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quando eu transformei isso aqui no meu bloco de notas para momentos horríveis, eu não imaginei que estaria escrevendo isso aqui agora.
de certa forma, eu acreditei que as coisas iriam sim melhorar e, realmente, já não sofro do que sofria nas palavras passadas que deixei aqui.
agora o sofrimento é outro e me encontro pior do que antes, porque as palavras não só fugiram de mim, elas se perderam e me enganaram.
eu sinto tudo, sinto mais e mais forte, mas falo menos. é como se meu peito apertasse e apertasse e apertasse e apertasse, mas nunca explodisse.
bonita nunca me achei, apenas sabia valorizar meus pontos fortes (padrões); magra? nunca, falsa magra - mas eu nem sabia que esse termo existia; fraca. bom, esse é mais complicado.
agora são 3am e eu só penso em acabar com tudo isso. não por drama ou, sei lá, chamar atenção, na real acho que é totalmente o oposto.
eu quero sumir, quero que as pessoas me esqueçam e percam meu rosto em suas memórias. não sou digna de existir porque não me admiro como pessoa, e se não me sinto bem na minha casa, meu corpo, onde mais eu deveria?
eu achava que minha mente era um pesadelo quando tinha 17 anos e minha perspectiva de vida era mofar em uma cidade minúscula com pessoas ridículas. agora eu sei que não é assim, e não digo que eu estava errada, mas a vida cobrou de outro jeito - ou melhor, vários jeitos.
eu tinha 14 anos quando conheci o André. sinceramente? esquisito. ele tinha 17 e estava saindo do ensino médio. tenho pena daquela garota, perdida, sem saber o que fazer (e fazendo de tudo) para ser vista e adorada.
cometi abusos comigo mesma por diversão, por experiências. foi minha escolha, mas eu não tinha o direito de ter escolhido isso para mim.
tempo passou, o resumo da ópera é que ele voltou.
aquele foi, provavelmente, meu melhor momento, o momento em que eu mais vivi. não usava mais redes sociais, lia as notícias de manhã enquanto tomava café, sentava na área de casa e lia livros incríveis.
minha melhor decisão foi ter escolhido a imaginação, a criatividade e a emoção para me ancorar. apesar de hoje ser diferente, essa é uma das poucas coisas que me fazem querer ficar viva: voltar a amar a literatura, os livros e as palavras.
esse foi o momento que ele reapareceu na minha vida. dali até o próximo ano, quando fomos morar juntos, uma maré de coisas aconteceram e indicaram que era uma péssima decisão, mas eu era uma adolescente boba e apaixonada que acreditava no amor. e isso é verdade, eu queria tanto que funcionasse, queria tanto que parasse de doer que fui até o fim. passei por cada vez que ele levantava a voz, que era cínico e manipulador, grosso e infantil. ah, infantil. ele odiava essa palavra. "se você me acha infantil, então agora eu vou ser".
foram... momentos difíceis para uma adolescente de 17 anos.
eu tentei, por muito tempo, depois que tudo acabou, não culpar ele, ou ao menos tentar entender a perspectiva na visão dele. não deu. ainda me sinto traída, violada e idiota. mas acho que sou boa demais para odiar os outros, até porque a história continuou.
fiquei noiva. puf. uma pessoa do meu passado, Pedro, voltou e bagunçou toda minha cabeça. por quê? eu estava nos últimos meses do ensino médio, não tinha ideia do que fazer, só queria ir embora daquela cidade. puf. ele "sentiu algo" por uma menina que conhecemos junto em um rolê, amiga dos amigos dele. puf. ex-noiva. puf. término.
devia ter parado aqui. eu... deveria ter parado ali.
