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like a stone
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ava roxana shafiq. 34. pureblood. romanian by birth, english by choice. former hufflepuff. auror. not a lady. she curses and drinks like a sailor and she can easily kick your ass.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Here with me | Ava & Declan | March 1978
Acordou com uma horrível dor de cabeça e o protesto de quase todos os músculos de seu corpo. Eles gritaram silenciosamente assim que seus olhos abriram e ela fez menção de se sentar, como se estivessem exigindo por mais algumas horas de sono enquanto sua cabeça latejava como um sino inqueto de igreja. Sua boca estava seca, tão seca que a garganta ardeu quando tentou falar alguma coisa, como se a tivessem lavado com ácido sem a sua permissão.
Ava Shafiq sentia-se terrível e não fazia ideia de como havia parado ali.
Ela sabia que estava em um leito do St. Mungo���s porque, como alguém com uma profissão arriscada, essa era a resposta mais óbvia para quando acordava em um lugar sem saber onde estava. Como auror, passar a noite em observação no hospital acontecia com mais frequência do que o esperado, então quando olhou para o lado e reconheceu as paredes brancas, a realização foi quase imediata. Não precisava olhar para si mesma e para as roupas de paciente que usava para constatar que estava internada.
Contudo, o motivo de estar ali era a pergunta que Ava não conseguia responder. Não se lembrava de absolutamente nada do que havia acontecido nas últimas horas e, ao fechar os olhos com força para tentar se concentrar e forçar a mente a fazer uma retrospectiva de suas memórias, a última coisa da qual se recordava era de estar indo trabalhar no festival dos fundadores em Hogsmeade.
Suspirou cansada e então as lembranças a atingiram como um soco no estômago, voltando a sua mente como se tivesse aberto uma porta e estivesse sendo soterrada por água gelada. Lembrou de fogos de artifício, do som que as explosões coloridas provocavam em seus ouvidos e de como eles mudaram para algo mais agressivo num intervalo de segundos. Lembrou do fogo que tomava as barracas e as lojas, lembrou dos gritos e do desespero dos bruxos e bruxas que compareceram ao povoado para uma noite de comemorações. Lembrou da sensação de que seus pulmões estavam queimando enquanto corria atrás de figuras encapuzadas com a varinha em punho, de duelar por horas a fio até que seus músculos protestassem, de ser atingida por um feixe de luz e sentir uma pancada nas costas antes de tudo ficar escuro. Lembrou de ouvir a voz de Declan, de ter dito alguma coisa e então era como se tudo tivesse se resumido ao escuro e pesado silêncio. Não havia mais nada.
Ofegante pela inquietude que as lembranças provocaram, Ava tentou se sentar mais uma vez, agora com um pouco mais de sucesso. Com a ajuda dos braços, deslizou o corpo pela cama para apoiar as costas na parede e depois de esfregar os olhos azuis e afastar os cabelos loiros do rosto, ela notou que não estava sozinha. Havia alguém sentado na poltrona ao seu lado e pelo leve ressonar que se fazia ouvir no pequeno espaço delimitado a ela por cortinas, a pessoa estava dormindo um sono profundo. Demorou para que reconhecesse Declan Savage, não porque não fosse capaz de reconhecer seu melhor amigo, mas porque ainda estava um pouco desorientada desde que acordara.
“Declan?” Chamou uma vez, sentindo-se culpada por ter de acordá-lo, mas ela precisava saber se ele e os outros estavam bem, precisava de mais detalhes sobre o que conseguia se lembrar. “Declan!” Falou um pouco mais alto agora, ainda repetindo o nome dele mais duas ou três vezes antes de vê-lo acordar. “Declan, o que está fazendo aqui? Você está bem? O que aconteceu? Eu me lembro de... eu me lembro de fogo e explosões e... Declan, o que aconteceu?” Sua voz soou como uma súplica.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Você vai me ajudar ou vai ficar aí rindo da minha cara?
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É claro que eu me lembro de Trigg, Declan. Para você entrar dentro do meu apartamento e fingir que é um marido traído, você não precisa estar realmente casado comigo pra isso. Assim como minha avó não precisa estar mesmo morta. É uma desculpa, uma mentira, entendeu? Eu só realmente preciso daquele cara fora do meu apartamento para que eu possa ter sossego. Could you cut the crap and help me out for once? Não tenho condições de oferecer mais do que quatro rodadas de bebida, Declan.
Por Merlin! Você até parece Augustus, sabia? Estão constantemente com alguém, mas sempre estão sem ninguém. Quer dizer, o que há de errado em um relacionamento convencional e estável? Isso te livraria de vários problemas, se quer saber, além de… que? Marido traído? 
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Não me leve a mal, Ava. Mas você sabe que eu tenho uma namorada… não sabe? Amabel Trigg que, embora more em Gloucestershire, provavelmente ficaria muito brava se soubesse dessa história. Eu não vou ser seu marido traído e nem vou matar a sua avó de novo. É melhor você ir pensando em outra desculpa.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Bem, da próxima vez que tivermos tempo livre, faremos uma lista de desculpas melhores do que essa, ok? Agora eu realmente preciso que você me ajude a me livrar dele porque venho tentando dar indiretas há meia hora e não está funcionando. Já tentei a desculpa de que tenho que trabalhar mas me lembrei que é domingo e isso não iria colar. Já tentei dizer que tenho um compromisso importante mas esse cara é mais grudento do que chiclete. Não estaria batendo na sua porta se não estivesse desesperada, Declan! Vai mesmo me deixar na mão?
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Além do mais, vovó não vai se importar de servir de ajuda novamente. Quatro rodadas de bebida serviriam de incentivo suficiente? Se a história do velório te deixa com a consciência pesada, você pode... fingir que é um marido traído. Seria bem mais eficaz, pensando melhor.
Você devia começar a pensar em desculpas melhores para se livrar desses seus namorados. Odeio ter que matar a sua avó tantas vezes assim. De verdade, por causa disso me sinto péssimo todas as raras vezes em que a encontro. Mal sabe ela que já morreu mais de dez vezes só esse ano… e que fui eu que a matei. Eu sou um ser humano horrível.
