelas circunstâncias. Sua diversão anual é assistir ao comboio de trailers que em todos os anos atravessa a única rodovia que passa pela cidadezinha. No ano em que Arnie completa seu décimo oitavo aniversário, um dos veículos do comboio se quebra, fazendo com que suas condutoras - Bekcy e sua avó (Penelope Branning) - permaneçam na cidadezinha enquanto realizam os reparos mecânicos no veículo. Este acontecimento fortuito será determinante na vida de Gilbert Grape: à medida que ele se aproxima de Becky - e se apaixona por ela - seu brilho próprio e seus sonhos lhe vão sendo restituídos.
O filme é muito bonito. O diretor sueco Lasse Hallström apresenta um trabalho competente - sobretudo se considerarmos a limitação dos recursos financeiros disponíveis - na condução deste drama depurado de sentimentalismo e pieguice. Com relação às atuações: conforme referido anteriormente, DiCaprio está espetacular; mas a atuação ponderada, contida e melancólica de Johnny Depp também merece menção, justamente porque se encaixa muito bem em seu personagem (Depp ainda não havia sido contaminado pelos maneirismos de Jack Sparrow); Juliette Lewis (o rosto angelical dos anos 1990), Mary Steenburgen e Darlene Cates também apresentam trabalhos satisfatórios de atuação.
⭐ 3.8 / 5.0




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As Virgens Suicidas (1999)
The Virgin Suicides
Direção: Sofia Coppola;
Roteiro: Sofia Coppola; baseada no romance homônimo de Jeffrey Eugenides;
Gênero: Drama; Romance;
País: EUA e Canadá.
O primeiro trabalho de Sofia Coppola à frente da direção de longas-metragens demonstra desde já que a diretora faz jus ao sobrenome herdado de seu pai, o brilhante Francis Ford Coppola. Baseado em um romance de 1993, escrito por Jeffrey Eugenides, As Virgens Suicidas é um filme inteligente, ousado e intrigante. Equilibrando determinação e lirismo, o enredo do filme aborda, de forma um tanto quanto crítica, o tema da depressão na adolescência e o relacionamento conflituoso - e abusivo - entre pais e filhas, sobretudo quando pesa nele o conservadorismo religioso. Problematizações pertinentes como questões socioambientais e de gênero também pairam no horizonte narrativo deste intrigante e misterioso drama romântico. Valendo-se da predominância de tons pastéis e de uma fotografia quase saturada, Sofia Coppola remonta, temporalmente e espacialmente, os anos 1970 numa pequena localidade no estado de Michigan.
Narrado em primeira pessoa, o enredo do filme consiste numa recapitulação investigativa - em flashback - sobre eventos acontecidos 25 anos antes do tempo presente da narrativa. O narrador apresenta-se como um dos garotos que, 25 anos atrás, ficara obcecado com o suicídio de cinco irmãs que viviam na mesma vizinhança que ele. Cecilia (Hanna Hall), Lux (Kirsten Dunst), Bonnie (Chelse Swain), Mary (A.J. Cook) e Therese (Leslie Hayman) - as irmãs Lisbon - provocavam tanto o encantamento quanto a curiosidade em quem as conhece. Elas eram, ao mesmo tempo, belas e inacessíveis. A obsessão dos garotos da vizinhança pelas irmãs Lisbon aumentam drasticamente depois que Cecilia, a irmã mais nova, comete uma tentativa de suicídio. A busca por qualquer aproximação com as garotas é prontamente coibida pela rigorosidade de seus pais (James Woods e Kathleen Turner). E a partir daí, somos imersos num universo sufocante de fundamentalismo religioso, autoritarismo e castração: até que, uma após a outra, as cinco irmãs dão cabo à própria vida.
Com relação aos aspectos técnicos, o filme é muito bem realizado: a fotografia e a coloração funcionam muito bem ao contextualizar o tempo e o espaço da narrativa (aspecto ressaltado também pela excelência da trilha sonora). Sofia Coppola, desde já, dá mostras da definição de um estilo cinematográfico idiossincrático. O elenco do filme apresenta um trabalho competente, com destaque para a atuação de Kirsten Dunst. Com relação aos elementos narrativos, no entanto, o filme comete alguns deslizes: por exemplo, o relacionamento entre Lux e o canalha ególatra Trip Fontaine (Josh Hartnett), decisivo para a resolução da garota em matar-se, é pouco explorado no filme. Como também soa desconectada da narrativa a cena da festa temática de confraternização, próxima do final: a metáfora da asfixia promovida naquela sociedade acaba sendo solapada pela significação literal. Mesmo assim, As Virgens Suicidas é um bom filme.
