#kenneth: thread 002
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gabsverse · 5 months ago
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kenneth já havia se envolvido diversas outras vezes em relacionamentos, sérios ou não, e gostaria de pensar que sempre fora respeitoso o suficiente. nunca havia traído nenhuma delas ou mesmo considerado o fazer, mas admitiria que já havia as negligenciado — por falta de melhor palavra. ele podia tentar, mas nunca estava ali para elas por inteiro. parte dele estava sempre preso à mishti e as necessidades dela, ao contato com ela, às visitas a ela. no começo, quando ainda tinha um pouco menos de noção, uma de suas brigas com uma ex namorada havia sido pela quantidade de vezes que o homem mencionava a amiga. ‘que linda o seu vestido! mishti tem um parecido.’ ou ‘nossa, esse bolo está ótimo. sabe quem gostaria? mishti. vou anotar pra recomendar pra ela depois’. ainda que frases inocentes, a frequência deixaria qualquer mulher enciumada e com direito. passou a se policiar, mas depois, eram as ligações frequentes. uma de suas ex chegou a reclamar que o loiro havia passado uma madrugada inteira falando com outra mulher, ao invés de transar com ela. muito embora seu comportamento sempre fora inevitável, sabia que todas elas estavam certas. por isso ele não queria repetir seus feitos com cassandra, não quando eles um futuro casamento os aguardava. além do mais, ainda que já houvesse namorado mulheres difíceis antes (era o seu tipo, mesmo), tinha certeza de que cassie não admitiria metade do seu comportamento passado.
um sorriso tímido lhe coloriu os lábios diante do comentário/elogio. com o passar dos anos, kenny havia reconhecido que aquele garotinho desengonçado e fora dos padrões há muito já não refletia sua realidade. alto, loiro, forte; demorou, mas eventualmente se acostumou com o fato de que era sim um homem atraente. de modo geral, algumas inseguranças nunca foram completamente repelidas, mas agora ele sabia lidar um pouco melhor com elas. “ah, é que eu nunca fui muito ligado em moda, né? se ela quer que eu me vista um pouco melhor as vezes, tudo bem. mas eu sempre digo que por pior que ela pense das minhas roupas, todas ficam muito boas nela” comentou com uma pequena risada, pensando em cassandra com sua enorme camisa xadrez. franziu ligeiramente o cenho ao perceber que por mais natural que havia sido sua frase, era muito pouco comum que kenneth dissesse algo do tipo sobre suas namoradas para mishti. não por algum cuidado específico, e sim porque geralmente so conseguia focar na garota quando estava com ela. mas agora falar de cassandra parecia absolutamente natural, inevitável, até. não haveria problema, certo? isto é — um mero comentário como aquele, que não ultrapassava nenhum limite de intimidade, não seria indevido. se cassandra seria sua esposa, falaria cada vez mais dela no decorrer dos anos.
ainda estava receoso esperando as reações de mishti, afinal, a amiga estava acostumada a ser sua prioridade há anos. para além disso, ela não lidava muito bem quando deixava de ser o centro das atenções de ninguém — não exclusivamente dele. cada resposta tranquila da morena era um alívio. “combinado. não vou decepcionar” assentiu, sorridente. era fato que ele estava tão ansioso quanto mishti para passarem um tempo juntos. com o restante da frase alheia, no entanto, sentou uma pontada de culpa. ela havia reservado os próximos dias para que passassem o maior tempo possível juntos, e ele a veria por apenas algumas poucas horas? se toca, kenneth, você vai casar. tem compromissos para atender, lugares para estar. mishti sobreviveria. “bom, pelo lado positivo, você pode usar esse tempo pra se estabelecer mais rápido. tenho certeza que vai ficar tudo mais fácil quando não mais tiver que ficar no hotel. que, aliás, deixe-me ver o endereço de novo” solicitou, garantindo que estivesse na direção correta, pois faltavam apenas alguns quarteirões. “está entregue” anunciou, parando na entrada do local. “nos vemos amanhã no jantar então? acho que vai ser na casa da cassie mesmo, mas te aviso” e então ele se inclinou no banco, dando um beijo na bochecha da amiga para se despedir.
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toda vez que kenneth mencionava a importância de cassandra em sua vida, mishti sentia como se o loiro se esquivasse a empurrando pra trás com a mesma força que levantava pesos. talvez com esforço, mas certamente com um objetivo em mente, e este era afastá-la do objetivo que ele provavelmente não fazia ideia que ela tinha. essa era a prova de que a castillo estava enraizada em sua cabeça, como um visco arrancando ideias e memórias que envolvessem a existência da mahajan — outrora não mais imponente e importante do que ela própria. mishti sabia que digerir as palavras de kenneth dessa forma era dramático e autopunitivo, e que a comparação não era justa (até porque a desvantagem era dela), mas a morena não podia evitar sentir-se preterida por cassandra e pelos limites que o sawyer estava transparentemente impondo. nesses momentos, queria esquecer o quão fiel aos princípios o loiro era, mas ao mesmo tempo, o sentimento agridoce de vê-lo firmar um compromisso com alguma coisa sempre a fazia lembrar que esse era o kenneth que amava. claro, não doía menos por isso. obrigava-se (afinal, precisava) a pensar que de nada adiantava jogar a toalha e afundar-se em lamentações enquanto ainda tivesse chance, mas não queria dizer que era menos frustrante. mesmo sabendo que era errado sentir-se desse jeito por alguém que não lhe pertencia, ainda assim era difícil para mishti não desapontar-se consigo mesma e com a situação.
