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[o despertar da maldição | agosto de 2025]
"Liv?" A voz foi cortada pela conexão ruim. Matteo xingou o aparelho e subiu os degraus para o terraço, esperando que no exterior a conexão fosse melhor. "Liv," ele repetiu. Quase não escutou muito bem o que ela disse — tinha um barulho no fundo e a voz dela estava trêmula e fraca — mas pode escutar uma coisa, as duas perguntas finais. Onde você tá? Te aconteceu algo? "Eu estou em casa," ele respondeu, achando que a conexão tinha ficado um pouco melhor desde que havia ido para o exterior. Ele tinha tentado ligar para Olivia todos os dias que estava no sítio, mas a ligação não conectava. Talvez uma torre de celular estivesse derrubada ao redor do sítio. "Nada me aconteceu desde que um idiota me tacou uma pedra," ele não tinha nem tido tempo de contar para ela, porque logo então eles partiram para o sítio. "Aleksander ficou neurótico, Liv," ele respirou fundo, se lembrando do acontecido até então. Balançou a cabeça, decidindo não preocupar ela com os detalhes. "Você está bem? Se machuchou?"
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com @thematteobianchi
[ drop: a revolta dos moradores ]
— Matteo… — a voz dela saiu trêmula, quase engasgada, e Olivia apertou o celular nas mãos como se o aparelho pudesse impedir o mundo de ruir. A tela iluminava seu rosto no quarto escuro, revelando os olhos marejados, o lábio machucado de tanto mordiscar para não chorar antes de conseguir a ligação. O som distante de gritos na rua atravessava a janela fechada, cada palavra cuspida contra "os amaldiçoados" queimando como ácido em seus ouvidos. Ela se afastou um pouco da tela, encostando as costas na parede fria, tentando achar um respiro, ms a sensação de estar cercada, caçada, apertava seu peito. — Eu não aguento mais essa cidade… eles tão há dias quase acampando aqui na porta, tão quebrando coisas. Eu não tenho coragem de sair. Tenho medo de que sejam capazes de… — a voz falhou, e ela fechou os olhos, respirando fundo para não deixar o pânico transbordar completamente. Os dedos dela que cobriam a boca tremiam visivelmente, e era possível ouvir a respiração acelerada, cortada como se cada fôlego fosse uma luta. — Onde você tá? Me diz que tá bem. Te aconteceu algo? — ela encarava a tela, buscando por algo errado.
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[o despertar da maldição | agosto de 2025]
"Eu acho melhor a gente não ficar parado aqui," disse, a voz grave e firme, enquanto os olhos percorriam a estrada deserta com a precisão de quem está sempre esperando uma emboscada. As mãos seguravam o volante com força, mas o olhar estava em movimento constante, caçando qualquer detalhe fora do lugar. Ele inclinou levemente a cabeça na direção do carro dela, depois para as árvores que margeavam a estrada. Nenhum som além do vento, e isso só aumentava a sensação de algo errado. "Podemos voltar para pegar seu carro amanhã," completou, mais para encerrar qualquer resistência do que para dar opção. Na luz do dia, eles provavelmente estariam mais seguros. Talvez fosse a paranoia de Aleksander se infiltrando nele, como um vírus, mas algo ali não cheirava bem.
O maxilar dele se contraiu, e por um instante, ela pôde ver que a expressão relaxada de segundos atrás tinha sumido. Agora havia algo cortante nos olhos, um brilho que dizia que ele estava pronto para reagir ao menor sinal de perigo. "Entra," ordenou, sem elevar a voz, mas com um tom que não deixava espaço para discussão. A porta do passageiro já estava destravada, e ele manteve o olhar fixo na linha da estrada, os dedos tamborilando no volante, cada músculo do corpo preparado para arrancar assim que ela fechasse a porta. "Estava indo encontrar Aleksander?" Perguntou, mas não esperou ela responder, "ele não está lá."
Scarlet estava de saco cheio da falta de respostas do pessoal... Tinha visto Helena e Lara, e só... Eram as únicas pessoas que tinha conseguido contato, e alguém deveria saber de mais alguma coisa sobre o que estava acontecendo. Estava cansada de se esconder, de ficar presa em casa, e pior, ainda aturar desaforo dentro daquela mansão que mais estava lhe parecendo um cubículo. E foi quando se lembrou, sabia onde poderia encontrar Aleksander, e se tivesse sorte, outros dos reencarnados.
O problema começou quando estava no meio da estrada, o carro começou a falhar. Era novo, apesar dos riscados recém adquiridos graças a loucura popular, mas começar a falhar? Só podia estar de brincadeira. Tinha certeza que tinha colocado combustível, então o que aconteceu? O carro simplesmente parou, não conseguia ligá-lo nem por reza. Encostou a cabeça no banco, indignada, irritada e xingando tudo e todos dentro daquele veículo parado na estrada.
Só percebeu que não estava só quando o carro parou ao seu lado. - Matteo? Matteo! - O primeiro olhar foi confusa, e o segundo foi de alívio. Saiu do carro como um jato, com uma expressão mais aliviada estampada em seu rosto. - Não acredito que vou dizer isso, mas como é bom te ver! - Não era algo que sairia de sua boca em uma situação normal. - Essa... Merda de carro, simplesmente parou de funcionar! Devem ter cortado o cano de combustível ou sei lá que merda aconteceu.
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[o despertar da maldição | terceira semana de agosto de 2025]
"Quer parar de decidir as coisas por mim, Aleksander?" Matteo reclamou, soltando o ar rapido, com uma respiração seca. Era difícil assistir Aleksander querer destruir a relação deles — uma relação que ele sabia que era frágil e não podia ficar sendo testada de novo e de novo. Era novo e havia muitos obstáculos contra eles, mas eles só conseguiriam superar tudo aquilo se estivessem do mesmo lado. E, naquele momento, Aleksander estava lutando contra ele. "Que saco," resmungou ainda irritado. "Eu sou um homem adulto e capaz de tomar as minhas próprias decisões." Era quase ridículo que ele precisasse falar algo como aquilo quando ele tinha que olhar levemente para baixo para encarar o loiro. Ainda assim, era tratado como um incapaz, como se Aleksander precisasse tomar as decisões por ele naquele relacionamento, como se só Aleksander soubesse o melhor para eles dois. "E eu sei o que eu estou fazendo." Por mais que às vezes ele se questionasse se era a melhor coisa quando tudo que acontecia era ser empurrado para longe. "Eu sei que você me enlouquece, e que eu vou ficar com raiva de você às vezes. Mas eu preciso que você queira esse relacionamento também."
Matteo franziu as sobrancelhas, "pior do que trair, Alek?" Ele realmente não entendia como Aleksander pensava que ele poderia piorar a situação que tinham em suas mãos — a menos que ele estivesse planejando sair e fazer uma orgia. "E se não tiver mais nada para nos segurarmos, Alek, a gente termina," Matteo falou com certa objetividade, não porque queria ser casualmente cruel, mas porque no fim das contas, se chegassem naquele ponto, realmente teriam chegado ao ponto de terminar... Mas ainda não estavam lá. "Mas nesse momento eu quero estar com você — se você parar de dificultar," Matteo disse, segurando a outra mão de Aleksander com a sua mão livre. "Eu não vou mentir pra você e dizer que vou ficar independente do que você faça, Alek, mas nesse momento eu quero ficar," disse. Ambos erraram. Matteo poderia ter ficado na casa. Esperado Aleksander voltar para terem conversado. Podia não ter retribuído na mesma moeda. Mas no fim, não podiam mudar as coisas que já havia acontecido.
Respirou fundo, "Alek," murmurou, "eu não quero que ficar comigo seja uma batalha constante para você." Matteo não sabia muito sobre o amor, mas o pouco que sabia era que não deveria ser uma batalha constante. Obviamente eles precisavam crescer e se adaptar um ao outro, mas ele não queria que Aleksander precisasse lutar com todos os seus instintos sempre. "Eu não quero que o nosso relacionamento seja uma batalha para você," ele reiterou. "Você vai beijar outra pessoa?" Perguntou, levantando uma sobrancelha.
Alek piscou devagar, como se as palavras de Matteo precisassem atravessar um corredor estreito e longo antes de chegarem até ele. O toque na sua bochecha queimava de um jeito estranho, não era dor e não era calor — era presença. Presença demais para alguém que passou a vida treinando o corpo a suportar ausências. Ele sentiu um impulso quase infantil de se inclinar contra aquela palma, como se pudesse absorver tudo o que Matteo não dizia. Mas ao mesmo tempo, o instinto oposto latejava: afastar antes que doesse mais. "Você não sabe o que tá dizendo…" A frase saiu baixa, não como defesa, mas como um reconhecimento cansado. Como se estivesse avisando que havia um território inteiro de sombras que Matteo ainda não tinha atravessado. Um lugar onde ele mesmo se perdia, onde tudo ficava confuso demais para explicar. Alek engoliu seco.
"Eu não estraguei isso agora, Matteo. Eu venho estragando desde antes de saber o que era ter você." E ali estava: a primeira pedra virada, deixando à mostra algo que preferia manter enterrado. A lembrança de todos os gestos que não fez, das palavras que guardou até apodrecerem, das oportunidades que deixou morrer porque era mais fácil se preparar para a perda do que acreditar na permanência. A respiração dele estava irregular. Não era só ansiedade, era como se o ar encontrasse resistência dentro do peito, como se precisasse convencer o próprio corpo de que era seguro inspirar. "Você diz que quer ficar… Mas e quando a parte ruim for maior que a boa? Quando não tiver mais nada aqui pra segurar?" As palavras não eram um desafio, eram quase uma súplica para que Matteo entendesse o que isso significava. Porque Alek sabia como era quando o que se desejava se tornava um peso, e sabia também que, quando isso acontecia, era sempre ele quem ficava com as mãos vazias. O polegar dele roçou de leve contra o dorso da mão de Matteo — um gesto tão pequeno que poderia ser confundido com acaso, mas que, para Alek, era quase um pedido: não solta agora. "Eu não sei o que eu faço com alguém que fica." Foi cru, quase áspero, como se confessar aquilo fosse despir-se de algo essencial. "Eu só sei como afastar. Como me preparar pra perder. E é isso que eu faço… até quando não quero." Riu, um som breve e sem qualquer humor, o tipo de riso que sai quando se reconhece numa tragédia particular. Foi isso que havia feito quando entrou no carro em direção a Khadel, sem antes dar a chance deles conversarem. Fugir era tão automático quanto respirar — e Alek odiava isso.