⭐ 3.7 / 5.0



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Quando Duas Mulheres Pecam (1966)
Persona
Direção: Ingmar Bergman;
Roteiro: Ingmar Bergman;
Gênero: Drama; Suspense;
País: Suécia.
À parte o título brasileiro pessimamente adaptado - que restringe a interpretação do filme à possíveis sugestões de um relacionamento homoafetivo entre as protagonistas, relacionando-se a apenas uma dentre as infindas possibilidades significativas -, Persona é um filme sem defeitos: uma verdadeira obra-prima do cinema mundial. Além disto, representa um ponto de inflexão na obra de Bergman, a partir do qual o diretor sueco passará a embrenhar-se mais detidamente em investigações sobre a psique e a emotividade humana. Em termos metalinguísticos, Persona alude figurativamente a esta inflexão: e Bergman denuncia-se a si mesmo construindo um prólogo poético, truncado e metafórico onde imagens se sucedem evocando elementos que constituem o homem ocidental - as várias camadas que constituem nossas personas; e após uma primeira parte linearmente desenvolvida, em termos narrativos, o filme literalmente se incendeia e recomeça num outro ponto onde a sucessividade dos acontecimentos torna-me mais sensorial que cronológica.
A etimologia do termo persona remonta a uma palavra italiana derivada do latim que denota uma espécie de máscara em que havia uma fenda através da qual ressoava a voz do ator - per sonare, ou “para soar através de”, em tradução literal. Por extensão, valemo-nos do termo persona para aludirmos aos papéis sociais interpretados pelos sujeitos e coerentes com a civilidade culturalmente determinada; ou seja, máscaras sociais que encobrem a verdadeira identidade dos sujeitos possibilitando adequações a determinadas organizações sociais. Neste sentido, torna-se extremamente significativo no filme, o nome da personagem interpretada por Bibi Andersson, Alma - a enfermeira devotada aos cuidados de Elisabet Vogler (Liv Ullmann), uma atriz de teatro que repentinamente deixa de dizer qualquer coisa, recusando-se a qualquer comunicabilidade oral com o exterior. A convivência entre as duas faz com que Alma fale o tempo todo e, com o tempo, a personalidade de Elisabet começa a submergir-se na pessoa de Alma até que as duas personas fundem-se numa só: numa cena em que Bergman alcança o ápice de dramaticidade. O final do filme, de modo algum desintrincado, é polissêmico e comporta interpretações diversas e pessoais, como num exercício de múltiplas trocas.
Em 1969, Bergman resumiu o filme nas seguintes palavras: “(...) uma história de uma pessoa que fala de outra pessoa que não diz nada. Em seguida, elas comparam suas mãos e finalmente elas se fundem uma na outra”. À rigor - e concretamente - o resumo é exato. Para além do palpável, Bergman constrói um mergulho na psique humana valendo-se de sua técnica irretocável e de duas atrizes excepcionais - sobretudo Liv Ullmann, que nos traga para dentro de si sem dizer mais que cinco palavras durante todo o filme.
⭐ 5.0 / 5.0




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Fogo Contra Fogo (1995)
Heat
Direção: Michael Mann;
Roteiro: Michael Mann;
Gênero: Crime; Drama; Suspense;
País: EUA.
Indiscutivelmente, um dos melhores filmes de ação policial da história - no mínimo, o mais inovador e instigante. O mote principal deste thriller é uma caçada humana empreendida pelo determinado policial Vincent Hanna (Al Pacino) sobre uma quadrilha de ladrões engenhosos encabeçada pelo criminoso Neil McCauley (Robert De Niro). Engenhosamente, Michael Mann mescla à tonalidade épica da narrativa, uma cuidadosa atenção aos detalhes, conferindo ao filme uma ambientação realística. A câmera de Mann, além disso, ao incidir por diversas vezes em close-ups na face dos protagonistas, alcança a dimensão psíquica-emocional dos dois personagens - quanto a isso, evidentemente, contribuem as excelentes atuações de Pacino e De Niro - que, de forma geral, representam duas faces de uma mesma moeda. Tanto Vincent quanto Neil não hesitam em colocarem suas ocupações à frente de seus vínculos afetivos e, quanto a esse aspecto, soa perspicaz a fala que Neil dirige a Vincent, numa cena de tensão em que ambos tomam café juntos: “um profissional deve ser capaz de abandonar tudo em apenas 30 segundos”. E ambos são profissionais ególatras e determinados, por isso a narrativa do filme encaminha-se para uma acirrada disputa entre egos.