apesar da recaída quanto ao retrato de sua capacidade de conquista que acabara de porcamente pintar, mais uma vez kenneth mostrava que tudo o que dizia poderia levá-la ao céu ou ao inferno em questão de segundos. ela sentia verdade em cada sílaba escapulida pelos lábios do loiro ainda hoje, e somente aquela declaração simples e tão cotidiana quando se tratava da forma com a qual kenny demonstrava seus sentimentos foi suficiente para que o sorriso desconfortável abrisse como um botão de flor satisfeito com a luz do sol. era isso que kenneth era. o sol. ironicamente, uma das coisas que mishti mais sentira falta no reino unido. a vida era bastante engraçada quando parava pra pensar.
tentou não se abalar pelo fato de kenneth afastar sua mão e, muito embora apenas aquele abraço desengonçado de lado recebido como um prêmio de consolação ainda fosse um pouco decente, ela era mishti mahajan e não se contentaria com somente isso. kenneth não perdia por esperar. "engraçado. eu morreria por você sem pensar duas vezes. tem algo que não tá batendo nessa equação." brincou, seguido de uma piscadinha ao tentar azê-lo rir, muito embora não fosse uma de suas melhores ou mais engraçadas respostas. mas mostrar pra ele que ela tinha um nível de intensidade maior mesmo que na esportiva dentro da intimidade que tinham pra fazer esse tipo de brincadeira era importante. "não sei o que tem de errado com as suas roupas. você tem que aparecer como você quer. ela deve ter total noção de que você fica bonito com tudo." resmungou, falhando em mascarar o ranço pela castillo, muito mais pela doçura nos trejeitos de kenneth do que pelo comportamento em si. talvez fizesse até o mesmo se tivesse a oportunidade de ver kenneth vestido com algo bonito e que teria certeza que ficaria bem nele. o carro pareceu abafado por um instante, e mishti quase teve certeza de que sua irritação era o motivo de tamanha reação química no ar.
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deixá-la em casa era melhor do que nada, então mishti não pensara duas vezes antes de aceitar a carona e agradecer pelo gesto. dando partida, a mahajan pareceu, enfim, resolver o problema. "eu vou perdoar você por esse pecado capital de não me recepcionar direito depois de um vôo tão longo, mas você me deve, kenneth. não se esqueça disso. e eu quero pizza de paneer na primeira oportunidade que você tiver pra passar um tempo comigo." não foi uma sugestão. ela apenas o intimou, assim como nos velhos tempos. obviamente ela não comentara sobre isso ser feito no quarto do hotel em que ficaria ou no apartamento que logo alugaria, mas ah, ele iria. "eu estou em um hotel. triste, não? ainda não tive tempo de ver como o apartamento está. e eu tenho que me organizar, começo na FRIDA em dois dias. definitivamente não vou ficar na casa dos meus pais. vão tentar planejar e controlar cada segundo dos próximos dias. e eu meio que tinha reservado pra você."
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gabsverse · 5 months ago
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kenneth ainda tinha em seu rosto um sorriso, mas os olhos cresceram um pouco, em um pânico interno. ‘sua morena favorita.’ seria aquela uma constatação justa? ele estava noivo, afinal. e teoricamente, a mulher com quem planejava casar deveria ser a pessoa mais importante para ele. não que qualquer coisa no mundo fosse capaz de mudar a estima que o loiro sempre tivera pela melhor amiga, e certamente não era como se ele se importasse com ela um por cento a menos sequer, mas sentia que considerá-la acima de cassandra era simplesmente errado, dado o contexto. como se mentisse para a futura esposa sobre o que ela representava para si. e kenneth a amava. certo? certo… é, certo! então, ele talvez devesse considerar ambas no mesmo patamar, apenas de maneiras diferentes. cassie e mishti tinham seu amor por completo, porém amores distintos. deveria ser assim. “nem acredito que está de volta para valer depois de todo esse tempo.” comentou, com sinceridade. não que pensasse por um segundo que ela havia voltado por ele, há alguns anos havia feito as pazes com o fato de que mishti jamais voltaria. mas porque sempre fora como se seu lar, e todos os que o representavam (ele próprio incluso) fossem pequenos demais para seus grandiosos planos.
