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o exagero sempre foi
a matéria prima da comédia
e quando a dor ficou exagerada
eu achei que poderia rir disso
um dia.
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Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
— Versos íntimos, Augusto dos Anjos
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Um coração que brilha e queima
jamais caberá na sua forma contida
de poeta que não sabe amar.
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meus olhos vêem a chuva e eu vejo meus olhos chovendo.
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Não tenho medo do amor, só tenho medo de amar as pessoas erradas. (de novo)
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Do coração, tripas foram feitas
Não que estas sejam menos nobres
Que o tão sublime miocárdio
É que eu deixei de senti-lo.
Bombear, de fato estava bombeando.
Eu estava respirando
Ainda que afogada na própria amargura
Vivendo, ainda que sem vida.
Na monotonia de um dia chuvoso
Na algazarra do pessimismo
Na lágrima rebelde que saiu sem avisar
Na dicotomia eterna entre tristeza e felicidade
Eu me encontrei no contentamento.
E não há morte pior que se contentar.
— vinte e quatro horas sem sorrir, L
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"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje quando me sinto
É com saudade de mim"
— Mário de Sá Carneiro
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Bernard Buffet (France 1928-1999) Pommiers en Fleurs - Flowering apple trees (1965) oil on canvas 81.2 x 116.2 cm
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Quarentena
Nem quarenta milhões de anos
serão suficientes
para eu me curar de você.
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José, por Drummond.
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
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“as cores da vida real só parecem reais de verdade quando você as videia na tela.”
— Laranja Mecânica, 1972
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sobre relógios e poetas.
é tão fácil te fazer em uma poesia
você não precisa de rima
você flui
faz nó virar laço
no mesmo compasso que o meu.
você me gira como o ponteiro do relógio
que insiste em dar voltas rápido demais
quando está por perto.
e depois se deita em meus braços
ao som de músicas sacanas demais
melodias sugestivas
e conversas anormais
intensas
silenciosas demais.
é fácil ser nós.
mas nunca seremos uma boa poesia
As poesias boas sangram
rasgam
dilaceram
nós somos bons demais
para a melancolia estética da poesia
mas eu não me importo
ouvi dizer que os grandes poetas
não falam de amor,
só de solidão.
(a voz de venus, L)
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Golfinho Astronauta
E quando o sol que pairava na minha janela,
invadiu teu rosto,
o relógio entregou que era a hora de você partir.
O beijo que você deu na minha testa,
foi a última vez que senti sua respiração
próxima a mim,
E é com ela que eu sobrevivo até hoje.
(A voz de Vênus, L)
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