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— Muito provavelmente matou alguém importante, mas se você conseguiu sobreviver até aqui… Ué? Por que não esperava? Pelo que eu saiba, eu não te odeio ao ponto de te deixar ser torturada pela Guadalupe. Calma aí, você está pensando em fazer alguma coisa? 

Espero que tenha sido John Lennon... Ele nem era tão legal assim. Meio m��rbido desejar isso, né? Enfim... Obrigada...? Fazer alguma coisa? Eu não estava, mas... Não, é melhor não. Imagina que tipo de besteira essa menina vai fazer com as minhas coisas se descobre que aprontei com ela? Além disso... Ela vai ajudar os professores a coordenar as garotas... Vulgo mandar na gente. Você conhece alguém mais sortuda do que eu? Porque eu não conheço, não mesmo. 

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Quando o rapaz virou seu olhar na direção de onde deveria estar a Aurora, Nisrina abriu um leve e divertido sorriso em confirmar a inocência dele ao acreditar que o lance da festa renderia algo. — Eu avisei. — deu de ombros achando graça na situação mesmo que soasse insensível. — Só um pouco trágico, porque pensei que beijasse bem… — lançou despreocupadamente, embora se coçasse para tocar em outro assunto semelhante: Tinder. — Ah, eles devem estar procurando algum lugar para bebermos mais tarde, caso queira se juntar… E os seus?

Até abriu a boca para retrucar, mas achou melhor calar-se. Não tinha argumento que vencesse que sim, Rina estava certa, foi apenas algo no calor do momento. “Uh... Ninguém reclamou do meu beijo até agora, então, eu acho que beijo bem sim...” Se defendeu, ainda que um tanto incerto, voltando-se para a morena. Aquilo era um convite? “Oh... Claro. Eles devem estar... Não sei, na verdade. Angelo disse que precisava achar sinal para mandar mensagens para... Não sei quem. Acho que uma crush... Ou sei lá. E Nicole nem apareceu por aqui... Acho que finalmente estou sozinho.” 

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Meio protetores demais soava como um eufemismo, especialmente pela quantidade de produtos que a garota possuía, mas Nicole não achava isso nenhum pouco ruim — na verdade, as vezes queria que seus pais fossem um pouco mais assim. — Os meus? — foi pega de surpresa pela pergunta, mordendo o interior da bochecha antes de achar uma boa resposta. — Sim, eles são bem tranquilos… comigo, pelo menos. Parece até que esquecem que estou por aqui, porque não me dão muitas notícias… Mas não os julgo por isso.

“Ah...” Fez uma pausa, não sabendo bem o que dizer, considerando que era o extremo oposto do que vivia e não parecia ser tão bom assim; nenhum extremo era. “Eu sinto muito. Acho que nossos pais não souberam equilibrar esse negócio de cuidar dos filhos...” 

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— Sei que não tem nada a ver com o momento e é algo que nem teve um real desfecho, mas eu preciso compartilhar: eu e Brian estamos nos resolvendo. Só que, assim, nós conversamos sobre algumas coisas na festa e eu não sei como chegar nele para retomar o assunto, mas tirando isso eu ‘tô bem feliz.

Se resolveram? Como assim? O que eu perdi? 

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A infeliz surpresa alheia era a reação que Guadalupe esperava ao anunciar a notícia. Ou será que teria sido melhor ter feito ela descobrir sozinha? — Eu serei a porta-voz dos professores responsáveis e estarei supervisionando as principais atividades, além de ajudar a guiar as meninas para onde os professores quiserem também. Basicamente: vocês são as ovelhinhas e eu sou a pastora. — abriu um sorriso sem tanto humor no fim. Não foi tão legal receber esse trabalho, mas até que ganhava uns pontos extras. — Ganhei até um apito. Pode ir se preparando.

Se sentou conforme as informações chegavam em seus ouvidos, cada vez tendo mais certeza que era melhor ter ficado em qualquer lugar, menos ali. — Você está brincando, né? — Foi tudo o que conseguiu dizer, ainda incrédula demais para acreditar naquilo. Se fosse alguns meses atrás, até acharia meio excitante estar naquela posição, mas agora...? Era mais do que um pesadelo. 

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— Eu também achei, mas aparentemente os professores decidiram misturar um pouco as pessoas com o papinho de integrar mais… Duvido que essa ideia se sustente daqui pro final da viagem. — deu de ombros. Entendia que era uma proposta interessante, mas o número de pessoas insuportáveis até que era grande; sorte que Emily não caiu com alguém da lista negra. E, bem, não foi o caso de Lucas. Uma genuína careta se formou no rosto da boliviana ao ouvir o maldito nome masculino. — Que azar… Você acha que ele vai tentar dar uma escapadinha durante à noite? Não duvido, mas… — as reticências duraram um pouco por não saber como se completar. Já iria trancar a porta de seu quarto por razões óbvias, mas saber desse risco apenas aumentará a atenção de Estela quanto a isso.— Pelo menos você vai ter um quarto só para você na hora que realmente importa.