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Duas rodadas de bebida não pagam minha consciência, viu? E porque você traz esses caras para sua casa? Devia tentar um hotel ou coisa do tipo. Pelo menos você acaba com a possibilidade deles se estenderem por muito tempo.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Sabe aquele cara de sotaque hispânico que você me viu expulsar do meu apartamento na semana passada antes de irmos ao trabalho? Então... ele está lá dentro agora. Será que você pode... não sei, invadir o meu apartamento para dizer que a minha avó morreu e que precisamos sair urgentemente para cuidar do velório?
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Por favorzinho? Eu pago duas rodadas de bebida no próximo happy hour!
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shafiqss-blog · 9 years ago
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We had an amazing resource with the comic books, but there are still little gaps in the back story and things you need to fill in yourself. I watched a couple of TED Talks about schizophrenia and that really helped because the women who were doing these talks were so intelligent and Harley needs to be wickedly intelligent, but also kind of psychotic. That was so helpful and I also read a play called Fool for Love about this really dysfunctional relationship and that helped me to unlock the whole feeling towards the Joker. Some things hit home when you’re doing all your research and some things don’t, but those things really helped.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Voltou alguns minutos depois para o apartamento de Valentine, os braços ocupados com duas sacolas de comida mexicana para viagem compradas no pequeno restaurante trouxa que conhecia, apenas poucas quadras de distância do prédio. Encontrou-a no sofá da sala e mesmo que nunca tivesse sido alguém muito observadora e isso a tivesse prejudicado imensamente nos primeiros anos de treinamento Auror, ela podia sentir que havia algo estranho, algo que ela não foi capaz de perceber antes mas que parecia um pouco mais notável a pessoas nada atentas como ela. Era como se estivesse em uma tarde nublada de inverno mais uma vez e não fosse capaz de identificar a probabilidade de neve mas, de tanto caminhar naquele horário e naquelas condições de tempo, estivesse começando a se habituar as mudanças. Tine estava quieta, estranhamente quieta, e mesmo que esse não fosse um sinal preocupante - afinal, em comparação a Ava Shafiq, Tine era sempre muito quieta - foi algo que conseguiu captar a atenção da hufflepuff. Algo estava estranho e ela sabia disso.
“A comida chegou, não há motivo para desespero.” Brincou, dirigindo-se a cozinha para preparar os pratos, ouvindo a voz distante de Tine anunciar que não havia nada de interessante passando na televisão trouxa. “Você tem certeza? Eles sempre tem aqueles programas tão idiotas que as vezes é inevitável não achar graça.” Comentou, referindo-se a alguns programas de humor dos quais Declan era fã mas Ava nunca conseguia achar graça, rindo justamente do motivo de não serem engraçados. Apanhou a garrafa de Ogden do armário instantes depois de Tine alertá-la sobre sua existência, terminando de colocar porções de comida nos pratos e preparando duas doses de bebida quando notou a aproximação da melhor amiga. “Hm...” Foi a única reação que teve quando a amiga comunicou que a garrafa da semana passada havia acabado, dividindo-se entre a tarefa de organizar o jantar e perguntar-se de devia ou não questionar Valentine se havia algo que a estava atormentando ultimamente.
Escolheu o último e fosse o que Merlin quisesse.
“Tine...” Começou, sem realmente olhá-la enquanto arrumava desnecessariamente os tacos em pratos. “Está tudo bem? Você anda tão estranha... não é só hoje, tenho percebido você agindo de forma incomum nos últimos dias e para que eu consiga notar isso, é preciso estar realmente na cara, então você não está fazendo um bom trabalho disfarçando.” Aquela provavelmente não era a melhor ou mais delicada forma de abordar um amigo e incentivá-lo a dividir seus problemas, mas esta era Ava Shafiq, tão delicada quanto um hipogrifo enfurecido.
[Flashback] All we ever wanted was the world | Ava & Valentine | November 77
Ava não fazia ideia do quão persuasivos eram os discursos de Valentine. Abriu um sorriso amarelo, visivelmente sem graça pelo comentário desferido pela morena. Não era como se ela estivesse errada, embora a sua função no Wizengamot fosse ser o mais imparcial possível evidenciando todos os prismas de uma mesma situação a fim de auxiliar seus colegas a tomar a decisão mais justa possível, a verdade era que há tempo já não era tão imparcial quanto seu cargo exigia. Embora explicitasse sempre os dois lados da mesma moeda, o lado que melhor lhe pagava era aquele ao qual suas habilidades de persuasão pendiam. Mas isso era uma de suas facetas que sua melhor amiga sequer podia desconfiar. Não apenas por ser uma atividade corrupta e ilegal, mas pela vergonha que ainda carregava por suas próprias decisões. Aceitar suborno jamais fora uma decisão da qual se orgulhava, e apenas o aceitava em função de sua própria vaidade. Valentine gostava do que sentia ao exercer poder nas decisões alheias. E isso falava muito sobre ela mesma.
– É uma boa maneira de evitar mentiras. – Gracejou, embora a simples menção da palavra mentira já a deixasse desconfortável em demasia. Já fazia algum tempo em que vivia em constante mentira, enganado a si e aos próprios amigos sobre sua própria moral. Viver em dilema moral aos poucos a tornava paranoica, como se a qualquer minuto um de seus amigos pudesse descobrir sobre suas atividades extras no Ministério da Magia. Situação que não seria de longe confortável. Eles confiavam nela, tal como todos os funcionários que haviam votado para sua promoção para conselheira especial. Valentine não merecia um terço da confiança que depositavam em seu julgamento e ter plena consciência disso era ainda mais vergonhoso. Por vezes desejava ser alguém livre de consciência. O que provavelmente a livraria do sentimento de culpa que acompanhava seu dilema moral.