três anos, para ser mais específico. faziam três anos que kenny finalmente aceitara que a amiga nunca se contentaria com… bem, com ele. havia considerado seriamente se mudar para londres atrás dela, na época. tinha sido por isso que viajara na ocasião, inclusive — não que ela sequer sonhasse com aquilo. em algum surto psicotico, o sawyer havia decidido que enfim seria honesto quanto aos sentimentos que enchiam seu coração toda vez que a via. até mesmo havia confidenciado sua decisão à irmã mais velha, na época, considerando que a parte mais difícil seria deixar sua família em outro país. e ah, ele chegou tão perto! no reino unido, no entanto, as coisas não saíram como ele havia planejado. mishti tinha sua agenda repleta de compromissos que não poderia desmarcar, e um deles era com um modelo idiota que ela havia esquecido de mencionar ser seu mais recente caso. nada sério, ela tinha esclarecido. não importava. kenny percebeu que já havia passado da hora de superar aquele sentimento que jamais seria retribuído. não a culpava, muito menos a ressentia. era culpa somente dele que tivesse se permitido iludir por tantos anos, envolvendo-se em buscas românticas repletas de auto sabotagem enquanto se resguardava para um amor que jamais aconteceria. quando se despediu da jovem no aeroporto, decidiu se despedir também daquela trava que havia colocado no coração. e demorou, claro. não foi fácil e nem agradável. a distância física ajudava, mas o contato constante e a própria prontidão a estar disponível para ela sempre que precisasse tornava tudo mais difícil. mas conseguiu. e então conheceu cassandra. e agora ele estava noivo. e amava sua noiva! precisava tomar cuidado para não cair em padrões antigos, não agora que estava feliz e via um futuro em sua relação.
“claro que eu quero. estou ansioso para minhas duas pessoas favoritas se conhecerem” a frase não fora tão inconsciente assim, pois quis reforçar de algum modo que ele não poderia mais priorizar mishti como fizera a vida toda. não se ele quisesse ser feliz com outra pessoa. foi como um lembrete em voz alta de que o lugar antes ocupado unicamente pela melhor amiga, agora era partilhado. presumia que ela talvez não lidasse tão bem com as mudanças que estavam por vir na dinâmica dos dois, mas aquilo estava fadado a acontecer eventualmente. o sawyer simplesmente não poderia continuar deixando tudo de lado por ela. mishti havia passado uma vida correndo atrás de seus objetivos, independente de tudo e todos. era a vez dele fazer o mesmo. olhou para a mão que segurava a dele, quase suspirando audivelmente diante da carícia. sabia que não seria fácil manter sua decisão quando a visse pessoalmente outra vez, mas não sabia que a batalha interna travada seria tão difícil. sentiu o peito apertar em desconforto, não porque não gostava do toque, nem porque pensava em cassandra, mas porque se sentira fraco por um mero toque ser capaz de lhe confundir a mente outra vez. tossiu, como se o som fosse capaz de trazê-lo de volta ao eixo. dessa vez, seria forte: seguiria decidido. discretamente, soltou a mão da dela, sob a desculpa de precisar de ambas para ajeitar a mala pesada em mãos antes de segurar o celular ali apenas para que a mão não ficasse livre. ‘você está noivo, kenneth. não pode passear por aí como se mishti fosse sua namorada’
“fico feliz em ouvir isso. você sabe que eu não vivo sem você, mish” respondeu, dizendo nada menos do que a verdade. uma verdade que ele vez ou outra desejava não ser. porque as vezes era dolorido demais sentir aquilo. amá-la tanto, querê-la muito mais. não parecia justo nem com ela, que sem intenção alguma causava nele aquele buraco no coração toda vez que ia embora. já havia desejado parar de se importar tanto. já quis que a distância os afastasse, que ele eventualmente se cansasse de estar de prontidão. mas nunca chegara nem perto. infelizmente para o sawyer, sua frase era uma verdade incontestável. não havia kenneth sem mishti, não importava o que ele fizesse, não importava a distância entre eles ou o tempo que passasse. o braço enorme do loiro passou pelos ombros alheios em um aperto amigável e breve, que reforçava o carinho de suas palavras, mas que finalizara muito mais rápido do os toques que normalmente partilhavam. estava em suas próprias mãos a tarefa de se desvencilhar da necessidade que nutrira todos os anos, e por mais difícil que fosse, tinha que se esforçar. do lado de fora do aeroporto, não demoraram para chegar no carro e após deixar a bagagem no porta malas, abriu a porta para a garota entrar. já no banco do motorista e resolvendo utilizar seu óculos escuros para aliviar o sol, deu partida sem perder tempo. “ainda preciso achar uma roupa para esse evento de sábado” comentou, distraído com o trânsito. “cassie sempre diz que ocasiões especiais pedem roupas novas. alguma coisa sobre energia renovada, mas eu acho que ela só cansa um pouco rápido das coisas” havia leveza na voz, um sorriso carinhoso até, porque não considerava aquilo um ponto negativo. para alguém que se apegava fácil a todo tipo de bobagem, era interessante observar o dinamismo da castillo. “sei que sempre saímos pra comer alguma coisa quando você chega, mas cassie marcou um horário em uma loja super chique pra eu provar umas roupas. eu nem sabia que tinha loja com horário marcado. enfim, eu não consegui te avisar porque foi de última hora. mas não se preocupe, dá tempo de te deixar em casa antes”
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em momentos como aquele, mishti percebia o quanto amava a voz de kenneth. limpa, jovial, capaz de fazer seu coração flutuar mesmo quando suas palavras não queriam dizer alguma coisa realmente. não exatamente pelo timbre, ou pelo tom, ou pela entonação; o sawyer sofrera diversas mudanças conforme o tempo passara, e claramente com sua voz não seria diferente. mas ela amava. era apaixonada. porque era a voz que podia ouvir por horas – mesmo que geralmente fosse ela a falar muito mais naquele relacionamento – e ainda assim a faria esperar por mais, como uma criança que espera por uma nova história na hora de dormir. porque era uma voz que lhe trouxera tanto conforto em dias de tristeza, e uma voz que, mesmo que em momentos específicos, a impactara com conselhos e verdades cirúrgicas as quais muitas vezes não estava nem pronta para ouvir. mas as aceitava, e o escutava. e era exatamente isso que diferenciava a voz de kenny entre todas as outras: ela dava valor a absolutamente todas as palavras que aqueles lábios soltavam. entretanto, estas mesmas palavras proferidas pela voz que amava tanto tinham o poder e a capacidade de levá-la tanto para o céu quanto para o inferno – lugar para o qual recebera passagem só de ida ao que o loiro trouxera à tona uma condição imposta pela noiva.
