Eu sonho muito! Às vezes sai umas coisas legais! Dependendo, escreverei sobre ou inspirado por esses sonhos!
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Tio Suh + Thi
FINALMENTE! A saída! - exclamei, com um sorriso no rosto. Olhei para meu sobrinho, que estava com os olhos brilhando e também sorrindo. A luz do lado de fora daquele lugar, repleto de armadilhas e monstros mitológicos, se encontrava no topo de uma escadaria. Não uma escadaria normal, mas uma que parecia ser feita para alguma espécie de gigante. Apesar disso, vi que conseguiríamos subir por ela. Bastava que trabalhássemos juntos.Sim. Nós dois juntos!
Apesar da pouca idade, meu sobrinho se mostrava cada vez mais a escolha correta como parceiro naquela aventura. Eu cuidava dele. Ele cuidava de mim. Vi que precisávamos pular de onde estávamos, atravessando um abismo, para alcançar o começo da escadaria. A distância não deveria ser pouco mais do que dois metros. Coisa fácil, para nós, que havíamos passado por tudo aquilo lá embaixo.Comecei a correr e me preparar para pular. Não precisei dizer nada e nem olhar para confirmar: meu sobrinho pulou junto comigo.Chegamos tranquilamente na base dos degraus. A plataforma onde estávamos antes desmoronou e sentimos o chão tremendo.Notei que a coisa seria um pouco mais séria ali. Mas não esperava aquilo: os degraus gigantes começaram a vir em nossa frente, deslizando um após outro, tentando nos empurrar para o abismo que havíamos acabado de atravessar.Meu sobrinho começou a gritar, num misto de medo e excitação.-CORRE! - parecia óbvio demais, naquele momento, mas não pude deixar de gritar também.
Corremos e pulamos em direção ao primeiro degrau. Nossas mãos agarraram facilmente à borda e rapidamente escalamos. Não paramos e já estávamos trabalhando no próximo obstáculo a ser escalado.Apesar de tudo estar tremendo, e do risco de sermos mortos, eu comecei a pensar que conseguiríamos passar aquilo tranquilamente. Até que dois degraus passaram a vir juntos, formando um imenso paredão em nossa direção.Não dava para alcançar a borda com apenas um pulo.-E agora, tio?! - gritou meu sobrinho.-Teu escudo! Coloca ele para cima!Meu sobrinho carregava um escudo grande que havia sido bastante útil em nos proteger e também rebater projéteis. Tão logo ele colocou-o acima de sua cabeça, pulei em cima, usando-o como uma plataforma improvisada. Meu sobrinho foi em direção ao paredão, que se movia para nos derrubar, e então pulei.Minhas mãos seguraram firmemente à borda. Consegui me levantar e olhei para baixo. Meu sobrinho gritava para eu ser rápido.Joguei minha corda em sua direção. Ele prontamente a segurou e gritava "Me puxa, tio!" enquanto eu já estava fazendo isso. Apesar de eu não ter músculos fortalecidos, consegui içá-lo sem problema algum. Coisas que a adrenalina nos proporciona, provavelmente.
Não havia tempo para comemorar. Ainda faltava mais um enorme paredão daqueles para saírmos dali. Repetimos o mesmo esquema que nos permitiu chegar até ali: cooperação. Subi outra vez no seu escudo e pulei para a borda do enorme degrau.Já lá em cima, joguei minha corda outra vez. Mas dessa vez, ele não conseguiu alcançá-la de primeira. Vi o desespero se formando em seu rosto, ao ver a corda se afastar descrevendo um arco no ar.Esse último degrau parecia ser mais rápido do que os anteriores. Puxei a corda e joguei-a de novo, com toda força, em sua direção. Dessa vez ela foi certeira em sua mão!Andei para trás, puxando-o para cima o mais rápido que pude.Quando vi meu sobrinho ali em cima, junto comigo, gargalhei alto!-Conseguimos, huh? - e gargalhei mais ainda.-Quase não deu, né, tio? - e meu sobrinho se juntou à minha gargalhada.Logo nossas gargalhadas se reduziram à sorrisos em nossos rostos cansados. Olhamos para a saída. Aquela luz externa era um verdadeiro tesouro. Tão valiosa quanto o tesouro que havíamos ido buscar ali dentro.-Vamos? Ainda tem muitos tesouros para pegarmos lá fora!Dei uma tapinha gentil no ombro do meu companheiro de aventuras e rumamos para a saída. Juntos!