Tirou o salto alto rapidamente e aguardou o retorno de Ava no sofá da sala, não deixando de pensar em sua própria situação nem por um segundo. A solidão se tornara uma companheira desagradável, e odiava os pensamentos e a culpa que a consumia sempre que se via sozinha. Sempre que deitava a cabeça no travesseiro sem nenhum resquício de paz. ­– Não tem nada de bom passando na televisão trouxa. – Avisou, muito embora sequer houvesse verificado todos os canais, quando a auror voltara com a tal comida mexicana. – Tem uma Ogden fechada no armário. – Seguia-a em direção a cozinha, aparentando tranquilidade que não existia. Após tanto tempo fingindo, não era mais tão difícil disfarçar seus próprios demônios. – Aquela da semana retrasada acabou. – Deu de ombros com simplicidade. Aguentar seu próprio drama pessoal sem ajuda de uma firewhiskey era quase impossível, afinal.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Sentia-se deslocada. Não importava quantas vezes tentasse, não importava quantas vezes seu avô afirmasse que aquela também era a sua família e que por isso ela sempre teria um lugar alí, ela sempre se sentiria deslocada. Malika Shafiq não tornava a noite nada fácil quando lhe direcionava olhares incomodados durante todo o jantar e Ava não precisava ser legilimente para saber que a garota de dezessete anos já a havia chamado de todos os nomes mal criados que poderiam existir na língua inglesa. Talvez até estivesse tentando incendiá-la viva através de magia involuntária e se a manga de seu vestido começasse a pegar fogo sem nenhuma explicação plausível, a auror não estaria surpresa. Permaneceu concentrada no prato a sua frente, levando a boca uma garfada do bolinho com frutas, geléia e queijo de cabra adoçado, um prato romeno que fazia parte de sua infância e que Ava trouxera para o jantar numa tentativa de ser cortez. Era uma receita antiga da família de sua mãe e, mesmo que ela jamais conseguisse fazer a sobremesa exatamente como a mãe costumava fazer, Ava achava que ainda assim estava bem próximo e muito saboroso.
Mas Malika Shafiq não compartilhava de sua opinião.
“São Papanash. É um doce do meu país.” Sua expressão era séria e firme, pois tinha certeza absoluta de que não havia errado em absolutamente nada na receita e de que seus papanashs estavam deliciosos. “Fui convidada por vovô da mesma forma que você, Malika. Não estou aqui como intrusa. Não tenho culpa se seu paladar está acostumado somente a destilar veneno. Porque não prova mais um pouco? Quem sabe assim não diminui um pouco a sua amargura?” No momento em que as palavras deixaram sua boca, Ava soube que não deveria tê-las dito. Ela era uma mulher de língua afiada e que não tinha problema algum em dizer exatamente o que estava pensando, doa a quem doer, mas uma coisa era não ter papas na língua em meio ao seus amigos ou em seu trabalho, onde sua hostil sinceridade era bem recebida. Contudo, outra coisa totalmente diferente era trazê-la a tona em meio a um elegante jantar de família, onde qualquer deslize em etiqueta parecia ser o fim dos tempos. Além disso, ela era uma mulher em seus trinta anos trocando farpas com uma adolescente mimada e insolente, o que não acrescentava nada a seu favor.
[Flashback] Not one of us | Malika & Ava | April 77
Setenta e três segundos e então seus instintos de autopreservação se fizeram presentes, obrigando que liberasse o ar preso em seus pulmões. Com certas dificuldades soltou um suspiro abafado pela respiração descompassada de um organismo que precisava recuperar um minuto e treze segundos sem bombear oxigênio para o próprio cérebro. Causar um auto desmaio era uma tarefa muito mais difícil do que aparentava, concluiu logo após a terceira tentativa. Talvez fosse a hora de cogitar outros meios de se vingar de seus pais, afinal, vocês vão se arrepender era uma ameaça bastante ampla e poderia haver outros meios de causar remorso em seus progenitores além de atentar contra sua própria integridade física. Ainda que a irritação palpitasse com ânsia ímpar em seu peito, a possibilidade de cortar os pulsos ou qualquer outra ação de ferimentos mais sérios, estava fora de cogitações. Malika estava com raiva e não com instintos assassinos. Era o tipo de cólera passageira e exagerada, que só faz sentido para a pessoa que sente, e que só passa quando esquecida ou sanada. Como uma criança proibida de brincar seu brinquedo preferido que faz birra até os pais cederem.
– Por Merlin! Nunca provei doce mais pavoroso do que esse. – reclamou ao mesmo tempo em que empurrava o prato para o centro da mesa, fazendo de tudo e um pouco mais para que todos percebessem sua insatisfação, ainda que aquele tipo de situação não fosse nem de longe inédito. Malika Shafiq, embora assinasse com orgulho o sobrenome herdado de seu pai, jamais fora afeita aos jantares familiares. Ao menos não àqueles aos quais todos os familiares estavam presentes, e por todos, entenda-se: Ava Shafiq – e talvez Caradoc Dearborn também, muito embora não fosse o motivo de sua irritação naquela noite, mas só naquela noite. – Como é o nome dessa coisa mesmo? – perguntou com desdém olhando com certo nojo para o doce romeno disposto na mesa de jantar. Sentiu a mão de sua mãe apertar seu braço em visível retaliação ao seu comentário indelicado ao mesmo tempo em que lhe desferia palavras de repreensão. – Ora, mãe! É melhor que ela saiba que não gostamos antes que traga mais disso das próximas vezes que vier. E talvez se ela saiba que não gostamos dela, ela também não venha.
Abriu um sorriso ligeiramente dissimulado, deixando transparecer deboche em seus olhos esverdeado, antes de levar a taça de água aos lábios a fim de se livrar do sabor do doce romeno de sua boca. Se, desde o início, as intenções de Malika era fazer com que seus pais se arrependessem de tê-la obrigado a comparecer ao jantar, com certeza seus objetivos iam de vento e popa. Ainda mais por julgar pelas feições nada contentes de Faridah e Khalil que pareciam prestes a cala a boca da própria filha por métodos pouco convencionais. – Por que mesmo insistimos nisso? – perguntou retórica gesticulando para o todo, mas referindo-se àquela situação específica. Reservava grande estima ao seu avô, mas não havia meios que a fizesse compreender os motivos dele ansiar tanto integrar a Ava na família. Ava não fazia parte dos Shafiq e não havia jantar algum que mudaria isso. – Ela não é uma de nós. – Decretou impaciente fazendo menção de deixar a mesa.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Quando ouviu Hal murmurar um pedido de desculpas, Ava Shafiq cerrou seu maxilar com uma força e tensão necessária para provocar dor. Era como se seu próprio corpo a estivesse proibindo de falar alguma coisa, porque ela queria dizer que as palavras dele não mudavam em absolutamente nada o fato de que estava quase considerando-o como desaparecido ou até mesmo morto até encontrá-lo no Departamento e que esteve tentando empurrar aquela preocupação para o fundo de sua mente para não entrar em desespero. Com Hal, Declan e outros tantos colegas sem dar notícias depois do inferno em Hogsmeade, era necessário muito esforço para não entrar em colapso. Não podia se dar ao luxo de sentir pânico agora, não quando havia tanto para fazer, tanto para se preocupar. 