apesar de tentar manter os pés no chão sobre o motivo insano de estar ali –e compreender sua atual posição na vida de kenneth –, não pode evitar o sentimento incômodo da rejeição. era errado sentir-se assim? sem dúvida alguma. mas isso nada queria dizer para a mulher passional e apaixonada em frente ao melhor amigo e o objeto alvo de todos os seus esforços. de fato, seu sorriso esmoreceu por segundos, vítima de suas expectativas descabidas, mas tão logo o mais alto iniciou sua busca por alternativas, a mahajan fez esforço para recompor-se, recuperando o sorriso que tinha só pra ele. "vamos dar um jeito. nós dois sempre conseguimos, não é? temos tempo e, agora que eu voltei definitivamente, você não vai conseguir se livrar de mim. se depender da sua morena favorita, vai ser como nos velhos tempos." comentou divertida– e, claramente, ignorando completamente a existência de cassandra. mish referia-se a quase todos os momentos em que foram obrigados a encontrar tempo na agenda um para o outro, mesmo em grandes adversidades, mas também ao fato de que, depois de tudo, nada mudara totalmente. e ela estava lá agora, nada mais iria tirá-la do caminho dele. além da facilidade de convencer kenny a fazer muitas coisas, tinha capacidade de encontrar brechas nas agendas de ambos para passarem tempo juntos. ah, e ela iria. nem que ela precisasse abruptamente estabelecer sua presença na vida de kenneth novamente, e deixar claro para cassandra quem era e o que poderia representar para o loiro.
"ah, sim, a mala!-" e como uma brincadeira do universo que insistia em minar sua confiança, mais uma vez foram interrompidos pela castillo. mishti inspirou devagar, acompanhando a conversa unilateral. perguntava-se se cassandra também o chamava de "amor". se ela era carinhosa o suficiente para alguém como o sawyer, tão sincero e sensível, e se ela o valorizava direito – mesmo embora soubesse, pelas pinceladas delicadas de kenneth sobre a personalidade da noiva, que ela não era a pessoa ideal. não fazia ideia do que o amigo especificamente via nela, mas também sabia que talvez sua visão fechada e individualista devido aos próprios sentimentos devesse bloquear qualquer qualidade positiva que pudesse ser identificada em cassandra. o convite, por fim, lhe surpreendeu. mas não muito. algo lhe dizia que a intenção do jantar não era apenas receber amigavelmente a melhor amiga do noivo. convivera com mulheres semelhantes à cassandra a vida toda, não era sua primeira vez no parque – muito embora desejasse que fosse a última. tinha certeza que a castillo usaria o jantar para determinar papéis entre as duas, típico comportamento de alguém sem segurança no próprio relacionamento. e isso só queria dizer uma coisa.
cassandra tinha aqueles olhos verdes bem abertos.
"estou. ainda mais se for algo que você quer que aconteça." respondeu e, assim que ele deslizou a mala com uma mão para perto, a mahajan instantaneamente segurou com a própria a mão que ele usara para atender o celular, acarinhando-a levemente com os dedos. enquanto caminhavam para fora do salão de desembarque, e mesmo com toda a análise que acabara de fazer sobre a mulher com quem deveria lutar pelo enorme coração do sawyer, ela o olhava com o sentimento mais genuíno que tinha dentro de si naquele momento. "eu não quero mais perder nenhum momento que envolva você e o que é importante na sua vida, kenny. afinal, eu ainda faço parte dela, e pretendo fazer por quanto tempo a minha permitir."
