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ɴᴏ ᴍᴀɴ ɪꜱ ᴀɴ ɪꜱʟᴀɴᴅ
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rxmlpin · 2 years ago
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Remus considerou a revolta de Sturgis, assentindo com a cabeça. 
── E isso não é nem o mais estranho  ──  respondeu, olhando de soslaio para o amigo. Estava escuro demais àquela hora da noite e ele mal podia divisar o perfil de Podmore ao seu lado, tendo apenas a luz da lua e da própria varinha para ajudá-lo a enxergar através da escuridão. ── Por que Hogwarts está nos colocando em detenções juntos, duas vezes na semana, se a intenção é nos impedir de repetir o que fizemos antes? ── Lupin ia balançando a cabeça, indicando a própria confusão. ── Não faz o menor sentido. Olhe só para nós, por exemplo. Estou passando muito mais tempo com você agora do que antes ── continuou Remus, apontando a varinha para o chão diante deles para ver melhor o caminho.  ── Sei lá. Parece que Dumbledore quer nos manter unidos ao invés de nos afastar...
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Quem: Open Starter
Local: Floresta Proibida
Quando: Horário da Detenção
Ganhar uma detenção não era uma novidade para Sturgis Podmore, considerando seu histórico de confusões. Porém, pela primeira vez, o corvino não estava em detenção por ter feito algo de errado. Lutar em meio ao evento tinha sido uma loucura? Completamente, mas o bruxo não se arrependia da decisão que tinha tomado e faria tudo igual se tivesse a chance. O rapaz até tinha tentado conversar com a professora McGonagall a respeito de deixar ele e os outros alunos de detenção, afinal de contas eles podiam ser considerados heróis devido suas ações no festival de música, mas suas palavras tinham sido em vão tanto é que ele e muse estavam na Floresta Proibida cumprindo a detenção. “Dá pra acreditar que eles suspenderam os passeios em Hogsmeade até segunda ordem?! That’s sucks”.
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rxmlpin · 2 years ago
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[ flashback ]
Remus deu uma risada alta, considerando a pergunta de Greta. Achava engraçada a forma como ela parecia conduzir um interrogatório quando começava a perguntar aos amigos sobre suas experiências alimentares. 
── Minha melhor experiência alimentar?  ── considerou, pensativo.  ── Essa é fácil. O chocolate quente da minha mãe. Eu tinha... seis, talvez sete anos?  ── Até então, era tudo verdade. Mas precisaria mentir na justificativa. ── Tinha me machucado feio. Atacado por um cachorro  ── continuou, apontando algumas linhas de cicatrizes no rosto.  ── Mas quase esqueci do que tinha acontecido quando ela fez aquele chocolate. Lembro até da cor da caneca que ela usou. 
Remus tinha um trato consigo mesmo de sempre fazer suas mentiras se parecerem ao máximo com a verdade, então não estava insatisfeito com o resultado final daquela em particular. Um ataque de cachorro era realmente o disfarce mais próximo da situação real: o dia seguinte à sua primeira lua cheia como lobisomem. 
── Mas chega de falar de mim. Com o que precisa de ajuda? ── Finalmente se levantando, Remus esfregou as mãos nas calças e logo já pegou um pano de prato para si, pronto para ajuda-la com o que fosse necessário. O festival estava cheio e não faria nenhum mal a Greta alguma forcinha a mais. A distração também seria bem-vinda para Remus, que, recém-saído de uma lua-cheia, não se importaria muito de ficar longe do som alto por algum tempo.  ── É só falar. Manda ver, Catchlove.
── ⋅⋅⋅ ──── ꜰɪɴᴀʟɪᴢᴀᴅᴏ
flashback
"Você que acha. Vi vários colegas nossos que se dizer super chiques e tudo mais com garrafas de vinho. Eu mesma tenho aqui. Não vinho branco, mas...bom, sabe como é não há combinação melhor do que um bom cigarro com vinho. É uma experiência diferente." Era um pouco idiota dela estar falando isso, afinal, ela estava promovendo bebidas diferenciadas, mas não conseguia resistir e era por isso que concordava que o simples, bem feito, era melhor do que muita coisa que ela poderia inventar. Também, foi uma das conclusões que ela chegou com tudo que havia recolhido como pagamento por seus alimentos, e isso a fez lembrar que não havia recolhido do outro.
Já havia conversado muito sobre comida, doces, e tudo que poderiam criar juntos, mas a pergunta que estava fazendo a todos, ainda era nova para o histórico dos dois. "Lupin, diga-me, qual foi sua melhor experiência alimentar e porquê." Pegou um gole de uma bebida que havia feito a pouco tempo e com sua varinha conjurou um feitiço para gelar o drink causando com que o copo suasse e ela pudesse sentir o resfriar nas mãos. Estava suando por andar para cima e para baixo fazendo as coisas. Um descansar caíria bem aquela hora.
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rxmlpin · 2 years ago
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[ flashback ] 
Remus abriu um sorriso de canto. É claro que, em seu momento de maior desespero, Dorcas tinha se preocupado com os amigos ao invés de si mesma. Típico dela.
── Fiquei aliviado de ver que James estava com você. Do jeito que ele é, provavelmente teria se colocado na frente de todos os filhos da puta sozinho  ── concluiu. Às vezes, o excesso de heroísmo do amigo o preocupava. James era um exemplar perfeito da Grifinória e por isso vivia se colocando em situações de risco, mas às vezes parecia se esquecer de que nem sempre existem segundas chances.  ── Mas vamos dar um jeito, Doe. Somos poucos, mas... algo deve ser feito, com certeza. A partir de hoje, de preferência  ── concluiu, dando uma longa tragada no cigarro entre os dedos e deixando uma nuvem de fumaça escapar dos lábios enquanto pensava.  ── Marlene me disse que acha que estamos abandonados, mas... algo me diz que Hogwarts está nos mantendo aqui por alguma razão. Não acha estranho que Dumbledore não tenha aparecido até agora? Não pode ser coincidência, Doe. Nunca é.
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FLASHBACK
A bruxa pegou o cigarro e deu uma tragada. Embora odiasse aquele hábito, sentia que precisava de qualquer coisa para lhe ajudar a esquecer, mesmo que por breves minutos, as imagens do que tinha acontecido no Witchella. Ao terminar de fumar devolveu o cigarro para o amigo e assentiu com a cabeça ao escutar Lupin dizendo que aquilo não parecia ser real. Meadowes tinha a mesma sensação, era como se estivesse vivendo um pesadelo do qual não conseguia escapar.
Dorcas respirou profundamente, sentindo as lembranças do dia tomarem conta de si. “Acho que eu nunca senti tanto medo na minha vida”, admitiu para Remus. Doe gostava de gabar dizendo como era corajosa e destemida, que nada parecia a assustar ou amedrontar, mas pela primeira vez na vida sentiu um medo pelos seus amigos. “Eu estava junto da Lily, do James e do Ed, e a única coisa em que eu conseguia pensar era: não posso deixar nada acontecer com eles”, embora a bruxa tivesse temido por sua própria vida no momento do ataque, sua preocupação inicial tinha sido com a segurança de seus amigos. Meadowes não seria capaz de perdoar a si mesma se tivesse deixado algo acontecer com eles.