Já no início do filme, somos apresentados paralelamente aos dois protagonistas. Assistimos à organização e realização meticulosa de um assalto a um carro-forte que transportava títulos de ações ao portador; e, à vida conjugal - em desmoronamento - de Vincent, que sai para o trabalho após fazer amor mecanicamente com sua esposa Justine (Diane Verona), enquanto ela fica na cama tomando antidepressivos. Na sequência da realização do assalto ao carro-forte, que resulta num saldo de três seguranças assassinados, os destinos de Vincent e Neil se cruzarão. E durante o decorrer de todo o filme, assistiremos ao fogo cruzado entre a polícia e o crime. E a captura de Neil se transformará numa obsessão para Vincent. Ao final do filme, no entanto, ambos reconhecerão as semelhanças que compartilham e que tanto os aproximara os colocara em lados opostos.
⭐ 4.3 / 5.0



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O Ano em que meus Pais Saíram de Férias (2006)
O Ano em que meus Pais Saíram de Férias
Direção: Cao Hamburger;
Roteiro: Claudio Galperin, Cao Hamburger, Bráulio Mantovani e Anna Muylaert;
Gênero: Drama;
País: Brasil.
Quando se faz necessário adotar um ponto de vista infantil, Cao Hamburger é especialista: haja visto sua obra de maior sucesso e reconhecimento público - o clássico seriado Castelo Rá-Tim-Bum, exibido pela TV Cultura no final dos anos 1990. Neste filme de 2006, o enredo debruça-se sobre o cotidiano abafado e comprimido dos anos de chumbo da ditadura civil-militar brasileira através das acepções, percepções e do cotidiano de Mauro (Michel Joelsas), um garoto de 12 anos apaixonado por futebol. Não é incomum à cinematografia brasileira, a produção de filmes que contemplem este período sombrio da nossa história recente. A grande diferença que O Ano em que meus Pais Saíram de Férias guarda com relação aos demais filmes sobre a ditadura consiste justamente no ponto de vista adotado pela narrativa: o horror da ditadura não nos é apresentado explicitamente, mas através do olhar do garoto que, sem compreender, é enviado para morar com o avô em São Paulo, enquanto seus pais precisam entrar na clandestinidade. O filme é inequivocamente triste, porque registra com habilidade o cotidiano amargurado daqueles dias, ainda que Mauro não compreenda objetivamente a situação imposta, ele filtra os sinais e as atitudes dos sujeitos que estão em seu redor.
O ano é 1970; o país enfrenta o período mais grave da ditadura civil-militar - o governo de Garrastazu Médici; é ano de Copa do Mundo e a seleção brasileira almeja conquistar seu tricampeonato. Em Belo Horizonte, os pais de Mauro - Bia (Simone Spaladore) e Daniel (Eduardo Moreira) - preparam-se às pressas para entrarem na clandestinidade. Segredando do garoto o real motivo do desaparecimento (na percepção do menino, seus pais estão entrando de férias e deverão estar de volta antes do início da Copa), Mauro é deixado na porta do prédio onde vive seu avô (Paulo Autran), no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Acontece, no entanto, que seu avô sofrera um infarto naquela mesma manhã e falecera. Por isso, Mauro passa a viver com o vizinho Shlomo (Germano Haiut), um judeu ortodoxo idoso e um tanto quanto rabugento. Para se adaptar às novas circunstâncias, ambos deverão deixar de lado suas diferenças. É neste ambiente - e cercado por judeus - que Mauro viverá experiências definitivas: amadurecimento, espiritualidade, sexualidade, etc., sem, no entanto, deixar de esperar pelo retorno de seus pais.
Se pensarmos, por exemplo, na canção Aos Nossos Filhos, de Ivan Lins e Vítor Martins - “Perdoem a cara amarrada / perdoem a falta de abraço / perdoem a falta de espaço / os dias eram assim (...)” - , que registra a voz de um sujeito-lírico dirigindo-se aos filhos para tentar justificar a ausência naquele período sombrio, poderemos propor hipoteticamente que o ponto de vista de Mauro coaduna-se com a letra da canção. E que é sempre necessário reiterar: os dias eram daquela forma - sombrios, terríveis e violentos - ainda que alguns insistam em negar os fatos.
P.S.: quem assistir à subida dos créditos finais, terá o prazer de escutar a canção Tropicália (Caetano Veloso) na belíssima voz da cantora Céu.
⭐ 4.3 / 5.0




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Mulher Nota 1000 (1985)
Weird Science
Direção: John Hughes;
Roteiro: John Hughes;
Gênero: Comédia; Ficção Científica; Romance;
País: EUA.
