pombodeoculos
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gab.
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chaotic art kid. psychology bastard. I write non-sense sometimes,,,
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pombodeoculos · 5 years ago
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“Em alguns momentos, como as ondas desesperadas batendo nos penhascos, tenho um desejo tumultuoso de abraçar alguma coisa.”
Van Gogh. 
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pombodeoculos · 5 years ago
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Foi pra ela, Roberto
- as vez eu acho que a 'net foi feita só pra ela Roberto, só pra ela. Só pra nóis poder ter tido aquela conversa no Orkut em 2009 e ter trocado SMS em 2012, foi tudin feito pra ela, tudo pra gente se conhecê Roberto, tudin.
- Foi tudo feito pra ela mandar aquela fotinha, .JPEG, com a franjinha tingida de vermelho, com a mão na cara, esmagando os óculos que ela tinha.
- Foi tudo feito pra eu me apaixonar por ela Roberto, não pode sê viu, não têm outra explicação. Nóis não ia nem se sonhar se não fosse a rede mundial de computadores Roberto, nem ia sonhá com os braços cor de lua dela todos os dia...
Tenho que admitir que se não fosse pelos ponto com, não ia nem sabê que ela existia... ê tristeza danada seria...
- Saudades de ficá falando com ela até o galo cantá, saudade de pedir pra ela vir me vê e ela ficá dizendo que não dava. Lembro que ela tinha uns 4 milhões de pontinho na cara... É verdade viu Roberto, eu contei uma vez... tinha cabelos de camaleão, cada semana tinha uma cor, as vez ela ligava no celular da casa da mãe pra falar comigo de madrugada. Bem, as vezes era pra falá comigo, as vezes era pra eu escutá o choro dela e as vezes era pra eu ficá falando pra ela não se sentir sozinha, sabe...
- Tô com tanta saudade dela Roberto...
- Tanta...
- Tanta...
- Pena que ela virô anjo Roberto; As vês eu queria ser anjo também, pra gente voá pelo matagal juntin... Mas não posso se anjo Roberto, mainha precisa de mim e Cecília precisa de alguém pra dar leite pra cria dela....
- Aí Roberto que saudade que eu tenho dela viu...
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pombodeoculos · 5 years ago
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pombodeoculos · 5 years ago
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pombodeoculos · 5 years ago
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Mamão Papaya
De repente, o silêncio se rompe. 
Era antes das 7 da manhã e estava todo mundo com o olho meio colado e calado pela lei do silêncio. Menos, talvez, os caras atrás da barraca de pano, aqueles lá estavam desde as 3 da manhã e não se sabe de onde aparecem. A primeira moça que começou a gritaria vendia bananas e aposto que era ela sempre começava, com um “Ó a banana prata, nanica e da terra só três reais o cachinho minha senhora”, tanto quanto aposto que ninguém a aguenta naquele lugar. 
Olhei em volta sem um tostão no bolso e vi homens e mulheres espertos, que sabiam muito bem que antes das 9 tudo é mais barato e os feirantes não gritam tanto. Vi uma mulher de cabelo preso e saia longa perguntando quanto estava o mamão papaya. 
Pensei baixinho (Não que seja possível pensar alto): Aquela mulher devia ter sido a primeira a acordar, antes que todo mundo da casa dela, pegado a listinha de compras, feito o lanche das crianças, deixado o bilhete dizendo que estava na feira e saído sem casaco, achando que não estaria frio por conta do sol lá fora.
 Aquela mulher tinha em mãos a listinha dos alimentos necessários para a sobrevivência semanal em sua casa e na língua, a pechincha já manjada de sua mãe ou avó antes dela, a fim de abaixar o preço daquele mamão papaya. E falhar miseravelmente depois de uma rápida discussão com o feirante atrás da tenda, que não cedeu o absurdo que cobrava.