mas eu amava aquele desgraçado e acreditava, de coração, que toda a dor, todo desprezo e ódio que eu recebi valeriam a pena. fui humilhada por ele, pelos amigos e pela família, mas eu aceitei, eu estava errada por ter ficado com pessoas enquanto estávamos separados, por ter escolhido não ser mais uma noiva porque haviam muitas coisas acontecendo e eu, sim, me arrependi de ter pego uma responsabilidade maior do que poderia carregar.
eu perdoei ele por tanto coisa, só que quando chegou a vez dele de puxar a corda...
ele
me
enforcou.
mas me aceitou de volta, e nós "recomeçamos".
lembro até hoje das mentiras que contei para minha família pra que não soubesse que eu que fui a palhaçada.
ah, doía pra caralho, não era fácil. a amiga que ele "sentiu" algo ainda estava presente na vida dele. eu implorava para ele parar de falar com ela, mas "quando você me der um motivo válido, eu paro". motivo válido? enfim.
pulamos, enfim, para são paulo. resumindo, nos mudamos em períodos diferentes, mas sempre em mente ficar e construir uma vida juntos.
lembro do dia que eu já estava aqui, ele ainda não, e estava conversando com a minha mãe por ligação. ela me disse: "agora você pode fazer o teatro que você sempre quis, filha". acho que nunca tive uma epifania tão intensa. desliguei a ligação com a minha mãe e liguei para ele, queria muito contar.
"eu não vou namorar uma atriz".
mas, por quê?
"você vai beijar outros, interpretar cenas de sexo com outros. não posso viver com isso."
meninas, dali para frente eu tomei uma decisão. tomei a decisão errada. nunca, jamais, por favor, esqueçam seus sonhos por ninguém. foi o que eu fiz. "um sonho por outro", e no fim fiquei com um pesadelo nas memórias. é difícil pensar nisso sem me culpar e sentir essa angústia, esse arrependimento de não ter, de novo, me escolhido, escolhido o meu bem-estar. veremos mais para frente que as coisas não mudam muito.
vivemos por quase 2 anos juntos. tivemos o melhor presente que eu já ganhei, o nilo e o cappuccino. nunca amei tanto dois seres quanto eles, apesar de hoje eles não fazerem ideia de quem eu sou mais.
eu amo vocês, meus filhos. me desculpe.
dia 1 de janeiro de 2024, viajando para nossa cidade, depois de muita luta, muitas tentativas de consertar e inúmeras discussões, eu coloquei um ponto final. simplesmente estava no meu limite.
eu confesso que na hora não pensei no que ia ser quando voltássemos para são paulo, mas confiei que a pessoa que partilhei a vida iria ser justa.
porém, novamente, eu cometi o erro de ser livre.
assim que terminei com ele, saí para encontrar o Pedro. sinceramente? não foi tão especial, mas eu precisava daquele momento como mulher.
de alguma forma ele ficou sabendo. quando chegamos em casa, ele explodiu. me xingou, humilhou e me ameaçou. eu confesso que aquele dia achei que fosse morrer. não que ele ia fazer algo comigo, mas que meu peito fosse explodir na frente dele e meu corpo fosse despedaçar enquanto ele gritava cada palavra ácida, que ela sabia que doía.
ali, de certa forma, eu já sabia que perderia meus filhos. ele tinha mais dinheiro, ia ficar na cada. me fez sair e ir de volta pro meu pai.
essa época é difícil. muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo e acabei conhecendo o Nícolas nessa bagunça. mas antes de continuar, eu preciso escrever uma última vez sobre eles.
meus filhos, me perdoem. eu tentei lutar por vocês, eu juro que eu tentei, eu juro. eu não tinha casa, não tinha dinheiro e achei que ia morrer. eu sei que ele vai cuidar bem de vocês, ele ama vocês, isso eu tenho certeza. eu nunca vou esquecer o cheirinho, as patinhas e os pequenos detalhes que vocês têm. apesar de vocês já terem me esquecido, eu terei vocês sempre comigo, eu prometo. eu amo vocês pra sempre, p&b e bege. pra sempre.