John Hughes foi um dos diretores e roteiristas mais queridos associado às comédias adolescentes dos anos 1980. Dentre suas obras, destacam-se principalmente Curtindo a Vida Adoidado (1986) e Clube dos Cinco (1985) - dois clássicos do gênero. Em Mulher Nota 1000, através de um ponto de vista marcadamente masculino, adolescente e heterossexual, Hughes realizou a fantasia mastorbatória de meninos púberes de todo o mundo: a criação de uma mulher perfeitamente concebida para suprir seus desejos sexuais à flor da pele e suas necessidades de incorporação no restrito universo social do ensino médio. Como nos demais filmes de John Hughes, confusão e diversão estão garantidas - e tudo muito bem sonorizado com baladinhas e roquinhos característicos dos anos 1980. O filme, no entanto, tem seu universo espaço-temporal muito restrito e, por causa disso, muitas das piadas e situações repercutem aspectos machistas, sexistas e homofóbicos, justamente porque à época, tais situações eram naturalizadas. Mesmo assim, é um filme que diverte.
Os adolescentes Gary Wallace (Anthony Michael Hall) e Wyatt Donnelly (Ilan Mitchell-Smith) são melhores amigos no colégio em que cursam o Ensino Médio. Tímidos e sem sorte com as garotas, os dois repercutem o estereótipo do jovem nerd que sonha com popularidade. Após assistirem a Frankenstein na televisão durante uma madrugada, Gary tem a ideia de criar uma mulher perfeita no computador e dar vida à ela. O plano funciona e tão logo, os dois se veem frente a frente com a mulher de seus sonhos a quem lhe dão o nome de Lisa (Kelly LeBrock). Com o tempo, Lisa auxiliará na socialização dos dois e no reconhecimento de que a popularidade não presciente de que eles abandonem suas características individuais. Com companheirismo e lealdade, Gary e Wyatt terão que se desdobrarem para consertar as confusões arquitetadas por Lisa.
P.S.: Vale a pena mencionar a presença do jovem Robert Downey Jr. lindíssimo no papel de Ian, um dos garotos populares (e rival de Gary e Wyatt) do colégio.
⭐ 3.2 / 5.0



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Netto Perde sua Alma (2001)
Netto Perde sua Alma
Direção: Tabajara Ruas e Beto Souza;
Roteiro: Rogério Brasil Ferrari, Fernando Marés de Souza, Tabajara Ruas, Beto Souza e Lígia Walper; baseado no romance homônimo de Tabajara Ruas;
Gênero: Ação; Drama; Guerra;
País: Brasil.
Se o conceito de literatura regional fosse transposto para a arte cinematográfica, Netto Perde sua Alma serviria quase como exemplo prototípico ao conceito de cinema regional. E este estreitamento geográfico funciona tanto como seu maior trunfo quanto como seu revés. Trunfo porque o filme cumpre bem a proposta de se narrar a trajetória revolucionária do republicano liberal - e herói sul-rio-grandense - General Antônio de Souza Netto (interpretado no filme por Werner Schünemann); revés porque, incidindo especificamente num capítulo da história brasileira um tanto quanto restrito ao estado gaúcho, o filme acaba por apresentar uma narrativa igualmente restritiva, frutificando mais - e melhor - entre o público gaúcho. Além disso, alguns erros de continuidade e trabalhos de atuação insatisfatórios contribuem igualmente com o malogro da produção. A questão da linguagem, por exemplo, é mau trabalhada no filme como um todo: causa estranheza, por exemplo, o fato de a única personagem uruguaia expressar-se em espanhol, enquanto os personagens argentinos, que são em maior número, comunicarem em português.
No mais, o filme traça um interessante esboço sobre a liderança do General Netto na derrotada Revolução Farroupilha. Desconsiderando-se os ares de ficcionalização que as narrativas sempre assumem com relação aos seus biografados, Antônio Netto é representado como um homem íntegro, que abomina a injustiça em todas as suas formas - inclusive a maior injustiça que se abatia sobre o Brasil à época, a escravização dos negros. Empunhando bandeiras Abolicionistas, Libertárias e Republicanas, o General Netto conduziu tropas gaúchas no primeiro enfrentamento à monarquia em solo brasileiro. Alguns mais tarde, internado num hospital argentino após ter sido ferido enquanto combatia na Guerra do Paraguai, entre alucinações e memórias, Netto recorda seu passado glorioso e as personagens históricas que o acompanharam, enquanto se prepara para a travessia para o outro lado do rio numa embarcação que figurativamente alude ao barco de Caronte.