“Isso é o que eu temo”, a grifana não acreditava que o ataque tinha sido algo completamente isolado, apenas um acaso, e mesmo que odiasse era obrigada a concordar com o amigo: aquilo era apenas o início de algo muito maior. “Não sei ao certo o que fazer, mas sinto que nós temos que fazer alguma coisa”.
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rxmlpin · 2 years ago
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[ flashback ] 
Ouvi-la discorrer amenidades era como um respiro de ar fresco, algo que o distraía de si mesmo enquanto Emmeline ia dando conta de seus ferimentos com uma agilidade incomum. Por um momento conseguiu até se divertir com a imagem da garota rodeada por quatro meninos, correndo em torno dela, puxando-a pelas vestes e rindo das próprias brincadeiras enquanto testavam sua paciência. Imaginar-se naquele cenário tinha conseguido abafar um pouco o peso de tudo, mesmo que só por um momento. 
── Eles parecem ótimos. 
E é verdade que tinha passado os últimos minutos desesperado para se esconder, mas de repente a necessidade disso se tornava um pouco fosca e Remus só conseguia prestar atenção nas suas últimas palavras. Mesmo agora, o efeito que a garota exercia sobre si era incontornável e aquela confissão, apesar de vir na forma de palavras simples, tinha um peso quase inconcebível para Lupin. O beijo de horas antes tinha sido uma surpresa inesperada, mas com a qual ele tinha conseguido se entender até que bem, atribuindo parte da culpa pela iniciativa ao álcool e ao calor do momento. Mas agora estavam verdadeiramente sozinhos e conscientes de tudo, talvez até demais. Nesse contexto, a revelação de que Emmeline sentia mais do que simples atração por Remus elevava as coisas a outro patamar, um que ele ainda não conseguia compreender muito bem. Pensava mal demais de si mesmo para conseguir se entender naquela posição. 
Subitamente sem saber o que fazer, levou ambas as mãos às dela, aquecendo a pele gelada com a sua. Nem se deu conta que não tinha vestido a camisa, esquecida sobre a banheira. 
── Eu... não sou quem você pensa que sou, Emmeline  ── murmurou, baixinho, olhando-a de baixo. Ter o corpo dela tão próximo da altura de seu rosto era uma distração que ele só estava vencendo com muita força de vontade, mas precisava concentrar-se em ser honesto. Tão honesto quanto fosse possível, pelo menos.  ── Todas essas coisas boas que você vê... são você. Não são eu.  ── Finalmente se levantando, Remus usou a mão machucada para trazer a dela para perto de si, até fazer com que a palma dela pousasse sobre seu peito. ── Não precisa de desculpas para ficar perto de mim, Emmeline. Não mesmo.  ── O pequeno sorriso que surgiu em seus lábios não era bem para ela, mas uma espécie de divertimento solitário de quem se via descrente das próprias palavras. Não conseguia entender que precisasse lhe dizer isso. Emmeline era muito mais do que ele algum dia tinha sonhado para si; se alguém ali precisava encontrar atalhos para manter-se por perto, esse alguém com certeza não era ela. Mas não sabia como dizer isso, então apenas deixou que a garota sentisse os batimentos acelerados de seu coração, mantendo a mão ferida sobre a dela. Tinha desistido de uma vez por todas da ideia de se esquivar do que quer que fosse aquilo entre eles. ── Things just won't do without you  ── concluiu, apenas parte da letra de uma das várias músicas que tinham se transformado desde a chegada de Emmeline. ── Matter of fact.
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❪ 𝐟𝐥𝐚𝐬𝐡𝐛𝐚𝐜𝐤 ❫              O sorriso oferecido por Remus não foi convincente, colocando-a mais uma vez em uma posição de culpa. Seu único objetivo era ajudá-lo, mas talvez estivesse piorando ainda mais o desconforto que já acometia a todas as vítimas do ataque daquela noite. O inferno estava repleto de boas intenções, afinal. Repensando o próprio toque e o quão acuado acidentalmente o fazia se sentir, recolheu a mão que acariciava seu ombro, usando-a como um reforço para acelerar o curativo já encaminhado, assim antecipando o alívio alheio. A voz fraca que a reprimia fazia doer seu coração, ressentida por ser a responsável por afugentá-lo. Passava a errar cada um de seus movimentos.
Eu não estava brincando quando disse que sou boa nisso. ── Momentaneamente abandonou a complacência, agora se expressando com mais firmeza, ainda que mantivesse a doçura na voz. Obviamente nutria um carinho especial por Remus, mas não o deixaria com a impressão de que se divergia dos demais, caso isso lhe causasse desalento. Também não mentia com a afirmação. Cuidar das pessoas ia muito além da satisfação de estar ajudando, era uma verdadeira realização pessoal. ── Pode me achar esquisita, mas eu gosto de cuidados como esse. Não sei, faz eu me sentir útil. ── Também apreciava o lembrete de que todos eram feitos de carne, com as mesmas vulnerabilidades e fraquezas. ── Inclusive, já que estamos aqui, posso dar uma olhada na sua mão também. ── Ofereceu-se, só então se dando conta de que a origem daquele ferimento podia ser a mesma dos demais. A percepção pairou sobre sua cabeça, enquanto prendia a respiração por alguns segundos. O que estava acontecendo com ele? A angústia pesava em seu peito. ── Sobre as minhas… Não tem muito o que eu possa fazer para controlá-las nesse ponto. ── Disfarçou com naturalidade, guardando suas dúvidas para um momento mais oportuno.
Compreendia exatamente o sentimento compartilhado. Acreditava que todos os soldados se preparavam para uma guerra, desejando que esta nunca se concretizasse. Suspirou baixo, assentindo. Considerando que ainda não haviam tido a oportunidade de falar sobre o assunto citado, Emmeline julgou apropriado compartilhar alguns detalhes sobre sua família. O que era belo encontraria uma maneira de florescer, independente da desordem. ── Tenho quatro deles, sou a mais velha e pareço ter sido a única que nasceu com o gene da responsabilidade. ── A lembrança dos irmãos a fez sorrir. Enquanto isso, finalizava a bandagem que protegeria o ferimento. ── Eles sempre acreditaram ser invencíveis e inabaláveis, por isso tenho tanta prática com ferimentos. Sabe quantos joelhos ralados já foram curados por essas mãozinhas geladas? ── Reafirmou a narrativa compartilhada anteriormente, justificando-a através dos fatos. Fez uma pausa, contemplando mais um pouco as palavras do rapaz. ── Eu também nunca acreditei que isso fosse mesmo acontecer. ── Admitiu, então recuando com a cabeça para avaliar o trabalho feito. ── E acho que, mesmo se não existisse um confronto iminente, eu ainda encontraria uma desculpa pra continuar passando um tempo com você todos os dias. ── Não apresentava pudor algum em revelar seus anseios. Quase havia cometido erros demais e colocando a perder aquilo que mal tivera tempo de desenvolver e aproveitar, mas também aprendera uma valiosa lição: não podia desperdiçar o tempo que lhe restava. ── Prontinho. Acabei aqui, pode se vestir. ── Ao falar, quase podia sentir o alívio que a frase de libertação causaria em Remus. Erguendo-se, posicionou-se diante dele, oferecendo um sorriso acanhado. Certo, revelar seus sentimentos era muito mais fácil sem precisar encará-lo de frente.