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gabsverse · 2 years ago
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o que era amor? tantas vezes kenneth se pegou questionando. era uma cumplicidade duradoura e formal, como a de seus pais? confiança e carinho incondicionais, como o que havia entre ele e suas irmãs? momentos leves e alegres, como os que a irmã mais velha partilhava com seu marido? ou quem sabe a ansiedade confusa que sua irmã mais nova sentia toda vez que sentava do lado do garoto ruivo no recreio? seria a gentileza das palavras mais bonitas de sua mãe, ou a preocupação rígida de seu pai? como ele poderia reconhecer? em várias ocasiões pensou ter se apaixonado. houvera lauren, no emprego de verão antes da faculdade. kirsten, na aula de história da arte. joanne, a assistente do professor. algumas que duraram meses, algumas que só trocara olhares por segundos, sem nunca saber o nome. como um bom romântico que era, encarava os pequenos acontecimentos como sinais do universo. uma vez, havia convencido a si mesmo que uma garota era sua alma gêmea porque estava usando exatamente a mesma camiseta que a sua, enquanto lia exatamente o mesmo livro. pudera ser apenas coincidência? perguntara mentalmente. a resposta veio em pouco tempo, no momento em que a namorada da jovem se juntou à conversa. dentre inúmeras batalhas que tivera de lutar em seus anos de vida, a procura pelo amor parecia a mais complexa. existia alguém para ele, não? tinha que existir!
o que seria, então, indicativo de que tinha encontrado o amor? o amor certo, final, que tanto almejava? correspondido. como saberia que seu coração estava batendo na velocidade adequada, do jeito que os maiores escritores haviam explicado? como ter certeza que os pêlos dos braços estavam arrepiando no momento certo, diante do toque alheio? para alguém tão ansioso por experimentar cada detalhe do amor, todas as vezes que se encontrava em uma situação do tipo, nenhuma experiência parecia bem certa. o alívio após o tempo afastado nunca era tão forte. o coração não acelerava como se fosse explodir. a proximidade não lhe causava cócegas nos lábios como quem antecipava desesperado por um beijo. lauren, kirsten, joanne, e todas as outras. simplesmente nunca tivera certeza. uma vez, após se envolver por pouco mais de duas semanas com uma moça, ela resolveu colocar um fim entre eles. “você oferece muito, kenny, mas mesmo sendo na minha direção, não é pra mim” nunca esquecera aquela frase.
encarou a foto no papel de parede do celular, no táxi. cassandra era linda. os olhos claros pareciam sempre brilhantes, mesmo quando se esperava que estivessem opacos e escuros durante alguma briga. os fios escuros se encontravam lisos na maior parte do tempo, como se lutassem contra qualquer esforço da jovem de fazer cachos artificiais — tão teimosos quanto ela própria. a boca era bonita, grande, dona de um sorriso de tirar o fôlego. nunca fora do tipo exigente na questão física, mas não era cego: cassie tinha um corpo escultural, extremamente atraente. muito embora na foto ela estivesse com sua camisa, larga demais para sua figura esguia, ainda era possível notar as curvas escondidas atrás do alvo e fino pano. tinha ganhado na loteria! ouvia aquilo com frequência, tamanha que seria loucura sua duvidar. ele a amava. era isso. agora tinha certeza! agora o coração acelerava, os pêlos arrepiavam, a boca tremia. agora ele estava convencido de que tinha encontrado alguém. não somente alguém, tinha encontrado ela. a pessoa que todos os filmes de romance o haviam convencido de que estava por aí no mundo o esperando. estava certo daquilo. então por que encarava a foto de cassandra como se tivesse medo de esquecer aquilo tudo? como se precisasse a todo custo evitar por um descuido seu duvidar outra vez? “eu amo minha noiva” a fala em voz alta o pegou de surpresa, logo antes das buzinas que o avisavam que o semáforo já estava aberto há alguns segundos.
desbloqueou o aparelho assim que as portas automáticas do aeroporto se abriram, buscando alguma mensagem que denunciasse a chegada da amiga. nada. pelo horário, deveria ja ter saído do avião, mas provavelmente ainda estava buscando as malas. caminhou tranquilo até a saída de seu desembarque, o ritmo das longas pernas trazendo uma imagem despreocupada que não combinava nem um pouco com o interior turbulento. três anos. até um segundo atrás, parecia ter durado uma eternidade. naquele momento, percebeu lembrar com tanta clareza cada detalhe do último encontro que não parecia ter sido há mais de três dias. depois de londres, ainda havia ido para o reino unido mais outras duas vezes naquele meio tempo, mas as agendas desencontradas não permitiram que os amigos se vissem. ao chegar, juntou as mãos em frente ao corpo, aguardando conforme algumas pessoas saíam. os olhos azuis buscavam mishti em cada pessoa que saia do portão, o coração batendo irregular a cada frustração. devia fazer uns dez minutos que estava ali parado quando notou que as mãos suavam excessivamente, e limpá-las no tecido grosso do jeans não vinha funcionando bem. em algum momento, olhou em volta buscando o barulho estranho que atingia seus ouvidos, até perceber que eram as batidas aceleradas do coração que parecia ressoar com força no interior do loiro. respirou fundo, na tentativa de acalmar a euforia e antecipação. quando os pesados cachos escuros apareceram, ele sorriu. foi o primeiro instinto, tão natural quanto o abrir dos olhos ao acordar. o canto dos lábios, no entanto, caiu aos poucos, conforme ela se aproximava. não por qualquer motivo negativo; mas simplesmente por estar embasbacado. três anos. só faziam três anos que não a via pessoalmente (e se contasse fotos e vídeos, algumas horas). como era possível que ela estivesse tão… “linda” murmurou para si. achou por sólidos dois segundos que o ��rgão cardíaco sucumbiria.