Deu um passo à frente, e a proximidade transformou o toque na bochecha num encaixe que parecia inevitável. O rosto de Matteo estava ali, perto o suficiente para que Alek sentisse o calor da respiração dele, e por um instante pensou que talvez toda a vida dele tivesse sido só uma longa caminhada até esse ponto — e que seria um desperdício covarde recuar agora. "Mas eu fiz uma promessa… pra você e pra mim mesmo. Então eu vou ter que aprender." Não havia qualquer traço de heroísmo naquelas palavras, apenas uma determinação silenciosa, moldada mais pelo medo do que pela coragem. Alek manteve os olhos presos aos de Matteo, não com a intensidade de um desafio, mas como quem encontra uma âncora em meio a uma correnteza. "Se você tá disposto a ficar, eu vou me obrigar a merecer isso." A frase ficou suspensa no ar, seguida por um silêncio que pesava como um segredo. "Nem que eu tenha que lutar contra mim mesmo todos os dias." E, preso naquele olhar, Alek entendeu que talvez estivesse diante da batalha mais longa da sua vida. Pela primeira vez, não parecia pronto a aceitar a derrota antes mesmo do primeiro golpe. Sua voz se tornou mais baixa, carregada de um peso real. "Você vai me aguentar nos meus piores dias? Ou quando eu errar de novo?" Sabia que o erro viria — dele, de Matteo — porque era da natureza deles tropeçar. Mas a pergunta não era um teste, nem uma armadilha. Era o medo nu do abandono, o tipo de medo que não se gritava, mas se confessava como um pedido quase sussurrado.
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[o despertar da maldição | terceira semana de agosto de 2025]
Não era apenas que algo como afeto não florescia em Khadel — era que Aleksander havia sido moldado desde cedo para acreditar que jamais poderia ser o centro seguro de alguém. Uma vida inteira de olhares frios, expectativas impossíveis e abandonos sutis haviam esculpido nele uma convicção silenciosa: a de que não era feito para ser escolhido. Não importava o quanto tentasse fingir que estava acostumado, que podia viver com isso, a ferida sempre estava ali, pulsando, esperando o momento certo para sangrar de novo. E agora, diante de Matteo, essa ferida parecia aberta até o osso. Era como se cada palavra dita, cada pausa entre elas, fosse um lembrete cruel de que, talvez, ele estivesse destinado a ver todos irem embora. Matteo via isso. Não precisava que Aleksander dissesse nada — estava tudo no modo como ele respirava, no jeito em que mantinha os ombros tensos, como se segurasse o próprio corpo para não se desmoronar. A situação toda gritava uma verdade dolorosa: Alek não sabia acreditar que alguém pudesse ficar. Ele esperava, no fundo, que Matteo se juntasse à lista dos que desistiram. Que provasse, como todos os outros, que ele não valia o esforço. E talvez por isso, justamente por isso, ele tentou explodir o que tinham. Depois dos dias que passaram separados e da tentativa estúpida de apagar o que tinham, Matteo sabia que eles tinham que romper o ciclo. "É, Aleksander," disse em tom baixo, "costuma ser dolorido quando alguém não quer nem ao menos sentar para conversar," suas palavras ainda soavam um pouco amargas, mas era bem mais difícil aceitar as desculpas do Alek que dizia que gostava dele do que o que antes o odiava. Deliberadamente, ele tinha escolhido não o respeitar.
Ele respirou fundo, "tudo que você precisava ter feito era não fugir, Aleksander." Sua voz soava cansada, porque o parecia bem óbvio. Matteo não se achava a pessoa mais madura do mundo — tinha terminado seu único relacionamento anterior com um joinha — mas o que fosse que estivesse dentro dele não queria perder o loiro, e a única coisa que o ajudava nisso era ficar — independente do que acontecesse. Quando Alek perguntou o porque ele ainda estava ali, Matteo não sabia como explicar sobre as promessas que haviam feito um ao outro antes daquela briga, e que aquelas não eram promessas para serem quebradas. Falaram que iriam ficar juntos mesmo que a maldição não fosse quebrada. Havia já o perdoado naquele cemitério. Ele não queria ficar indo em círculos. "Porque eu quero você nessa vida, Aleksander." As palavras escaparam firmes, mas com um peso que só existia quando se dizia algo que não podia mais ser retirado. Matteo pensou em James e Landon — nomes que carregavam histórias de perdas e cortes abruptos, de vidas arrancadas antes que houvesse tempo para consertar o que precisava ser consertado. Eles não tiveram a chance. E seria uma estupidez monumental desperdiçar a dele, deixar que tudo o que sentia fosse engolido por uma sucessão de erros que, por mais dolorosos que fossem, ainda não eram definitivos. Deu um passo. Depois outro. Sua mão se ergueu, hesitante por um instante — não porque não quisesse tocá-lo, mas porque tocar Alek naquele momento era como encostar numa ferida viva. Ainda assim, a palma encontrou o caminho até a bochecha dele. O calor da pele, misturado ao frio leve da tensão, fez Matteo inspirar mais fundo. "Aleksander…" disse, e o nome saiu como um sussurro carregado de tudo o que não cabia em frases. "Não importa o que você acha que merece. Eu quero você, e eu não vou deixar você estragar isso porque acha que tem que se punir."
Alek sentiu o chão ceder. Não como numa queda brusca, mas como num deslizamento lento e inevitável — o tipo que começa por dentro e termina por arrancar tudo ao redor. As palavras de Matteo não cortaram. Elas esmagaram. Foram uma marreta contra o peito, derrubando o pouco de estrutura que ele ainda acreditava ter mantido de pé. Não era só sobre o beijo. Nem sobre a ausência. Era sobre a tentativa real, desesperada, de apagá-lo. Ainda que não tivesse funcionado. Ele tentou engolir a resposta que veio na garganta, mas ela era grande demais, doída demais para ser calada. O silêncio entre eles esticava, desconfortável, e o ar parecia rarefeito, como se ambos estivessem tentando respirar debaixo d’água. "Você queria parar de sentir por mim..." A frase saiu arrastada, mais constatação do que pergunta, como se estivesse mastigando cada palavra pra entender melhor o gosto amargo que deixava. Ele respirou fundo, tentando conter algo que ardia demais no peito. "Você não tem que se sentir culpado por nada. A única pessoa de quem eu sinto raiva agora é de mim mesmo... por ter deixado a gente chegar a esse ponto." Riu baixo, mas sem humor — um som rouco, amargo, que mais parecia cuspido do que emitido. Como quem debocha da própria ruína.
Finalmente, se moveu. Um passo, depois outro. Como se cada músculo estivesse mais pesado que o anterior. Caminhou até a janela ao lado da pia onde Matteo estava e encostou os dedos no vidro. Lá fora, tudo seguia. Indiferente, e aquilo foi quase cruel. Como o mundo ousava seguir em frente, enquanto tudo ali dentro implodia? "Você nunca foi dispensável pra mim, Teo." A voz saiu firme, mas com rachaduras — como porcelana antiga tentando resistir ao tempo. "Nunca. E talvez essa seja a parte mais fodida disso tudo. Porque eu não consegui te fazer acreditar nisso. Eu tentei, e falhei. Falhei com você. De novo. E de novo." Cerrou os punhos, e por um instante, teve que conter o impulso — aquele desejo irracional de socar o vidro, de sentir a dor física tomando o lugar da dor emocional. De sangrar por fora, porque por dentro já estava estraçalhado.
Se virou e encarou Matteo. E nos olhos dele, não havia só mágoa. Havia uma resistência bruta, moldada na dor, sustentada por um amor que simplesmente se recusava a morrer. Um amor que sangrava em silêncio, mas que ainda estava lá, vivo. "Se você tivesse me dito que me odiava... que não sentia mais nada... talvez fosse mais fácil." A risada que veio a seguir foi seca, pequena. Um reflexo de autopunição. "Mas você ainda tá aqui. Por quê?" A pergunta veio embargada, quase infantil na sua vulnerabilidade. Conseguia ouvir Matteo dizendo como ficar longe havia sido pior, mas não conseguia compreender. "Eu não te mereço, Matteo." E ainda assim, ele deu mais um passo. Não o suficiente para tocar, mas perto o bastante para que ambos sentissem a presença um do outro queimando no ar entre eles.
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[o despertar da maldição | terceira semana de agosto de 2025]
Matteo sentiu as palavras de Alek se alojarem em lugares que ele vinha tentando manter dormentes por semanas — espaços que, apesar do tempo, ainda reagiam ao som daquela voz com uma familiaridade que doía. A vontade de ceder ao que anseava — ao toque, ao afeto, à promessa implícita de algo que ainda podia ser reconstruído — era quase insuportável, mas ele se manteve firme, os dedos ainda trêmulos e o corpo num estado de suspensão desconfortável. Ouvir que sua ausência tinha deixado marcas em Alek era um consolo cruel; queria ser perdoado, sim, mas parte dele ainda se sentia condenado demais para aceitar aquilo como redenção. As palavras 'você me faz querer ser um homem melhor' fez ele sorrir por um momento breve, passageiro. Então, em silêncio, apenas sustentou o olhar do outro com algo entre a dor e a ternura.