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Nícolas. acho que é um dos nomes mais bonito que eu já vi. claro que conheci outros, mas esse é diferente, sempre foi, e agora eu entendi a sua dor quando chamei o Lucca de "diferente". é incomparável.
ele me salvou, claramente. tanto fisicamente, me dando sua casa quando eu sabia que não podia continuar no meu pai, pois claramente iriam ter divergências, quanto emocionalmente. ele se apaixonou primeiro, isso é óbvio. ele fez que eu me apaixonasse por ele, loucura. ele tem esse jeitinho que é só dele, não dá pra negar.
ele foi tão bom comigo que eu ainda espero um dia acordar e ele jogar tudo isso na minha cara. alguns traumas a gente não supera, só aprende a viver com.
dia 16 de abril eu senti tanto aquele pedido de namoro, tanto que doeu. eu sabia que talvez não fosse o momento, era muito cedo, mas o estrago já tava feito. é claro que eu aceitei e foi o sim mais feliz que eu já proferi na vida, o sim mais leve.
"Millena".
claro que eu sabia quem era Millena.
uma vez, quando ele ainda me levava pro meu pai, milly🐚✨️ ligou pra ele. ali ele me contou a história da ex-namorada. um dia, ela cometeu o erro de principiante de seguir a Larissa sem querer, e a gente viu. ela queria alguma coisa. ele perguntou, sob meu pedido, mas ela não respondeu (é o que ele me diz).
só que naquele momento... aquele era meu momento de felicidade, era minha esperança e nova perspectiva do amor, do cuidado e do carinho que uma pessoa merece. mas ele me chamou pelo nome dela.
escrever isso agora é tão... vazio. é como se eu tivesse esgotado todas as energias só naquele dia, e de lá pra cá eu venho empurrando a vida.
houve justificativa. resumidamente: trocou a ordem da frase que ia dizer.
a primeira impressão é a que fica, não é assim que dizem?
fiquei obcecada. olhava as redes sociais dela todos os dias. pesquisei, salvei e descobri tudo que eu podia. sei coisas que provavelmente nem ela lembra sobre si mesma.
virei um banco de dados tóxico.
em sequência, fui demitida. me afundei em dívida. não quero falar sobre isso porque me causa vergonha, e com esse sentimento eu ainda não aprendi a lidar.
um dia, mandando currículo, achei o vídeo. um vídeo que ele fez pra ela pedindo desculpas por foda-se, de 2022.
ali eu parei e pensei "não vou assistir, é invasão de privacidade". mas eu estava maluca, e óbvio que eu vi.
imagine um espelho do teto ao chão, em todas as paredes. você se vê várias vezes e se olhar demais acaba se perdendo em você mesmo, naturalmente. agora, imagine sangue. um punho no espelho, o seu punho, ensanguentado e pulsando nos cacos de vidro que entram pela sua pele cortada. arde, mas por quê? é você, é seu reflexo, é seu punho, é você que mantém ele ali.
acho que essa é a forma mais visual que consigo descrever o que foi ver aquele vídeo e descobrir que ele apenas replicava o que fazia com ela, comigo.
é uma dor diferente porque, pelo menos no meu caso, diz mais sobre mim do que sobre ele. desde essas descobertas eu nunca mais cheguei perto da felicidade, ou o restante que me sobrava depois de tudo. é como se meu corpo estivesse carregando mais peso do que suporta. meus ombros estão candados, meus olhos não enxergam mais a luz no fim do túnel e meu punho sangra incessantemente.
eu tô cansada, de verdade.
eu comecei a me ver diferente. feia, gorda e indigna. hoje acho que posso resumir nisso, apesar de ter demorado um pouco pra chegar nessa conclusão.
eu quero ser mais bonita que ela, eu quero ser mais magra e mais digna de amor do que ela.
