Text
inerte

sem mover um dedo eu sigo sem seguir sentindo apenas o passar do tempo esperando algum motivo algum impulso mas eles não vêm espero por mim mesma olho pra trás pros lados pra frente mas eu não chego me sinto uma casca que o vento empurra pra cá e pra lá mas ainda sim sem sair do lugar indo e voltando sem saber de onde sem memórias sem traumas sem personalidade sem sentimentos sem eu apenas um corpo sem alma mas que vagueia como um fantasma pelo mundo perdido em si próprio não reconheço esse corpo quero me desprender dele mas não me movo porque não sei pra onde me mover preciso de um guia na minha vida se é que ela é minha sinto que roubei o lugar que ocupo que outro se sairia bem melhor no papéis que tento desempenhar seja como filha amiga namorada tudo no final desmorona se esvai como pó meu fracasso é vaiado e me sinto um amontoado de erros o problema é que não consigo me esconder não tem ensaio que me faça melhorar tenho apenas o agora que com num piscar de olhos eu já perdi assim sigo nessa inércia perdendo todos os meus agoras sejam eles presentes ou futuros
0 notes
Text
sentença
quero agredir e ser agredida
me declaro culpada
me sentenciem a morte, me joguem aos cachorros
mereço todo castigo, toda punição existente
me tirem a liberdade, me privem de tudo e de todos
marquem em mim os pecados que cometi
me torturem até que eu perca a voz, me silenciem
sangrem minha pele, deixe minha loucura escorrer em vermelho
atirem no meu peito, me enforquem e me afoguem
expurguem todo mal desse corpo
apaguem a minha existência e toda a ira e a violência contida em mim
queimem tudo isso até o fim, me reduzam a pó
0 notes
Text

eu não sou eu pra ti nem tu eres tu pra mim somos projetos nos olhos do criador criador que somos nós criamos em todos os verbos projetamos em todos os tempos como era no princípio, agora e sempre
eu crio, tu projeta, nós somos
eu ignoro, tu esquece, nos desfazermos
0 notes
Text
final de março

Estava lendo um livro essa semana, chamado “Palavra nenhuma” nele a autora fala de seu pai e sobre navios, e isso me fez pensar no meu, e como eu o perdi, ele não morreu, mas sinto como se tivesse. Ele foi embora a muito tempo, 25 anos pra ser exata, e eu nunca vi ele por mais de um dia depois disso, já até quis ter contato com ele mas depois de um tempo aceitei que o homem que era meu pai não existe mais, ele mudou e eu cresci, e por isso a pessoa que eu sou hoje não consegue criar vinculo algum com a pessoa que ele é hoje em dia. Eu não pensava tanto no meu pai, sempre que pensava tinha muita tristeza e rancor, hoje em dia tem só tristeza mesmo.
Voltando ao livro, a autora liga a memória de seu pai com navios pois ele dizia que o nome que ele deu a autora (Lilian Sais) se escrevia com “n de navio” no final, e com isso percebi que a memória do meu pai se liga a memoria de um carro, quem me conhece sabe que eu sempre disse que quando comprar um carro será um monza, e eu nunca me toquei que isso vinha do meu pai, pois quando eu era bebê, ele dirigia um monza, eu era muito nova e tenho lembranças muito vagas desse carro.
Em meio a tristeza de não ter meu pai presente comigo, posso ainda ter momentos de alegria em pensar que mesmo por pouco tempo que ele foi o meu pai, ele me deixou lembranças que carrego mesmo que inconscientemente, seja vendo o são paulo jogar, assistindo formula 1 ou vendo um monza na rua.
2 notes
·
View notes