Mas Ava não falou nada. A auror apenas guardou qualquer comentário zangado para si porque Harold Hookum não os merecia, porque ela sabia que ele estava sendo sincero e porque a última coisa da qual precisavam era discutir a respeito de um simples pedido de desculpas. Ao invés disso, ela os serviu de firewhiskey, a única coisa que parecia fazer sentido em um momento como aquele. Ela precisava de uma bebida mais do que precisava do atendimento de um healer para as queimaduras que cobriam um dos lados de seu corpo ou o feio ferimento em sua perna. 
“Salut.” Repetiu mecanicamente ao som de seu copo chocando-se contra o de Harold, mesmo não sabendo a que brindavam. Não havia nada para brindar, nada para comemorar, nada para se sentir grato ou orgulhoso, havia apenas a urgência em trazer o líquido cor de âmbar na direção dos seus lábios na esperança de que ele anestesiasse os ferimentos invisíveis dentro dela, todas as preocupações e os medos que doíam mais do que o ferimento que pulsava em sua coxa. Aquela não era a primeira vez que procurava a cura em uma garrafa de bebida e certamente não seria a última, mas Ava sabia que não era uma solução muito saudável, assim como também tinha conhecimento de que o que tentavam fazê-la enxergar talvez fosse verdade - ela bebia demais. Mas naquela madrugada, ela precisava disso. Precisava do sabor amargo do whiskey para se sentir sã e ela suspeitava que Harold também se sentia assim de alguma forma, ainda que num grau inferior a urgência dela.
Num dia normal, ela se sentaria em sua cadeira e apoiaria os pés em cima da mesa para saborear sua bebida, como sempre fazia quando terminavam uma missão, mas ela não conseguia se sentar quando seu corpo parecia ainda estar em estado de total e completo alerta como se ainda estivesse no campo de batalha, como se ainda ouvisse lojas explodindo, maldições zigue-zagueando pelo ar e pessoas gritando. Então ela apenas terminou sua dose, serviu-se de mais uma, empurrou a garrafa na direção de Hal para que ele fizesse o mesmo caso precisasse e encostou-se no para-peito da janela, de costas para o amanhecer londrino. O encantamento nas janelas para imitar o tempo da cidade tinha um único objetivo: fazer os funcionários se sentirem menos presos e claustrofóbicos por estarem tantos metros abaixo da superfície. Mas Shafiq simplesmente não conseguia encarar o céu manchado pelo alaranjado de um amanhecer porque era semelhante demais as lembranças de casas e lojas em chamas, então ela encarou Harold ao invés disso.
“And the fisrt of many, I would say. England is officially at war with itself. If we had a doubt about this before, it is clear as water now.” Ava disse com um tom mórbido em sua voz, girando o copo com whisky em uma de suas mãos. Para o Quartel General de Aurores, que lidava todos os dias com missões secretas e a caça a bruxos das trevas que se tornavam cada vez mais numerosos, era fácil chegar a conclusão de que um dia aquele conflito eclodiria, mas aquele dia representava uma confirmação para uma sociedade que recusava-se a enxergar o óbvio. Aquela não era mais uma crise política. O que antes parecia ser uma questão de opiniões e debate de filosofias entre um seleto círculo de pessoas agora havia explodido e atingido pessoas comuns e eles não poderiam permitir isso. “Not many, to be honest with you. Not like this, anyway.” Shafiq o respondeu, tomando mais um gole de sua bebida porque uma dose apenas não havia sido o suficiente para anestesiá-la da forma que procurava.
Então Hal lhe perguntou a única coisa que ela não era capaz de responder, a pergunta que, mesmo não sendo citada até aquele momento, parecia pairar sob suas cabeças como uma nuvem negra e indesejada. Ava respirou profundamente, pensando em evitar olhá-lo nos olhos porque o que passou em sua mente foi que talvez nem ele ou ela sobrevivessem ao que estava por vir. But they were friends, she trusted him more than anyone else and she owed him that.
“I don’t know, Hal. I really don’t.” Era uma resposta dolorosa de proferir, especialmente porque, quando o viu encarar seu copo vazio, Ava pensou em como ele parecia jovem e vulnerável em seu medo, como ela também provavelmente deveria parecer. Harold Hookum era um bruxo talentoso, um auror competente e com um enorme potencial, ela havia percebido isso desde os primeiros treinamentos em que havia sido designada para supervisionar. Ele tinha a mania de proteger quem quer que estivesse ao seu redor, as vezes tomando atitudes estúpidas apenas para proteger seus colegas, mas apesar dessa característica ser bastante arriscada no ramo profissional que haviam escolhido, só provava que Hal era um ser humano admirável, muito melhor do que Ava Shafiq poderia sonhar em ser. Constatar que, por estarem em guerra, aquela poderia muito bem ser a última vez em que o veria sentado de frente para a sua mesa foi mais doloroso do que poderia suportar. Do jeito que as coisas estavam, poderiam estar mortos amanhã e só sobreviveram aquela madrugada de terror porque eram sortudos, ao contrário de alguns dos colegas e civis que encontraram a morte em Hogsmeade. Mas Ava guardou aqueles pensamentos para si mesma, porque a última coisa que precisava era atormentá-lo com aquilo.
“Is everything alright with your family? Your brothers and sisters?” Perguntou, numa súbita tentativa de mudar de assunto. “I didn’t even aked if you are hurt ot not. Merlin!” Ela riu, balançando a cabeça negativamente enquanto levava o dose de whisky aos lábios mais uma vez, tomando cerca de metade de seu conteúdo. Ela precisaria de muito mais do que isso para calar os pensamentos mórbidos que insistiam em borbulhar em sua mente.
