saturneptuno
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Segredos de Saturno
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Agora vago publicamente entre minhas ideias e sentimentos tortuosos, e se você também se vê em uma constante e pertubadora busca de si mesmo em meio ao prazer intrínseco de se perder, então seja muito bem recebido em meu inferno particular.(já não mais tão particular assim)
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saturneptuno · 30 days ago
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Posso sentir a ansiedade me adentrando como um tsunami invadindo continentes e devastando cidades, me fazendo tremer e tornando cada movimento uma aflição, cada passo e cada respirar uma agonia sem fim. Sinto que estou sendo engolido por uma sensação incomum para mim, mas que ainda assim me é tão familiar. Meu corpo falha em lidar com isso e a sobrecarga monumental me faz encarar meus limites, me faz perceber que correr por entre a floresta de minhas incertezas seria melhor do que estar onde estou, nas situações em que sou colocado por não conseguir cortar a neblina à minha frente com o movimento de minhas pernas em ação. Estou desmoronando aos poucos, posso sentir a estrutura estremecer e as paredes se rachando dentro de mim, minha represa está quebrando e meus olhos se marejam, mas as lágrimas não escorrem pois meus limites atingidos me fazem silenciar a alma que agoniza dentro deste corpo que me foi divinamente emprestado ─ e como podem ver, mal administrado ─. Minha respiração falha e o ar me falta, como se meus pulmões e meu coração estivessem sendo esmagados.
Eu quero poder sair, escapar das paredes que se fecham ao meu redor, mas não consigo, meus pés fincaram como se concreto me mantivesse de pé e meu ser se afunda em toda essa areia movediça que tem sabor de lama e me engole por inteiro só para me cuspir depois, mas nem sempre renovado como eu gostaria. Minha saliva tem gosto de sangue e minhas cicatrizes pulsam em uníssono em um desgastante pedido de socorro. Eu poderia recorrer às lâminas, mas com o passar dos anos aprendi que o alívio imediato não resolve a raiz de todos os meus problemas: eu e minha falta de coragem. Falta de coragem para errar e recomeçar, para desagradar, decepcionar, ir embora e nunca mais voltar. Eu estou sufocando e ninguém percebe, ou talvez eu que não perceba o quão afundado em toda essa merda ao meu redor estou. O cheiro de excremento corrompe minhas narinas e elas se amedrontam, assim como meus olhos que se recusam a se abrir. Não quero enxergar o limbo ao qual me atirei e que agora me assola com seus espinhos, os mesmos que cravam em minha pele e me transformam em uma rosa banhada em sangue, ferida nos espinhos que lhe foram dados de bom grado pelo divino para que pudesse se proteger. Nadei tão fundo, mesmo sem saber nadar, e não é na praia onde partirei para meu tão esperado descanso, mas sim no desesperador fundo do poço. Eu quero escalar, eu quero sair, mas a escuridão me engoliu, você não vê? Eu e ela partimos do mesmo ponto agora e desde sempre.
A tenebrosa sensação de ansiedade me embrulha o estômago e me causa ânsia, me faz querer abrir aquela porta e correr o mais rápido que posso sem olhar para trás, para nada além de mim e minhas feridas escancaradas que me pedem por ajuda, por cuidado. Pelo meu próprio zelo. Eu quero me curar de tudo aquilo que me afunda ainda mais no que já passou, o presente não pode mais ser uma repetição de todo o passado amargo que engoli como um remédio azedo que me envenena dos pés à cabeça. Está tudo bem abrir mão de algo que não seja você mesmo, é o que me repito todos os dias agora, e todos os dias tomo as mesmas decisões equivocadas e tento segurar o mundo em minhas mãos como se eu pudesse resolver tudo, mas não posso. Não mais! Nunca pude, essa é a brutal verdade. Minhas lágrimas têm gosto de dor e meu sorriso um sabor insosso de incômodo. Eu não sei qual é o meu lugar, e o mais triste é que nunca soube, como se eu fosse um invasor de minha própria vida. Não quero mais estar onde estou, infelizmente. E tudo parece tão distante, como se eu fosse um espectador de minhas próprias agonias. Me anestesio para que ninguém mais lide com toda dor misturada à raiva e inconformação e sensação de ser traído dentro de minha própria casa ─ e meu corpo é o único lar que realmente tenho ─, não quero que ninguém sinta o dolor afiado de minhas palavras cuspidas a ermo quando um espinho me atinge bem no centro de todas as feridas.