mal teve tempo de falar o nome da amiga, tão logo a jovem largou a mala enorme de qualquer jeito e correu a seu encontro. com reflexos rápidos, os braços fortes logo a envolveram para garantir sua segurança, um passando em sua cintura, e o outro inevitavelmente precisando apoiar a perna alheia, visto que ambos os membros inferiores da jovem se encontravam em torno de seu quadril. a breve noção de que cassandra o mataria se visse a cena não passou despercebida pelo rapaz, embora tenha espantado o pensamento tão logo quanto este viera. “e tinha dúvidas?” devolveu, sobre ele ter vindo a seu encontro. não somente kenneth era do tipo que estava sempre presente por um amigo — era do tipo que fazia tudo o que mishti pedia. sempre. se tivesse pedido que ele estivesse ali três horas antes, sabia bem que cederia. quando o rosto da jovem encontrou um lugar confortável demais entre seu ombro e pescoço, o corpo inteiro do mais alto arrepiou. e pareceu arrepiar novamente, apenas um segundo depois, quando o perfume doce da garota o atingiu. segura-la não era nenhuma tarefa difícil, não com seus músculos, mas se viu desejando devolver a jovem ao chão com um repentino medo de que ela pudesse ouvir o quão alto seu coração denunciava o alívio de finalmente vê-la de novo. “também senti sua falta” falou baixo. não que tivesse a intenção de controlar a voz, só estava em poucas condições de controlar qualquer coisa. as mãos da jovem então encontraram o rosto do rapaz, e tão logo toda a tensão e ansiedade deixaram o corpo. como se aquele fosse o mais confortável que já estivera em toda sua vida. buscou os olhos enormes da mulher, escuros, intensos. tão alegres, enquanto olhava o velho amigo. nem prestou muita atenção no que ela havia falado sobre seu rosto, estava ocupado demais absorvendo os detalhes do dela. foi o repuxar de algum músculo inconveniente do lábio inferior, em um anseio por maior proximidade, que o fez acordar. endureceu outra vez, bem a tempo de dar o apoio necessário para a jovem descer de seu colo. pigarreou instintivamente, coçando a nuca, sem graça diante das respostas físicas à presença alheia. sabia que era impossível, mas parecia que a qualquer momento alguém enxergaria o que ele sentia perto dela. o que sentia toda vez que a via, desde a primeira vez. por deus, o que estava pensando? que tomasse logo as rédeas dos próprios pensamentos. “discreta, para variar” brincou, olhando em volta e percebendo os olhares curiosos em torno dos dois, dolorosamente consciente de que o cumprimento dos dois ultrapassava alguns limites do bom senso. “estou sempr…” franziu a testa, a lembrança o atingindo de repente, antes que pudesse repetir a frase que tantas vezes dissera. ‘estou sempre livre pra você’ ia dizer. acontece que… dessa vez, não estava. “na verdade, cassie tem um coquetel sábado à tarde e sou seu acompanhante. mas estou livre à noite. só não até muito tarde, porque domingo de manhã temos um brunch. mas também não deve demorar tanto, acho que podemos nos ver depois” afirmou, sorrindo como se não fosse completamente esquisito não dizer sim a ela logo de cara pela primeira vez. sabia, porém, que cassandra não era do tipo que aceitava que desmarcassem compromissos. seu noivo, ainda por cima? impossível. “sua mala!” apontou por cima do ombro alheio, ele mesmo caminhando a passos largos para buscar o objeto antes de retornar para perto dela. assim que o fez, o som característico do celular tocou, e a palavra na tela foi dita em voz alta. “oi, amor. sim, estou aqui no aeroporto. acabei de encontrar com ela… pergunto sim. ok, vou falar com ela e te aviso. beijo” assim que finalizou a ligação, buscou a amiga. “cassie perguntou se está livre para jantar hoje, se não estiver cansada da viagem. ela está ansiosa para te conhecer”
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"i've still got something left to prove, prove that there's nothing i won't do, do what it takes so i can bring you back again. all my life, you're the one thing that's always been real. i’m gonna follow my heart right back to you. you’re the one thing i can’t stand to lose."
ela tinha uma passagem de avião e um objetivo.
no passado, mishti costumava ser uma pessoa que constantemente pensava muito mais com o coração e a imaginação do que com a razão, dada a urgência pela vida emocionante que sempre achou que deveria viver. frequentemente sonhara com grandes histórias de amor e os dramas dignos de tramas envolventes reservadas para sua vida adulta, pois não podia acreditar que o resto de sua existência seria condenado ao desenrolar de um caminho medíocre onde não haveria ninguém para amar quem ela era incondicionalmente. era triste pensar que poderia ser assim, então prometera a si mesma que seu futuro seria totalmente diferente da época da escola.