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rxmlpin · 2 years ago
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rxmlpin · 2 years ago
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Remus concordou com a cabeça, quieto. Uma das vantagens da intimidade que tinham era o silêncio confortável que podiam compartilhar sem que ficasse estranho. Atentendo ao pedido, tirou o cigarro dos lábios e o passou para Dorcas. 
── Também tenho a sensação de que nada disso é real  ── admitiu, aproveitando que as mãos estavam livres para trazer as pernas para perto de si, abraçando os próprios joelhos e apoiando o queixo ali. ── Fiquei apavorado quando vi vocês lá. Por um momento, achei que não passaríamos dessa noite. 
Com os olhos ausentes, Remus revivia cada acontecimento sentindo como se uma bola crescesse dentro do peito. 
── Acho que esse é só o começo, Doe  ── confidenciou, abatido. ── Só o começo de uma história muito longa.
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Toda vez que fechava os olhos na tentativa de dormir, ou quem sabe cochilar por alguns minutos, Dorcas acordava assustada com as lembranças do que tinha ocorrido no festival. Toda vez que fechava os olhos a bruxa escutava os gritos das pessoas e conseguia visualizar com exatidão a expressão de medo no olhar dos bruxos e bruxas que estava no show. Sendo assim, Meadowes resolveu dar uma volta pelo Hog’s Head Inn já que dormir não era uma opção.
“Hoje não”, respondeu ao avistar Remus fumando um cigarro. Doe já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha pegado no pé do amigo a respeito do assunto, dizendo como fumar era um péssimo hábito. Porém, a bruxa não estava com paciência suficiente para discutir aquele assunto com Lupin. Fumar ou deixas de fumar era algo pequeno demais se comparado com tudo que tinha acontecido, com tudo que tinham presenciado. “Na verdade, acho que vou querer um pouco”, falou esticando a mão para que o amigo lhe passasse o maço de cigarro. 
“Toda vez que eu fecho os olhos é como se eu estivesse revivendo tudo que aconteceu no festival, é como se fosse um pesadelo sem fim”, admitiu para Remus. A bruxa não tinha palavras para conseguir descrever a angustia que estava sentindo, era como se as palavras estivessem presas e entaladas em sua garganta.
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rxmlpin · 2 years ago
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Remus fazia seu melhor para não deixar transparecer, mas estava precisando se concentrar muito para não deixar que sua respiração entrecortada ficasse evidente para Emmeline, especialmente quando ela dedicava tanta atenção às suas costas. Eram tantas sensações lhe tomando pela garganta ao mesmo tempo que, mesmo quando ela pareceu se preocupar em tranquilizá-lo, Lupin não conseguiu fazer nada além de comprimir os lábios em uma tentativa de sorriso que não convencia ninguém, simplesmente assentindo com a cabeça como se de fato estivesse escutando, notando o ponto em que a mão dela se espalmava contra sua pele e mal dando atenção à sensação de ardência.
 Agora já não sabia se tinha mais medo de que Emme sentisse repúdio ou pena dele. 
── Você realmente não precisa fazer isso  ── disse, por fim, a voz atordoada saindo em um fiapo rouco e baixo de quem não sabia ao certo quais palavras usar. Mais uma vez era atingido por uma percepção muito clara de quem Emmeline era, da pessoa por quem estava se deixando partir aos poucos. Tinha esperado uma expressão de pavor, uma pergunta de todos os “por que” e “quem” possíveis, mas tudo que recebera no lugar fora uma tentativa das mais bem-intencionadas de simular alguma indiferença naquela situação que evidentemente não carregava qualquer normalidade real. Ele agora já não sabia dizer se o aperto que se formava em seu peito vinha da súbita consciência do quanto gostava dela ou do quanto temia que as coisas entre eles mudassem a partir dali; que a bondade dela, sempre tão evidente, já estivesse sendo maculada por camadas e mais camadas de pena ou condescendência. ── E suas mãos estão mesmo sempre frias, mas não me importo. 
Encarando o ladrilho do piso, Remus não conseguia encontrar mais formas de se esquivar daquela aflição a não ser deslizando os dedos de uma mão sobre a outra, tomando o cuidado de não desfazer o velho curativo na palma machucada durante a lua cheia. Ávido para distraí-la de si mesmo, voltou a falar, ainda com muito medo do que ela poderia estar pensando dele agora. Talvez apenas devessem ter ido dormir desde o princípio. 
── Nunca perguntei sobre seus irmãos...  ── observou, refletindo sobre o assunto. Como era possível que soubessem tanto e tão pouco um do outro? Queria perguntar a ela a respeito, conversar sobre banalidades e irrelevâncias, mas não sentia que aquele era o espaço para isso. Não quando sua mente dava tantas voltas em torno de si mesma. ── You know... Mesmo que estivéssemos treinando para a eventualidade de algo assim acontecer... De alguma forma, eu nunca achei que aconteceria mesmo. Até hoje, era só... ── "Uma forma de ficarmos sozinhos sem parecer estranho"? "Uma desculpa para te ver"? "A melhor hora do meu dia"? ── ... um hobby.
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Deixando um pouco de lado o desamparo que a acometia, e que até aquele momento não poderia ser revertido, Emmeline focou toda a sua atenção no rapaz e nos cuidados que necessitava, encontrando conforto na atividade, mas principalmente na companhia acalentadora de Remus. Devido à intimidade que construíram e o intuito do pedido, não esperava que a resposta para sua indagação demorasse a vir, muito menos vê-lo hesitante diante dela. Entretanto, também conhecia muito bem o sentimento de insegurança, por isso apenas respeitaria o tempo e vontade do outro. Encontraria uma alternativa para o tratamento do ferimento, caso ele se negasse a livrar-se da peça de roupa danificada. Enquanto isso, mantinha-se ocupada para aliviar o constrangimento, focando na tentativa de aquecer as mãos e mantê-las ocupadas, para assim também evitar causar ainda mais desconforto através do toque gelado de seus dedos. Sempre agia com bastante atenção ao desempenhar aquela função, mas mostrava-se ainda mais zelosa ao se tratar do bruxo.