Eu só não quero mais me sentir assim. Nunca mais. Mas, a coragem ainda me falta e eu oro todas as noites para que eu a encontre dentro de mim, mas também agradeço por ser como sou, mesmo que tão falho. E saber ser falho talvez seja o meu maior ato de coragem até aqui. Agora eu preciso ir, minhas mãos tremem e minha visão se embaça enquanto brigo com meu próprio sistema imunológico emocional ─ se é que isso poderia um dia existir ─ para que minha dor não seja expelida assim, não agora. Só mais tarde, durante o banho, enquanto a água fria limpa minha ansiedade e o vapor quente a seguir lava os ferimentos de minha alma, pelo menos por hoje. E só por hoje. Amanhã a gente recomeça até que não precise mais, seja aqui em vida ou em morte. Tanto faz, até que finalmente seja feito. Nada além de feito.
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saturneptuno · 1 month ago
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Talvez um dia a gente se encontre de novo. Talvez, em alguma rua qualquer, meu olhar cruze com o teu novamente e você sorria para mim, me deixando perceber que não me odeias como eu imagino. Talvez, se esse dia chegar, eu consiga ficar e tu também consigas. Talvez, até lá, você já tenha se curado das feridas profundas que te atormentam anos a fio, e eu, bom, talvez até lá eu já tenha voado tanto por aí que queira fincar raízes. Ou não. Talvez a gente se encontre e tudo esteja pior do que antes, ou estejamos tão bem que nem queiramos mais saber um do outro. Talvez tenhamos percebido que a vida melhorou depois de nossa distância. Talvez você me culpe pela ruptura que se fundiu a nós com o tempo. Talvez eu seja o vilão da tua história e, na minha história, eu ainda seja o vilão porque talvez eu me culpe. Talvez eu me condene e você não. Talvez eu não seja a pior pessoa do mundo, o pior acontecimento da tua vida ─ talvez eu nem esteja no top cinco das piores coisas que já te aconteceram. Estar com você me ensinou em definitivo que nem sempre querer é o bastante, um só elemento não é o suficiente para que as coisas fluam. Então talvez, mas só talvez mesmo… talvez um dia a gente se encontre de novo… e dessa vez consiga ficar.
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saturneptuno · 1 month ago
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Você sabe, as coisas são como devem ser e nem sempre queremos que elas sejam do jeito que são. Um paradoxo cruel, eu sei, cruel demais para se dizer em voz alta e é por isso que me limito a apenas escrever sobre. Como se o peso fosse menor, como se ao encarar os fatos à minha frente sendo apresentados exatamente como são, ─ sem floreios, sem rodeios, sem uma aparência bonita e um gosto apetitoso para que seja mais suave ao engolir, fosse mais sereno, mais ameno. Sem o cheiro podre da verdade rondando minhas narinas que insistem em se fechar, sem a neblina que ofusca minha visão à diante e então tudo se torna turvo demais para que possa fazer algum sentido. Dizer em voz alta que a realidade é apenas o que é e nada mais ─ e nada mais poderia ser mesmo, já que eu a moldei de qualquer jeito, sem cuidado algum com minha própria obra de arte endereçada a mim ─ torna tudo mais palpável, cruelmente visceral, e minha garganta arde como se estivesse descendo uma micro gotinha de ácido por todo aquele caminho.
"As coisas são como devem ser e nem sempre queremos que elas sejam do jeito que são", repito isso a todo instante enquanto caminho de um lado para o outro em meio à cidade, sentindo o odor fúnebre das ruas, contemplando o chão como quem venera uma divindade na esperança de fugir dos olhares desconhecidos ─ e ainda mais dos conhecidos ─. Repeti dentro de minha cabeça que tudo está seguindo seu devido fluxo, sem erros, sem equívocos e o único ponto fora de contexto sou eu e minhas necessidades fúteis de correr para o mais longe que posso. Mas não posso. E não sei o porquê, apenas sei que não devo, mas quero. Quero tanto que o desejo me rasga a pele, é como uma luxúria correndo em minhas veias, uma pornografia proibida que se repete em meu cérebro todas as noites e então me envergonho. Me envergonho de não querer estar onde estou, de não sentir que me basta tudo o que tenho. A necessidade inquietante de transitar entre mundos e observar vidas acontecendo sem que eu esteja envolto a elas.