(Apenas mais uma jogatina de LARA CROFT AND THE GUARDIAN OF LIGHT com meu sobrinho!^^)
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Microconto inspirado por um sonho #1
O mais bizarro não é ter que agir como uma criança, para sobreviver. É estar fazendo isso numa escola infantil. Seria cômico se eu já não tivesse visto (ou não visto?) o que acontece com aqueles que não cumprem essa tarefa ridícula de agir como se tivéssemos um intelecto e capacidades bem inferiores aos de um adulto.
Apenas dois daqueles “zangões” ficavam na sala de aula. Estavam nos vigiando: um grupo de doze adultos confinados. Enquanto temos que nos comportar como crianças, “brincando” e falando apenas coisas bobas e com o português errado típico de quem mal começou a existir nesse país, os desgraçados nunca pronunciam uma palavra sequer. Não emitem som algum por suas gargantas. Isso é até um certo alívio para mim. O que me desgraça a cabeça são os sorrisos. Eles sempre estão sorrindo. Como se usassem uma máscara. Usam uma expressão acolhedora e gentil. Mesmo quando eliminam um de nós.
Óbvio que ninguém sabe precisar exatamente quando isso começou, mas quando nos demos conta, eles já estavam em maioria e nos controlando.
Os “zangões” são o que costumavam ser pessoas como qualquer um de nós. Mas, por motivos desconhecidos, eles se tornaram parte de algo maior. Agem como membros de uma coletividade. Devem ser regidos, assim como as abelhas, por uma “rainha”. Ninguém sabe se isso é fato, mas eu acredito que sim. Eles realmente agem como abelhas. Possuem uma tarefa e a seguem fielmente.
E tal qual como os zangões, eles permanecem quietos, caso não se sintam ameaçados. Se você se apresenta como uma ameaça à colméia, os zangões partem para dar ferroadas, protegendo a rainha deles, não é? No nosso caso, se agirmos como alguém como um mínimo de inteligência ou habilidade, logo eles partem para cima de nós. Chegam com sua força descomunal e arrastam quem quer que for para algum local desconhecido por nós, sobreviventes. Geralmente não são violentos, só levam a pessoa. Mas já vi muitas pessoas saindo mortas, porque acreditavam que poderiam sobrepujar os zangões e acabavam vítimas da super força dos desgraçados. Outra coisa curiosa sobre eles é um tipo de mente coletiva compartilhada que possuem. Basta um deles sair de sua letargia que logo dezenas (sim, dezenas. Sem exagero) de outros SURGEM para auxiliar, de onde for possível! Eu já vi um deles sair de dentro de um bueiro perto do pátio da escola, se retorcendo inteiro no processo. Acho que foi a coisa mais assustadora que já vi na vida.
Eles “cuidam” da gente. Mesmo sem pronunciar uma palavra sequer, sabemos que temos que cumprir um cronograma específico. Eles chegam junto (bem junto) de nós e esperam que façamos nossas obrigações. No começo, muitas pessoas foram levadas embora, por não saberem o que tinham que fazer. Mas, com o tempo, aprendemos nossas obrigações. Temos hora de comer, de tomar banho, de dormir e de acordar. Comemos o que eles nos dão, uma espécie de pasta verde que não tem gosto algum, junto com água. Tomamos banhos em grupo e sendo vigiados. Uma vez, enquanto tomávamos banho, uma moça escorregou e caiu. Espantosamente, um dos zangões foi ajudá-la a levantar. Quando ela sentiu o toque dele, esqueceu de nossa única forma possível de agir e empurrou-o, soltando vários palavrões. Ela nunca mais foi vista.