A pergunta de Alek reverberou dentro de Matteo como um eco vindo de algum lugar profundo, onde ele preferia não olhar. 'Você fez isso pra me esquecer? Ou pra me punir?' Aquilo não era uma acusação. Era um pedido. Uma tentativa desesperada de entender o inexplicável. E isso doía ainda mais. Matteo baixou os olhos, como se a própria presença ali já fosse um erro. Sentiu a garganta secar, e os ombros, antes rígidos, cederam um pouco — não em alívio, mas em exaustão. Ele respirou fundo — uma, duas vezes — tentando organizar os próprios pensamentos, mas tudo nele parecia bagunçado demais. As palavras que queria dizer não vinham prontas. Vinham partidas, desalinhadas, perigosas. E por isso hesitou. Não por desinteresse. Não por frieza. Mas porque tudo que carregava agora era feito de camadas difíceis demais de decifrar até mesmo para ele.
Como explicar uma falha que nem ele compreendia completamente? "Não foi pra te punir," murmurou, a voz rouca e fraca, como se cada sílaba pesasse mais do que devia. Ele passou uma das mãos pelo rosto, cobrindo os olhos por um instante, como se aquilo pudesse protegê-lo da força das próprias emoções. Seu corpo inteiro parecia tenso, como se estivesse preso entre o impulso de correr para os braços de Alek e o peso de tudo que havia acontecido. Ele queria dizer que não — que nunca faria algo para machucar Alek de propósito. Mas seria verdade? Ele mesmo já não tinha certeza. O coração dele estava um caos. Nada parecia simples. Nem puro. Nem certo. "Mas também não foi só um erro inocente. Eu tava machucado, Alek. Com raiva. Confuso. E, sim, parte de mim queria parar de sentir... qualquer coisa por você. Queria desligar. Anestesiar. Por alguns minutos, eu queria ser outra pessoa." Ele manteve o olhar baixo, encarando o chão como se quisesse sumir dentro dele. Sentia os batimentos no pescoço, o calor subindo pelo rosto, o constrangimento grudado na pele. Fechou os olhos por um instante, pressionando as pálpebras com os dedos, como se isso pudesse apagar a memória do que fez. "Não consegui. Só me senti mais eu mesmo do que nunca. Cheio de culpa. Estúpido." Ele engoliu em seco. Cada frase saía com o cuidado de quem atravessa um campo minado com os pés descalços. Suspirou e desviou o olhar, como se não conseguisse sustentar o peso do rosto de Alek naquele momento.
As mãos dele se entrelaçaram com força, como se ele precisasse se ancorar ali. A tensão entre os dedos refletia o nó em seu peito. "Eu me senti dispensável. Rejeitado." Fez uma pausa, como se estivesse tentando organizar os próprios pensamentos, que vinham como fragmentos desconexos. “Ficar longe de você não foi melhor. Foi só mais doloroso. Foi como... perder o chão sem aviso.” Um passo. Só um. Matteo não se atreveu a avançar mais. O silêncio entre eles voltou a crescer, mas dessa vez Matteo não desviou. Encarava Alek com tudo exposto.
A confirmação de que Matteo o havia evitado todos aqueles dias atravessou Alek como uma lâmina fria, fina e precisa. Um arrepio percorreu sua espinha e, por um segundo, ele não soube onde colocar as mãos, o corpo, os olhos. Aquilo era a materialização de um medo que Alek vinha tentando sufocar desde que Matteo partira — o medo de que, no fim, eles voltassem a ser estranhos. Alek apertou levemente os punhos, como se fosse possível conter a dor física que irradiava do peito. Não conseguia refrear a culpa por ter colocado aquela distância entre eles. O olhar dele desceu, pousando nas mãos de Matteo, trêmulas, e um impulso quase incontrolável o atravessou — vontade de tocá-lo, de oferecer conforto, de desfazer qualquer distância ainda existente entre eles. Mas não se moveu. Ainda não. Havia barreiras demais entre os dois, coisas que não estavam resolvidas só porque Matteo resolveu voltar ali. "Eu sei que talvez eu não merecesse te ver..." Alek começou, com a voz embargada, tentando manter o controle. "Mas eu precisava tentar. Não porque eu achava que podia te convencer a voltar… mas porque eu precisava que você soubesse o quanto eu tô arrependido, por tudo. Eu quero ser um cara melhor, Teo. Você me faz querer ser um homem melhor."
Estava prestes a continuar — o discurso que ensaiou incontáveis vezes em silêncio, entre um trago de cigarro e outro, entre os pesadelos e os retornos vazios de Khadel. Mas então Matteo falou e Alek congelou. Foi um instante só, mas nele todo o ar do ambiente pareceu se retirar. Seu peito afundou com um peso novo. Os olhos arregalaram-se por reflexo, como se tentassem assimilar, mas não havia lógica possível. Matteo. Outra pessoa. Um beijo. Alek não conseguia imaginar. Ou melhor, não queria. Não podia. Era como se aquele único pensamento ferisse mais do que tudo o que havia passado até então. Matteo se perdendo, mesmo que por um instante, em alguém que não era ele.
Alek abaixou os olhos, sem saber onde pousá-los. Procurou desesperadamente algo onde pudesse se ancorar: a quina da pia, os próprios pés, as sombras projetadas na parede. Tudo tremia. Tudo falhava. Mas então veio a parte mais difícil. Ou talvez a mais compreensível. Matteo confessou que foi raso. Vazio. Que se arrependeu no segundo seguinte. E isso foi, ao mesmo tempo, um alívio e uma ferida nova. Porque era exatamente o que Alek também tinha sentido quando beijou outra pessoa — uma tentativa desesperada de apagar, de se vingar da dor, de provar que podia viver sem ele. Mas não podia. Então por que doía tanto ouvir aquilo da boca de Matteo? "Por quê?" A palavra escapou quase sem força, como se fosse velha demais para ainda ser pronunciada. Sua voz falhou, tremida, carregada de tudo que ele ainda não sabia como dizer. "Foi por minha causa? Porque eu te feri primeiro?" Ele ergueu os olhos, e neles não havia raiva. Só a confusão devastadora de quem ainda ama mesmo depois da queda. Vulnerabilidade, sim. Insegurança, também. Mas acima de tudo, havia uma honestidade desarmada — a de alguém que já perdeu tudo, menos o sentimento que o mantém de pé. "Você fez isso pra me esquecer?" Ele perguntou, quase num sussurro. "Ou pra me punir?"
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You had a lot going on that night. Tell me about it.
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[o despertar da maldição | terceira semana de agosto de 2025]
O silêncio na cozinha pareceu se estender por horas, embora apenas alguns segundos tivessem passado. Matteo continuava parado, encostado na pia como se seu corpo fosse feito de pedra — tenso, contido, cada músculo se segurando para não desabar. O cheiro de café velho ainda pairava no ar, misturado ao resíduo de cigarro que impregnava as cortinas. Aquela era a casa de Alek. Familiar. Estranha. Intacta e, ao mesmo tempo, completamente diferente do que ele lembrava. Ver Alek ali, parado na porta, com os olhos úmidos e o rosto marcado por dias que certamente não pareciam fáceis, ativou algo dentro de Matteo que ele não soube nomear. Um instinto, talvez. Um ímpeto de correr até ele, de desfazer aquela distância absurda com um abraço que o protegesse do mundo. Mas ele não se moveu. Não ainda. Seu coração batia acelerado, não por alegria, mas por tudo que ainda estava entalado na garganta. O reencontro trazia mais perguntas do que respostas. Mais feridas expostas do que conforto.
"Eu sei," ele respondeu, baixo, quase sem encarar. Matteo baixou os olhos para as próprias mãos. Estavam trêmulas, ainda que ele tentasse esconder. Tudo nele doía. O corpo cansado das noites mal dormidas, a mente exausta das repetições mentais do que poderia ter feito diferente. Ele respirou fundo, o ar entrando com dificuldade, como se cada inspiração precisasse vencer uma barreira dentro do peito. "Eu lhe evitei todos os dias," ele continuou, a voz firme num esforço quase cruel. "Mesmo quando queria voltar."
Matteo pensou no beijo. Naquela noite desajeitada, no toque sem propósito, no gosto de alguém que não era Alek. Pensou no vazio que sentiu logo depois, no enjoo existencial que o perseguiu pelas horas seguintes. E em como tudo aquilo foi, de certa forma, uma resposta. Ele não queria explorar nada. Não queria descobrir quem era longe de Alek. Queria esquecer. Se anestesiar. E falhou. A presença de Alek ali, diante dele, era quase insuportável. Ver o rosto dele, magro, abatido, os olhos ainda acesos apesar de tudo, só tornava as coisas mais difíceis. Matteo sabia que não podia simplesmente jogar tudo pra debaixo do tapete. Que voltar era mais do que estar fisicamente presente — era reconhecer que os dois erraram. Que existia uma rachadura, e que ela não ia sumir só porque ele apareceu. Matteo ergueu os olhos. Encontraram os de Alek por um segundo longo demais. Um segundo carregado de tudo que não sabiam como dizer. "Você me perguntou se eu tô bem," ele riu, um riso breve e seco, que não era divertido, "não. Não tô. Mas acho que isso é o que acontece quando a gente machuca alguém que ama. Ou quando sente que foi machucado e não sabe direito o que fazer com isso." Finalmente levantou os olhos. Encontraram os de Alek com a intensidade de quem não quer fugir. "Eu beijei outra pessoa," confessou, sem rodeios. "Não porque quis. Ou melhor, talvez eu tenha querido, sim, mas não da forma certa. Foi... Raso. Vazio. E no segundo seguinte, eu já me arrependi."