Você sabe, tudo segue o caminho que deve seguir, como um destino maldito que te assombra a cada esquina, como uma parede invisível que te impede de dar mais algum passo. Mas mesmo assim, fui. Dei a volta ao mundo, em mim mesmo, em tudo… eu percorri vidas que nunca conheci e então voltei. Para onde? não sei. Não queria voltar, queria continuar a caminhar sem rumo por aí, me sentindo vivo enquanto observo com atenção outras vidas acontecendo. Um entusiasmo que nada tão presente pode me causar. Eu não queria ter voltado sabe-se lá para onde, mas você sabe, eu sei que sabe. Você entende bem. As coisas são como devem ser e nem gostamos de como elas se moldam aos nossos pés para que caminhemos, nem sempre queremos que elas sejam do jeito que são. E eu não quero. Nunca quis. Mas, você sabe… as coisas são como elas são e eu ainda não sei se posso mudá-las ou como mudá-las, então as aceito como são mesmo não gostando do que vejo, porque tudo é como é e eu sou do jeito que sou e isso tudo parece não se encaixar, mas eu ainda tento mesmo sem tentar direito. Eu ainda estou caminhando pelas vielas malditas de minha vida e elas são como são, e eu não gosto de como elas são. Eu não gosto de como sou para seguir trilhando por elas. Mas, a vida é como é e nem sempre queremos que ela seja do jeito que é, mas também não mudamos o caminho um centímetro que seja para que seja diferente. Falar isso em voz alta é encarar a realidade de minha inutilidade frente a frente e não quero isso, não agora. Então me sento e escrevo. Os pés dormentes, a vista tão cansada quanto no início de tudo, os dedos automáticos demais para que eu os sinta petrificados pelo frio que insiste em invadir as arestas da janela em meu quarto. Escrever parece mais fácil, irreal, distante. E eu preciso da distância para que as peças se encaixem e algo faça sentido. Mas, as coisas são como são e é só isso, nada mais. São como são e nem sempre gostamos do que vemos ou sentimos, mas elas são o que são junto do que fazemos delas e nem sempre fazemos o melhor que podemos. Eu não tenho feito, então escrevo e me lamento enquanto recito essas palavras vazias e melancólicas como quem deposita em seu diário aquele dia ruim que parece se repetir, mesmo que não tenha sido de todo ruim.
Eu sei, as coisas são como são e eu sou como sou... Infelizmente, eu sou como sou. E as coisas são como são, e nem sempre queremos que sejam do jeito que são.
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saturneptuno · 3 months ago
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Hoje é um daqueles dias em que todas as crises se manifestam juntas e meu choro ecoa em silêncio pelos lugares onde passo, mantendo o barulho devastador e ensurdecedor guardado em meu peito. Eu não tenho para onde correr, a única opção é me afundar na lama até que possa ressurgir minimamente melhor. Tudo me dói bem lá no fundo da alma, essa alma cortada, violentada, quase arrancada desse corpo ao qual se abriga. A alma que já não aguenta mais tanta coisa, mas ainda se mantém firme de alguma forma, talvez da pior forma. Eu nem sequer tento não desmoronar mais, que doa tudo o que tem para doer, que meu vazio faça seu estardalhaço, esse que me habita e me é tão íntimo e ninguém além de mim conhece. Meu vazio me reconhece em meio à multidão e me abriga em seus braços, já que o mundo parece me invadir de forma perturbadora na tentativa de levar meu pouco de paz embora. Eu, que quase não choro, quando choro pareço me afogar em um dilúvio sem fim. O que me faz mal parece me fazer mais bem do que tudo aquilo que me juram ser o ideal para se sentir feliz. Agora mesmo, mesmo tão mal, ainda consigo me sentir melhor do que ao lado de quem tenta me fazer sorrir. Eu sinto ao contrário, eu enxergo de outra forma, eu funciono em outros mecanismos e isso parece me tirar de todos os lugares. E os lugares parecem tentar me tirar de mim. Não tenho para onde correr, não tenho como me esconder, nenhum lugar é seguro. Deveria ser fácil escolher a si mesmo, mas tem se tornado cada vez mais tenebroso estar nessa posição. Eu choro para limpar até as dores que não são minhas. Eu não gosto de nada do que faço, muito menos disso aqui. Parece que sou bom demais em não ser realmente bom em algo. Minha visão sobre mim é tão deturpada quanto a do mundo sobre mim, ou a minha própria visão sobre o mundo, e nada faz sentido. Nada mais faz sentido. Nada nunca fez sentido. Acredito que seja para ser assim mesmo: sem sentido, bagunçado, tão doloroso quanto prazeroso, a alegria em se sentir triste, a tristeza em buscar pela tão prometida felicidade que não se encontra em esquina alguma, apenas se sente ao longo do caminho e isso só com muita sorte. Aprender não é sobre encontrar o sentido das coisas, talvez seja apenas sobre entender que mesmo sem sentido tudo segue seu fluxo; alguns transitórios; outros tão firmes quanto uma raiz fincada tão profundamente na terra que poderia tocar o inferno se ele já não estivesse onde todos nós habitamos. O lugar do qual eu dizia ter vindo, mas eu nunca saí de lá.