O único vestígio de liberdade que nos restou foi a ida ao banheiro para urinar e defecar. Basta levantarmos a mão e pedirmos para ir, no tom mais infantil e submisso possível. E isso pode ser a qualquer hora do dia. E, segundo meu relógio de pulso analógico, temos cinco minutos no máximo, ou eles abrem a porta e nos arrancam de lá.
Curioso, mas no banheiro não somos vigiados. A porta fica apenas encostada e eles nem sequer olham para dentro. O banheiro virou uma espécie de santuário para todos nós. Para rezar, recuperar a insanidade, para chorar baixinho ou, no meu caso, escrever.
Como professor de português, sempre gostei de tentar escrever. Nunca fui bom nisso, mas era algo que sempre me ajudava a relaxar e passar o tempo. Agora, tem sido a única coisa que tem me mantido ainda são.
Estamos nessa situação há algumas semanas apenas, mas parecem que foram meses já! Tenho usado o material da escola de forma clandestina para escrever aqui. E para traçar um plano de eliminar os desgraçados dos zangões. Ou pelo menos tentar fugir?
Já vimos que na força bruta não tem como. Eles são extremamente mais fortes que nós e mais resistentes também! Vi um deles sendo acertado por um extintor de incêndio na cabeça e o desgraçado apenas balançou para um lado e nada mais. Ficou de pé e, claro, sorrindo. Nem preciso dizer o destino do cara que o atacou, né?
Então pensei em usar fogo contra eles. Na verdade, uma explosão.
Aqui na escola temos uma cozinha, já que a merenda das crianças era por nossa conta. A escola fica numa área rural, afastada da cidade. Várias crianças vinham de longe. Muitas não tinham nem roupa direito, mas a certeza de ter uma refeição as motivavam a vir de onde quer que fossem. Então, confabulei com outro cara, através de recados aqui no banheiro, para deixar o gás do botijão escapar pela cozinha. Quando agimos como criancinhas, certas coisas não chamam atenção dos desgraçados. Já entrei na cozinha, que fica com a porta fechada sem ser na chave, algumas vezes. E já fui pego lá mais de uma vez, mas não aconteceu nada comigo. Bastou eu entrar no modo criancinha confusa e perdida chorando que o zangão apenas me deixou sair, sem problemas algum. Foi numa dessas que eu passei a mão nos fósforos de lá.
Papel temos em abundância por aqui. Então, a ideia é enrolar uma pedra com camadas de papel, acender e jogar lá dentro, através da porta.
Para fazermos um dos zangões entrar (apenas um irá, com certeza, já que possuem aquele tipo de telepatia), usaremos um truque que testamos antes. Fingindo medo, apontamos para um local qualquer e falamos que tinha um “bicho” lá e começamos a fingir chorar. Nas duas vezes que fizemos isso, o miserável foi conferir o local!
Então, quando ele for conferir dentro da cozinha, lançarei a minha “bola de fogo” lá dentro, torcendo para o outro zangão não estar por perto na hora.
Não sei se isso vai acabar por desencadear todo um evento que vai terminar com o pessoal daqui morto, mas creio que não seria uma opção tão ruim, comparado ao que temos agora. Mas, se der certo, pelo menos saberemos se o fogo os assustam ou algo assim. Por que é óbvio que o fogo vai matá-lo, né? Junto com a explosão! Eles não podem ser tão resistentes assim!
Enfim, amanhã é o grande dia! Iremos pôr o plano em ação. Se alguém além de mim lesse os meus manuscritos, pediria para nos desejar boa sorte.
Boa sorte para nós amanhã.
P.S.: Pra ser bem sincero: amanhã, se eu conseguir fazer aquele sorriso deles desaparecer por um breve momento apenas, não importando as consequências depois, eu posso morrer sorrindo.
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