Se não fosse pela companhia de Dante naqueles últimos dias, Alek provavelmente já teria apodrecido. Era assim que se sentia: em decomposição lenta, como se a culpa e a ausência estivessem corroendo de dentro pra fora. A privação de sono, o jejum quase absoluto — quebrado apenas por tragos nervosos de cigarro e goles de café forte —, o silêncio... tudo contribuía para uma deterioração que ele já não conseguia esconder nem de si mesmo. Tomava banho só quando precisava sair para sua peregrinação diária até Khadel, atrás de um rastro de Matteo. Voltava sempre de mãos abanando, coração mais vazio do que no dia anterior, e já tinha até parado de carregar o celular: era pior ver a tela acender e descobrir que não era nenhuma mensagem dele ou dos outros amigos.
Naquela manhã — ou talvez fosse noite, ou tarde, ou madrugada... ele já não sabia mais —, Alek ainda não tinha visto Dante. Supondo que o amigo tivesse finalmente cansado da função de anjo da guarda, achou que ele já devia ter voltado pra Khadel atrás de Aylin. O quarto estava escuro, abafado, parado no tempo. A luz filtrada pelas cortinas grossas deixava tudo com um tom de fim de mundo. O relógio marcava uma hora qualquer, irrelevante. Alek tentou fechar os olhos, mas mesmo o descanso era um campo minado. Dormir significava ver Matteo em versões distorcidas: machucado, partindo, o rosto cheio de mágoa, a voz rouca gritando por ele. Era insuportável. Por isso, quando ouviu a voz de Matteo vindo da cozinha, a primeira reação foi o pânico. Não o medo convencional — mas aquele tipo de susto que só se sente quando algo profundamente desejado parece prestes a acontecer, como se fosse bom demais pra ser real. O nome dito com tanta clareza. A entonação quente. Real. Diferente das vozes carregadas de dor nos seus pesadelos.
Alek se sentou de supetão, o peito disparando. Por um segundo, achou que estivesse alucinando. Passou a mão pelos olhos, pelo rosto, tentando desfazer o torpor.Levantou num impulso, os pés tropeçando no tapete do quarto enquanto atravessava o corredor. O coração batia tão alto que abafava os ruídos do resto da casa. Será que estava delirando? Será que já tinha passado do ponto de retorno? Mas lá estava ele. Matteo. Encostado na pia. Fisicamente presente, de carne e osso. Alek parou na entrada da cozinha, como se seu corpo tivesse travado ali, incapaz de se mover mais um centímetro sem permissão. E, por um momento, tudo que sentiu foi alívio. Um alívio cru, incontrolável, rasgando o peito de dentro pra fora. Seus olhos marejaram sem que percebesse, e o sorriso veio antes que pudesse contê-lo. Era um sorriso pequeno, hesitante, cheio de fissuras, mas verdadeiro. A presença de Matteo ali era o suficiente para arrancar um pedaço do peso que o esmagava. "Matteo... " O nome saiu num sussurro trêmulo, quase como uma oração. Quis correr até ele. Abraçá-lo, sentir o calor do seu corpo, agarrar-se à certeza de que ele realmente estava ali. Mas não sabia se ainda tinha esse direito. Matteo estava ali, sim mas por quê? O que o tinha trazido de volta? "Você...", engoliu em seco. "Você tá bem? Eu..." A voz falhou, e ele passou a mão pelos cabelos, tentando se recompor. "Eu fui a Khadel todos os dias atrás de você. Todos os dias."
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[o despertar da maldição | terceira semana de agosto de 2025]
O que tinha acontecido na noite anterior não era nada do feitio de Matteo. Ele havia beijado outra pessoa. Um beijo rápido, impulsivo, com um estranho que mal lembrava o nome. Havia beijado outro homem. E agora, à luz da manhã, a lembrança do momento parecia ainda mais fora de lugar. Não achava que tinha feito aquilo por vingança. Nunca foi esse tipo de pessoa. Mas, ao mesmo tempo, também tinha dificuldades em entender por que sequer havia feito. Talvez tenha sido uma tentativa patética de esquecer o outro. De calar o nó que crescia na garganta toda vez que pensava em Aleksander e em tudo o que não eram. Outra parte talvez quisesse experimentar, testar limites, da mesma forma que Aleksander parecia ter feito tantas vezes — livre, sem culpa, sem hesitação. Matteo nunca foi assim. Sempre pensava demais antes de agir, sempre ponderava sentimentos, consequências, gestos. Qualquer que fosse o motivo daquela noite, não era do tipo que beijava alguém por simplesmente beijar. E ainda assim… aconteceu. O beijo, no entanto, não havia significado nada. Nenhum calor. Nenhuma descarga elétrica. Nenhum arrepio familiar. Só um gosto amargo de deslocamento e arrependimento, que se arrastou madrugada adentro até finalmente adormecer.
Acordou na manhã seguinte com a cabeça pesada e um gosto metálico na boca. Sentia-se culpado. Sujo, até. Apesar de ele e Aleksander nunca terem exatamente rotulado o que tinham, aos olhos de Matteo, estavam juntos juntos. Namorando. Estavam tentando, mesmo com o mundo em colapso ao redor deles, mesmo com as incertezas pairando no ar. Ele havia se comprometido emocionalmente. E agora sentia como se tivesse traído algo invisível, mas ainda assim sagrado. E mesmo que Aleksander tivesse os quebrado primeiro, não era desculpa para seus próprios atos. Vestiu-se rápido e saiu sem café. O dia estava abafado, e o céu ameaçava tempestade. Caminhou em silêncio até a casa de Aleksander, as mãos suadas e o coração acelerado. Precisava vê-lo. Precisava… de algo. Perdão, talvez. Ou apenas confirmação de que aquilo entre eles ainda estava ali.
"Aleksander?" Matteo chamou ao entrar pela porta da cozinha, que estava destrancada. A madeira rangeu sob seus pés. O lugar não parecia tão ruim quanto imaginava. Não havia sinais de pressa, nem de abandono. A chaleira ainda estava morna no fogão. Matteo avançou alguns passos, os olhos percorrendo o ambiente em busca de qualquer indício. Parte dele torcia para que Aleksander não estivesse ali. Outra parte queria vê-lo imediatamente, resolver aquilo — ou ser punido por ter vacilado. "Sou um idiota", sussurrou para si mesmo, encostando-se na pia. Fechou os olhos por um segundo. O silêncio da casa parecia mais alto do que qualquer resposta que pudesse receber. @alekmoretti @khdpontos
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[o despertar da maldição | agosto de 2025]
Matteo não queria mais estar ali. Ele já estava sufocado dentro do sítio, mas com a partida de Aleksander do lugar, sem nem ao menos conversar com ele direito, não apenas ele não queria estar ali, ele não podia. Sentia-se como um intruso que havia acabado de ser colocado para fora. Aleksander havia dito que iria lhe dar um tempo dele, mas ele também iria ganhar um tempo, porque Matteo não estaria ali para o seu retorno. Jogou as poucas coisas que tinha desajeitadamente dentro da bolsa, pegou sua chave e entrou no carro. Foi só quando ele entrou no carro que ele desabou, deixando as lágrimas que ficou segurando durante a discussão correr pelo rosto. "Porra," murmurou por baixo da respiração, batendo no volante algumas vezes. Por alguns minutos, as lágrimas e um ocasional soluço era a única coisa que podia ser escutada ecoando dentro do carro. Por fim, ele deu partida e saiu do sítio em direção à Khadel.
Estava descendo a estrada quando viu um carro parado no meio. Parou, mas algo dentro dele ponderou. Estava em tempos loucos e ele não tinha conseguido ver quem era, mas... Estava tarde. Não poderia ser alguém que queria machucá-los. Poderia? Aleksander e ele estavam fora da cidade e alguém teria que se dar o trabalho de ir até o sítio. Respirou fundo e deu de ré, até ficar rente a janela do outro carro e olhar para dentro, vendo... "Scarlet?" @eusouscarlet @khdpontos
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[o despertar da maldição | segundo fim de semana de agosto]
Sim. Mas ele não diria aquilo em voz alta. O egoísmo de Aleksander era o que os mantinha presos ali dentro. Não porque Aleksander não se importasse com os outros — Matteo sabia que ele se importava, às vezes até demais —, mas porque a forma como demonstrava esse cuidado era distorcida, violenta, sufocante. Matteo não queria estar trancado ali. Não queria sentir que sua vida havia sido arrancada das mãos como um copo escorregando da beira da pia. E, ainda assim, era exatamente isso que acontecia. Mas ele sabia: se falasse tudo aquilo, se derramasse seus sentimentos crus e sem filtro, só alimentaria o que já estava quebrado entre eles. Aleksander estava no limite, e Matteo também, mas de formas diferentes. Enquanto um se fechava mais a cada dia, o outro sentia as costuras se abrindo por dentro.
A casa era grande, mas parecia cada vez menor. Cada parede, cada janela tapada, cada passo ecoando no vazio fazia o peito de Matteo apertar. Ele não queria viver como um fantasma, escondido. Não queria viver com medo. E, pior, não queria viver com alguém que usava o medo como desculpa pra afastá-lo. Do lado de fora, por mais que houvesse perigo, ainda existia ar. Ainda existia céu, cidade, possibilidade de existir com um mínimo de dignidade. Ali dentro, restava o torpor. O isolamento. O silêncio de dois corpos dividindo o mesmo espaço e vivendo em realidades diferentes.
"Eu não posso mais continuar vivendo assim," Matteo disse, a voz cortando o ar com firmeza, mas o coração despencando com o peso da frase. Ela ecoou pelos cômodos como se tivesse sido gritada, mesmo dita em tom controlado. Ecoou porque tudo ali estava vazio demais — o sofá, a mesa, a cama. Tudo tinha mudado tão drasticamente. Dias antes, Matteo sorria mais. Estava se abrindo. Se conectando. E agora… Agora passava os dias tentando não pisar nos cacos emocionais de Aleksander. Tentando não disparar mais gatilhos do que o necessário. Tentando sobreviver a uma guerra interna que não escolheu.