No momento em que Remus concordou em despir-se, sentiu-se lisonjeada com a confiança depositada sobre si, o que fez nascer um pequeno sorriso em seus lábios. O mesmo oscilou assim que seu olhar encontrou as diversas marcas espalhadas pela extensão das costas e ombros alheios, meramente iluminadas pela luz fraca que banhava o ambiente. Durante alguns instantes, chegou a pensar se tratarem de ferimentos recentes obtidos durante o ataque, mas não demorou a constatar serem cicatrizes antigas, já reparadas pelo tempo. De repente, a hesitação dele começava a fazer mais sentido e o nó retornava à sua garganta. A mente de Vance sequer conseguia conceber uma hipótese do que podia ter causado todas aquelas marcas, muito menos a dor experienciada pelo rapaz ao adquiri-las. 
Para que a própria hesitação não fosse notada, agiu com imediatismo, voltando a acomodar-se sobre o espaço na borda da banheira ocupado anteriormente, levando consigo apenas sua varinha, algumas gazes embebidas com poção medicinal e outras que serviriam para proteger o mais recente corte. Com a proximidade, pôde observar melhor a dimensão das fissuras antigas e se espantar com os mesmos. Algumas delas pareciam mais recentes do que outras, o que implicava um detalhe estarrecedor. O que havia acontecido com ele? E quem havia feito aquilo? Eram as principais indagações que lhe gritavam ao pé do ouvido, deixando-a atônita. Não era prudente que tais questionamentos fossem reproduzidos, porém. Não em um momento tão delicado como o que viviam. O presente já mostrava-se assustador o suficiente, sendo assim, não era justo fazê-lo reviver as lembranças atreladas àquelas cicatrizes, principalmente quando decidira confidenciar a ela aquele segredo. O melhor a se fazer era manter a discrição, dando a ele privacidade, e continuar com o plano inicial: acolhê-lo e confortá-lo.
Não me parece tão grave assim. ── Quebrou o silêncio, agora voltando toda a atenção para os cuidados sobre a pele lacerada, limpando-a delicadamente para livrar-se do sangue seco acumulado ali. ── Imaginei encontrar um corte mais profundo, mas vai ser rapidinho e indolor, Remy. ── Sua voz era suave como uma doce brisa ao tranquilizá-lo, deliberadamente fazendo uso do apelido carinhoso como forma de afago. Remus precisava saber que nunca seria julgado por seu passado e pelas marcas deixadas por ele, assim como sua importância para Emmeline. Depois de tudo ser devidamente limpo, foi o momento de esterilizar a lesão. Ciente de que o contato com o medicamento causava ardor, repousou a mão livre sobre o ombro do bruxo, acariciando-o com o resvalar do polegar. Não era obra do acaso que o carinho era deixado sobre uma de suas cicatrizes. ── Se minha mão estiver gelada demais, é só dizer. Meus irmãos sempre reclamaram disso. ── O distraiu com o fato real, então inclinando-se para frente, procurando o olhar que a evitava. ── Mas, no seu caso, eu não vou mandar você se danar se fizer isso. ── Brincou, oferecendo a ele um sorriso, em seguida retomando a tarefa.
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rxmlpin · 2 years ago
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── Tenho a impressão de que projeções pessimistas são o que há de mais lúcido nesses últimos tempos  ── disse, desembrulhando a barrinha que a amiga lhe oferecera. Era de conhecimento público que Remus só respondia ao estímulo de açúcar e cacau quando não estava bem. ── Se não confiasse tanto em Dumbledore, diria que com certeza estamos abandonados  ── continuou, refletindo a respeito enquanto seus olhos cansados encaravam o vazio diante de si. Mesmo depois de tudo, sua lealdade ao diretor de Hogwarts permanecia entremeada até seu último fio de cabelo; o tipo de coisa que se podia esperar de quem só tinha recebido a oportunidade de estudar na melhor escola de magia do mundo por meio de inúmeros esforços de Dumbledore – uma benevolência que, mesmo depois de tantos anos, ainda não compreendia muito bem. Talvez o velho diretor simplesmente tivesse um fraco por causas perdidas, o que, na verdade, explicaria muita coisa.  ── Mas esse é só o começo, Mar. Não vejo isso acabando tão cedo. 
Remus podia sentir a amargura lhe tomando a boca, razão pela qual voltou os olhos ausentes para Marlene. 
── Me desculpe  ── balançou a cabeça, repreendendo a si mesmo.  ── Não sei se sou a pessoa que você precisa agora. Não vou dizer que você está exagerando, porque concordo com tudo, e posso acabar piorando as coisas.
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"what doesn't kill you's bound to come back for another."
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Encontrar Remus em meio a toda confusão era um verdadeiro respiro de ar puro, uma vez que o rapaz era um de seus amigos mais próximos, e trazia um pouco de equilíbrio para a relação através de sua serenidade admirável. Se diferenciava dele em diversos pontos, mas também compartilhavam de muitos ideais, o que era o principal caminho para conquistar o carinho de Marlene. ── Já aviso que minha intenção não é ser pessimista, apenas realista. ── Introduziu antes de se sentar ao lado do bruxo, carregando consigo alguns dos snacks distribuídos entre o público que se refugiara no estabelecimento. ── O que não te mata, está fadado a voltar para tentar novamente. ── Prosseguiu, abaixando ligeiramente o tom de voz, assim se certificando de que somente o amigo era capaz de ouvi-la. Evitava ser a portadora de más notícias e negatividade, principalmente durante um momento tão delicado. ── Espero que da próxima vez tenhamos um pouco mais de suporte pra esse tipo de situação. ── Ofereceu uma das embalagens para o outro, retomando a postura normal. ── Sério, às vezes acho que estamos completamente abandonados. ── Quanto antes se dessem conta da realidade e cobrassem os supostos responsáveis pela ordem, melhor.
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rxmlpin · 2 years ago
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Ainda que Remus estivesse perfeitamente habituado ao som dos passos de Gideon Prewett, resultado natural depois de tantos anos convivendo sob o mesmo teto, Remus se sobressaltou ao perceber a proximidade súbita do amigo. Estava tão absorvido nos sons que vinham do lado de fora da estalagem que sequer percebeu quando Gideon se afastou dos demais para falar com ele. Recuperando-se do leve susto, Remus abriu um meio sorriso que não chegou a seus olhos, tentando suavizar a expressão tensionada em aflição. 
── Se eu tivesse dificuldade de lidar com vozes ansiosas, não seria amigo daqueles ali  ── disse, por fim, indicando o ponto distante no bar onde James e Sirius conversavam já há horas. Devolvida a tentativa de cumprimento de Prewett, bem-intencionado com seu esforço de trazer à tona algum senso de humor, Remus finalmente desistiu do sorriso amarelo e lançou um olhar de genuína preocupação para o amigo. Se alguém ali o entenderia naquele momento, seria ele.  ── Não consigo me livrar da sensação de que não estamos sozinhos aqui. Ouvi alguns barulhos vindo da janela e, desde então, não consigo prestar atenção em mais nada.
 Não tinha dito isso a mais ninguém, mas conhecia Gideon bem o suficiente para saber que ele provavelmente estava sendo assombrado pela mesma impressão. 
──  Na verdade, você chegou dois segundos antes de eu ir lá fora dar uma olhada.