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saturneptuno · 3 months ago
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Eu tô tentando. Juro que tô tentando. Estou tentando não enlouquecer com as tuas loucuras, não sucumbir às tuas manias e muito menos realizar as tuas vontades para que tua birra pare. Eu tento não ter asco dos teus papéis de vítima porque eu sei de onde eles vêm, eu sei que tua alma está ferida e teu coração esmagado, mas você não pode me estraçalhar só porque o mundo te pisou até que tudo o que sobrasse fosse teu sangue seco no piso gélido desse quarto de loucuras ao qual te trancaram, jogaram a chave fora, e você fez questão de engolir a única cópia que a vida lhe deu de bom grado para se livrar dessas correntes. Você se prende na camisa de força e depois culpa o passado que nem bate mais à tua porta, só os mesmos malditos fantasmas que você faz questão de atender todas as vezes. E eu? Como eu fico nessa história? Eu compreendo. De verdade, eu entendo. Mas, e eu? Eu preciso apanhar junto dos teus monstros para que você se sinta bem? eu preciso ver as coisas para que depois me digas que não é bem isso? é assim que as coisas funcionam quando o inferno de alguém abre as portas e você aparece na linha de frente só para tomar bala na cara? E o pior de tudo é que você nem sabe o estrago que faz, parece que não, ou faz questão de não perceber. Eu não sei. Você já se afundou tanto nas próprias desgraças que agora me desgraça como se eu estivesse pagando a pena de uma prisão da qual o crime não fui eu quem cometeu. E eu tô cansado de pagar dívidas que não me pertencem. Eu não cavei esses pecados dentro de você, eu nem sequer tô tentando te curar, eu só tô aqui. Eu só tô te dando espaço pra que você se cure sozinho e apoio quando o barulho da tua dor é maior que qualquer coisa além do teu passado que te massacra, te condena e te aprisiona. Olha pra mim por dois segundos, só dois segundos, é só o que eu te peço… eu tô tentando. Eu tô tentando muito não começar a odiar todo mundo nesse mundo só porque tua visão de tudo se limita a quem passou pela tua vida. E eu sei, tem muita gente filha da puta por aí, e você é mais um. Eu também. Todo mundo é meio filho da puta de vez em quando, ou já foi em algum momento, ou ainda vai ser mas jura que não. Eu tô tentando. Eu tô realmente tentando não me ver como o vilão da tua história, já que você é sempre a vítima e eu nunca teria como vencer, nem se eu quisesse muito, mas eu não quero. Eu só me quero de volta. Quero me conhecer sem a redoma do teu olhar que condena, que amedronta, que detona tudo com o poder de um julgamento que vem das inúmeras coisas que te fizeram ou que você faz e não quer se dar conta. Eu tô tentando ficar, mas você me manda embora o tempo inteiro e nem vê. Isso que é o pior, você parece não ver que eu tô aqui, que eu sou alguém que você nunca conheceu antes, que você não me dá uma mísera chance que seja de existir sem carregar o estigma de alguém que passou antes de mim. Eu tô tentando não me cansar de você passando por cima de mim pra que eu não passe por cima de você, sendo que eu não vou. Deixa que eu cometa meus próprios erros e aí sim, se você quiser me condenar, me condene, mas não pese minhas pequenas falhas só porque te desmoronaram com erros grotescos anteriormente. Eu não sou o teu passado disfarçado de presente, mas talvez eu não possa estar no teu futuro se você só me enxerga com teus olhos de passado. E isso é tão triste quanto saber que a tua dor te devora de dentro para fora e te tira tantas coisas, e não que eu seja grande coisa, mas talvez eu me torne uma dessas perdas.
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saturneptuno · 3 months ago
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O pior dos vazios é quando nem a escrita me preenche. Não tenho ideias, inspirações, aspirações, nada... me torno um completo saco cheio de ventos que uivam em desespero por algo. Algo que me faça sentir confortavelmente morto, ainda que em vida. Quando minha melancolia me abandona, não passo de um casco seco jogado ao relento. Tenho tanto a dizer que me silencio vagarosamente, como um fim de tarde ou uma chuva que ameaça cair ao início da madrugada, mas nunca chega. Os ventos úmidos que sopram violentamente dentro de mim anunciam a chegada de uma enorme tempestade, tempestade essa que se foi e talvez agora o sol brilhe, mas eu não sei o que fazer com o marasmo da tarde ensolarada. A vida, para mim, mora na morbidez dos dias frios e nublados, onde meu coração pulsa com uma necessidade infinitamente maior do que viver em nome da morte que carrego comigo. Estar afogado em distintas emoções incompreendidas me faz sentir compreendido por mim mesmo, me faz sentir que me encontrei dentro do labirinto que se forma em meu cérebro tão doente como um pedaço de terra com seu solo envenenado. Minha floresta mal-assombrada me traz a ponta de uma linha a qual uso para traçar remendos de meu destino, um destino não muito bem visto, eu sei, talvez mais assombroso e sombrio do que deveria, mas que é onde mora minha paz. E nesse momento, onde o sol parece brilhar tanto dentro de mim que chega a me queimar por dentro, é o momento em que mais me sinto sem vida e sem vontade. Parece que me perdi da parte mais feliz de mim. Eu me quero de volta, só não sei em qual esquina me encontrar: a da felicidade que não me faz feliz ou a do nada que me inundou. O pior vazio é o de si mesmo. Eu odeio me sentir "bem". Falsamente tão bem. Fatalmente tão vazio de quem sou.