"Você. Está. Me. Sufocando." Cada palavra veio acompanhada de uma respiração curta, superficial, como se cada sílaba drenasse o ar dos pulmões. Matteo apertou o próprio peito, quase sem perceber, como se isso fosse ajudá-lo a respirar melhor. Mas não havia nada bloqueando suas vias aéreas — o que o impedia era Aleksander. A presença constante, vigilante, paranoica. Ele não queria ser cuidado daquele jeito. Aquela obsessão por proteção, aquele controle… era um tipo de prisão. Ele não queria morrer ali. E eles estavam morrendo, um pouco mais a cada dia. Não no corpo, mas no vínculo, na alma, no que faz dois seres humanos se escolherem mesmo quando tudo diz que não.
Matteo riu, exausto, com uma tristeza tão cortante que doía nos dentes. "Isso, Aleksander, debocha mais da pessoa que está do seu lado." Ria porque não queria chorar. Porque se começasse a chorar, talvez não parasse. "Você não está aqui, Aleks!" Ele gritou entre os dentes, esperando — implorando — que o apelido furasse alguma camada de gelo e o fizesse escutar. "Esse é o problema. Seu corpo tá aqui, mas você não esteve comigo em nenhum momento dessa semana." Era como viver com um fantasma. Como amar alguém que já tinha sido consumido por algo invisível. "Eu acabei de te dizer o que eu quero, porra. E você continua me ignorando, como se nada do que eu sentisse fosse relevante."
E então, quando Aleksander pegou a chave do carro, algo dentro de Matteo trincou de vez. Ele ficou parado, atônito, o tempo se arrastando como se o ar tivesse se tornado mais espesso. Quando se deu conta, estava correndo. "Aleksander!" gritou, o nome escapando como um pedido e uma acusação ao mesmo tempo. Ele se posicionou na frente do carro, as mãos no capô, o peito arfando. "Você só pode estar de brincadeira," disse, a voz trêmula, os olhos ardendo. Lágrimas se formavam, pinicando atrás das pálpebras, mas ele se recusava a deixar que caíssem. Não agora. "Sai desse carro," pediu, e o tom traiu o que ele tentava esconder. Havia desespero ali. Medo. Um sentimento distorcido pela guerra entre eles. Ele deu a volta no carro, batendo com o punho fechado na janela. "Pelo menos me escuta, caralho. Baixa o vidro. Me olha!" A voz saiu engasgada. "Vamos conversar, Aleksander."
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[o despertar da maldição | segundo fim de semana de agosto]
Sim. Mas ele não diria aquilo em voz alta. O egoísmo de Aleksander era o que os mantinha presos ali dentro. Não porque Aleksander não se importasse com os outros — Matteo sabia que ele se importava, às vezes até demais —, mas porque a forma como demonstrava esse cuidado era distorcida, violenta, sufocante. Matteo não queria estar trancado ali. Não queria sentir que sua vida havia sido arrancada das mãos como um copo escorregando da beira da pia. E, ainda assim, era exatamente isso que acontecia. Mas ele sabia: se falasse tudo aquilo, se derramasse seus sentimentos crus e sem filtro, só alimentaria o que já estava quebrado entre eles. Aleksander estava no limite, e Matteo também, mas de formas diferentes. Enquanto um se fechava mais a cada dia, o outro sentia as costuras se abrindo por dentro.
A casa era grande, mas parecia cada vez menor. Cada parede, cada janela tapada, cada passo ecoando no vazio fazia o peito de Matteo apertar. Ele não queria viver como um fantasma, escondido. Não queria viver com medo. E, pior, não queria viver com alguém que usava o medo como desculpa pra afastá-lo. Do lado de fora, por mais que houvesse perigo, ainda existia ar. Ainda existia céu, cidade, possibilidade de existir com um mínimo de dignidade. Ali dentro, restava o torpor. O isolamento. O silêncio de dois corpos dividindo o mesmo espaço e vivendo em realidades diferentes.
"Eu não posso mais continuar vivendo assim," Matteo disse, a voz cortando o ar com firmeza, mas o coração despencando com o peso da frase. Ela ecoou pelos cômodos como se tivesse sido gritada, mesmo dita em tom controlado. Ecoou porque tudo ali estava vazio demais — o sofá, a mesa, a cama. Tudo tinha mudado tão drasticamente. Dias antes, Matteo sorria mais. Estava se abrindo. Se conectando. E agora… Agora passava os dias tentando não pisar nos cacos emocionais de Aleksander. Tentando não disparar mais gatilhos do que o necessário. Tentando sobreviver a uma guerra interna que não escolheu.
"Você. Está. Me. Sufocando." Cada palavra veio acompanhada de uma respiração curta, superficial, como se cada sílaba drenasse o ar dos pulmões. Matteo apertou o próprio peito, quase sem perceber, como se isso fosse ajudá-lo a respirar melhor. Mas não havia nada bloqueando suas vias aéreas — o que o impedia era Aleksander. A presença constante, vigilante, paranoica. Ele não queria ser cuidado daquele jeito. Aquela obsessão por proteção, aquele controle… era um tipo de prisão. Ele não queria morrer ali. E eles estavam morrendo, um pouco mais a cada dia. Não no corpo, mas no vínculo, na alma, no que faz dois seres humanos se escolherem mesmo quando tudo diz que não.
Matteo riu, exausto, com uma tristeza tão cortante que doía nos dentes. "Isso, Aleksander, debocha mais da pessoa que está do seu lado." Ria porque não queria chorar. Porque se começasse a chorar, talvez não parasse. "Você não está aqui, Aleks!" Ele gritou entre os dentes, esperando — implorando — que o apelido furasse alguma camada de gelo e o fizesse escutar. "Esse é o problema. Seu corpo tá aqui, mas você não esteve comigo em nenhum momento dessa semana." Era como viver com um fantasma. Como amar alguém que já tinha sido consumido por algo invisível. "Eu acabei de te dizer o que eu quero, porra. E você continua me ignorando, como se nada do que eu sentisse fosse relevante."
E então, quando Aleksander pegou a chave do carro, algo dentro de Matteo trincou de vez. Ele ficou parado, atônito, o tempo se arrastando como se o ar tivesse se tornado mais espesso. Quando se deu conta, estava correndo. "Aleksander!" gritou, o nome escapando como um pedido e uma acusação ao mesmo tempo. Ele se posicionou na frente do carro, as mãos no capô, o peito arfando. "Você só pode estar de brincadeira," disse, a voz trêmula, os olhos ardendo. Lágrimas se formavam, pinicando atrás das pálpebras, mas ele se recusava a deixar que caíssem. Não agora. "Sai desse carro," pediu, e o tom traiu o que ele tentava esconder. Havia desespero ali. Medo. Um sentimento distorcido pela guerra entre eles. Ele deu a volta no carro, batendo com o punho fechado na janela. "Pelo menos me escuta, caralho. Baixa o vidro. Me olha!" A voz saiu engasgada. "Vamos conversar, Aleksander."
Alek não soube dizer se estava tentando provocar ou se, no fundo, esperava que Matteo desistisse. Mas quando a resposta veio — crua, cheia de mágoa e com uma franqueza quase dolorosa —, o que despertou dentro dele não foi culpa. Foi raiva. Não de Matteo. Nunca de Matteo. Era como se o fio desencapado que havia ficado em silêncio por semanas tivesse encontrado finalmente uma faísca. A voz do outro era um espelho. E Alek odiava o que via refletido. "O quê? Agora eu sou o egoísta da história?" A pergunta cortou o ar, afiada. A expressão endurecida, o maxilar trincado. "Você acha que eu não sei dessa porra toda? Pega meu celular. Olha quantas mensagens eu mandei pro Dante, pra Olivia, pra Scar. Olha quantas chamadas sem resposta. Você acha que eu não tô tentando? Que eu não tô me importando com eles?"
Ele falava com os ombros tensos e os olhos faiscando de angústia mal contida. Como se estivesse defendendo não só a própria integridade, mas a última ilusão que ainda sustentava: a de que estava no controle. "Você acha que eu te trouxe pra cá porque queria te manter no meu cercadinho, é isso? Porra, Matteo...", soltou uma risada seca, quase desumana "...foi pra te proteger. Foda-se o que acontece comigo. Eu posso não conseguir proteger os outros mas eu tenho que conseguir proteger você." Aquilo escapou. A única verdade que Alek ainda tentava esconder. Que proteger Matteo era a âncora que o mantinha em pé. Mas ele não percebeu o impacto da própria frase. A ironia de como, ao tentar proteger Matteo do mundo, esqueceu de não o machucar ele próprio. Estava cego. Pela culpa, pela paranoia, pelo medo paralisante de perder tudo. E quanto mais Matteo falava, mais a pressão aumentava, mais ele sentia que estava sendo encurralado. Era aquilo o tal amor que tanto falavam? Aquela sensação constante de afogamento? De medo? De culpa? Alek sentia como se estivesse a ponto de enlouquecer.
O comentário sobre escudos o atingiu como uma lâmina na pele sensível. Alek riu. Uma risada breve, debochada, um reflexo de defesa automática. "Ah, pronto", ergueu as mãos como quem se rende a uma acusação absurda. "Agora você virou terapeuta também? Que lindo." Ele não se moveu quando Matteo se aproximou. Manteve os pés fincados como se estivesse em posição de batalha, o corpo tensionado, os braços cruzados contra o peito. Como se o contato físico fosse uma ameaça maior do que qualquer outra coisa naquele momento. O cheiro do outro o alcançou — familiar, doméstico, seguro demais. E era isso que doía. Que Matteo ainda cheirasse como casa, mesmo quando tudo estava desabando. "Eu também tô aqui, não tô? Tentando. Dando o que eu consigo dar." A voz agora vinha mais baixa, mais densa. "Se isso não é suficiente pra você... então me diz logo. Porque eu não sei mais o que fazer pra acertar o maldito tom com você."