E lá vai ela, saiu do lado da barraquinha do mamão de ouro, que tem o dono mais pão duro da terra, que não abaixou 2 reais no preço do bendito fruto. Ela caminha já não mais estressada, pois vê com aqueles óculos fundo de garrafa que na barraca mais a frente tem um mamão papaya mais barato.
A nossa sociedade sempre foi injusta, por que cabe às donas de casa saber o preço e distribuir o dinheiro mensal nestas compras semanais? (O que parece ser uma missão quase impossível hoje em dia, onde tá tudo caro e uma bagunça sem tamanho mesmo). Carregam o peso nas costas de cuidar de toda a economia do lar, fazer mais esforço, dar mais de si, acordar mais cedo, somar mais sacrifícios, tentar não estourar as economias do mês e ainda assim ter de saber que na barraca do meio, o mamão tá mais barato, mas tá mais feio. 
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pombodeoculos · 5 years ago
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E você me olha com essa carinha banal de “me espera só mais um pouquinho”. Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta.
Tati Bernardi.  (via esgotada)
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pombodeoculos · 5 years ago
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Posso (es)tar aqui de cabeça, de alma eu tô com ela
Infelizmente, eu
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pombodeoculos · 5 years ago
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a. m. p. 
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pombodeoculos · 5 years ago
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“E por falar em saudades, fica feio se eu chorar?”
— Oratório De Um Poeta.    
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pombodeoculos · 5 years ago
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pombodeoculos · 5 years ago
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pombodeoculos · 5 years ago
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a gente vai ficando pequeno quando autoriza que as falas de outras pessoas nos atinja.
vai diminuindo. diminuindo. diminuindo.
perdendo a própria identidade.
e quando se olha no espelho, não se reconhece. porque toma como verdade a verdade dos outros.
diminuindo.
diminuindo.
até não existir quase nada.
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pombodeoculos · 5 years ago
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Frescor de noite
Lembro-me da primeiríssima vez que a notei, eu saía da sala de aula no meio da noite, sentia a brisa leve como quase todos os outros dias, não havia uma nuvem sequer no céu. E então eu a vi. Era tão linda, tão eloquente, não precisava trocar nem uma palavra comigo para eu me apaixonasse rapidamente. Seu brilho completava a noite como se tivesse sempre existido. Como eu nunca havia a visto?
No dia que se seguiu, saí da aula mais cedo, só de pensar que eu iria encontra-la ao sair do prédio me causou uma náusea gigantesca, pedi pra ir para casa e meu professor deixou, talvez não teria, porém, se soubesse que eu estava doente de amor.
E lá estava ela, quase tão brilhante quanto no dia anterior; Respirei tanto aquele ar fresco de começo de noite, que quando vi, minhas narinas estavam ardendo e meus olhos lacrimejando. Esqueci de ir para a casa, ficamos sorrindo um para o outro, mas não trocamos uma palavra.
Fiquei a olhando, sorrindo e rindo para ela durante o resto da noite, quando lembrei de ir dormir já era tarde, adormeci nos bancos em frente a faculdade. Quando acordei ela já tinha ido, eu não sabia onde morava, apenas que ia seguindo com seu passo lento até depois do morro, onde não conseguia a ver mais. 
Passei o dia todo melancólico, com alma cinza; Nos intervalos do trabalho eu ia para a porta do prédio em que eu estudava para verificar se ela estaria lá, mas não. Infelizmente, quem ficava lá, ostentando o lugar dela, era um bastardo, metido a besta. Olha-lo fazia arder os olhos e a raiva de ficar perto dele me fazia suar, ele parecia invencível e inalcançável, mas ainda sim me dava uma raiva bestial de vê-lo posando no lugar dela.
Não fui à aula naquele dia, fiquei esperando aquele imbecil sair do lugar dela assim que bati o ponto no trabalho. Estava determinado a engolir a minha vergonha e ir trocar umas palavras com ela. 
Ela chegou bem devagar, como se não tivesse pressa para nada na vida, tinha perdido um pouco do brilho por conta do mormaço que ela pegou, mas nada que tivesse apagado seu charme. Andei tão devagar quanto ela ao me aproximar, nervoso, com meu coração palpitando e minha respiração, oscilante.