⭐ 3.2 / 5.0




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O Povo Contra Larry Flynt (1996)
The People vs. Larry Flynt
Direção: Milos Forman;
Roteiro: Scott Alexander e Larry Karaszewski;
Gênero: Biografia; Drama;
País: EUA.
Milos Forman é um grande diretor e tem excelentes cinebiografias em seu currículo: Wolfgang Amadeus Mozart, Andy Kaufman, Francisco de Goya e Larry Flynt. Coincidentemente - ou não - todos os cinebiografados citados anteriormente apresentam em comum certo (des)equilíbrio entre genialidade e excentricidade. No caso de Larry Flynt, acompanhamos no filme a saga do hedonista megalômano do ramo da pornografia, o criador e editor da Revista Hustler que peitou a corte estadunidense, a direita conservadora - e, por extensão, o Partido Republicano - e a moral profundamente impregnada de cristianismo que determinava (e continua determinando ainda na atualidade) as relações culturais e sociais nos Estados Unidos. Sob o signo da defesa das liberdades de imprensa e de expressão (e é este o partido que o filme toma), Larry Flynt foi uma grande - e controversa - personalidade do século XX, tendo seu nome associado à renovação dos costumes nos anos 1970, sobretudo porque sua revista tinha amplo alcance entre as classes mais populares.
Woody Harrelson está ótimo no papel do protagonista, mas quem efetivamente se sobressai em cena é Courtney Love, no papel de Althea Flynt, a esposa psicótica e autodestrutiva de Larry. Quanto ao elenco, merece ser mencionada também a boa atuação de Edward Norton e a participação mais-do-que especial de Larry Flynt, ele próprio, como um dos juízes numa das cenas de tribunal.
A trama do filme tem início em Kentucky, durante a infância de Larry e seu irmão Jimmy - como uma espécie de prólogo à narrativa, podemos ver a predisposição que o jovem Larry tinha para os negócios moralmente questionáveis, pois ele e Jimmy comercializavam uma espécie de aguardente entre a vizinhança. Na sequência, através de um salto temporal, a narrativa irá encontrar-se com os irmãos Flynt (Brett Harrelson, irmão de Woody) já adultos gerenciando uma casa de strippers. Perto de abrirem falência, Larry tem a ideia de desenvolver um boletim pornográfico mensal para promover o negócio em decadência. Em pouco tempo, o boletim ganha corpo e evolui para a revista Hustler, que é alçada à audiência nacional após ter divulgado imagens inéditas da nudez da ex-primeira-dama Jackie-O. Para enfrentar a fúria da opinião pública, da corte conservadora e de líderes religiosos, Larry conta com os serviços de seu leal advogado Alan Isaacman (Edward Norton). De tribunal em tribunal, prisões, o vício de sua esposa em entorpecentes e um atentado que lhe deixa paralítico, Larry segue firme no propósito de fazer valer as liberdades constitucionais garantidas na Primeira Emenda.
⭐ 3.8 / 5.0




#Filme#Movie#Biografia#Drama#Biography movie#Drama movie#O Povo contra Larry Flynt#The People vs. Larry Flynt#Milos Forman#Woody Harrelson#Courtney Love#Edward Norton
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Medéia, a Feiticeira do Amor (1969)
Medea
Direção: Pier Paolo Pasolini;
Roteiro: Pier Paolo Pasolini;
Gênero: Drama; Fantasia;
País: Itália, França e Alemanha Ocidental.
Nesta reconstituição da tragédia grega Medéia, de Eurípedes, Pier Paolo Pasolini dirige a divina Maria Callas em sua única incursão pela arte cinematográfica. A escolha da soprano grega para o papel da protagonista não poderia ser mais acertada: somente uma intérprete de ópera da estirpe de Callas poderia dar vida tão convincentemente a Medéia, personagem emblemática da Tragédia. E Maria Callas é a Medéia definitiva - assim como, transposta a tragédia para a realidade brasileira, Bibi Ferreira assumira o papel definitivo de Joana, na adaptação de Chico Buarque e Paulo Pontes -. A tragédia pasoliniana recupera de Eurípedes o sentido trágico e conflituoso entre razão e sentimento. A oposição entre a racionalidade grega (figurativizada paradigmaticamente pela personagem de Jasão, interpretado pelo belíssimo ator Giuseppe Gentile) e a ancestralidade e espiritualidade colquídia (emblematicamente representadas através dos rituais antropofágicos e do profundo espiritualismo pagão das longas sequências com que o filme nos apresenta à Medéia) paira no horizonte do filme, reverberando sentidos que podem ser transpostos à modernidade: a tragédia do homem moderno (e pós-moderno, sobretudo) se constitui igualmente no embate entre razão e sentimento.