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saturneptuno · 4 months ago
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O que posso dizer?
Só hoje senti que não me aguento mais infinitas vezes, e o dia mal começou. Arrisco dizer que, até que ele termine, já terei me matado mais vezes do que posso sequer ousar tentar calcular. Alguns dias são banhados a isso: cansaço e ares de morte. Durante esses períodos ─ às vezes breves como microsegundos, às vezes mais longos que um minuto, posso sentir o gosto da morte me rondando enquanto meu corpo desmorona em cansaço. Não físico, não. Muito longe disso. Aliás, antes fosse uma sensação física. Não, é algo mais intrínseco, como parte de uma alma já aborrecida com o corpo em que habita. É um cansaço visceral, algo que me faz querer estourar os miolos, acertar a cabeça na parede e quem sabe assim, finalmente, poder voar livre. Uma vida banhada a doce ilusão de liberdade que parece nunca existir. Esses dias... Como poderia defini-los? Esses dias são aqueles em que tudo é um nada tão desagradável quanto o tudo de algo pode ser. São dias difíceis, assim como todos os outros, dias em que até o que é tão fácil se torna mais difícil do que aquilo que de fato já o é.
Só hoje senti que o mundo já não me aguenta mais, e é recíproco. Só hoje senti mais vontade de correr fugindo por aí do que nos outros dias. Será que o problema sou eu? Será que nada, de fato, é um problema? É um cansaço de alma. Um cheiro de abismo. Um gosto de putrefação alagando meus sentidos, até aqueles que desconheço em outros dias.
Só hoje as coisas têm sido mais difíceis que o normal, e o dia mal começou. Até que ele termine, arrisco dizer que já terei morrido mais do que ressuscitado. Só hoje percebi que, de natureza, já sou mais cansado do que posso conceber em pensamento, entender em métodos palpáveis de realidade. Só hoje percebi que não preciso de muito para não aguentar mais e entender que, mesmo morto de tanto não aguentar, em morte ainda aguento mais do que em vida. Confuso, eu diria, mas com um sentido que só minha alma sombria ─ ou assombrada?! ─ pode vislumbrar.
Só hoje senti mais vezes do que possuo dedos para contar que o sangue em minhas veias está prestes a jorrar por entre as fissuras de meu templo abandonado e mal-assombrado. Parece que estou morrendo aos poucos, respirando fundo a cada minuto como um último sopro de vida.
Só hoje já não me suporto mais, e as horas mal caminharam em seu tic-tac contínuo. Só hoje já não quero mais até tudo aquilo que quero. Só hoje. E esse hoje se estenderá até amanhã, que então se tornará o meu mais novo "hoje", em que eu, novamente, não me aguentarei mais logo nas primeiras horas da madrugada. E quanto mais não me suporto, mais meus pensamentos anseiam e meus dedos coçam para que eu escreva.
Não soa um tanto quanto triste, melancólico e solitário perceber que minha maior criação vem do abismo que carrego em meu peito e da alma que vaga em torno desse penhasco incerto e devastador? Há quem chame de talento nato, haverá quem diga que é uma maldição. E talvez seja. Talvez talento seja apenas uma palavra bonita para denominar a maldição do que te faz criar algo. Alguns na felicidade, outros na melancolia. Alguns criam por sentir a vida correndo em suas veias na adrenalina de uma alegria que oscila, mas existe. Outros criam beirando o vigor da morte.
Só hoje senti que já morri incontáveis vezes e que morrerei ainda mais, e justamente hoje, em meio à morte, é onde me sinto mais vivo. Morbidamente vivo. Insuportavelmente morto.
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saturneptuno · 4 months ago
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Até posso oferecer inúmeras coisas
Menos a mim
Sou mutável demais
Transitório em meus passos
Hoje estou, amanhã nada mais sou
Me torno falho como uma memória
Tão distante quanto uma história
Feito e refeito entre mentiras e acertos
Sou frases que nunca se finalizam
Parênteses que nunca se fecham
Tropeçando demais até que me falte o chão
Quero me perder até que me falte o ar
Sou uma vida inteira vivida em segundos
Uma alma que anseia pela morte
A ti posso oferecer o mundo
Menos o meu
Seria egoísmo tornar alguém tão infeliz
Tão infeliz quanto eu
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saturneptuno · 4 months ago
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A ruína de minha alma é a terrível afinidade com a penumbra da dor que lhe assombra por toda a eternidade.