Sorri e ela sorriu de volta. Eu joguei um curto papo e ela riu. Sua beleza era tanta, tanta.
No dia seguinte e no outro foi a mesma coisa, passamos a madrugada inteira conversando e rindo. Para fazer serenatas e ler poemas para ela, parei de ir trabalhar e não voltei para a aula, meu chefe deve ter ficado uma fera, mas não importava, ela sorria toda vez que eu cantava e recitava para ela. Seu sorriso fazia tudo valer a pena, nunca fui mais feliz do que naquela semana. 
No domingo, já tinha basicamente mudado todo o meu relógio biológico, tudo, por ela. Dormia durante o dia e ia encontra-la assim que o babaca que ocupava seu espaço saía. Mas, naquele domingo, naquele dia fatídico, percebi que ela havia mudado. Tinha se tornado menos brilhante, mais distante, eu falava, ria, recitava e ela, só um sorrisinho de canto-de-boca. Eu sabia que algo estava errado com ela. Porém também sabia que eu não poderia fazer nada. Tentei conversar com ela, mas a cada semana que passava, ela ia ficando mais e mais distante. 
Não sabia o que estava acontecendo. Era minha culpa? O que eu havia feito? Se eu tivesse feito diferente ela ainda estaria comigo? A angústia ia crescendo dentro de mim, não sentia mais vontade de nada, só queria ficar dormindo o dia todo, esperando que a noite chegasse, na esperança de que ela voltasse pra mim. 
Bati minha cabeça na parede, apertei até fazer machucado. Não comi, não bebi, não dormi. Olhei para a parede e para a janela, imóvel. As horas passavam e ela ia se tornando mais e mais distante.
3 semanas.
3 semanas e ela foi embora.
Segunda, eu esperei a noite inteira, eu e meus olhos cansados de existir sem ela, sem seu brilho quem eu era?
Terça, novamente, esperei, mas não muito, e fui atrás dela. Atravessei o morro, olhei pra cima, gritei seu nome pro alto, procurei em todos os cantos que podiam ser procurados. Perguntei a Todos se haviam lhe visto. Todos fizeram uma cara de pena e desviaram o olhar, como se eu fosse louco, como se eu estivesse delirando.
Na quarta eu não aguentei mais. A noite chegou e eu não saí da cama. Eu sabia que ela não estaria do lado de fora. Não comi, não bebi, me recusei a me mover. Tudo doía, apertava meu corpo contra as paredes, minhas pernas não aguentavam o peso da falta que ela me fazia. Era o seu sorriso que me manteve vivo nessas semanas. De uma hora para outra, não era a gravidade que me mantinha de pé no chão, e sim ela. Estava em abstinência, deixei de pensar por mim. Meu corpo decidiu que não valia a pena.
A última coisa que eu me lembro foi o vento frio nos meus cabelos.
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pombodeoculos · 6 years ago
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A mulher é algo tão cheio, tão lindo e tão complexo que é a primeira fonte de quase todas as artes
yo miesma
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pombodeoculos · 6 years ago
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a breve sensualidade das mulheres loucas
Você adora mulheres louca, não é? Dançando despreocupadamente, na pista de dança, com as mãos no quadril, enquanto riem umas para as outras, gritando: “amiga, eu adoro essa música!”. Você adora mulheres que gostam de uma cerveja em um boteco, mulheres sem frescura, que topam de tudo. Que têm assunto para varar a noite naquelas cadeiras de plástico, com aquela cerveja barata, quando o assunto rende e segue suavemente feito nuvens do céu e o próprio céu que se transforma em milhares de tons de azul escuro até clarear gentilmente e ter sua escuridão partida pelos raios de Sol da manhã.