Na primeira cena do filme, assistimos ao centauro Quíron (Laurent Terzieff) narrando o mito do velocino de ouro a Jasão. Afim de restituir o trono que lhe pertence e fora usurpado por Pélias (Paul Jabara), Jasão parte numa missão heroica em busca do velocino de ouro, que se encontra no distante reino da Cólquida. Na jornada, Jasão conhece a feiticeira Medéia que se apaixona por ele e, juntamente com seu irmão Apsirto (Sergio Tramonti) roubam o carneiro dourado e o entregam ao herói grego. Perdidamente apaixonada por Jasão, Medéia o acompanha no retorno à Grécia. Acontece, porém, que Jasão resolve se casar com Gláucia (Margareth Clementi), a filha do rei Creonte (Massimo Girotti), despertando em Medéia a mais profunda fúria enciumada. Tal como no final de Mamma Roma - filme de Pasolini, lançado em 1962 -, o ponto de mais alta dramaticidade na narrativa de Medéia, a Feiticeira do Amor coincide com o encerramento da película. No caso de Medéia, todos nós conhecemos o encerramento arrasador da tragédia: Medéia assassina os dois filhos para causar em Jasão o mesmo sentimento de dor profunda que ele anteriormente havia causado nela.
⭐ 4.7 / 5.0




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O Grande Mestre 4 (2019)
Yip Man 4
Direção: Wilson Yip;
Roteiro: Chan Tai-Li, Hiroshi Fukazawa, Jill Leung e Edmond Wong;
Gênero: Ação; Biografia; Drama; História;
País: Hong Kong e China.
Wilson Yip demonstra excelência na construção de boas cenas de ação. Grande parte de seus filmes, embora não se restrinjam a encadeamentos exibicionistas de lutas fora de contexto, primam pela coerência na relação entre a ação e o enredo. O melhor exemplo disto é a quadrilogia O Grande Mestre, que nos apresenta - assumindo uma tonalidade predominantemente épica - à biografia de Yip Man, exímio mestre da modalidade Wing Chun do kung fu chinês. Pode ser identificada, entre os filmes da quadrilogia, uma grande coerência tanto técnica quanto narrativa, o que demonstra a habilidade de Wilson Yip em sustentar uma mesma história linearmente distribuída entre quatro filmes e não ocorrer em deslizes substanciais. No encerramento da quadrilogia, assistimos aos momentos derradeiros na vida do mestre que treinara Bruce Lee e que, por isso mesmo, fora indiretamente responsável pela apresentação das artes marciais chinesas ao Ocidente. Sobre este aspecto, é necessário ressaltar a incursão da trama através das resistências da comunidade chinesa estabelecida nos Estados Unidos à xenofobia quase naturalizada dos estadunidenses.
A narrativa do filme inicia-se espacialmente localizada em Hong Kong. Viúvo há alguns anos, Yip Man (Donnie Yen) encontra-se preocupado com o futuro do filho Yip Ching (Jim Liu), que deseja devotar-se às artes marciais ao invés de continuar matriculado na escola básica. A situação complica-se ainda mais após o grande mestre receber o diagnostico de um tumor na cabeça e pescoço. Sem revelar a gravidade da doença ao filho, Yip Man parte para São Francisco, nos Estados Unidos com dois objetivos: assistir a uma disputa de Bruce Lee (Danny Chan) contra lutadores de karatê; e encontrar uma escola adequada para matricular seu filho em solo americano, seguindo o caminho trilhando anteriormente por imigrantes chineses. Nos EUA, porém, Yip Man se depara com uma situação estarrecedora: o preconceito dos estadunidenses para com a cultura e a identidade do povo chinês. A grave realidade leva nosso protagonista a refletir sobre a conduta adequada a ser tomada com relação ao futuro de Yip Ching.
Assim como nos filmes anteriores, O Grande Mestre 4 apresenta cenas de luta eletrizantes e excelentemente coreografadas. Como exemplo, destaco a cena da disputa entre Yip Man e o Sargento da Marinha, explicitamente racista, Barton Geddes (Scott Adkins). E a película encerra a quadrilogia orientando-se pelos mesmos aspectos que nortearam os filmes anteriores: afirmação da identidade cultural chinesa, crítica aos imperialismos e resistência à discriminação.
⭐ 3.9 / 5.0




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O Grande Mestre 3 (2015)
Yip Man 3
Direção: Wilson Yip;
Roteiro: Chan Tai-Li, Jill Leung e Edmond Wong;
Gênero: Ação; Biografia; Drama; História;
País: China e Hong Kong.