com o tempo, as promessas foram deixadas no sótão da casa na california. a maturidade e a realidade bateram como um caminhão na jovem cheia de sonhos e obstinação, e o objetivo de viver uma vida e um amor extraordinário foi sendo reconfigurado à medida em que suas metas iam sendo alcançadas. não arranjou um namorado no primeiro ano da faculdade? sem problema, fora a aluna destaque dos dois subsequentes. ninguém fizera nenhuma loucura de amor por ela quando ela precisara mudar-se para londres aos vinte e cinco? besteira! havia acabado de conquistar um cargo importante num portal midiático. a maior parte de seus contatos e affairs estavam entrando em relacionamentos sérios, enquanto não se encaixava com ninguém nem se tentasse? ora, ela também estava comemorando os milhares de seguidores nas redes sociais — algo que certamente inflou o ego e alimentou a alma da jovem mishti mahajan de dezesseis anos que lutava para ser aceita entre as pessoas. as emoções pelas quais sempre definhara chegaram em forma de realizações profissionais e pessoais, jogando para escanteio muito do que seu eu romântico havia criado anos atrás. ela era bonita, era competente, era bem quista e era incrível. logo, um de seus planos mais importantes poderiam ser postos em prática. o que mais poderia querer?
nada estava dando errado em sua opinião, até que deu. a notícia do noivado de kenneth abalou profundamente o que sobrara da menina que secretamente acreditava em contos de fadas em seu interior, porque o sawyer era provavelmente a lembrança mais bonita que existia dentro de sua memória. não porque o amara na adolescência; independente de namoros e casos e paixões da atualidade, kenneth sempre seria seu primeiro amor e isso sempre seria importante. o fato era, ainda o amava, e isso havia sido a coisa mais constante em sua vida desde então. era, de fato, um amor reprimido e um amor secreto, brando, violento, latente e enérgico, como a variação das estações durante um ano inteiro, mas sempre presente. às vezes lembrado com carinho, às vezes lembrado com saudade e, na maior parte das vezes, lembrado com arrependimento por não ter coragem de fazer nada sobre. e agora, mais do que tudo, havia se tornado um amor ameaçado pelo futuro que o loiro escolhera para si.
e foi esse amor, explodindo pelo pavor da perda, que foi responsável por abrir a jaula da jovem mishti passional dos anos dois mil, obrigando-a a não raciocinar direito, forçar uma transferência para os EUA em seu trabalho e comprar uma passagem só de ida para casa. tudo porque perder kenny, depois de tantos anos quieta, era algo inaceitável. veja bem, ele nunca ficava muito tempo junto a alguém; se não ele, elas cansavam-se rapidamente da relação. mishti sempre contara muito com a habilidade do sawyer de mostrar-se romântico o suficiente para espantar as mais "independentes", mas evasivo e leal à amizade deles o bastante para decepcionar as mais apaixonadas. e convenhamos, mesmo que considerada egoísta e cruel, ela tinha orgulho de ser uma pedra no sapato na maior parte do tempo. mesmo de longe, era como se certificasse de que elas soubessem que eram menos importantes do que era para kenny, mesmo que simplesmente apenas ocupasse o posto da melhor amiga.
mas kenny noivara. e isso não era nada normal. nunca chegara a esse ponto, não o seu kenny. não o kenny que atendia chamadas de áudio às duas da manhã se ela ligasse em uma emergência-não-tão-urgente-assim sobre não saber o que fazer em um evento no dia seguinte e estar surtando. não o kenny que sempre reservava um momento do dia do próprio aniversário para que comemorassem sozinhos por chamada de vídeo, cada um com um singelo bolinho e chapeuzinhos de festa. não o kenny que enchia de comentários suas postagens mais mal planejadas e programadas, apenas pra que ela não sentisse que fracassara no engajamento. por isso, estava chocada com a audácia de cassandra, a tal namorada de um ano do sawyer, e com a coragem de provavelmente ter feito uma amarração das boas com ele. se ela tivesse usado a simpatia do cuspe... não responderia por si. arrancaria a língua gigante da boca daquela piranha magricela.
mas mishti era mishti e, por mais que cassandra fosse um demônio de primeira classe mimado pelos pais, a própria mahajan era o próprio diabo quando decidia que queria algo. podia estar atrasada por ter esperado tanto o momento perfeito pra dizer algo, mas ainda tinha chance de reaver a oportunidade. era por isso que se encontrava informando toda a sua situação atual para um senhor de cabelos grisalhos e terno marrom que sentara ao seu lado no avião — sobre o qual qualquer um afirmaria com certeza que não deveria estar entendendo muito bem o motivo de uma mulher contar pelos últimos quarenta minutos toda a vida amorosa pra ele — e que bem, a acompanhava e escutava com certo pavor pela exposição desnecessária (mas também trazendo na expressão uma estranha curiosidade sobre os tais kenneth e cassandra enquanto bebia uma xícara de chá). podia ser irritante e também podia não saber quem eram esses seres humanos, mas ainda assim, a fofoca estava mostrando-se um pouco mais interessante que truque de mestre 2 passando na programação do avião.