Você simplesmente ama essas mulheres. Mulheres de opinião, que dizem o que sentem, o que querem, o que odeiam. Que pensam, que querem algo maior da vida além da tediosa banalidade e que têm coragem de enfiar a mão mais fundo, porque não há nada mais chato que o superficial. Você simplesmente adora falar sobre o mundo, música, política, filmes e cultura, sobre a sociedade e religião, sobre arte… Falando em arte, você não adora as artistas? As mulheres que escrevem, pintam, e desenham, aquelas que tocam e cantam, que declamam suas poesias ou escrevem timidamente em seus quartos. Mulheres livres, você uma vez disse, mulheres loucas que são verdadeiras. Que sabem se defender, que não respondem a ninguém. Mulheres que parecem um conceito de um filme, aquele tipo artístico, engraçada, complexo, cabelo colorido, tatuagens e personalidade transbordando pra fora. Aquela que vira o rosto para você e num sorriso, te faz ter uma outra percepção de vida, porque elas, sim, seriam alguma coisa como um oráculo, um altar, um templo, uma reza.
Um orgasmo.
Talvez fossem melhores na cama, você pensou. Essa liberdade toda trazia menos timidez, mais desenvoltura. Não existe medo, né? De tentar coisas novas, Esse calor da pele, que chega queimar quando toca, e toda a disponibilidade de não pensar duas vezes antes de fazer algo porque quer. A liberdade que parece ter sido escrita em um livro, a personagem que só existe para libertar o mocinho. Você, um personagem que deveria ser salvo, conhece uma mulher maluca pelas ruas do centro e têm a vida transformada porque ela sabe dizer a coisa certa. E na cama? Ela tem experiência, ela não nega nada, e ela quis cuidar de você.
Você disse que elas são um tesão. Você queria uma mulher de verdade. Uma mulher de verdade do tipo que te olha nos olhos e sorri, fuma um cigarro depois da transa e diz que você é bom demais nisso.
Mas não pra sempre.
Você quis a salvação, o caldo doce da fruta. Você quis dançar com elas nas festas, entrar no meio de seus beijos e talvez, até ler suas histórias, seus poemas, não toda a obra. Você quis a noite de bar, as qualidades que emanam dos poros, as primeiras boas impressões. Primeiras boas impressões, era isso que você queria, nada tão importante, mais como um prólogo de um livro bom pra caramba. Um livro denso pra caramba, longo. Se você ao menos puder catar tudo de bom que ela te oferecer nesse primeiro e único encontro…
Mas você adora mulheres loucas. Essa loucura sexy que te impulsiona a ser um homem melhor, um homem mais culto, mais experiente. Você curte essa selvageria que você nunca pôde domar, não que você tenha tentado e não que seja possível, talvez você não durasse duas semanas. Talvez seja muito para lidar, muito para entender. Você entendeu do jeito que quis: um tesão. Do mesmo jeito que você achou aquelas duas mulheres se beijando no meio da festa. A mulher que se senta com você no boteco e que vem para a sua casa, transar no primeiro encontro. Essas coisas modernas. Essas mulheres que parecem sair de um filme, sabe? Existe alguma coisa de força ou complexidade, algo que você não pôde tocar completamente e que te atraiu, mas você não soube o porquê.
Você disse que gostava de mulheres de verdade, mulheres livres…
Talvez não por muito tempo, só uma noite, a cada quinze semanas. Algumas horas, até a hora do metrô abrir, até a loucura continuar, até a droga continuar fazendo efeito, até que você goze. Até que não seja real demais, sincero demais, profundo demais.
