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Eu gostaria de saber
Eu gostaria de saber o que acontece nas vertentes alternativas de nossas escolhas. Em realidades paralelas, escolhemos a caneta azul ao invés da preta, tomamos um copo de água ao invés de escolher o refrigerante, colocamos aquela regata vermelha ao invés da blusa preta de mangas. Uma mínima escolha muda totalmente nosso futuro. Talvez, ao escolher a caneta azul, tudo se encaminhasse de uma forma que aquela realidade nos prometia.
Eu as vezes penso no que teria acontecido em determinado momento. Nossa vida não nos apresenta apenas duas alternativas. É uma encruzilhada de escolhas e cada uma delas nos leva pra outra encruzilhada.
Acho que tudo deu errado para mim quando me apaixonei por meu melhor amigo. Eu só tinha dez anos, era idiota e agia como uma imbecil na maior parte do tempo. Eu estraguei nossa amizade e hoje, oito anos depois, eu me sento em minha cama e penso: E se nós tivéssemos namorado? Estaríamos juntos até hoje? Eu teria descoberto minha pansexualidade? Eu teria conhecido a One Direction quando tive depressão por ser sozinha e sofrer bullying? O que teria acontecido se eu não tivesse lido a revista número 50 da TMJ e não tivesse criado aquela lista idiota de exigências sobre nosso namoro? Eu gostaria de saber...
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Um estranho no ninho
É estranho como mudamos conforme os anos passam. Não só nós mesmos, mas, as coisas ao nosso redor. Lembro de viver na barra da saia da minha mãe e de como estar em família era bom, todavia, não consigo sentir mais a mesma emoção de antes, a mesma espera ansiosa por uma reunião de domingo. Não me sinto bem-vinda dentro da minha própria casa, como uma estranha no ninho em que fui criada.
Recordo-me de ler em algum lugar que a mamãe-pássaro protege e alimenta seu filhote até que ele possa ser independente e forte o bastante para levantar voo assim que atirado de cima da árvore.
Nós humanos tendemos a tentativa de reproduzir algo como, cuidando dos nossos até que possam partir, mas, me criaram engaiolada por longos anos até que eu já não soubesse mais usar minhas asas e agora que me jogaram para fora de seus braços, sacudiram a gaiola para que eu saísse de dentro, não tenho como ir, sou uma galinha, não mais um pardal. Mamãe não me criou para ser livre, não me ensinou a voar sem ela, mas, agora que já não tenho serventia, me jogou de seu ninho de qualquer jeito.
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APERTO NO PEITO
Começa como uma simples sensação ruim. Você nunca está preparado para quando a crise chega. Ela vem de forma sorrateira, como quem não quer nada, apenas dando alguns beliscões, não pra te alertar, mas, para mostrar que será inevitável quando ela chegar.
Um aperto no peito, a falta de ar se inicia. Você sabe que aquilo vai passar em algum momento, mas, quando ocorre, é como se seu cérebro estivesse programado com a frase “me ajudem, eu vou morrer!”.
A crise as vezes vem sem motivos. Ela só quer lhe fazer companhia, torturando seu interior até que você esteja exausto demais para lutar contra a maré.
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DOR
Acordei de um jeito diferente. Perguntei-me quando a dor iria passar.
Que dor? Não estava sentindo nada. Talvez fosse um dia bom. Mas ela voltaria. A dor nunca vai embora realmente. Eu não sei se gostaria que ela fosse. Fazia eu me sentir viva, mesmo que aquilo fosse deprimente de uma forma inimaginável.
Não me entenda mal. Eu não me apeguei a dor como se fosse necessário tê-la para sentir algo, entretanto, é difícil me livrar de uma velha amiga que me acompanha nos bons e maus momentos.
Quem diz que a dor é passageira é porque nunca sentiu dor na alma. Nem ao menos se compadece dos que vivem num sofrimento cegante.
Acredito que apenas existo, não vivo. Platão dizia que nosso corpo era algo mortal e fadado a cometer erros, mas, nossa alma era eterna e perfeita de uma forma detalhada. O que posso fazer se apenas tenho corpo e não alma? O que posso fazer se já não acredito na real esperança de permanecer lutando contra a maré?
A dor não vai embora. Nunca. Ela apenas ameniza até se tornar parte de você. Uma vez que sua alma se torna escura, você não consegue torna-la feliz novamente.
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Acho que a dor retornou e com ela, as inseguranças voltaram. Nunca estou preparada pro fim, mas, ele é inevitável.
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A ARTE DE INVENTAR
Pensei por alguns minutos sobre o sonho que tive. Lembro-me dele vagamente, como se o mesmo não tivesse vindo de mim e sim onde fui uma mera espectadora. Era sobre um filme que se misturava na vida real e envolvia coisas pesadas, como estupro e morte. O título do filme inventado pela minha mente era “Beloved Dogs” e tinha o Nick Robison e a Mia Talerico no elenco.
Tentei me recordar se esse filme não existia realmente, pois o nome me era familiar, entretanto, as vezes nossa mente consegue criar coisas tão realistas que depois nos trás o dilema de “e se for real?”.
Isso me lembrou que, temos aquela expressão (acho que não é uma expressão propriamente dita) de que “X coisa começa existir a partir do momento em que você inventa ela”, isso se aplica também nas palavras, afinal se você fala uma palavra desconhecida, ela passa a existir, porque é assim a forma das coisas, tudo precisou ser pensado por alguém antes de coexistir com a humanidade.
Mas, parando pra pensar, a existência de palavras inventadas é algo relativo, já que, podemos até criar uma palavra nova, entretanto, até aquele momento ela existe apenas pra você. Se outra pessoa adquirir sua aquisição criada, então ela passa a existir como um todo e não só como uma parte.
As vezes me sinto como uma palavra antiquada que vai deixando de ser usada com o tempo. Eu já existi uma vez, contudo, com o passar do tempo, me tornei a própria palavra “inventada” e, isso nos trás à tona que, todas as palavras que inventamos e tomam seu rumo podem começar a existir, entretanto, isso não nos dá 100% de certeza de que continuará ali para sempre. Estamos em constante mudança, nossa forma de falar e pensar também, então, tudo isso nos leva a seguinte resposta: o novo de hoje será amanhã o velho de ontem. Nossas palavras inventadas irão desaparecer um dia, assim como o sonho realístico que tivemos no momento em que dormimos. Basta agora apenas aguardarmos o esquecimento linguístico com um leque de opções que possam suprir nossas necessidades futuras nessa arte de inventar.
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