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saturneptuno · 4 months ago
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Meu Deus, que vontade absurda de sumir, mudar meu nome, deixar de existir, fingir que morri. Já não aguento mais ninguém, até aqueles que nunca conhecerei já sei que não os suporto mais. Não me suporto mais. Me sinto tão cansado de mim, de tudo o que faço, tudo o que tento fazer, tudo aquilo que já tentei e até mesmo da imensidão de coisas que nem sequer me atrevi a cogitar tentar. Os mais próximos me drenam tudo como se nada de mim estivesse bom o bastante, ou eu percebo que aquilo não me serve por mais incríveis que possam ser. Eu sei, eu sei... o problema sou eu. Eu que pareço não caber em lugar algum, nem mesmo na vasta imensidão do universo. Mas também, o que eu poderia esperar? não consigo caber nem em mim direito. Vivo em uma eterna prisão de corpo e mente, a mente que me mostra que nada faz sentido. Mas o que de fato seria fazer algum sentido? Talvez eu nunca descubra a resposta, talvez eu nunca nem a procure o suficiente para que possa encontrá-la. Ou talvez, na pior das hipóteses, eu já a encontrei e só não quero perceber, enxergar, dar a devida vida e forma à realidade que se esfrega em minha cara como um gatinho a ronronar por atenção. Me falta tato e carinho para perceber minhas necessidades, para acariciá-las com cuidado e respeito e abraçá-las um pouco mais firme sem abrir mão o tempo inteiro, sem ultrapassar meus já tão limitados limites. Eu não preciso de muito, não demando muita manutenção pois não carrego tantos incômodos assim, mas em algum momento me confundi na equação, achei que não demandar muito era não precisar de nada. Mas eu preciso. Preciso de mim. Eu já estou tão cansado que me sinto ultrapassando o chão, o subsolo, o inferno. Eu deveria descansar um pouco mais em minha solidão pois os vínculos me cansam, as pessoas me cansam. Eu me canso sozinho. Não aguento mais o grito de liberdade preso em minha garganta. Talvez eu só quisesse bastar e o único lugar que me proporciona isso é a solidão, o resto é só mais um amontoado de expectativas que eu ainda insisto em tentar suprir. E eu sei disso. O pior é que eu sei. E o que pior poderia ser do que saber onde se está errando e ainda seguir a errar? eu não sei. Eu definitivamente não sei. A única coisa que eu sei é que, mais uma vez, estações passarão e eu seguirei na mesma até que eu finalmente consiga dar um basta. Ou em tudo o que me cansa, ou em mim. Ainda não posso afirmar, não sei do futuro, mas sei do agora e nesse agora eu acho que já me afoguei demais para tentar boiar. Mas nunca se sabe. Sou um grande "e se...", e se um dia eu tiver coragem de viver, que bela vida eu poderia ter. Quem sabe.
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saturneptuno · 4 months ago
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Hoje a calmaria tomou conta de meu ser, até mesmo escrever se tornou um ato tão calmo que fácil se assemelha à lentidão, essa mesma lentidão que tenho carregado em meu peito e que me percorre dias e noites por meus pensamentos, adentrando em minhas entranhas como uma doença prestes a me dizimar. Digo isso com a melhor das intenções para comigo mesmo. Observei a noite com cuidado, tentando me distrair algumas vezes como quem tenta fugir do tédio, ou melhor, da vida. Apreciei o vento fresco que acompanhava a madrugada, me embalando em uma sensação tão terna quanto gélida. Tentei ser o mais cauteloso possível ─ talvez pela primeira vez ─ com minhas próprias sensações, procurei entender o que se passava aqui dentro e o porquê da angústia me acalentar em pavor por dias arrastados. Vasculhei em meus destroços algo que pudesse fazer algum sentido mesmo que após um segundo já me sentisse tão perdido em mim mesmo quanto antes, e a única coisa que encontrei foi a mísera e terrível sensação de que as paredes ao meu redor se aproximavam de mim vagarosamente, quase me engolindo em uma eterna agonia, o teto poderia se jogar sobre meu corpo a qualquer instante. Eu podia sentir vividamente o peso de escombros sobre meu cadáver. A visão da janela não me era tão ampla, mas pude observar a manhã gritando silenciosamente que se aproximava, e com isso todo o barulho do mundo ao meu redor ─ tudo aquilo que naquele instante ─ como em qualquer outro ─ eu não queria lidar. Não mais. De repente me vi de outro ângulo, algo mais periférico, amplo, visceral. Vi-me carregando meu corpo até a caçamba de lixo mais próxima, o cheiro doce da morte exalando, dançando junto dos ventos que uivavam