Não que você separe mulheres para transar e casar, é só que você acha mais fácil manter o relacionamento com a sua namorada da adolescência, daquela cidadezinha do interior. É só mais fácil de entender. É mais tangível. Não existem tantas camadas e medos de dizer a coisa errada, de agir de forma equivocada. Você prefere que a mulher ao seu lado concorde com o que você diz, e como age. Você quer que ela te ache tão inteligente, talvez até saia com meninas mais novas. Não é melhor? quando te olham com esse vislumbre de admiração e quando elas pensam: “ele é tão interessante, e curte filmes cults como Clube da Luta e aqueles do Tarantino!”. Você não quer correr o risco de ser um babaca, é melhor não se aproximar demais, não conhecer demais, e só lavar os pés. Você ama, mulheres modernas, mas talvez não dê conta. Talvez não acompanhe o papo que segue com as transformações da noite, talvez o seu papo não dure tantas noites, não sobreviva ao boteco, e seus passos na pista de dança sejam ensaiados demais. Talvez elas notem, talvez olhem para a insegurança escondida embaixo da pele, o ego frágil que soa pelos poros, o sexo breve e triste. Quem sabe elas não estejam rindo de você? Melhor ficar seguro, nas bordas, onde a água toca só os joelhos, nada tão profundo, você quer ter o controle.
Parecia mais um personagem de um filme, né? Essas mulheres malucas, cheias de questões e opiniões, cuja beleza você não soube muito bem explicar, mas estava ali. Um filme cujo mocinha é transformado por essas mulheres. Excêntricas. Exóticas. Livres. Difíceis. Malucas.
Suas histórias tristes talvez não te interessem talvez sejam tristes demais, suas opiniões muito profundas ou talvez você apenas não consiga acompanhar. Você queria ser salvo, sem ter que investir muito, sem ter que doar muito, sem absorver demais. Quase uma terapeuta, quase uma messias. Você adora mulheres loucas, o conceito, a desenvoltura, a complexidade, mas jura sentir um alívio quando elas vão embora pela manhã.
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pombodeoculos · 6 years ago
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Janelas
Sabe todas as vezes que você olha por esse buraco na parede?
Sabe, todas essas vezes o céu se mostra infinito.
E mesmo assim ele parece preso, dentro dessa janela.
Os meus pensamentos parecem presos também. Eles estão logo ali. Consigo vê-los, mas não consigo tocá-los. 
Como observar o céu pela janela.
Só ver. Não tocar. Sem conseguir.
Eu sei que os seus estão também. Você sempre me diz que não acha nada, e pode parecer que não ache. No entanto seus olhos são janelas enormes, e eu sei o que você acha por eles.
Sei o que tem preso dentro de você. Sei o que está te prendendo. A Janela. 
Eu sei como é a sua voz, todas elas. E eu sei quando você que falar, mas simplesmente não consegue.
Sei também como se sente como o céu preso em uma janela. Infinita, mas limitada pela visão humana.
Ah meu amor. Eu sei que você vai sair dessa.
E quando você voar e violentamente se libertar, eu quero estar perto. Só pra poder dizer que eu vi.
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pombodeoculos · 6 years ago
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quando fico apaixonada
Quando eu estou apaixonada, existe algo no meu rosto que denúncia. Eu fico apaixonada como uma criança fica empolgada ao ver o bolo de aniversário em cima da mesa. Ela nem sabe qual a parte do bolo é a parte favorita, ela gosto do todo. Eu fico apaixonada assim, eu gosto do todo, até das partes ruins. Como quando você come o bolo e percebe que algumas partes queimaram, mas até o queimadinho é bom, porque fica meio crocante.
É assim que eu fico apaixonada.
Eu fico apaixonada como quem poderia literalmente sugar todas as dores do outro. Sabe? Quando alguém está afogando e você faz respiração boca a boca, é assim que eu fico apaixonada. Eu tento salvar o outro, e eu esqueço um pouco de mim, porque o outro é mais urgente. Eu sempre acho que eu sei lidar com a minha própria dor e o outro não. O outro precisa de cuidado, então eu ofereço minha pele para que ele enterre medos e segredos, sob a minha tez.