Concordou com a cabeça, entendendo muito bem aquele papinho, até porque também o ouviu quando foi anunciado que seu colega de quarto seria Cris. Levou sua mão até a nuca, esfregando o local enquanto esboçava um sorriso sem graça, soltando um riso de mesma forma. “Pois é... Acho que sim. Nessas viagens, ele sempre fica com alguma garota... Ou Aurora. Ela sempre tem uma recaída por ele.” Suspirou, cansado daquela história. Se sentiu mal por um momento de estar fofocando aquilo, mas... Teoricamente, não era com alguém ruim; era com Estela. Ela, sem dúvidas, não espalharia boatos de que Aurora era uma pessoa oferecida demais ou coisa assim. Afastou a mão e a enfiou dentro do bolso de sua calça, fazendo o mesmo com a outra. “É... Acho que temos isso em comum, huh? Digo... Você vai ter o tempo todo, eu por algumas horas, mas, hm, estaremos sozinhos.” 

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— Eu não sei, talvez esse seja o superpoder dele… mas sem esquecer do super irritante. Hm, eu flertei contigo? — franziu o cenho suavemente por achar aquilo esquisito. Ficou em silêncio durante um breve segundo tentando acessar alguma memória perdida daquela noite e lembrando vagamente de ter dito algumas coisas… Só não sabia exatamente o que, logo, não fazia ideia se podia concordar com as palavras em seu estado atual. — Desculpa? Eu acho… Talvez eu fale demais quando estou bêbada, então se fui escrota: desculpa mesmo.

Assentiu com a cabeça lentamente conforme o superpoder era mencionado, não sendo de seu interesse acrescentar mais coisas; Riley já havia dito o suficiente. Além disso, haviam coisas mais importantes a serem discutidas ali. “Flertou.” Afirmou, contendo o seu sorriso de tomar conta de seu rosto, o deixando o mais discreto possível. “Não foi escrota, só... Não achei que eu fosse seu tipo, ou sei lá.”

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Se o relacionamento das duas já não era um dos melhores antes, depois daquela festa idiota a coisa só piorou. Guadalupe observou-a se jogar na cama, mas, temendo estar olhando até demais, não demorou para focar em sua mochila e começar a organizar suas coisas. — Ele deve ter feito um sorteio e está falando isso para evitar bagunça. — falou sem entonação alguma, apenas dando de ombros. Por mais que já esperasse aquela pergunta da Louisa, ouvi-la era esquisito. — Sim. — respondeu com certa irritação. — Na verdade, eu com certeza irei te ignorar, mas espero que consiga fazer o mesmo apesar de eu ter sido escolhida para coordenar a ala feminina. 

Provavelmente, respondeu mentalmente sem se dar ao trabalho de mover um músculo seu, só encarando o teto. A afirmação um tanto irritada fez com que Lance quisesse a encarar, erguer uma sobrancelha ou só ver qual era a expressão em seu rosto, mas a informação seguinte fez seu tronco se erguer, apoiando-se nos cotovelos para encarar a outra morena. “Que?! Coordenar como?” Apesar de ser um tanto óbvio, queria saber que tipo de coisa seria coordenada por Lupe. Se aquilo já não estava infernal o suficiente, o nível aumentou até demais para si. 

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Ofereceu um sorriso à loira ao ser presenteada com o repelente ainda novo. Como Emily conseguia ser tão adorável mesmo numa situação tão simples? — Obrigada! Você está salvando a minha vida. — disse desviando seu olhar sobre a embalagem em mãos, pois não sabia ao certo o que falar para manter alguma conversa. — Seus pais costumam exagerar com esse tipo de coisa?

“De nada.” Deu de ombros, não achando nada demais se livrar um pouco dos repelentes; até deveria agradecer por Nicole estar precisando, senão poderia ser motivo de piada por conta do exagero. Emily sentou na cama com as mãos no colo, entrelaçando os dedos um nos outros. “Hm? Ah... Eles são meio protetores demais as vezes, então... Sim.” Assentiu levemente com a cabeça, pressionando os lábios numa linha reta. “Os seus pais são mais tranquilos?”

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Esperando por outra reação, Estela franziu o cenho por um breve segundo em estranhamento, mas talvez era exagero assumir qualquer coisa… embora Lucas estivesse um pouco esquisito desde a festa. Será que aconteceu alguma coisa lá ou depois? — Ah, isso é. Vi que algumas pessoas estão dividindo quarto com outras que nem sequer se dão bem, então fiquei bem feliz em saber que estarei sozinha… apesar de que seria muito bom dividir o quarto com Emily. — falou tentando se manter positiva quanto a sua “sorte”. — Eu ficarei no quarto 14 e você? E, ah, com quem você está dividindo quarto?

Assentiu com a cabeça devagar enquanto a escutava falar, só conseguindo repetir a cena horrível dela ficando justamente com seu colega de quarto atual. Será que não lembrava de nada mesmo? Essa felicidade era por causa dele ou por estar sozinha...? Não, Estela era inteligente demais para se animar com Cris... A menos que... Piscou rapidamente. “É, que estranho não colocarem você com a Emily... Vocês sempre estão juntas.” Comentou aleatoriamente, antes de responder. “Estou com o Gomez... Cris. Mas, duvido que ele passe a noite no quarto, sabe? Ele tem fama de que fica... Em outras camas.”