ele fazia tantas declarações pra ela, interagia tanto, mostrava tanto amor por ela e eu... eu tive que pedir por essas coisas. e agora tudo parece tão forçado, tão sem graça.
que garota idiota, olha as coisas que me machucam.
são apenas stories, o mundo não vai acabar se ele não postar você nele por livre e espontânea vontade. são apenas tweets, ninguém nem sabe quem é você nessa rede, menina.
mas ele fazia antes, fazia isso com ela, e muito.
já foi, passou. supere você a ex-namorada do seu namorado, você que criou essa situação.
postei uma foto um dia. tragic, saygrace. com essa música. é uma música perfeita pro momento que eu estava vivendo, e eu postei uma foto com ela.
ele comentou alguma coisa. meu amigo, Alisson, comentou um "eu te amo". uma hora depois, ele também comentou "eu te amo". não sei se ele sabe que eu vi, mas eu vi, e isso me atormenta. tive que tirar a foto do feed, não aguentava mais olhar pra ela e lembrar disso.
tem uma foto no perfil dela agora, e tem um comentário dele escrito "EU TE AMO". novembro de 2023, quando eles "já tinham terminado". eu não procuro mais essas coisas (depende), eu só decorei.
e adivinha? eu estou aqui ainda, na mesma posição, na mesma cama do lado dele.
faz 3 meses que não me alimento direito. já fiz dias e dias de jejum. se eu não posso ser mais bonita ou mais digna de amor, eu posso ser mais magra. posso olhar pros meus punhos ensanguentados no espelho e sentir orgulho de mim, da minha magreza.
a verdade é que eu morro de medo de morrer e é só por isso que ainda estou aqui. eu sempre acho que tô no meu limite, afinal eu já passei por muita coisa, não dá pra negar. só que agora eu acho que é sério e eu não sei o que fazer.
eu tenho 20 anos agora. pois é, nem se passou tanto tempo. e pra mim, sinceramente, já deu. eu não vou me matar porque além de tudo, sou covarde.
talvez eu mate a bruxa má do oeste. quem sabe valha a tentativa, não é, leão?
esse foi o texto mais vergonhoso, humilhante e sincero que eu já escrevi.
oi, estrelinha. posso fazer um pedido?
por favor, Mariana, volta pra cá, tira essas coisas de você. eu não sei quanto tempo mais eu consigo. eu juro que estou tentando, é tudo de mim, eu juro. não é muito, eu sei, mas eu dou tudo de mim todos os dias. mesmo não aguentando mais sobreviver, eu quero viver. eu quero comer coisas gostosas sem me culpar, eu quero olhar no espelho e não ver uma versão minha que me dá desgosto. eu quero que o meu namorado me veja e me ame, não ela. eu acho que consigo aceitar tudo, menos ser vista como ela, ser tratada como ela.
ao mesmo tempo que eu quero ser, eu quero esquecer. a minha cabeça não para um segundo de pensar nela, nele, neles, em mim.
eu só quero viver o amor que eu encontro nos livros. eu realmente ainda acredito nele, mas a linha tá tão fraca, tão estreita. eu tô com tanto medo.
tenho mais cortes do que litros de sangue, então, por favor, vida, tenha piedade de mim, só pra que eu consiga sobreviver mais um pouquinho. por favor.
sou umas só romântica ultrapassada que vai matar ou morrer de amor.
falei tanto e ainda sinto que tenho tanto pra dizer. quem sabe eu me engasgue com as palavras um dia e perca o meu ar. eu me sentiria grata.
você não sabe de nada disso, vó Cida, e eu espero que nunca saiba. que pra você eu seja sempre a garotinha que você criou, exatamente aquela menina que te deu tchau a última vez antes de ir embora definitivamente. talvez eu não consiga passar por isso, mas eu prometo que vou esperar você partir primeiro. eu prometo. eu te amo.