em uníssono, como uma homenagem póstuma. A putrefação de meu cadáver predominava de tal forma que poderia vomitar desgostos de mim mesmo por todo o chão. Não me descrevo com ódio ou menosprezo, acho que apenas com uma noção mais ampla de toda a irrelevância que acumulei sobre quem sou ao longo dos anos. Ao longo de toda uma vida. Minha vida. Vida essa que já quis me livrar, ainda quero. Sei que quero. Não mais literalmente, mas metaforicamente não me aguento mais. Carrego em meu peito a lentidão do cansaço; cansaço sobre o mundo e sobre mim. Tudo o que sinto, que já não é mais tanto, tem sido a flor da pele e ainda assim, me mantenho tão sereno como um fim de tarde. Meu rosto não transparece meus demônios, minha cruel vontade de acabar com tudo, minha necessidade cortante de sair gritando que já não quero mais nada. Não quero pois já não aguento. Nunca fiz questão de muito, hoje faço questão de menos ainda. Não sei, pouco tenho conseguido me importar com algo além de mim e, tendo em vista que cada dia me importo um pouco menos comigo, o que de fato me restou? Tudo é tão morbidamente resplandecente, tão vivido quanto já estou morto. Sinto que já nadei demais, mas eu sei que nem sequer sei nadar, então eu nem ao menos consegui sair da beira, certo? ou só me joguei ao mar como quem atira sangue na vasta imensidão para que os maiores e piores predadores comecem a caçar? Sou confuso até sobre a morte; não tenho medo que me encontre; já fui em desespero à sua procura; sigo percorrendo por caminhos que às vezes sinto não pertencerem. Estraçalhei-me em algum lugar, quebrei-me em fragmentos minúsculos demais, o pouco que tinha já não me tenho mais. E o mesmo vento que antes me levava a valsar como uma brisa leve, hoje passa por mim arrancando partículas que se despedem aos prantos e então se perdem pelos quatro cantos do mundo. Parece ter um pouco de mim em cada lugar, mesmo aqueles pelos quais nunca passei. Parece ter um pouco de mim por todos os lugares... menos em mim.
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saturneptuno · 4 months ago
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Em meus pequenos flashes de memória consigo ver seu rosto ao longe, tão distante de mim quanto seu coração sempre fora. Posso observar atentamente seu olhar gélido enquanto um sorriso pálido toma conta de tudo o que vejo em seu rosto. O olhar profundo de quem poderia me engolir e me partir em mil pedaços — se eu já não fosse tão partido, e de fato o fez. Primeiro me partiu do mundo, depois de mim e depois em dois, três, quatro… infinitos fragmentos de quem fui sendo carregados pelo vento, o mesmo que tanto se fundia a mim e me abrigava e hoje me leva embora como uma oração que vagueia pelo universo até que chegue a algum destinatário que a queira receber. Demorei a perceber que você mais me roubou do que acrescentou. Meu coração apagou de minha mente a matéria-prima do desastre que fomos. Nem belo e nem feio, apenas sem motivo para ser. Algumas catástrofes tem tudo para serem evitadas, mas a visão relapsa que se banha em desleixo não nos permite agir perante o óbvio, seja enfrentando ou fugindo, se entregando ou sendo engolido. No início achei ter entregue partes de mim, mas fui engolido como um tolo, confesso, devastado como uma floresta capaz de oferecer todos os recursos para que o fogo seja ateado. Mas depois… Mas depois me entreguei. Depois de um curto tempo sentindo o salgado mar inundar minha boca e se misturar a saliva sôfrega por um mísero gole de água que fosse, passei a bebe-la como se entendesse que aquele era meu destino. E como quem está na chuva é para se molhar, quem se atira ao mar sem saber nadar é para se afogar. Eu me atirei em você, doce furacão que me arrastou de dentro de casa para o desconhecido mundo, me apresentado a devastação e degradação ao longo do caminho, até que me afoguei. Me afoguei de sua presença. E por alguma beira de praia fui largado como uma onda que se quebra nas rochas que anseiam por isso. Eu ansiava. Oh, como eu ansiava pela libertação, mesmo que fosse em dor, em esquecimento… como eu ansiava por me refazer em tua ausência tanto quanto me desfiz em você.
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saturneptuno · 5 months ago
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Às vezes me pergunto se me amas à espera do melhor que tenho a oferecer ou se me queres apesar do pior que posso ser, e essa eterna e tão intrínseca dúvida me corrói um pouco mais a cada dia até que não sobre mais nada. Nem uma gota de dúvida. Nem um mísero resquício de mim.