That's what goddamn loyalty is | Ava & Hal
Hal estava sempre acostumado a estar preocupado, nunca a ser motivo de preocupação. Ele estava certo de que seus pais e seus irmãos o amavam muito e não tinha razões pra duvidar disso - os Hookum eram o tipo de família que fazia demonstrações de afeto gratuitas o tempo todo - mas era diferente. Harold tinha uma responsabilidade, principalmente com Leo, Grace e Daisy. Seu ouvido era treinado para ouvir os chamados noturnos de algum deles, caso estivessem com algum pesadelo. Sabia remendar curativos de todas as mil formas diferentes. Sua mão estava sempre arrastando Grace para algum lugar, cuidando para que ela não saísse correndo, e seu punho sempre pronto para defender Leonard. Harold era um irmão mais velho em tempo integral e amava e se orgulhava disso. Logo, não sobrava muito tempo para si mesmo, e foi com essa perspectiva que ele se acostumou. Então, quando alguém se preocupava, era sempre… Diferente. Quando Ava se preocupava… Era algo completamente diferente. Ava Shafiq fora parte vital do treinamento de Harold como auror. Ela fora muito mais que uma mentora, estivera do lado dele quando ele era apenas um novato que não conseguia sair à campo sem ter um ataque de ansiedade, e estivera ao lado dele em sua primeira apreensão. Ava was relentless, hard, cold. And at the same time, she was understandable, kind and warm. Mas ele tinha certeza que a avalanche que vinha em sua direção não seria do melhor lado de Ava.
Hal apenas seguiu assentindo. Hookum tinha um senso de hierarquia inabalável, logo, sabia quando ficar quieto e admitir seu erro a seu superior. Principalmente sendo um superior como Ava. Alguém a quem ele sempre olharia com admiração, com orgulho, com respeito – Yes, ma'am. Sorry, again – Respondeu, soltando um suspiro pesado demais pra um garoto de apenas 22 anos. Mas que, em contrapartida, havia vivido o pior e mais longo dia de sua vida, e ele tinha impressão de que aquele seria apenas o primeiro ‘pior dia’. Estar na cola de Ava significava ter alguns privilégios que os outros jovens aurores ainda não tinham. Então, não era incomum encontrar os dois indo a missões alguns níveis acima ou tomando uma dose de whisky no meio do dia, exatamente como aquela que havia acabado de ser colocada na frente dele. Ligeiramente mais cheia que a dela, ele pôde facilmente notar. Claro que nem todo mundo notaria tão facilmente assim, mas depois de ficar próximo de Ava, era normal notar certa sutilezas que revelavam muito sobre ela – I think we could use two – Harold murmurou enquanto pegava o copo de cima da mesa. Sentiu suas costas irradiarem dor e reprimiu uma feição de desconforto. Não gostava de demonstrar quando estava se sentindo mal, muito menos na frente de Ava – Salut – Bateu seu copo de leve no de Ava, rapidamente tomando um gole a bebida e esperando que ela fizesse seu efeito logo.
– Esse foi oficialmente o meu pior dia – Deu uma risada completamente destituída de humor. Como achar humor naquelas horas, afinal? Em que a única coisa que tomava Harold era o completo desespero com a ideia de tropeçar em cadáveres espalhados por Hogsmead, e ver mais gente boa morrer, e até mesmo ver gente ruim morrer. Harold não aguentava mais atualizar a lista de casualidades daquele dia, não aguentava mais o peso de ter que informar a família de algum colega que eles nunca mais veriam um filho, um irmão, um pai – How many days like these did you have? – Ele crispou os lábios e virou-se na direção de Ava. Se alguém teria respostas, essa pessoa seria Ava. Ava sempre tinha respostas para tudo. Então se ela havia sobrevivido a outros dias como aquele em sua vida como auror, ele também poderia. Se endureceria ainda mais para isso – It’s going to be okay, right? – Right? Lá estava ele, um jovem auror - com o uniforme dilacerado, hematomas que faziam trilhas, coberto de fuligem, de sangue dele, sangue de vítimas, sangue de colegas, tanto sangue… - desesperado pra saber que tudo ficaria bem. Que eles fariam ficar tudo bem. Mas ele já sabia a resposta. Abriu um sorriso de canto, vazio como seu olhar, e virou em sua boca o resto da dose de firewhisky. - You know what? No need to answer that.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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Foi muito difícil para Ava segurar o riso quando ouviu aquela singela declaração de Declan Savage. A menina de cabelos muito escuros levou a mão pequena em direção o rosto, cerrando os lábios e se esforçando para disfarçar a gargalhada que teimava em cutucar suas costelas. Um pouco mais calma mas ainda assim mordendo os lábios para resistir a tentação de cair na risada, conseguiu se recompor, endireitando o corpo na poltrona da cabine e respirando profundamente. “Não, Savage, dragões não se alimentam de flores silvestres. De onde você tirou isso? Essas criaturas podem fazer churrasquinho de quem estiver pela frente, você acha mesmo que a dieta deles é baseada em flores do campo e não carne defumada?” Seu comentário não tinha qualquer intenção de constrangê-lo ou fazê-lo se sentir estúpido pelo que havia dito, mas Ava aos onze anos de idade era tão sincera que nem sequer pensava antes de falar alguma coisa, pouco se importando em como aquilo poderia fazer o garoto se sentir.
A situação, contudo, parecia ter mudado completamente de lado quando começaram a falar sobre testrálios. Da mesma forma que Declan pareceu admirado e incrédulo instantes antes, Ava era quem o olhava com curiosidade agora, bombardeando-o com perguntas a respeito daquelas criaturas que só ouvira falar muito rapidamente. “Um segredo de família. Isso é incrível! Você poderia me contar algum dia? Por favor, Declan!” Insistiu Ava, mesmo que soubesse que segredos de família eram chamados dessa forma por um motivo e que deveriam permanecer exatamente o que eram - segredos. A própria família de sua mãe, os Raev da Romênia, tinham sua porção de segredos que escondiam de seus ouvidos de menina, mas isso não a impedia de tentar bisbilhotar conversas. 
“Hufflepuff! Foi exatamente isso o que eu disse!” Mentiu, dando de ombros, mesmo sabendo que aquilo não era verdade. Ava ouviu atentamente o que Declan tinha para lhe falar a respeito da Escola de Magia e suas quatro casas, sentindo um frio na barriga quando ele mencionou um teste de personalidade. Em parte, estava aliviada por não envolver teste de conhecimentos em magia, mas... teste de personalidade? Ela de repente sentiu receio dos avaliadores não gostarem dela e não a aceitarem como uma aluna porque Ava era selvagem demais, como sua mãe mesmo costumava dizer, ainda que num tom carinhoso. “Bem, vamos torcer para que encontrem uma casa para nós não é?” Havia um tom de companheirismo no que dizia, como se de ali em diante não se tratasse mais somente dela mas também de Declan. Em silêncio e acompanhando com curiosidade o olhar do garoto em direção ao corredor, Ava desejou que eles fossem colocados na mesma casa para que ela não tivesse que ficar sozinha.