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acho que me perdi
me misturei com alguém que nem conheço
e agora não sei quem ser pra você
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eu mesma me disse que não deixaria isso acontecer de novo
perder tudo
perder um quase tudo
de novo
no fim das contas é isso? todo o amor que eu escolher pra mim irá doer assim? irei acordar todos os dias ao lado de quem eu não tenho certeza se realmente me vê?
olho para as meninas na rua e me pergunto se elas já passaram pelo o que passo agora, se elas superaram isso. essa dor no peito, essa sensação de vazio, de não saber quem eu sou porque ele não me via, mas ela.
talvez ele deveria lhe comprar flores.
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não importa o quanto eu tente escrever sobre aquele amor que traz flores no outono; que descasca a laranja e ainda corta a tampa; que vai buscar na porta em pé de chuva com o guarda-chuva todo arrebentado. ah, não. esse tipo de sentimento é bom mas não tão voraz a longo prazo.
não me vêm as palavras certas para escrever sobre o amor. eu ainda não o conheço mesmo vivendo ao teu lado; acredito que vá demorar até que nos entendamos.
se tem algo que eu sei é da dor. não a dor exaustiva do Raimundo que não pode ler a paixão, nem a daquela mulher que só queria ser menina de novo. eu falo é da dor do amor.
pois, se tu não conheces o amor, como sabes a dor que este causa? e eu vou saber, hein? faça perguntas difíceis não porque se eu as tivesse não escreveria. escrever já matou uma moça, porque não mataria outra?
escrevo e escrevo nada, então entenda logo: a dor não tem parentes nem inimigos; nada se assemelha e nada se opõe.
o que estaria perto da dor? sofrimento, infelicidade? não, não. não é suficiente. não dá para abrir o dicionário e ver sinônimos da dor. não dá, não. e oposto? piorou.
acho que é isso mesmo; a dor é medida diferente para cada balança mas dói do mesmo jeito para todo mundo, e ninguém pode, nem nunca poderá - a não ser que mude nossa natureza -, mata-la.
a dor jamais morrerá porque se consome da própria morte.
então, por fim, vou falar dela. se vai me acompanhar até o fim, que sejamos próximas. não vou nega-la, não. adianta de nada.
se me permitir, ama, escreverei sobre ti para o resto de minhas palavras. não são as mais apropriadas e muito menos tem algum valor. mas é isso que tu gostas, não é? do nada; do vazio. sei porque te conheci por lá.
acredito que fique feliz com o total fracasso que possa ser a minha vida, então fique a vontade para sentar-se ao meu lado; tome um ingresso gratuito.
vou viver sob a lama e vou descreve-la. a dor me é íntima. não tem vergonha de ficar nua para mim e eu a aceito. como poderia não? é como abrir a porta para um conhecido desconhecido e ele se oferecer a entrar; é indesejável, ninguém quer, mas vai mandar embora?
bom, eu não mando pois não vai embora mesmo.
bem-vinda, senhorita! aceite a oferta de minha mão e vamos viver o resto de nossas existências jogando um jogo que sabemos que eu irei perder.
sim?
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a tristeza sempre fica mas a dor não precisa ficar. se ela ficar, vá.
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eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu não sou suficiente eu nao dou suficiente eu não sou suficiente
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quando você pede para que eu fale de mim, na verdade só quer uma abertura para falar de si.
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não, não acredito que este seja o fim.
"olhe em volta. não há mais nada."
mas algum dia houve?
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meu olhos foram roubados pelo amor. as desgraças não me afetavam; a fome não me incomodava; o sono não existia. mas, ao pequeno gesto deprimido do outro, eu morria.
não existia guerra mais dolorosa do que a que eu travava contra suas expressões; não existia alagamento mais sufocante do que a enchente nos seus olhos.
o mundo poderia ter acabado ali mesmo, e eu não perceberia. a terra poderia ter virado cinzas, e eu estaria na mesma posição; prostada, implorando misericórdia por minhas dores.
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