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𝐨𝐧𝐝𝐞.  exterior do cabeça  de  javali,  hogsmeade;
𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨.  madrugada,  após  o  ataque;
𝐪𝐮𝐞𝐦.  gideon  prewett  &  remus  lupin  (  @rxmlpin​  );
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            o  falatório  era  generalizado  dentro  do  cabeça  de  javali,  o  que  de  certo  modo  tornava  o  lugar  menos  isolado  e  esquisito.  era  como  se  tivesse  ganhado  vida,  uma  lufada  de  ar,  revigorada  por  um  bando  de  jovens  bruxos  que  percebiam  de  hora  em  hora  madrugada  a  dentro  que  os  tempos  estavam  mudando. 
gideon  havia  percebido  que  nem  todos  estavam  ativamente  presentes  nas  discussões  levantadas.  a  figura  de  remus  lupin  estava  mais  afastada,  como  um  brinquedo  esquecido  por  seu  dono  no  canto.  ele  espiava  a  janela,  tendo  como  ponto  de  luz  em  seu  rosto  magro  a  luz  da  lua.  olhos  atentos,  como  o  de  um  cão  de  guarda.  talvez  ninguém  tivesse  notado  como  ele  parecia  desconfiado.  talvez  ninguém  tivesse  visto  ele  caminhar  cautelosamente  para  a  porta  dos  fundos  da  estalagem,  sabe-se  merlin  com  qual  propósito.
             gideon  viu—  e  o  seguiu.
            ❝  consigo  entender  a  necessidade  de  escapar  de  tantas  vozes  ansiosas,  mas,  está  pretendendo  voltar  ao  castelo  essa  hora  e  sozinho,  lupin?  ❞  o  prewett  o  alcança  alguns  passos  para  além  da  porta.  o  tom  de  voz  não  era  acusatório,  era  quase  tão  ameno  quanto  o  de  alguém  desejando  boa  noite  para  um  companheiro  de  comunal. 
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rxmlpin · 2 years ago
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@emvcnce
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Sleeping With Other People (2015)
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rxmlpin · 2 years ago
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Good times for a change / See, the luck I've had can make a good man turn bad / So please, please, please / Let me, let me, let me / Let me get what I want this time / Haven't had a dream in a long time / See, the life I've had can make a good man bad / So, for once in my life let me get what I want / Lord knows, it would be the first time ── ⋅⋅⋅ 
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rxmlpin · 2 years ago
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Remus ergueu o queixo para que pudesse olhar para Emmeline, ainda tentando se situar diante da pergunta. Queria pular para o momento em que finalmente se deitariam e descansariam, provavelmente o único pensamento que tinha conseguido trazê-lo um pouco de paz naquela noite, mas não podia simplesmente se esquivar de seus olhos tão atentos ou se negar a oferecer o mínimo de conforto depois de perceber como ela tinha se culpado por não ter lhe dado atenção antes. Queria dizer a ela que não precisava pedir desculpas, que não precisava se preocupar e que ela nunca deveria se colocar na responsabilidade de cuidar de alguém como ele. Que ela jamais poderia magoá-lo ou se colocar em dívida por qualquer razão, que ele sempre a enxergaria por todos os pontos em que se excedia e jamais por aqueles em que faltava. 
Mas, como em inúmeras outras ocasiões, não conseguiu encontrar forças para fazer qualquer coisa além de concordar lentamente com a cabeça. Levando as mãos à barra da camisa, Remus conseguia sentir a mandíbula travada em tensão e já ouvia mil vozes lhe dizendo que aquilo era um erro quando finalmente desvencilhou-se da peça. Dessa vez já não conseguia mais olhar para ela, encarando um ponto distante do chão conforme ia ouvindo ao pé da orelha tambores que muito se pareciam com o som de seu coração. Remus já tinha pensado em mil e uma desculpas diferentes para as cicatrizes em seu rosto, linhas finas e esbranquiçadas, mas não tinha como explicar os retalhos que se somavam como tramas de diferentes desenhos ao longo de seus ombros e coluna, linhas e mais linhas brancas de cicatrizes antigas de algumas de suas piores noites. 
Tinha sentido muito medo naquela noite, mas o pavor que agora o acometia conseguia ser quase pior. Era como se estivesse se colocando sob um holofote depois de uma vida inteira escondido no escuro. Queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas não conseguiu. Só podia esperar alguma vantagem da fraca iluminação, que Emmeline se atentasse ao machucado mais recente e que não lhe passasse pela cabeça qualquer vislumbre do que ele realmente era. Tinha lidado razoavelmente bem com os acontecimentos daquela noite, tinha passado uma vida inteira se acostumando a perder as coisas aos poucos, mas não estava pronto para o baque de ser visto por Emmeline pelo que realmente era e finalmente vê-la se afastar, tomada de pavor e repúdio. 
Ainda não.
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De forma prática e desoladora, era revelada para Emmeline sua postura ante a ameaça real, que a desapontava de maneira imensurável. Como alguém que se orgulhava de sempre ter oferecido apoio incondicional e suporte para os irmãos mais novos, alarmava-se com a ideia de que sucumbiria a desolação caso precisasse protegê-los durante uma situação como a vivida naquela noite. Este era um raciocínio incoerente, que desvalidava toda a sua luta até alcançar abrigo no pub, mas que ia de encontro com qualquer tentativa de racionalização feita por ela. A verdade era que seus sentimentos estavam à flor da pele e em controle de qualquer discernimento presente, por isso se desatava na presença de Lupin, que lhe oferecia a segurança de ser acolhida ao desabar.
Assumindo ter perdido o controle, restava a ela apenas deixar que o acúmulo de tensão se esvaísse, dando espaço para que seu reerguer recomeçasse. Tinha tido a falsa ideia de que recuperara o equilíbrio durante o isolamento, isso até ter que enfrentar parte daquilo que quase havia sido arrancado de suas mãos de maneira súbita. Com as lágrimas secadas e o beijo depositado sobre seu rosto, encontrou uma nova justificativa para seu pranto: a felicidade de ainda ter Remus ao seu lado. Sentia-se abraçada por suas palavras de aceitação e conforto, assim colocou um sorriso trêmulo nos lábios, sem saber o que dizer para agradecer tamanha bondade. Assentiu, concordando com não se esconder mais, mesmo que jamais fosse capaz de sobrecarregá-lo com os próprios fardos a serem carregados.
Não era seu desejo ver qualquer um de seus amigos confrontando aquelas figuras mascaradas, mas ainda se atinha ao conforto de tê-los ao seu lado, fortalecendo um ao outro na resistência contra o desconhecido. Nada aliviaria o sentimento de revolta que a corroía, mas ao menos encontrava forças para enfrentar o medo que a enfraquecia. Sentia o afago sobre a cabeça, que mais servia como um consolo para a alma afugentada. ── Eu estou assustada, mas… ── Um novo sorriso atravessou os lábios, dessa vez um pouco mais confiante. O rapaz oferecia a ela tudo que nunca soubera como pedir, assim amansando o que a inquietava. ── Também não vou a lugar algum. ── Firmou a promessa. Como poderia fugir? Tinha muito de valioso a proteger e pelo qual lutar. Estar abatida não significa que permaneceria no mesmo estado para sempre e ainda restava a esperança de conseguir se adaptar à possível nova realidade.