Foi somente naquela tarde, depois de se empanturrar com doces na companhia de Declan Savage e tagarelarem por horas, que Ava Shafiq se sentiu mais animada com a mudança para a Inglaterra. Aquele país chuvoso poderia não seu lar mas talvez pudesse chegar bem perto disso um dia, ela pensou.
[Flashback] Pleased To Meet You | Declan & Ava | September 56
Havia um cômodo bastante especial na fazenda dos Savage onde Declan era expressamente proibido de entrar sem a companhia de algum adulto, proibição esta que aguçava ainda mais a imaginação infantil do garoto.  Muito embora fosse coerente imaginar que o tal cômodo seria algum local de grandes riscos de vida onde os testrálios habitavam, nada mais era do que, na verdade, apenas o escritório de seu pai, onde guardava todos os contratos e a papelada de extrema importância para que os negócios da família caminhasse em conformidade com as leis proteção aos animais. Mesmo muito novo Declan era como um verdadeiro imã de explosões e balburdia, de maneira que era até entendível esperar que seus pais o quisessem longe de papéis de tanta importância. Assim, das poucas vezes em que a entrada do menino era liberada, faziam questão de deixa-lo em companhia de algum livro sobre criação de animais de grande porte, pois era a única maneira de evitar algum possível desastre. E foi durante as folheadas nos livros que descobriu a existência de dragões.
– Uma vaca inteira? – Perguntou ligeiramente impressionado. Ainda que houvesse folheado inúmeros livros sobre dragões, jamais sequer lera uma página sobre o assunto, preferindo observar as foto e desenhos e criar suas próprias teorias sobre tais criaturas. E em suas criações particulares, dragões eram herbívoros. Algo que não faria nenhum sentido se tivesses se dado o mínimo de atenção as palavras escritas nos livros, se tivesse lido uma linha das tantas que estavam lá a sua disposição. – Pensei que dragões comessem flores silvestres. – admitiu com simplicidade, sem se importar em parecer tão ignorante sobre o assunto e muito mais interessado na história que sua nova amiga contava. Dragões eram mesmo seres fascinantes, embora também gostasse de vacas. – Pobre vaquinhas… – comentou em tom baixo, falando muito mais para si mesmo do que para a garota.
Como todas as famílias, os Savage tinham seus próprios segredos e o fato de todos serem capazes de enxergar testrálios era um desses segredos que mantinham a sete chaves, afinal, não eram todos que conseguiam manter uma fazendo de criação de testrálios sem enxerga-los e conseguir vê-los era uma de suas vantagens competitivas. – Quem disse que não conseguimos vê-los? – Perguntou retórico achando graça da curiosidade de Ava e mesmo não sabendo responder a maioria das perguntas que jorravam da boca da garota, não conseguia deixar de rir. Era realmente animador saber que havia alguém tão animada quanto ele próprio. – Todos os Savage enxergam testrálios. Só não me pergunte como. Segredos de família… – respondeu sincero mantendo um ar de mistério, no entanto. – Hufflepuff… – corrigiu tentando não ser muito rude. – É uma das casas, sabe? Em Hogwarts os alunos se dividem em casas. Hufflepuff, Ravenclaw, Slytherin e Gryffindor. São escolhidos de acordo com a personalidade. – Disse com simplicidade bisbilhotando sutilmente o corredor, a fim de verificar se o carrinho de doces ainda estava muito longe.
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shafiqss-blog · 9 years ago
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gemma arterton photographed by vincent peters 
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shafiqss-blog · 10 years ago
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Ava Shafiq era conhecida pelo seu temperamento explosivo. A hufflepuff de cabelos e olhos escuros como carvão e um pouco baixa demais para a sua idade certamente não se comportava como se os poucos centímetros que a faziam ser menor do que a maioria dos seus colegas fosse um problema. Pelo contrário, o fogo em suas veias era mais do que suficiente para que sua baixa estatura não fizesse diferença alguma no fim das contas. Com sua língua ferina, sua personalidade impulsiva e o fato de que problemas pareciam atraí-la como um imã a distanciavam da imagem pacífica que alguns estudantes pareciam ter os filhos de Helga, insistindo em acreditar que eram bruxos submissos, bobos e gentis demais. Ela nada tinha dessas características. Além disso a fazer sentir certo orgulho, a garota parecia usar isso como insígnias. Orgulhava-se de seu jeito obtuso e as vezes grosseiro e fazia questão de esfregar tais peculiaridades no rosto de cada estudante que desmerecia ou fazia piadas de texugos, arranjando brigas e desentendimentos pelos mais bobos motivos e visitando a ala hospitalar mais vezes do que qualquer outro aluni de seu ano para cuidar de olhos roxos e narizes quebrados. “Não estou tão ruim quanto quem apanhou de mim”, ela dizia para a enfermeira, um sorriso debochado em seu lábio inchado e cortado. Não era como se achasse que era superior aos seus colegas de casa mais pacientes e mansos, não. Na verdade, seu objetivo era justamente defendê-los de outros que adoravam importuná-los por isso justamente para que continuassem a ser exatamente quem eram. Ava até invejava o temperamento brando da maioria de seus colegas de casa, tendo se perguntado diversas vezes sobre o fato de que parecia ter mais desavenças do que amigos, imaginando como as coisas seriam se fosse um pouco menos explosiva e briguenta. Mas da mesma forma que eles preferiam manter-se longe de conflitos, a sensação de seu punho entrando em contato com o maxilar alheio e a adrenalina de um duelo clandestino era o que a faziam se sentir viva e ela tinha que aceitar isso. Era quem ela era.