"e é por tudo isso que eu estou aqui hoje. eu larguei tudo pra vir atrás desse homem! e eu vou trazer ele de volta pra mim. juro por deus, ou meu nome não é mishti. é a minha única oportunidade de ser feliz de verdade, você não acha?" ela perguntou, claramente emocionada com o próprio plano nesse episódio decisivo de sua vida ao encará-lo com as orbes chocolate tão brilhantes que talvez o pobre homem nem conseguisse encontrar a tempo uma forma de expressar sua opinião de uma forma respeitosa — sobre, talvez, ela precisar de alguma ajuda psicológica. bem, a morena não realmente parecia estar esperando uma resposta sensata e cabível de toda forma então, mesmo que confuso, achou que o certo (e seguro, caso ela fosse doida) fosse entrar na conversa.
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"eu ach-..."
"eu vou parar esse casamento! é muito óbvio que essa mulher não é a certa pra ele, eu já sei só pelo o que ele me conta dela." ela gesticulava, indignada.
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"é kenneth não seja assim pra lá, kenneth não faça isso pra cá, ela critica ele, limita toda a personalidade e a autenticidade dele, sendo que ele é um homem incrível! ela por acaso tem vergonha dele? se você ama alguém, você não precisa se esforçar tanto pra mudá-lo, não concorda? isso me irrita muito. você não se irrita também?"
"eu acho que eu me irr-..."
"tá vendo? o senhor se irritaria também! ninguém quer ver a pessoa que gosta tendo as asas podadas por uma megera que não merece todo o amor que recebe!"
"sim, isso eu concordo, mas você tem cert-..."
"é isso aí. o senhor tem razão. estou decidida. eu vou acabar com esse casamento e fazer ele enxergar que eu sou a pessoa certa. eu sempre fui. eu só demorei um pouco pra perceber que preciso fazer isso rápido."
"eu-... eu tenho razão. eu tenho razão? eu–..." para a infelicidade do pobre homem que não pudera nem mesmo concluir os próprios pensamentos, o pouso havia acabado de finalizar, liberando o desembarque para que os passageiros começassem a sair. a morena, às pressas, apertou feliz a mão de seu ouvido de penico e a balançou em despedida, contente por estar certa todo esse tempo.
"sim! é isso mesmo! você não acha que isso é o destino? claro que é. obrigada por me ajudar a enxergar isso! agora me deseje boa sorte, eu tenho um homem pra recuperar! adeus, senhor poltrona 34!"
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ela saíra da sala de desembarque com o coração na mão. em todas as eventuais voltas para os EUA, nunca estivera tão ansiosa e nervosa para encontrá-lo quanto naquele momento. mal podia esperar para ver seu rosto, e tinha certeza que logo iria pois não importava se avisava um dia ou um mês antes, ele sempre chegava para buscá-la, toda santa vez. puxava a mala enorme o mais rápido que podia pelo chão liso do aeroporto mas, quando o sawyer finalmente entrou em seu campo de visão, todo o esforço foi jogado ao léu e mishti não fez menos do que largá-la no meio do caminho para correr na direção do loiro. por alguns minutos, apenas a felicidade em reencontrá-lo superou toda a motivação por trás de sua viagem, e tudo o que ela pode pensar era o fato de que estava abraçando novamente uma das pessoas mais importantes de sua vida, fosse um amor ou não. eram nesses momentos, em que ela se jogava contra o corpo quente e enorme de kenneth num abraço apertado, que a mahajan percebia o quanto fazia falta no seu dia a dia em londres. sentia tanta saudade dele quanto sentia do sol da california. ou mais.
"você veio!" o tom fino e surpreso invadira a voz doce de mishti, muito embora não devesse ser uma surpresa. ela simplesmente havia pulado em cima de kenny no meio do aeroporto, pendurando-se pelo pescoço e firmando-se com as pernas em volta de seu quadril sem se importar com os olhares, ou com o fato de que claramente não era um comportamento tão comum para dois amigos. "meu deus, eu senti muito a sua falta!" comentou, num choramingo sincero quanto o perfume dele invadiu até mesmo sua memória olfativa. não o abraçava há três anos, quando fora ele a visitar londres, mas da forma como falara, até mesmo parecia que não haviam feito uma chamada de vídeo há uma semana atrás. "olha pra você! olha pra você. você não sabe o quanto senti saudade desse rosto." assim que afastou-se um pouco do grude para olhá-lo, as mãos pararam na face do loiro, enquanto ela parecia estudá-lo com um sorriso genuíno antes de encarar as orbes claras. pareceu dar-se conta do exagero quando percebeu que o contato visual e a intimidade exacerbada pareciam estar passando um pouco dos limites por parte dela. apesar de gostar dele e claramente ter chegado lá com segundas intenções, kenny ainda era seu amigo e um homem formalmente compromissado. isso lhe arrebatava como um empurrão da escada. aos poucos praticamente desceu de seu colo, contentando-se, por agora, apenas em segurar sua mão. "você tá com esse fim de semana livre? eu sei que eu tenho que deixar as coisas no novo apartamento, mas-... mas eu queria... eu tenho que ver minha família também! mas eu queria passar um tempo com você. parece que a gente não se vê de verdade há mais de um milhão de anos."
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