A dificuldade para respirar parecia diminuir à medida que a névoa em sua mente se tornava menos densa. O propósito de ajudá-lo também funcionava como uma emenda para suas fissuras internas. A condição imposta não era nada absurda, mas apresentava uma pequena falha, que justamente seria apontada por Vance. ── Para nós descansarmos. ── Não implicava que o fizessem juntos, apesar de também não se opor à ideia, mas apenas o lembrava de que também deveria dar atenção ao próprio bem-estar. Antes de colocar-se de pé, tomou a mão que a segurava na própria, apertando-a carinhosamente. ── Você também precisa de repouso. ── O conselho foi dado com doçura e, assim que se levantou, um beijo longo foi depositado sobre a testa do rapaz como gesto de gratidão.
Durante os instantes que levou para se recompor, esfregou o rosto com as mãos, agora livres, aproveitando a pausa para respirar fundo e se concentrar na tarefa que desempenharia em seguida. Antes de se munir de qualquer medicamento ou gaze, avaliou a figura do bruxo, procurando por ferimentos que necessitassem de atenção. Não ignorava o corte já limpo em seu rosto, que receberia um cuidado especial em seguida. E foi em suas costas, próximo a omoplata esquerda, que encontrou um rasgo no tecido de sua camiseta e rastros de sangue que indicavam a possível existência de um machucado na região. ── Parece que alguma coisa te arranhou aqui. ── Indicou. Suspeitava que tivesse trombado contra algum objeto afiado durante a confusão. ── Pode erguer a camiseta para eu ver melhor? ── Foi sua maneira de pedir consentimento, pois não queria vê-lo desconfortável com sua avaliação.
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rxmlpin · 2 years ago
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Mesmo diante de tudo, Remus não conseguiu evitar o pequeno sorriso que surgiu em seus lábios diante da menção a Murta. É claro que Pandora Dorellan seria amiga de Murta que Geme. Por que nunca tinha ponderado sobre isso antes? Panda tinha um jeito natural de cativar todo tipo de criatura incompreendida, o que talvez explicava por que tinham ficado amigos em primeiro lugar. 
── Se você diz, eu acredito  ── disse, por fim, comprimindo os lábios em um sorriso pela metade. Mesmo quando entristecida, Pandora conseguia ser um respiro de ar fresco. 
Paciente, esperou que ela fizesse o que quer que estivesse tentando com os olhos fechados, parecendo concentrada demais para se explicar, até que uma barrinha de chocolate veio deslizando elegantemente pelo ar até pousar em suas mãos. Antes que ela voltasse falar, Remus já tinha reparado na embalagem e a precisão cirúrgica daquele gesto fez com que ele erguesse o olhar para ela novamente, dessa vez com um leve brilho de reconhecimento nas órbitas. Como ela reparava naquelas coisas? 
── ... Gosto, sim  ── disse, ainda um pouco surpreso. Estava começando a ficar com medo das coisas que Pandora podia perceber apenas pelo que ele deixava à superfície. A que tipo de conclusões poderia chegar se o observasse mais de perto ou o visse poucas horas antes de uma lua cheia? ── Obrigado, Panda.  ── Desembrulhando a embalagem devagar, voltou seu olhar para ela e então ergueu uma sobrancelha em ar de dúvida, tentando enxergar através de suas expressões neutras. Panda era bem o tipo de pessoa que ele imaginava distribuindo gentilezas por aí sem se dar ao trabalho de olhar para si mesma um pouquinho.  ── Como você está, afinal? Já deixou Emmeline dar uma olhada nos seus machucados? Quanta água já bebeu desde que chegou?
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── Foi triste demais ver tudo... queimando. ── explicou-se, sem jeito enquanto brincava com a asa da caneca, incapaz de agradecer pelo elogio. Não queria felicitações ou créditos, apagar o fogo tinha sido mais um ato de desespero que de bravura. Buscou sorrir para ele ainda assim, em especial pouco antes de trazer a água aos lábios e senti-la descendo corpo adentro. A garganta ressecada ganhou um pouco mais de vida. As mãos sujas deixaram marcas enlameadas na caneca fria.
── Confesso que antes eu queria um banho. Na banheira dos monitores, de preferência. ── adicionou com o humor recuperado, rindo pelo nariz. ── Aposto que a Murta não se importaria de me mostrar onde esfregar até que eu sumisse com toda essa fuligem. Ela é legal, sabe. ── deu de ombros. Tinha ciência de que algumas pessoas tiravam sarro da pobre fantasma, mas Dorellan realmente apreciava a companhia dela. Às vezes, levava comida e almoçava lá no banheiro só pra por o papo em dia. Suas sobrancelhas se ergueram. ── Por falar nisso... ──  puxou a varinha de trás da orelha e do emaranhado de fios loiros, onde costumava guardá-la, e a ergueu junto a um accio murmurado. De olhos fechados se manteve por praticamente um minuto, concentrada. Estava quase ficando constrangedor, até que um objeto entrou voando pela porta do estabelecimento e repousou na mesa. O rosto de Pandora se iluminou ao ver a embalagem da barra de chocolate, antes no interior do que havia sobrado de sua tenda. Ela empurrou pela mesa, na direção de Remus. Estava comida pela metade. ── Você gosta desses, não é? ── Era observadora o bastante para notar que costumavam alimentá-lo com doces quando parecia abatido. Como agora. ── Pela água. ── completou com um sorriso maroto, antes que ele tivesse a oportunidade de recusar.
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rxmlpin · 2 years ago
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── Uma xícara de chá é realmente cura pra quase todas as coisas. Só fica atrás do chocolate, que cura tudo ── observou, os olhos ainda ligados às sombras que se formavam nas paredes a partir da iluminação do fogo que dançava diante deles. ── É bom te ver também, Mia. 
 Era verdade. Remus pensou que seu coração estava quase pulando para fora do peito antes de reconhecer o rosto dos amigos meio ao breu da noite, depois de horas de desespero, correndo na linha bamba entre a vida e a morte. 
 ── Eu...? ── respondeu, dando um sorriso descrente que não chegou aos seus olhos. Não havia graça alguma na situação, mas estava um pouco em choque e não conseguia deixar de enxergar o absurdo de toda aquela situação com algumas doses de cinismo. ── Não sei dizer. Não parece que nada disso está acontecendo, na verdade.  ──  Isso não chegava nem perto de explicar realmente como se sentia, mas era o máximo que ele conseguia dizer sobre si mesmo agora. Olhando para Mia, Remus tinha a sensação de que via um novo rosto, uma nova pessoa; não enxergava mais nada como antes. ── Na verdade, estou me perguntando como estamos todos vivos. Tenho a impressão de que receberam ordens de fazer precisamente isso: nos deixar bem vivos pra propagarmos a palavra da merda colossal que rolou hoje. Deixar todas as pessoas apavoradas... ── encolheu os ombros, amargurado enquanto refletia ── ... politicamente falando, é mais eficiente do que só sumir com algumas delas.