Alek sabia que Matteo estava implorando por conexão. Por presença. Mas como estar presente se tudo ao redor ainda parecia um campo de batalha? Como dormir ao lado dele se qualquer ruído na noite fazia o coração disparar como um alarme? Ele queria ceder. Mas ceder significava baixar as armas. E baixar as armas, agora, parecia suicídio. Era o dever dele manter tudo erguido, equilibrar os pratos e proteger. Então, Alek recuou. Dois passos. Lentos, mas definitivos. Como quem percebe que, por mais que queira ficar, está prestes a transbordar. "Você tá cansado?", repetiu, os olhos fixos nos dele. "Ótimo." Um sorriso torto, amargo, escapou por um canto da boca. "Então deixa que eu te dou um descanso de mim."
Alek virou as costas sem esperar resposta. Seus dedos vasculharam impulsivamente a mesinha ao lado do sofá até encontrar o chaveiro. As chaves do carro tilintaram com violência contra a palma da mão. Era uma péssima ideia deixar Matteo ali sozinho e voltar para Khadel. Ele sabia. Mas a necessidade de escapar era maior que o bom senso. Tudo apertava. O ar. O cômodo. O som da voz de Matteo ainda reverberando. A ideia de estar sendo amado — verdadeiramente amado — por alguém que agora ele estava afastando com as próprias mãos. Saiu da casa como quem foge de um incêndio. Os passos apressados, desajeitados, como se o próprio chão estivesse queimando. Ele não olhou pra trás. Porque se olhasse, cederia. E ceder… Ceder significava admitir que estava quebrado. E Alek ainda não sabia amar sem se sentir uma ameaça.
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[o despertar da maldição | segundo fim de semana de agosto]
Matteo riu — um som curto, descrente, quase amargo — antes de cruzar os braços com força, como se estivesse tentando conter tudo o que fervia dentro dele. "Você acha que eu não vejo? Que eu não entendo?" A voz dele saiu trêmula, num misto de raiva e frustração. Era como se ele tivesse se tornado invisível para a pessoa que devia vê-lo. Matteo e Aleksander sempre foram de mundos opostos, mas aquele era o primeiro momento que ele se sentia tão deslocado do outro desde que começaram a sair. Era como se tivessem voltado a estaca zero, ou tivessem regredido ainda mais, porque agora não podia falar que a distância era ódio. Ao menos ódio era uma emoção. "Eu tomei uma pedrada na cara, Alek. Eu saí da academia com meu namorado paranóico sem saber se ia voltar — você não é o único que tá sendo ameaçado aqui." Os olhos dele estavam úmidos agora, mas ele não piscava. Deixava doer, deixava queimar, mas se recusava a dar lugar as lágrimas. Sua mãe havia mudado de novo — do vinho ao vinagre. Ele não sabia o que iria acontecer também. Mas Matteo queria resolver o problema. Não se esconder dele. "Mas você age como se só você estivesse no olho do furacão. Como se o mundo girasse em torno da sua paranoia, da sua dor, da sua guerra pessoal. Tem outras oito pessoas lá fora passando pela mesma coisa." Fazia dias que ele estava em uma luta com ele mesmo. Que ele não sabia mais o que fazer com Aleksander. Tudo que ele fazia dentro do sítio era para não causar uma briga maior, mas até o pedido mais simples tivera repercursões alarmantes. "Eu entendo que você tá com medo. Eu entendo que isso tudo tá te consumindo. Mas porra, Alek, até quando? Até quando você vai usar isso como escudo pra afastar todo mundo? Pra se trancar nesse modo de sobrevivência e tratar qualquer tentativa de carinho como ameaça?" Matteo quase achava que não tinha diferença em como ele e o inimigo seria tratado ali. Ele também se sentia persona non-grata.
Deu um passo pra frente, o peito arfando, a raiva em ebulição. "Você acha que eu não me importo porque eu faço chá?" Falou entre os dentes. "Que eu sou passivo porque eu não fico andando pela casa armado? Vai se foder, Alek. Eu tô aqui. Eu larguei tudo pra estar aqui. Mas eu não vim pra virar espectador da tua espiral de autodestruição." Ele passou a mão pelos cabelos, respirando fundo, como se buscasse uma saída, qualquer saída, daquilo. Mas não havia. Só havia ele e Alek. Só aquele silêncio do campo, abafado pela tensão que parecia explodir a qualquer segundo. "Você diz que não queria me arrastar pra cá, mas é exatamente isso que fez. E agora você me larga aqui, nesse lugar que era pra ser bonito, e me olha como se eu fosse o problema por querer que você deite do meu lado." A voz dele falhou por um segundo, mas ele não parou. Se ele parasse, talvez não conseguisse mais colocar as palavras para foram que passaram a semana inteira entaladas em sua garganta. "Eu tô cansado, Alek. De verdade. Eu tô cansado de tentar te alcançar e ser empurrado toda vez. Cansado de andar na ponta dos pés pra não disparar um gatilho seu."
Matteo se aproximou ainda mais, tão perto que podia sentir o calor do corpo do outro. Os olhos fixos, duros, cheios de mágoa, mas ainda com o mínimo de esperança que o outro iria estender a mão. Que ele iria dar o último passo. Que não era assim que acabava. "Você precisa parar. Nem que seja só por uma noite. Você precisa deixar essa merda toda do lado de fora e olhar pra mim. Olhar de verdade, não com essa expressão de quem já decidiu que vai perder tudo. Porque se você continuar assim, Alek, você vai acabar conseguindo exatamente isso. Vai perder." Ele engoliu seco, o maxilar travado. "Eu tô pedindo. Não tô exigindo, não tô forçando. Só tô pedindo. Deixa isso pra lá. Por uma noite. Só uma. Vem pra cama. Me dá uma porra de uma noite onde eu não me sinta invisível. Onde eu não sinta que eu sou o problema não só lá fora, mas aqui dentro também." Matteo não piscava. Não sorria. Só esperava. Com tudo o que ainda tinha.
Ele ficou ali, parado, como se o simples ato de escutar o nome nascido da boca do Matteo exigisse mais esforço do que deveria. O "Alek" dito daquele jeito — suave, contido, quase como um apelo — causava um efeito estranho. Queria ceder. Queria aceitar aquele convite como quem aceita abrigo na chuva. Mas era como se o corpo não obedecesse. "Eu vou pra cama se você vier comigo." A frase ecoou de um jeito que deveria ser simples, carinhoso, íntimo. Mas bateu errado. Não por culpa de Matteo — nunca era por culpa do Matteo — e sim por tudo que pulsava dentro dele. Alek fechou os olhos por um segundo, a mandíbula travada. Soltou um suspiro pesado pelo nariz antes de encostar a mão na beirada da pia, de costas pra ele.
"Você acha que eu não quero?" A voz saiu baixa, arrastada, como se estivesse escolhendo cada palavra a dedo. "Acha que eu gosto de estar assim? De andar pela casa feito um maluco armado até os dentes?" Ele virou devagar, apoiando-se com as costas no balcão, os olhos cansados fixos no rosto do outro. O corte na sobrancelha de Matteo, ainda cicatrizando, era um lembrete constante. Cru. Alek odiava olhar praquilo. E não conseguia parar de olhar. "Matteo, tem gente querendo foder a minha vida. A nossa vida." A voz dele agora tinha mais ritmo, mais força, crescendo sem pressa. "E eu não tô falando de boato em grupo de mensagens. Tô falando de gente querendo me destruir de verdade. Você viu o que fizeram contigo. Com o Fiamma." Ele gesticulava com uma intensidade crescente, como se precisasse justificar cada batida do próprio coração. "Você acha que fugir pro meio do mato foi fácil? Que eu queria arrastar você pra cá, longe de tudo?" O sítio era um dos lugares preferidos de Alek, um refúgio que ele vinha quando queria relaxar. Porém, parecia que a cada segundo ali naquela situação de tensão tirava a mágia do lugar para ele. Não era assim que queria que fosse a primeira vez de Matteo ali, mas Alek parecia preso num transe de paranoia e nem mesmo Matteo seria capaz de acordá-lo daquele pesadelo.
Alek deu um passo pra frente. Ainda segurava o medo no olhar, mas agora era outro sentimento que começava a vazar: frustração. "E mesmo aqui, eu não consigo relaxar. Porque e se tiver alguém lá fora? E se eles descobrirem onde a gente tá? E se jogarem algo pior do que uma pedra?" Ele deu uma risada seca, sem humor. "Você acha que eu tô exagerando. Eu vejo no teu rosto. Você acha que é paranoia, que é drama, que é só mais um surto meu. E talvez seja, porra. Talvez seja mesmo. Mas e daí?" A voz subiu meio tom. Não era grito ainda, mas estava perto. Era o desespero começando a cuspir pelas rachaduras da calma. "Melhor do que ficar inerte e fazendo chá." Aquela frase saiu quase como um ataque pessoal à Matteo, algo que Alek não fazia desde que parou de o considerar um inimigo. Se arrependeu da rispidez assim que as palavras sairam de sua boca, mas não o suficiente para mudar a postura ou voltar atrás.