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— Tudo sim e contigo? — retribuiu a pergunta mais com o objetivo de acelerar o início das conversas, que costumam ser chatas, do que por real interesse. — Não queria jantar só, mas espero não estar roubando o lugar de seus amigos. Ou, quem sabe, o lugar da Aurora. — provocou com divertimento. Será que ele já tinha desencanado do que rolou na festa?

“Tudo bem...” Mal havia respondido e já estava ouvindo um complemento, o que realmente a morena queria falar consigo. Suspirou baixo, tristemente virando seu rosto para encarar Aurora ao longe, conversando com suas amigas populares e cercada dos jogadores... Ela nem deveria se lembrar do beijo deles. “Não... Acho que ela não lembra de nada do que aconteceu. E mesmo se lembrasse, duvido que fosse voltar a falar comigo.” Deu de ombros, tentando não parecer chateado com isso. “Onde estão seus amigos?”

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— É sério isso? O universo ‘tá querendo fazer render essa coisa entre vocês duas. Mas e ai? Se quiser, pode dormir lá no meu quarto… a menina com quem estou dividindo até que é legalzinha, apesar de nunca ter conversado com ela.

É sério... O universo me odeia, eu já cheguei nessa conclusão. Não sei o que eu fiz em vida passada, mas já entendi, foi algo pesado. Dormir com você...? Por essa eu não esperava, mas, é, vou pensar... Não sei qual de vocês duas faria uma pegadinha mais pesada comigo, mas... Ao menos eu sei que você não ia sair me difamando pela escola inteira. 

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— Existe algo que eu preciso lembrar? Porque minha mente está um pouco bloqueada depois de relembrar da imagem do JJ vomitando quase no meu pé enquanto gravava stories, sei lá.

Aquilo foi bem nojento... Como aquele cara conseguia pensar em stories mesmo morrendo? Enfim... Você meio que flertou comigo. Lembra dessa parte?

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Aquela excussão não havia a animado muito e Louisa ser sua colega de quarto só comprovou o mau presságio. — Eu tentei falar com o coordenador para ficar no quarto de alguma delas, mas ele disse que quer “integrar mais os alunos”. — comentou colocando sua mochila sobre a cama disponível. — Imagino que exista outra pessoa com quem você gostaria de dividir o quarto, né?

“Qualquer pessoa.” Devolveu sem muito ânimo, quase em um resmungo, se jogando na cama que foi determinada como sua, colocando as mãos atrás da cabeça. Que viagem maravilhosa. Ainda com o olhar pregado no tento, continuou a falar. “Ele não presta muita atenção nos alunos, huh? Ou isso só foi uma desculpa para tentar ajudar a resolver nossas briguinhas... Como se ele tivesse noção do que aconteceu.” Murmurou a última parte, tão baixo que quase nem si própria ouviu. “A gente pode se ignorar até essa viagem acabar?”

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— Não estou nenhum pouco acostumada com isso… — Nicole fez uma careta enquanto tentava aliviar a coceira em sua perna, mas, mesmo que desejasse fazer uma simples pergunta, o fato de se tratar da Emily a deixava um pouco nervosa. — V-você tem algum repelente que possa me emprestar? Esses pernilongos estão me matando…

O comentário feito em voz alta não foi respondido, não por falta de interesse, mas por ser lenta demais. Emily nunca sabia o que dizer e todas as vezes que tentava soar casual, brincalhona, qualquer coisa do tipo, soava estranha. Acabou que a pergunta veio e finalmente pôde falar algo que não se sentia tão incerta, assentindo com a cabeça. “Tenho, tenho sim... Meus pais exageraram um pouco na compra.” Comentou com um sorriso sem graça, preferindo colocar a culpa nos pais do que em si mesma. Ela quem exagerou, não eles, mas... Ninguém precisava saber. Foi até suas coisas e pegou um dos vários repelentes, indo até Nicole e estendendo o produto. “Aqui. Pode ficar.”

[skamfloyd]

— Posso sentar aqui? — e nem esperou por uma resposta para se acomodar ao lado do garoto. A desvantagem de jantar num horário diferente de seus amigos era a chance de comer sozinha, mas se tratando do que gostaria de conversar com Seth, era melhor nem mesmo a Louisa a encontrar ali. — E ai?

Seth mal tinha virado e já deu de cara com a morena, nem conseguindo acreditar que a) haviam dado match no Tinder, b) ela estava sentada ao seu lado. Primeiro achou que os flertes não passariam de uma carência bêbada na festa — como os beijos de Aurora foram —, mas... Agora estava ficando confuso. “Oi.” A cumprimentou com um riso fraco. “Tudo bem?”

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— O que foi que aconteceu? Parece até que viu um fantasma…

Meio que é um fantasma, mas não do jeito legal...

Me colocaram no mesmo quarto da Guadalupe.