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A mente de Amelia estava mais distante do que de costume. A sensação de sufocamento havia diminuído desde a chegada no Cabeça de Javali, mas ainda conseguia sentir o nó na garganta e o corpo trêmulo. Estava descalça próxima à lareira, as botas chamuscadas e com salto quebrado estava ao lado da poltrona. Seu corpo estava coberto com uma manta áspera. Os olhos pareciam concentrados nas chamas, mas a verdade é que Bones revivia em sua mente os momentos do ataque, como se tentasse encontrar respostas ou desfechos alternativos ao repassar os acontecimentos. Duvidava que conseguiria adormecer, mesmo já tendo certeza de que seus amigos mais próximos estavam vivos, a sensação que tinha era a mesma que teve durante toda as férias, quando se escondeu junto aos pais e os dois irmãos em uma cabana distante. Podiam ser encontrados a qualquer momento. 
A voz familiar de Remus a chamou de volta à realidade e Mia precisou piscar algumas vezes percebendo o incômodo e ressecamento dos olhos antes de virar para ele. As mãos se ergueram pegando uma das canecas de chá, que Amelia prontamente aproximou do rosto para sentir o aroma adocicado da bebida quente que sempre a fazia lembrar de sua avó. Balançou a cabeça em negativa, em um momento suave, esboçando um meio sorriso para o amigo. “Não se desculpe por isso, Remus… Eu, uh, apavorada pra dizer o mínimo” confessou erguendo o olhar para o grifino, como se buscasse uma dose de suporte e compreensão. “Aliviada por ver tantos rostos conhecidos aqui, inclusive você” o pequeno sorriso se intensificou levemente, permitindo que Amelia soltasse um suspiro mais longo antes de tomar o primeiro gole de chá. “Quando eu era pequena, minha avó dizia que a maioria das coisas poderia ser resolvida com um boa xícara de chá” um risinho escapou pelos lábios da lufana, sabia que dificilmente o ataque entraria para aquela lista, mas ainda assim acreditava que aquilo poderia ser um pequeno respiro. “E você, como está?” 
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rxmlpin · 2 years ago
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Percebendo a sutil abertura de Benjamin, Remus dirigiu-se até o ponto do telhado em que o rapaz estava e sentou-se ao lado dele, com o corpo virado para o lado oposto, de forma que pudessem conversar sem que precisassem encarar um ao outro. Em outra ocasião, tal atitude poderia ser encarada como grosseria, mas, naquele contexto, aquela disposição nada mais era do que uma tentativa de estabelecer uma conversa sem invadir demais o espaço de qualquer um dos dois. 
Quieto, ponderou por um momento aquelas palavras, os olhos claros perdidos na imensidão de breu adiante. Não muito longe dali, árvores farfalhavam suavemente com vento, que de tempos em tempos soprava uma lufada de ar gelado no espaço entre os dois. 
──  É sufocante, sim  ── concordou, enfim.  ── Mas não vejo dessa forma, Fenwick. Não acho que não fizemos nada. Acho que fizemos tudo que se podia fazer na idade e nas condições que temos.  ── Com um movimento simples da varinha, Remus conjurou uma pequena bolha de fogo que começou a flutuar no espaço diante de si, iluminando um pouco as telhas ali e oferecendo um pouco de calor para ambos. Buscando manter-se aquecido, trouxe as pernas para junto do corpo, e cruzou os braços sobre os joelhos.  ── O que me surpreende, na verdade, é que quase ninguém resolveu fazer alguma coisa a respeito. Hogsmeade sempre foi tão segura e, de repente... não é mais. Bando de filhos da puta... 
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Tanta coisa havia acontecido em tão pouco tempo. Ele lembrava de ter tido o tempo da vida dele. De ter cantado, dançado e bebido como nunca havia feito. De ter memórias que iria carregar pelo resto da vida, e de repente, tudo foi tirado. E era por isso que ele não poderia deixar seus escudos caírem. Na única oportunidade que teve para se divertir e ser…um adolescente um ataque havia saído por debaixo de seu nariz.
Ele deveria ter imaginado. Deveria ter avisado. Seus colegas comunais estavam sempre se esgueirando. Se ele não tivesse bebido. Se não tivesse. Os “E se” faziam com que ele naquele momento chutasse os pequenos tijolos que estavam ali. Lágrimas quentes de raiva escapando por seu rosto. Ele queria tanto mudar aquele mundo. Era por isso que não poderia ser um adolescente. Tinha de se tornar um adulto e salvar. Precisava….Mas as risadas, e todos os momentos que havia passado.
Seu estomâgo ainda parecia querer vomitar e colocar para fora tudo que havia consumido nos últimos três dias. Olhou para trás vendo que não estava mais sozinho, mas a figura do Lupin até que não era seu pior pesadelo. Se encontrasse algum de seus amigos ou pior seus colegas de sala que estaria comemorando alguma coisa assim provavelmente acabaria surtando.
“É sufocante. A fumaça, ver tudo indo pelos ares, estava na nossa cara e nós….não fizemos nada. Demos o nosso melhor, mas…” A frustração o estava consumindo minuto a minuto.
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rxmlpin · 2 years ago
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Remus franzia as sobrancelhas com tanta força que estava formando um vinco no espaço entre elas. Nem percebia que o fazia, mas era um hábito que tinha desde pequeno: quando não tinha o que dizer, seus olhos assumiam todo o peso de seus sentimentos e falavam sozinhos. Rendido, foi ouvindo Emme falar com paciência, lábios comprimidos e olhos cheios de mágoa, raiva e mais um novo sentimento, desconhecido e muito diferente dos demais. Alguns anos mais tarde, Lupin perceberia que fora ali, naquele banheiro gelado e escuro, que seu coração passara a responder por uma única voz, um único nome; mas agora ele era só um rapaz de dezoito anos e não tinha como saber disso ainda. Não de forma tão consciente, pelo menos.
Quieto, manteve os dedos calejados firmemente em torno dos joelhos de Emmeline, como se com isso pudesse impedi-la de se quebrar por inteiro. Ajoelhado ali, vendo-a chorar, já não conseguia encontrar meios de negar o que lhe era pedido e por isso simplesmente assentiu com a cabeça, permitindo que ela desse uma olhada em seus ferimentos mesmo que, com isso, estivesse assumindo um risco sem precedentes e deixando que ela visse uma parte expressiva de tudo aquilo que ele tinha passado tanto tempo tentando esconder. 
── Não...  ── murmurou, erguendo-se para se sentar ao seu lado novamente. Com cuidado, envolveu seu rosto com ambas as mãos, limpando as lágrimas ali. Vê-la sofrer estava acabando com ele. Antes de voltar a falar, se inclinou apenas o suficiente para dar um beijo sobre a linha brilhante das lágrimas ali. ── Não quero isso, não quero desculpas. Você não precisa se remendar para mim, Emmeline. Não tem nada que você possa me atirar que eu não esteja preparado para pegar. 