Quando eu fico apaixonada, o sexo não é só sexo. Todo mundo quer gozar, claro, mas o sexo vira outra coisa. Fazer amor é meio piegas, mas você se agarra a pele do outro como se fosse grudar no outro, como se as células se misturassem sem saber o que é de quem, daí você se entrega, porque transar com quem se está apaixonado é muito bom. Dá uma alegria danada ver a cara quando eles gozam, de tocar na outra pele e pensar, meu deus eu poderia morrer nesse momento porque eu estou com a minha pessoa favorita. Fazendo minha coisa favorita. Transar não é só transar, é deixar um pouco de mim no outro. Daí você olha naqueles olhos e não se sente envergonhado, mas sugado porque tudo está ali. Parece que deus venho a Terra, parece que se a gente pudesse acreditar em algum deus, seria isso, duas pessoas apaixonadas transando. É bonito demais de se ver, você pode olhar em meus olhos que eu estou tão apaixonada que eu sorrio por eles, embora olhos não tenham boca, mas os meus arranjam uma boca para sorrir.
Quando eu fico apaixonada, eu escuto as músicas que o outro gosta. Não que eu esqueça das minhas, mas eu gosto de conhecer o outro. O gosto musical de uma pessoa diz muito sobre ela, e eu já fui de ouvir samba, jazz, stoner. Engraçado que sempre ficou um pouco comigo, se apaixonar é também aumentar meu repertório musical. Eu conheço muito de música, porque eu já amei muito nessa vida. Eu gosto dessa troca, é gostoso ouvir o outro falar de sua banda favorita. Eu queria congelar os momentos em que a pessoa que sou apaixonada, fala de suas paixões.
Quando eu estou apaixonada, eu fico boba. E eu sempre fumo o cigarro favorito do outro. Já fumei marlboro, camel, agora é chesterfield. Eu tenho essa coisa, quando eu vejo, eles se tornaram meu cigarro favorito. Eu pego manias também. Acho que é porque presto muita atenção. Eu olho o outro como um diretor vê uma cena de filme. Eu olho o outro com admiração porque ele agora é minha obra de arte, eu olho o outro como se ele fosse um quadro e eu o escuto como se fosse música e eu não posso evitar que algumas coisas dele, fiquem em mim. Essa é a beleza de tudo, mesmo quando eles vão embora, eles ficam em mim, porque é assim que fico apaixonada. Eu já tenho essa coisa por pessoas em geral, pessoas são esses mares, profundos e misteriosos, pessoas podem ser horríveis e belas ao mesmo tempo. Pessoas são tão complexas, e se apaixonar por uma é entrar em um outro universo que não o seu, é olhar os pés nessas águas desconhecidas, mas eu, intensa, já me jogo de cabeça.
Se eu pudesse te contar quantas vezes já tomei no cu por causa disso.
Mas tudo bem, porque quando eu fico apaixonada, tudo em mim se acende. Eu danço sozinha pela casa, e eu olho o mundo com um pouco mais de otimismo. Eu tenho vontade de fazer as coisas porque eu quero ser um pouco melhor por causa do outro. Quando eu fico apaixonada, eu devoraria o bolo inteiro. Eu não sei se é pela cobertura, pelo pão-de-ló, pelo recheio, pelas partes queimadinhas, mas  eu devoraria. Porque quando eu fico apaixonada, eu não julgo. Eu não quero ninguém perfeito, eu quero essas combinações de defeitos horríveis, qualidades maravilhosas, expressões de amor e paixões sobre coisas estranhas, senso de humor estranho, beijos maravilhosos e sexo intenso. Eu não quero perfeição, eu nunca conheci perfeição: eu não sou perfeição. Quando eu estou apaixonada, eu quero ser colo, refúgio e amiga. Eu quero ser deusa, rainha, protegida. Quando eu estou apaixonada eu gosto dos defeitos também. Alias, eu lembro dos defeitos porque eles são únicos em cada um. Eu fico apaixonada porque amar faz a gente querer se esforçar um cadinho mais. Porque os céus se misturam com a terra e o mar brilha e os pássaros dançam só para nós. Porque o universo te manda estrelas apenas para você ve-las brilhar e a Terra gira dançando em volta do Sol. É assim que fico apaixonada.
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