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[o despertar da maldição | segundo fim de semana de agosto]
Não parecia tão cruel no começo. As coisas foram acontecendo aos poucos. Um dia estavam dançando na boate e o holofote caiu e quase atingiu um casal junto deles. No outro foi um jato de água que acertou as pessoas quando Aleksander saia de casa para encontrá-lo. Alguns ferimentos, mas parecia que o azar o seguiam por todos os lados. Matteo tentava não ligar porque ele estava num bom momento com Aleksander. Era aquilo que eles estavam procurando, não era? Até os comentários não serem feitos em tom de rumor aos murmúrios. Até que as palavras duvidosas viraram hostis. Até todo mundo parar de aparecer no Fiamma. Até os contratos serem cancelados e boicotes serem armados a céu aberto. Até aparecerem pichações no seu prédio, o marcando como uma grande letra escarlate. Até que o pequeno grupo de reencarnados viraram persona non-grata para Khadel. Fazia mais ou menos uma semana desde que as coisas escalaram e alguém arremessou uma pedra que cortou seu rosto acima da sobrancelha. Ele não viu o delinquente, mas correu para cima de um grupo de pessoas o suficiente para assustá-los. Ninguém atrevia a encará-lo de frente. Mas o acontecido também, entretanto, havia sido suficiente para assustar Aleksander que simplesmente apareceu na academia. Matteo cedeu — apesar das tentativas de afastarem os dois, o grupinho de 'protetores de Khadel' não havia conseguido separá-los e ele não iria dar circunstâncias para que o fizesse.
Assim, eles foram para o sítio.
Desde então, estavam enfurnados dentro de casa e, se alguém o perguntasse, as coisas não estavam indo nada bem. Matteo não foi feito para ficar preso e ele se sentia dentro de uma panela de pressão. Alek caminhava pela casa. Parecia que murmurava para si mesmo — se falava com fantasmas ou consigo, Matteo não sabia, mas estava cada vez mais assombrado pala voz do outro. Andava com uma espingarda que Matteo achava que podia explodiar a qualquer momento em sua mão. Ele mal dormia, e agora não eram os pesadelos que o assustavam. Era como se em cada murmúrio do vento, Alek escutasse uma ameaça. Matteo sabia que as coisas não estavam bem, mas Aleksander... Ele parecia mais atingido que ele. Matteo acreditava que eles tinham que ficar juntos e achar um jeito de encarar o problema de frente. Eles não podiam continuar a se esconder no rancho.
Matteo havia acabado de preparar um chá quando Aleksander entrou dentro da cozinha. "Alek," ele falou, pediu, porque era isso que cada uma das suas conversas pareciam agora. Um pedido silencioso para que Alek relaxasse. Eles estavam sozinhos, estavam seguros e, mais importante, estavam juntos. Podiam lidar com qualquer problema. "Eu vou pra cama se você vier comigo," respondeu, esperando que o outro cedesse dessa vez. Ele não aguentava mais acordar e ver Aleksander com uma espingarda na mão. Ou acordar e não vê-lo ao seu lado. Matteo nunca imaginou que um dia estaria implorando para Aleksander ir para a cama com ele — aparentemente o dia havia chegado. "A gente não pode continuar assim, Aleksander."
o despertar da maldição com @thematteobianchi - rancho moretti
Khadel fervia em silêncio. Não era mais só o calor abafado do fim do verão ou o ruído constante da cidade pequena tentando parecer grande — era o que pairava no ar. Desde que a Fiamma entrou na mira dos extremistas, tudo pareceu começar a ruir. Cartazes rasgados na porta. Denúncias anônimas que ninguém assumia. Insinuações soltas em grupos de mensagem. E, mais recentemente, um boicote organizado: clientes sumindo, contratos cancelados, fornecedores recuando como se tivessem medo de serem queimados junto.
Alek segurou firme o volante da caminhonete durante quase toda a estrada, mas a tensão não ficava nos dedos. Tinha migrado pro pescoço, pros ombros, pros pensamentos. O rancho era a única saída. Literalmente. Um lugar afastado o suficiente pra respirar, pra tentar recuperar alguma sanidade. Ou pelo menos pra se esconder. Ele não explicou muito quando apareceu na academia atrás do Matteo. Só disse que precisava sair da cidade, que era melhor assim — pra eles dois. Matteo estranhou, claro. Sempre estranhava quando Alek começava a falar como se o mundo estivesse desmoronando só em volta dele. Mas aceitou. Jogou umas roupas na mochila e foi.
Agora, já no rancho, a quietude deveria ter sido um alívio. Mas não era. Já passava da meia-noite. A casa cheirava a madeira antiga e feno seco. O vento zunia pelas frestas das janelas, e o rangido do portão de metal lá fora o fazia se sobressaltar. De novo. Ele estava na varanda, sentado numa cadeira velha, com a espingarda atravessada no colo. A mão apertava o cano como se fosse a única coisa que o mantinha ancorado no presente. Ao lado dele, o cinzeiro transbordava de bitucas. Estava comprometido a parar de fumar por causa de Matteo mas, no meio daquela tensão, seu comprometimento havia se esvaído.
Já tinha verificado os estábulos três vezes. Os cães não latiam, o que em teoria era um bom sinal. Mas sua mente traía a lógica: e se tivessem sido envenenados? E se tivessem passado despercebidos? E se…? Alek passou a mão pelo rosto. Sentia o peso do cansaço nas pálpebras, mas não conseguia fechar os olhos. Dormir significava baixar a guarda. E ele não podia se dar esse luxo. Não mais. Do lado de dentro, sabia que Matteo ainda estava acordado. Talvez estivesse esperando ele voltar. Talvez estivesse cansado daquele silêncio que Alek carregava como se fosse um escudo. Respirou fundo, os olhos varrendo a escuridão do campo com a mesma precisão aflita de um animal encurralado. Então, finalmente se levantou. A cadeira rangeu atrás de si, e o cano da espingarda fez um som seco ao bater no batente da porta quando ele entrou. A casa estava morna, o cheiro do café velho ainda pairando no ar. Encontrou Matteo na cozinha, e sentio o pedo daquele silêncio entre eles, espesso como fumaça. Alek encostou a espingarda na parede com certa relutância. Depois, falou. "Você devia ir pra cama." A voz saiu baixa, seca, quase fria. Mas o olhar denunciava o resto — um cansaço antigo, um medo mal escondido, um desespero silencioso que só crescia. E, mesmo sem dizer, ele sabia que aquele início seco era só o pavio. Alguma coisa estava prestes a explodir, e talvez fosse ele.
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[ FEIRA DOS SENTIDOS ]
Matteo ainda sentia a pele quente onde ela encostava. O corpo em repouso, mas o pensamento desperto — principalmente quando ela o olhava daquele jeito. Tinha algo nos olhos de Olivia que sempre o desarmava: aquele brilho malicioso que escondia, sob camadas de controle, um medo tão parecido com o dele. E o mesmo desejo. Era como olhar no espelho. Quando ela provocou sobre a 'parte dois da massagem', Matteo riu baixo, lento, com um olhar que deslizava preguiçoso sobre ela, como se estivesse memorizando cada detalhe antes que ela escapasse. "Você tá brincando com fogo, Liv." Não havia urgência ali, só desejo contido por pouco. Assistiu em silêncio enquanto ela se vestia, e foi impossível não sorrir. Ela era bonita de um jeito que doía — e não só pela estética, mas pela forma como fazia até o mais mundano parecer cena de filme. Quando ela o beijou na bochecha e estendeu a mão, Matteo a segurou sem hesitar. "Você tá cada dia mais linda, sabia? Com esse lenço, então..." A puxou de leve de volta, só para encostar os lábios no canto da boca dela, suave, como um segredo. "Feira primeiro. Depois a parte dois," disse, dessa vez se levantando para ele também se vestir. Pegou as roupas espalhadas e vagarosamente se vestiu. Então, entrelaçou os dedos nos dela e seguiu seu passo firme, deixando que o corpo a acompanhasse, mas o coração ficasse atento. Em algum momento, eles teriam que sentar e falar sobre o que aflingia, mas não era ainda esse momento. "O que você quer comer?" Perguntou, o polegar deslizando pelas costas da mão, enquanto abria a porta, colocando a cabeça para fora primeiro como se quisesse ver que não teria ninguém entrando logo em seguida para ver a bagunça deixada por eles.
[ FEIRA DOS SENTIDOS ]
O corpo ainda formigava quando deitou a cabeça no braço dele. Sentia o suor secar devagar na pele, e com ele, a euforia dando lugar a um aperto morno no peito. Não era incômodo — era só… medo. O tipo de medo que aparece quando tudo parece bom demais para durar. Virou o rosto quando ouviu a voz dele, os olhos presos aos dele por um instante. Sua voz lhe acalmava, como se fosse capaz de varrer toda a poeira da insegurança dentro de si. Sorriu ao encará-lo, feliz pelo momento e decidida a aproveitar. Não sabia se sentiria o asco no dia seguinte, então precisava estar ali, inteira, positiva. A forma como Matteo a olhava fazia seu coração vacilar, e por um segundo, ela quase quis perguntar o que foi?. Mas não perguntou. Apenas ergueu uma sobrancelha, provocadora, o sorriso cheio de malícia de quem estaria pronta para um segundo round, se não estivessem onde estavam. — Comida? Achei que ia querer a parte dois da massagem. — Sorriu de lado, mas a expressão suavizou quando se sentou. Levantou, animada com a proposta e vestiu-se em silêncio. Sem pressa, colocou a calça jeans, a blusa, ajeitou o cabelo preso no penteado com o lenço, e calçou os sapatos. Em seguida, deu-lhe um beijo na bochecha e estendeu a mão para ele com naturalidade, os olhos brilhando com uma mistura de carinho e provocação. — Anda, vem. Quero ver se essa feira vai nos surpreender com comida boa, também. — O puxou pela mão, sem dar espaço para hesitações. Antes que o clima bom fosse embora e ela precisasse lidar, de novo, com a perda dele.