Naquela segunda feira, Shafiq não havia ido direto para o Salão Principal onde o almoço estava sendo servido. Ao invés disso, estava nas masmorras procurando pelos dois sextanistas de Slytherin que ela havia derrotado em um jogo de pôquer na semana passada e que até então não haviam pagado a ela o que lhe deviam. “Quero meus vinte galeões e quero agora. Fui gentil demais em dar uma semana para que conseguissem o dinheiro mas o tempo de vocês acabou. Acham que eu tenho cara de Banco Gringotts? Não faço caridade. Se me devem, vão ter que pagar.” Seu tom era impaciente e urgente e isso era evidenciado pela sua expressão de poucos amigos. Não estava de bom humor. Segundas eram os piores dias da semana porque era justamente quando tinham aulas de Poções durante a manhã inteira e Ava detestava a matéria. Portanto, era bem provável que acabasse perdendo a paciência e precisando recorrer a sua varinha ou a alguns socos mais rápido do que normalmente o faria. “Vamos lá! Tenho certeza de que podem pedir o dinheiro ao papai de vocês, suas famílias devem ter mais do que suficiente para vocês resolverem apostar tão estupidamente num jogo de pôquer. Foi como se eu estivesse jogando com duas crianças, patético.” Provocou-os, um meio sorriso zombateiro no rosto, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha em sinal de desafio. “Se não me pagarem, vão ter que se entender com a minha varinha e eu detestaria ter que mandá-los para a ala hospitalar.” Talvez fosse um pouco imbecil de sua parte falar de forma tão confiante sobre causar sérios danos físicos quando, na verdade, estava em desvantagem ali. Dois alunos de slytherin um ano mais velhos já eram difíceis de enfrentar mesmo se estivesse com Declan Savage ao seu lado. Mesmo que Ava fosse uma duelista e tanto, ainda era um contra dois num corredor vazio das masmorras e aquela matemática não era muito vantajosa para ela.
Foi quando ouviram passos e, ao virar o rosto rapidamente para a curva do corredor, reconheceu Augustus Rookwood, o monitor amigo de Declan. Apesar do rapaz de cabelos escuros e olhos muito azuis também trajar um uniforme verde e prata, Ava esperava que seu bom senso fosse suficiente para que ele percebesse que não havia qualquer confusão ali e isso o impedisse de se unir a seus colegas de casa. Ela realmente precisava daqueles vinte galeões. “Rookwood! Que maravilha encontrar um monitor. Estava agora mesmo tentando convencer estes seus colegas a me pagar o que me devem. Ainda bem que está aqui, assim poderá me mandar para um professor assim que eu presentear esses dois com um olho roxo. Afinal, hufflepuffs são conhecidos por seu senso de justiça e eu não gostaria de contrariar isso.” Disse Ava, ainda com os braços cruzados e uma expressão divertidamente convencida no rosto, porque ela sabia que o primeiro passo para se ganhar uma briga era a partir da intimidação. E ela era excelente nisso, veja bem.
[Flashback] With a little help from my... | Augustus Rookwood & Ava Shafiq
Cintilando à luz filtrada pelos vitrais coloridos da ala leste do castelo, a grande letra em prata refletia o brilho que também transpassava os próprios olhos de seu possuidor, pintados de um azul vivo - um fulgor orgulhoso. A serpente no brasão bordado em suas vestes de uniforme ganhara uma nova companhia no início daquele ano letivo: um broche nas cores de sua casa adornado por um “M” encorpado que o identificava como parte de um grupo ainda mais seleto que aquele escolhido a dedo por Horace Slughorn, o de monitores. Apenas um casal de estudantes era selecionado para desempenhar a função em nome da casa do verde e prata a cada quinto ano e, daquela vez, fora a sua vez de fazê-lo. A notícia havia sido recebida com deleite na residência dos Rookwood, durante as férias, quando sua carta com a lista de materiais chegara acompanhada de outra e do pino agora afixado ao seu suéter, congratulando-o pela conquista do cargo. O pai, Julian, não poderia estar mais satisfeito – fora também monitor em seus idos anos de Hogwarts e agradava-se em ver a prole seguindo seus passos – e a mãe, Candace, apesar de mais comedida em sua reação, parecia exibir certo contentamento para com as boas novas, de modo a até mesmo concordar com o marido em bonificar tal feito com um aumento nos privilégios do filho mais novo – coisa que fizera Regina, a mais velha, já na casa de seus 20 anos, revirar os olhos. Augustus, por outro lado, não poderia estar mais feliz com o arranjo de tudo e de como seu ano parecia já começar com o pé direito. E isso era visível.
Com os ombros retos, o nariz quase que ligeiramente arrebitado, o queixo sustentado paralelamente à linha do chão e os cabelos muito castanhos displicentemente jogados para trás, a postura do rapaz transmitia a dose certa de prepotência misturada ao que beirava carisma e simpatia, evidentes principalmente no sorriso que quase nunca falhava em despontar em seus lábios. A posição como monitor o colocara em outro patamar dentro de uma suposta hierarquia que se estruturava no castelo, mimetizando àquela existente para além dos portões desse. Posava, então, como alguma sorte de “autoridade” entre seus colegas – o que lhe concedia um nível de disparidade e igualdade dependendo de quem seriam tais estudantes, ora colocando-o como alguém de certa influência e, portanto, algum respeito, ora como um prestativo antecessor que não colocava o próximo em problemas, ou livrava a cara de algum contraventor que o favoreceria de alguma forma. Não era, afinal, o compromisso do trabalho que o concernia. Não dificilmente visto como um “amigo de todos”, havia aplicado pouquíssimas faltas – e porque se vira completamente sem saída de fazer o contrário, para que fim fosse fazê-lo, diga-se de passagem. A mínima gota de poder que possuía era o suficiente para possibilitar que dobrasse as situações a seu favor sem esforço, muito embora ele não gostasse de fazer uso desse recurso a menos que a ocasião assim pedisse.
Mesmo com altivez, seu caminhar ainda era diligente.
Literalmente.
Era com uma maciez agradável que cruzava os corredores de pedra cinzenta, exibindo seu distintivo ainda tão recentemente recebido, mas controlado em seus passos. A hora do almoço se aproximava e, por isso, pensava em rumar ao Salão Comunal, deixar lá a mochila que no momento pendia de seu ombro esquerdo, e seguir ao Salão Principal para a segunda refeição do dia, compartilhada junto a seus estimados colegas. Havia sido liberado mais cedo pelo diretor da Slytherin e mestre, uma vez que concluíra a tarefa de Poções mais cedo e, mesmo que normalmente acompanhado de alguém, como fora um dos poucos a fazê-lo tão rapidamente, preferira seguir sozinho com seus próprios pensamentos escadarias abaixo, calculando se haveria tempo para fazer alguma coisa mais nesses minutos de sobra que recebera. Como estava para descobrir, a resposta para tal indagação interna seria não, uma vez que, ao dobrar a curva, deparou-se com uma cena não propriamente inusitada, mas certamente desagradável. Encontrava, afinal, seus colegas de casa mais cedo do que esperava.
E Ava Shafiq discutia com eles.