O terceiro capítulo da cinebiografia épica de Yip Man apresenta uma profunda inflexão dramática na história do grande mestre de Bruce Lee. A arte marcial chinesa, embora continue consistindo no elemento emblemático da narrativa, tem seu protagonismo ofuscado pelo enfoque no cotidiano familiar de Yip Man (Donnie Yen), sobretudo após o surgimento de uma grave enfermidade em sua esposa (Lynn Hung). Apesar de algumas inconsistências e furos de continuidade no roteiro, sobretudo com relação à continuidade de um filme para o outro - por exemplo, nada soubemos sobre o destino do filho caçula recém-nascido de Yip Man, apresentado no ato final de O Grande Mestre 2 e sobre quem não existem menções neste terceiro volume da quadrilogia - ainda assim, O Grande Mestre 3 é um filme muito bom.
O primeiro embate que a narrativa nos coloca diz respeito à escola onde estuda o filho de Yip Man. Localizada num edifício estratégico, o diretor da instituição passa a ser ameaçado para ceder o prédio a interesses de um mafioso estrangeiro (Mike Tyson), que utiliza de seus capangas - experientes lutadores de kung fu - para disseminar o medo entre pais, alunos, professores e direção e forçar a uma resolução favorável ao chefe estrangeiro. Preocupado com o bem estar da comunidade, Yip Man monta guarda em frente à escola, o que demanda muito de seu tempo e, por conta disso, o mestre acaba deixando a família em segundo plano. Acontece, no entanto, que sua esposa (Lynn Hung) descobre estar com câncer e que lhe resta poucos meses de vida. Diante da tragédia iminente, Yip Man deverá equilibrar-se entre a devoção ao kung fu e os cuidados com sua família.
O ponto mais positivo da fita, entretanto, é a maneira como ela conserva a excelente qualidade na construção e coreografia das cenas de luta; dentre elas, destaco três excepcionais: a disputa no galpão, quando Yip Man procura recuperar seu filho que havia sido sequestrado por mafiosos juntamente com alguns colegas de escola; a luta dentro de um elevador que, posteriormente, migra para a escadaria de um prédio; e a luta entre Yip Man e Frank, o estrangeiro chefe dos mafiosos interpretado inabilmente por Mike Tyson, mas que conserva o brio de ser ele próprio um pugilista renomado, o que suscita o encaminhamento da tensão para um embate entre a luta do Ocidente e o kung fu chinês.
⭐ 4.0 / 5.0




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O Grande Mestre 2 (2010)
Yip Man 2
Direção: Wilson Yip;
Roteiro: Chan Tai-Li; Choi Hiu-Yan e Edmond Wong;
Gênero: Ação; Biografia; Drama; História;
País: Hong Kong e China.
A segunda parte da cinebiografia épica de Yip Man (Donnie Yen) enfoca o período que o grande mestre de Wing Chun levara para se estabelecer em Hong Kong e fundar seu próprio dôjo. Em termos gerais, a continuação de O Grande Mestre (2008) exibe as mesmas qualidades do filme anterior: o enredo não se restringe a pretextos para a exibição desfocada de habilidades marciais, embora a luta consista no elemento emblemático do filme. A carga dramática do segundo episódio da quadrilogia desenvolve-se a partir de dois embates principais: o primeira, entre Yip Man e Mestre Hong Zhen Nan (Sammo Hung), espécie de liderança entre os mestres de kung fu em Hong Kong e agenciador das relações entre os lutadores e as autoridades britânicas; o segundo, entre o grande mestre e Twister (Darren Shahlavi), um arrogante e supremacista lutador de boxe que desrespeita deliberadamente a cultura do kung fu e desafia Yip Man para uma luta em que se está posto em jogo toda uma afirmação da cultura chinesa.
Após estabelecer-se aos trancos e barrancos em Hong Kong, Yip Man decide abrir uma escola de wing chun afim de contornar sua deplorável condição financeira. Acontece, no entanto, que a tradição da cidade determina que o direito ao próprio dôjo somente será garantido ao mestre que desafiar e vencer todos os demais mestres de Hong Kong - e eles são muitos. Numa cena de luta espetacularmente construída, Yip Man vence, um por um, grandes mestres de Hong Kong - incluindo o mais importante deles, Mestre Hung Zhen Nan. Prontamente, é apresentada pelo enredo uma tensão existente no relacionamento entre Yip Man e Mestre Hung - que se acirrará após o protagonista descobrir que Hung fez acordos financeiros com autoridades britânicas. A diferença entre os dois somente será apaziguada durante a luta de boxe - quando Twister desafia Mestre Hung e vence. A partir daí, o que estará em jogo é a defesa da honradez e da afirmação cultural chinesa; e Yip Man desafiará o boxeador para um combate decisivo e legitimador.