A ideia de que ela estivesse sofrendo pela possibilidade de perdê-lo naquela guerra que estava para começar não apenas parecia insana por natureza, já que Lupin não se sentia digno disso, como também estava pouco a pouco o corroendo por dentro. Era realmente uma grande ironia que fosse Remus a confortá-la naquele contexto quando, para ele, parecia muito evidente que, se um dos dois corria o risco de perder ao outro, esse alguém certamente não era ela. 
── Seja lá o que isso for... Eu não vou a lugar algum, Em. Não vou a lugar algum e também não vou deixar nada de ruim acontecer com você. 
Remus comprimiu os lábios, deslizando uma das mãos para a parte de trás de sua cabeça e afagando os cabelos ali. Parecia impressionante que, apenas algumas horas antes, tivesse feito aquele mesmo movimento para dar o beijo mais feliz de sua vida. Agora, não conseguia ver além dos olhos dela, da tristeza escancarada ali e do sentimento de revolta que começava a lhe subir pelo peito, ofuscando até mesmo a tristeza. Essa era mais uma coisa que só perceberia depois de mais velho: o ponto de virada. O ponto em que começara a se perder. 
── Você pode dar uma olhada... ── cedeu, por fim, notando a atenção dela sobre os pontos em que seu corpo apresentava as marcas de lacerações recentes. Já podia sentir o próprio coração reagindo por antecipação, acelerando pela ansiedade, pelo medo do que ela poderia ver além delas. Mas já estava afundado naquilo até o pescoço para voltar atrás agora. ── Mas depois quero encontrar um lugar para você descansar. Está bem?
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O gracioso beijo deixado sobre sua mão e as doces palavras de reconforto, foram o suficiente para desestruturar a frágil barreira construída nos momentos de isolamento depois do caos, desarmando o que lhe restava de domínio sobre os próprios sentimentos. Em meio ao frio de desolação, uma debilitada fagulha nascia em seu peito, aquecendo o gélido desamparo. Lágrimas começavam a se acumular nos olhos que acompanhavam cada movimento do rapaz, admirando todo o cuidado demonstrado através deles. Como era possível que, o mesmo destino que a agraciava com a fortuna de conhecer alguém tão especial como Remus a tempo de desfrutar de sua companhia com tamanha sublimidade, pudesse ser aquele que a arrastava para encarar a morte de frente instantes depois? Tudo o que acreditava saber sobre a vida, agora parecia refutado, uma enorme ilusão concebida por sua mente desavisada. 
As lágrimas silenciosas e solitárias percorriam seu rosto e, por ventura, o bruxo encontrava-se compenetrado demais em seus cuidados para notá-las. Não se importava de ser vulnerável em sua presença, mas pouco gostaria de preocupá-lo com elas. ── Nem me recordo do que fiz. Estava tão desesperada que… Acho que agi no impulso e deixei a adrenalina me guiar. ── Combatendo o nó presente na garganta, conseguiu justificar as próprias ações, ainda que as lembranças do que acontecera tivessem se tornado uma grande névoa confusa em sua consciência. Mesmo assim, lidava com a insatisfação causada pela inevitável impotência perante o perigo real. ── Talvez eu pudesse ter feito mais ou algo diferente, mas… Eu nem entendi direito o que estava acontecendo. ── Analisava a si mesma enquanto se desculpava por qualquer deslize despercebido. Se tivesse se arriscado mais, talvez tivesse feito a diferença, talvez tivesse destruído alguma daquelas figuras mascaradas ou ajudado mais pessoas a se protegerem, evitado o ferimento em algum inocente ou que algum incêndio se alastrasse. Talvez, talvez, talvez… O questionamentos e o medo martelavam sua cabeça.
Apertou os olhos, estancando o choro desenfreado que ameaçava se manifestar. Quando voltou a abri-los, encontrou os do rapaz a observando de volta. Neles, enxergou os últimos momentos de felicidade vividos ao seu lado, que agora pareciam tão distantes e descolados da realidade. Um sonho dentro do pesadelo. Emmeline respirou fundo, ainda que soubesse que, mais uma vez, seria incapaz de inibir o inevitável. ── Duvido que consiga dormir hoje, mas daqui a pouco vou me deitar e tentar descansar. ── O voz soava trêmula, assim como os dedos das mãos que se tornavam inquietos, se comprimindo em agonia. Sentia-se culpada. Havia negligenciado a principal pessoa a procurá-la com consideração. Sem encontrar resposta para o que acontecia, uma enxurrada de sentimentos varria seu equilíbrio. ── Mas, antes, eu posso dar uma olhadinha em você? ── O olhar reluzente lançado a ele era de súplica, também um pedido de desculpas. Precisava retribuir a gentileza recebida, não por obrigação, mas porque era assim que demonstrava o quanto se importava. Havia sido assim durante toda a sua vida.
Este era o grande problema em reprimir seus sentimentos. Cedo ou tarde eles alcançavam a superfície, quase sempre de forma turbulenta. Podia ser tarde demais para tentar ajudar cada alma assolada naquela noite, mas ainda tinha a chance de corrigir aquele pequeno erro, que para ela tinha uma imensa importância. ── Me desculpe por não ter te procurado antes é que… Eu precisava me remendar. ── Desconfiava que aquela não era a palavra ideal para descrever todo o trabalho interno necessário para tentar evitar despedaçar-se por completo, para não sucumbir à desesperança que se alimentava de cada momento bom vivido, em uma época onde todo o terror do mundo ainda lhe era desconhecido e que permanece guardado na lembrança com enorme afeição, mas bastava. O silêncio cortante a atingiu como um golpe sobre a boca do estômago, assim como a compreensão de algo novo. ── E eu fico pensando em tudo que podia ter perdido hoje… ── Desprendida de qualquer constrangimento, abertamente se referia a ele. ── Eu estava tão feliz com você, Remus. ── Magoada, soltou as rédeas que a prendiam. Seus olhos desaguavam, desafogando o coração sufocado, que parecia pesar toneladas. Eles mereciam mais tempo.
Sua dor era muito mais profunda do que o mero pesar pela noite arruinada, pela oportunidade perdida de finalizar o último dia de festival com um beijo de Lupin para, então, retornar ao castelo com lindas lembranças intactas que a acompanhariam pelo restante de sua vida. Tinha medo de que nunca mais fosse a agraciada com a oportunidade criar boas memórias, que o mundo se tornasse apenas uma vastidão de trevas daquele momento em diante e lamentava por todos aqueles que a acompanhariam na caminhada pela imprecisão. A realidade a devastava sem piedade.
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rxmlpin · 2 years ago
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@lilsvns
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Just a little moment between Remus and Lily shortly after Harry was born.
Remus: Can I speak to you for a moment? Lily: Of course, Moony. I have to warn you, though, all you’ll see me talking about is Harry, and I won’t be even sorry I’m annoying you. Remus: It makes sense.
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