#𝐅𝐈𝐋𝐋𝐄𝐃 𝐔𝐍𝐃𝐄𝐑 ➽ threads.#chapter: olivia 003.#with: olivia boscarino.#with: a musa do verão.#chapter: a feira dos sentidos.
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Ele deu uma risada, "não precisa se preocupar." Matteo tentava se manter regrado e normalmente era fácil para ele, porque ele não tinha muita vida social para sair para jantar ou beber com os amigos, mas aparentemente o novo grupo de desajustados iria ocupar parte do seu tempo e da sua rotina. Ainda mais com toda a coisa da Zafira de falar que eles tinham que amar uns aos outros (ele ainda achava aquilo insano). De qualquer forma, conseguiria achar alguma coisa que não saísse muito dos seus macros no restaurante. Tinha certeza. Então, o assunto pareceu morrer por um momento, enquanto andavam para o restaurante. Ele tinha dito para se mesmo que iria tentar, então perguntou, "o que você mais gosta no seu trabalho?" Uma tentativa meio estúpida de manter alguma conversa.
Sabendo do passado de Matteo e tudo o que ele passou a mulher não gostaria de lhe causar sofrimento por uma escolha errada de restaurante ou algo que não pudesse aproveitar com completude. Então nada mais justo do que perguntar. "Eu vi algumas coisas de bodybilders... Sei que não é a mesma coisa mas ainda assim. Lá pelo menos sabemos que os produtos são bons..." ela deu de ombros seguindo ao seu lado. Helena travou por um curto momento, um filme passou em sua cabeça em todo o seu 'problema' com a comida, mas apenas sorriu "Não necessariamente. Eu basicamente tenho que me manter mais ou menos no mesmo peso. Sem compulsão, sem desnutrição... Ainda que de vez em quando eu esqueça que tenho que comer algo diferente do que um expresso e um donut" confessou cobrindo o rosto rindo da própria desgraça. Quantas vezes entrou no ciclo de escassez e compulsão durante gravações, mas detalhes não necessitavam de ser comentados. "Mas em minha defesa, o dia a dia de filmagens é louco. Queria dizer que já tiro de letra mas nem pá"
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Matteo deixou o corpo recostar no encosto da cadeira, os olhos ainda nela, como se tentasse decifrar não as palavras, mas o que estava por trás delas. Babette era boa em se esconder — principalmente quando estava falando de si mesma. "Talvez lidar com você não seja difícil," Matteo deu de ombros, oferecendo uma perspectiva diferente. "Talvez só exija mais paciência do que a maioria das pessoas tá disposta a oferecer." Ele falou como quem não queria convencer, só jogar uma possibilidade no ar. A maneira como ela ainda precisava manter o controle de quem tinha acesso a ela... ele entendia. E respeitava. Mas também via a solidão que esse tipo de escolha podia carregar. Porque ele fazia o mesmo. Controlava com afinco que tinha acesso à ele. E ele era solitário. Quando ela voltou no ponto da maldição e das almas gêmeas, ele sorriu, de canto, com certa ternura nos olhos. "Essas histórias de almas gêmeas que você tá falando... são só isso mesmo: histórias." Ele cruzou os braços. Pensando que sua alma gêmea poderia ser Olivia, e seria fácil como ela falava. Mas... Poderia ser também alguém com quem sua história não tivera nenhum segundo de paz. "Bonitas, reconfortantes. Mas geralmente contadas por quem já esqueceu a parte difícil. Ou mentiu sobre ela." Ficou em silêncio por um momento, depois acrescentou, "não tô dizendo que a gente deve tentar se apaixonar, só deixar as coisas acontecerem... Talvez quebrar a maldição não seja sobre achar a pessoa certa... mas sobre estar aberto o bastante pra alguém ser a pessoa certa." Fez uma pausa, sem tirar os olhos dela. Então Matteo deu um leve sorriso, como se não quisesse soar sério demais. "Só tô dizendo que eu acho que, às vezes, deixar alguém tentar já é parte da solução."
Babsi pendeu a cabeça pro lado levemente, cenho franzido suavemente, e uma expressão de confusão. Sabia que não era uma pessoa fácil de lidar, e era majoritariamente o que ela buscava. A nova vida, fora de Monschau, havia sido construída para ser o exato oposto do que ela era antes. "Eu acho que existem pessoas com quem talvez seja muito mais simples lidar." Ela explicou, dando de ombros. O comentário a seguir a fez sorrir e assentir. Não sabia que ficaria contente em pensar que Matteo estava tentando. "Ou talvez a maioria das pessoas só sejam irritantes demais pra que eu permita que elas tentem." Insistiu, ainda se colocando na posição de controlar quem poderia ter acesso a ela. Ela suspirou quando o assunto voltou para Nicholas, ouvindo o que Matteo dizia como quem ouve um conselho de alguém mais sábio. "É só que..." Ela respirou fundo, olhando para cima e pensando nas palavras. "As histórias de almas gêmeas são sempre tão fáceis. Tão... amor a primeira vista, amigos que se deram bem desde sempre. Acho que foi mais fácil me apegar a isso." Deu de ombros, com um sorriso sem graça. Ainda não conseguia se desvencilhar da chateação. "O que você quer dizer? Que ao invés de buscar quebrar a maldição, a gente deveria tentar se apaixonar por alguém e esperar que seja a pessoa certa?"
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[ flashback ]
Matteo aceitou a garrafa com um leve aceno e apoiou os cotovelos no balcão, observando a movimentação do salão por um momento antes de levar a garrafa aos lábios. A música vibrava no fundo do peito, mas ele parecia acostumado — como se aquele caos iluminado por neon já fizesse parte do cotidiano dele. "A gente passa tempo até demais nesse lugar," comentou, os olhos acompanhando o movimento de um grupo que dançava próximo ao palco. Se alguém o falasse que ele iria se tornar figurinha carimbada em uma boate, ele teria gargalhado, mas ali estava ele, em uma noite de semana e por pura vontade. "Mas também, é impossível não admirar o que o Alek construiu aqui. E por mais que eu ache ele o ser humano mais teimoso da cidade inteira, ninguém pode dizer que não é brilhante." Sorriu de canto, meio contido, meio orgulhoso. "Mas não fale isso pra ele," Matteo advertiu, sabendo que o outro tinha um grande ego, sem nem ao menos ouvir isso dele. "Tipo, a Fiamma é o Alek em forma de boate."
Deu um gole longo e voltou a encarar o outro com um sorriso enviesado. "E olha só como as coisas viram: de arquiinimigo a namorado do dono." A palavra escapou sem que ele sequer notasse, mas depois que ele disse... Ele sabia que não tinha como negar que estavam namorando. "Com direito a brinde especial e função de tutor emocional em tempo integral." Fez uma careta, mas o brilho nos olhos suavizava qualquer provocação. Deu uma pausa curta, o polegar passando distraído pelo rótulo da garrafa. "Mas enfim, se ele te dava trabalho antes, pode descansar. Agora ele é oficialmente problema meu." Bebeu mais um pouco e apontou com a cabeça na direção da escada, com um sorriso leve. "O terraço é o único lugar nesse prédio onde dá pra respirar sem ser engolido por neon ou por alguma garota da academia achando que a gente é um casal secreto." Fez uma pausa só pra lançar um olhar de canto, divertido. "Nesse momento já deve ter fanfic escrita sobre a gente."
Uma gargalhada escapou de seus lábios com a menção da autobiografia conjunta, e Dante jogou a sua cabeça para trás ao rir — tendo o pensamento de que Matteo sabia ser bem engraçado quando queria. A pergunta dele o fez erguer as sobrancelhas, um tanto surpreso com a virada do assunto. Não que ele tivesse problemas em responder, é claro. Dante não era exatamente conhecido por ser reservado. “Eu não acho que sou de beber pra esquecer, mas já aconteceu vezes suficientes pra eu agradecer que não tenha lembrado nada delas. Felizmente, sempre acreditei que o que eu não lembro, eu não fiz.” a famosa frase escapou de seus lábios com facilidade, e um tom humorado. “E caricatura de emo? Você tá falando sério?” não sabia se deveria ficar ofendido ou não, porém, não conseguia deixar de achar graça do comentário. “O que eu mais ando é confuso, então, se você quiser arrumar uma parceria de negócios em algum momento, podemos apresentar um plano pro Alek. Aposto que vai assinar e nos deixar fazer o que quisermos.” a grande verdade, é que simplesmente Dante não gostava de lidar com problemas diretamente, e encontrar formas de fugir deles era um hobby pessoal. “Ah, sei lá. Eu ando… Sei lá. Essa história toda mexe demais com a minha cabeça às vezes, e nessas horas ela me irrita um pouco. Fugir um pouco dela não vai fazer mal.”
Mais uma vez, se encontrava rindo com a sequência de falas de Matteo. Tomou mais um pouco do drink, erguendo as sobrancelhas ocasionalmente com os comentários dele. “Pelo lado bom, com as decisões questionáveis na boate você arrumou sua alma gêmea. A maioria só ficou sem saber onde enfiar a cara mesmo.” riu. “Contrato vitalício…” repetiu as palavras, curvando os cantos dos lábios em um sorriso divertido e balançando a cabeça. “Quem diria que ia finalmente chegar o dia em que alguém ia aquietar o facho do Alek. Te entrego ele de bom grado, é um alívio não ter mais que me preocupar com ele. É todo seu.” gesticulou com a mão livre, suas palavras saindo com o tom humorado de quem nunca perderia a chance de zoar do melhor amigo, mas também estava feliz de vê-lo envolvido daquele jeito em uma relação. Terminou o que restava em seu copo e o colocou sobre o balcão. “Ótimo.” sorriu, se inclinando para pedir que o atendente alcançasse uma garrafa de cerveja para cada um. “Já sabe o caminho?”
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