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saturneptuno · 5 months ago
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Ainda sinto seu cheiro ao meu redor Mas, agora, ele é tão podre quanto você foi Vejo vislumbres de você pelos locais que passo E agora sinto o peso da tua densidade em meus ombros
Ainda te sinto aqui dentro Como veneno em meu sangue Pulsando em minhas veias quase mortas por sua causa Eu sei que você ainda está aqui, Como erva daninha devorando meu jardim
Eu ainda enxergo você, Eu, agora, realmente vejo você Sua alma é podre Mas eu não me apodreço mais junto de ti
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saturneptuno · 5 months ago
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Dentro de mim habita um vulcão que vive prestes a entrar em erupção enquanto é engolido por uma avalanche que o enterra em toda a neve que me salva de mim mesmo. Mas eu ainda posso senti-lo queimar, me ferver por inteiro, lá no fundo de meu ser. Ninguém nunca vai saber o quanto minha indiferença os salva do meu ódio. O quanto ela me salva de minha violência visceral, cruel e sádica. Eles não entenderiam o quanto minha carne é devorada por dentro só para que eu não despeje sobre eles todas as vis palavras que me vêm à mente e travam bem no centro de minha língua. E eu não os culpo, nem eu mesmo sei o potencial avassalador da minha capacidade de ser um grandíssimo desgraçado. Então me desgraço. Prazer, desgraça ao seu dispor.
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saturneptuno · 5 months ago
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Escrevo sobre minhas dores como se abrisse meu pulso aos poucos, sentindo a pele se separar em uma torturante cena enquanto o líquido grosso ─ que antes se abrigava e corria por minhas veias, agora se derrama como um vinho sobre o tapete recém-comprado, claro como água cristalina. Sinto-o pulsar em uníssono desespero, gritando em harmoniosa agonia. Escrevo sobre o que me dilacera por dentro na esperança de que me baste, de que a dor física não me faça mais tanto sentido, embora eu ainda sinta-a pulsando cheia de vida em meu âmago. Vômito minha raiva, cuspo minha decepção em frente ao espelho como um dragão a cuspir fogo na intenção de queimar quem estiver à sua frente. Acredito que partes de mim desejam ser carbonizadas para que, quem sabe assim, tudo de mim finalmente encontre alguma paz. Mas que paz eu teria? Sou feito de melancolia dolorosa dos pés à cabeça. A mesma que me devora me mantém vivo, ela que me faz chorar lágrimas de sangue também me faz sorrir em sadismo diante do precipício de frustrações diante de meus pés. Um passo em falso e me afogo nelas, me torno elas. Acho que já sou elas em todos os ângulos do que nem consigo ser ainda. Me pergunto inúmeras coisas, me questiono até sobre meus questionamentos... Escrevo na esperança de que pare de doer tanto. Eu sou aquele que cutuca todas as feridas. Escrevo para que toda a sujeira saia de meu corpo enfim então, a mesma sujeira que alimenta minhas palavras. Não é triste que talvez o meu maior talento seja sofrer? Partes de mim acreditam que sim, outras que não. E ninguém tem noção da guerra que se passa dentro de minha mente, quantas batalhas por dia absorvem minha alma, inundam meu coração de tudo. Nem eu mesmo sei o quanto sou cercado de neblinas tenebrosas aqui dentro, eu não as vejo, apenas sinto. Sinto tanto que me desligo. Sinto com tamanha intensidade que não aguento mais sentir, então... Então não sinto mais. E tudo se repete. Dia após dia. Vida após vida. Morte seguida de morte. Eternamente.
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saturneptuno · 5 months ago
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Gostaria de uma folga, um feriado de mim mesmo. Tirar férias para longe de meu ser e me recompor longe de mim. Mas como poderia eu me refazer sem estar comigo? Talvez umas férias de partes de mim já fossem o suficiente, mas como aprimorá-las sem aceitá-las junto a mim? como parabenizá-las sem trazê-las ao meu lado? sem abrigá-las dentro de seu único e inóspito lar: eu mesmo. Como conhecer mais sobre mim sem acessar todas as partes que joguei dentro do “armário de tranqueiras” que pulsa em meu peito? Tantas variações da mesma pergunta e mesmo assim nenhuma resposta. Nem um mísero grito ecoando na caverna oca de minha alma. Nada. Apenas o canto dos pássaros mortos que me restaram. Gostaria de um tempo de mim, mas como ter esse tempo se nem a morte seria capaz de me levar de quem sou? Nem a morte é capaz de me salvar do meu pior pesadelo. Triste e eterno pesadelo.
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