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shafiqss-blog · 10 years ago
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Como é? As pessoas tem medo de mim? Por Merlin, de onde você tirou isso, Savage? Isso é absurdo! É imoral! Um ultraje! Estou até me sentindo meio ofendido, sem brincadeira. I’m freaking adorable, for God’s sake!
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Porque você acha que cultivo minha amizade com ele por todos esses anos? Não que eu seja interesseiro, mas as vezes é bem útil ter um amigo tão influente. Sem falar das contas que as vezes ele se oferece para pagar. É claro que não são todas, eu as vezes pago quando elas são menores, mas isso quase nunca acontece.
I’m not going to lie, Savage, you’re really hot. I mean, really hot. I’ve wondered sometimes why nothing happened between us in all these years. Never found the answer to this question, though.
Eu te monopolizo? Lembrarei disso da próxima vez que me chamar para beber uma cerveja amanteigada. Honestamente, Adam, não culpe por sua natureza antissocial. Eu mesma tenho vários amigos fora do trabalho e dos nossos colegas de Hogwarts. Não querendo me gabar e nem nada, mas você sabe que eu sempre fui a parte simpática da nossa amizade. As pessoas tem medo de você, e você sabe disso.
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Bonaccord, da Wizengamot? Não seria uma ideia ruim, tenho certeza que um dia você vai acabar me colocando em uma enrascada e ter alguém na Wizengamot não parece uma má ideia.
Muito bem, huh? Então você gostou de me ver sem roupas! Parece que eu não sou a única com pensamentos impróprios aqui, huh?
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shafiqss-blog · 10 years ago
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Posso tentar te apresentar alguns amigos, eu acho. Apesar de que agora que eu parei pra pensar, acho que você me monopoliza muito e por isso eu não conheço tantas pessoas além do pessoal do trabalho e aqueles com quem estudamos. Mas tem o Valetin, apesar de que acho que vocês não dariam muito certo juntos. É, melhor não.
Ah não, você estava muito... bem, eu diria. Na verdade, mesmo que você estivesse inchada, acho que não perceberia porque estava ocupado observando... outras coisas.
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Sei lá, na hora fez sentido. Mas verbalizando assim fica até meio deprimente.
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Eu sei! Eu preciso de um namorado urgente. Mas parece até que todos estão comprometidos! Você não tem algum amigo que eu não conheço para me apresentar? E não adianta nenhum dos caras que trabalham com a gente, não vai rolar. Você o que? Sério mesmo? Mas eu estava bem? É que ando comendo muito doce, tem que me dar um desconto. E ás vezes eu retenho líquido e aí fico inchada… 
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shafiqss-blog · 10 years ago
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É assim? Tira as roupas? Não me paga nem uns bons drinks primeiro? Não sou vadio, Savage, alto lá. Mais respeito comigo, está bem? Obrigado.
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Pelo amor de Merlin, não acha que estamos tornando isso um problema maior do que já é? Você precisa de um namorado, só isso. Está agindo assim porque somos muito íntimos e convivemos quase diariamente há anos, é natural. Ou você acha que nunca te vi pelada? Mais vezes do que imagina, Di. Opa, acho que não deveria ter dito isso.
A situação era outra, Adam. Estava nevando tanto que eu quase nem vi nada. Além do que, se não faz objeções poderia, por gentileza, tirar as roupas? Augusta me disse que talvez isso resolvesse o meu pequeno problema. Mas, por favor, não me chame de pervertida se eu tentar uma coisa ou outra enquanto você estiver pelado. Não estou respondendo por mim!
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Ou talvez seja melhor não arriscarmos. Vai que eu te agarro… isso poderia até dar cadeia e eu não quero ser julgada por assédio. Seria constrangedor.
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shafiqss-blog · 10 years ago
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Achei que a zuera as brincadeiras não tinham limites entre nós, você mesma nunca as mediu quando era eu quem estava do outro lado das piadas. Fazer piada é bom quando a gente não é o alvo delas, não é? Mas veja só, se a questão é a curiosidade de me ver pelado, não farei objeções em ajudar. Acredito que você já tenha visto muitos caras pelados na sua vida, Di, não sei como eu seria diferente. Na verdade, até me recordo de você já ter me visto sem roupas uma vez quando duvidou que eu não correria pelado na neve quando estávamos muito bêbados comemorando nossas promoções no Ministério. Ainda me lembro que fiquei muito feliz de ter ganhado aquela aposta.
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Já te falei que na minha atual situação é melhor não fazer qualquer tipo de brincadeira. E eu jamais iria propor que ficasse pelado com duas caixas de pizza na mão, eu provavelmente nem perceberia as pizzas… droga! Tá vendo? Eu já estou te imaginando pelado de novo. Será que isso é algum tipo de maldição? Ou será doença? Eu não sei quanto tempo mais consigo lidar com isso. Sério mesmo!
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shafiqss-blog · 10 years ago
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Sugeri como uma brincadeira, Di, não estava te iludindo. Mas não me venha propor para aparecer pelado com duas caixas de pizzas nas mãos, Di, não quero nem imaginar essa cena digna de um filme adulto. Mas devo dizer que o contrário seria... interessante. Viu? Estava brincando de novo. Não estou iludindo, é que as piadas são inevitáveis e isso é muito divertido. Você devia ver a sua cara!
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Injusto! Não foi a primeira, antes eu pensei em uma pizza. Mas agora que você perguntou.. eu tenho que escolher? A pizza ou você pelado? Não posso escolher os dois? 
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Embora eu tenha pensado na pizza antes de imaginar você pelado, acho que a segunda opção me faria mais feliz….quer dizer, esquece. Você não me leva a sério mesmo, huh? Pare de me iludir, Adam. Isso não é nada legal.
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shafiqss-blog · 10 years ago
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Acabamos de sair de uma situação quase letal depois dessa missão, Savage. Eu estava perdendo a cabeça de preocupação e a primeira coisa que você faz quando me encontra é me imaginar pelado?
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Só você para me fazer rir ao invés de ralhar com você por me deixar preocupado. Vem, melhor te arranjarmos esse pedaço de pizza logo. Ou prefere que eu tire as roupas?
Podemos discutir minha síndrome de super heroína comendo uma pizza? De verdade, acho que eles só nos descobriram porque ouviram meu estômago roncando. Aliás, esses machucados te deixam bem sexy… quer dizer. Esquece. Eu preciso de um namorado com urgência. Agora. Estou te imaginando pelado! Por Melin! Faz isso parar!
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