⭐ 4.0 / 5.0




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O Grande Mestre (2008)
Yip Man
Direção: Wilson Yip;
Roteiro: Edmond Wong e Chan Tai-Li;
Gênero: Ação; Biografia; Drama; História;
País: Hong Kong e China.
Assumindo predominantemente elementos do gênero épico, este filme de 2008 inaugura a cinebiografia, em quatro episódios, de Yip Man (Donnie Yen) - importantíssimo mestre de Wing Chun, uma modalidade chinesa de artes marciais -, cujo feito mais famoso fora ter sido treinador do astro infalível Bruce Lee. Praticamente desconhecido do grande público ocidental, o sucesso da quadrilogia de Wilson Yip, apresentou-nos à nobreza e honradez de Yip Man, um homem indiscutivelmente glorioso. O aspecto mais positivo, sobretudo com relação à forma e à narrativa, diz respeito à maneira como a película se afasta das características paradigmáticas de filmes de artes marciais. Embora a luta apareça como elemento emblemático do filme - e as cenas de luta são impecavelmente constituídas, como num balé marcial -, a narrativa não se restringe a ela. A trama interessa-se muito mais em contextualizar a relação afetivo-ético-moral de Yip Man com a Wing Chun, reiterando as qualidades do mestre: a humildade, o respeito à família e o nacionalismo culturalista profundamente chinês como resistência à Invasão Japonesa.
A primeira parte da cinebiografia épica de Yip Man desenvolve-se temporalmente nos anos 1930, no período em que o mestre residira em Foshan, cidade chinesa que serve de referência cultural às artes marciais. A primeira metade do filme expõe-nos à superioridade - modesta, embora - de Yip Man com relação a outros lutadores: acompanhamos um encadeamento de lutas eletrizantes; até este momento, o filme parece seguir os protocolos do gênero. É na segunda metade da película que a narrativa faz uma inflexão mais dramática: as consequências da segunda guerra sino-japonesa que levara o protagonista à penúria financeira e o encaminhara a uma luta decisiva - desafiado por um poderoso general chinês e ameaçado de morte, caso vencesse a luta. Ao final do filme, seguidos o degredo de Yip Man para Hong Kong, cidade que determinaria o período áureo de sua arte.
Ainda que se pese o alto grau de ficcionalização com que o roteiro se debruça sobre a biografia de Yip Man, O Grande Mestre é um filme belíssimo, emocionante e inspirador. E o protagonista foi um grande homem.
⭐ 4.2 / 5.0




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Dias de Nietzsche em Turim (2001)
Dias de Nietzsche em Turim
Direção: Júlio Bressane;
Roteiro: Júlio Bressane e Rosa Dias;
Gênero: Drama;
País: Brasil.
Registro cinematográfico do período que Nietzsche (Fernando Eiras) passara em Turim, num pequeno apartamento alugado a uma família (Paulo José, Tina Novelli, Mariana Ximenes e Leandra Leal), entre abril de 1888 e janeiro de 1889. Na cidade italiana, o filósofo escrevera obras inspiradíssimas como Ecce Homo e Ditirambos de Dionísio e, influenciado pela arte da cidade - sobretudo pela ópera -, Nietzsche dera vazão ao livre pensamento e a o livre encontro consigo mesmo. Há quem diga que Nietzsche enlouquecera durante o período vivido em Turim.
Mais do que o retrato de um filósofo, o filme de Bressane constitui o retrato de um poeta - ou ainda, de um filósofo-poeta. Assumindo uma narrativa proeminentemente não-linear e psicológica, o filme parece desenvolver-se emulando o estado psíquico-emotivo do filósofo protagonista; a câmera, em alguns momentos, chega a convulsionar-se junto com o personagem. As imagens aparecem encadeadas como se funcionassem relacionalmente na mente do filósofo-poeta. Ao registro do cotidiano de Nietzsche em Turim, Bressane sobrepõe a leitura - pelo próprio filósofo - de excertos das obras que ele escrevera na cidade italiana. O ponto mais alto do filme acontece no momento de maior abstração, quando Nietzsche evade seu mais puro dionisismo: dançando nu e declamando ditirambos em seu quarto. O belo retrato que Bressane constrói do filósofo - que também é artista, poeta, anticristo e excelentemente dionisíaco -, se encerra apresentando raríssimas imagens de Nietzsche, ele próprio, filmadas próximo do fim de sua vida.
⭐ 3.6 / 5.0




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