i tried to be 𝚐𝚘𝚘𝚍 ㅤ⸻ㅤ am i no 𝚐𝚘𝚘𝚍ㅤ.ᐣ⊹ 𝚝𝚑𝚎 𝚋𝚘𝚊𝚛 ﹑ can i be yoursㅤ.ᐣ
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TURTLES ALL THE WAY DOWN (2024) dir. Hannah Marks
#ㅤ ㅤ * 𝚃𝙷𝙴 𝙲𝙷𝙰𝚂𝙴𝚁 ⊹ 𝑣𝑖𝑠𝖺𝗀𝖾.#falta alguns pra eu responder e vou tentar fazer isso mais à noite!#enquanto isso fiquem com minha meninoca 😭
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤembora estivesse morrendo para sair daquela delegacia, natalia sentia o turbilhão de pessoas que esperava os sobreviventes lá fora, como se o calor que emanassem ao se pendurar pelas portas principais a atingisse até mesmo dentro da instituição. o desespero estava começando a tomar conta de sua consciência até que, mesmo dentre as ressalvas pessoais, discou o número de cemile para pedir um favor urgente. imaginava que a médica deveria estar ocupada, e vinha esperando a rejeição quando a mais jovem aceitou sua ligação e acatou ao seu pedido. pelas janelas e persianas, observou quando a de cabelos escuros estacionou rente ao meio fio, procurando a figura de allende entre as pessoas; aproveitou a deixa para zarpar o mais rápido que pôde, evitando as pessoas como se fugisse de lepra até conseguir embarcar no banco de passageiro do taycan estacionado. ⸻ não sei nem por onde começar. ⸻ murmurou, afundando-se um pouco mais no banco, os olhos fechados por um instante. aproveitara a velocidade que a morena tomara na direção para permitir-se alguns segundos de vulnerabilidade, tentando recobrar-se da própria consciência, desassociando-se do incômodo que era todas aquelas pessoas e seus microfones e cadernos apontados em sua direção. ⸻ ah, obrigada. ⸻ disse, referindo-se à comida, a qual manteve por perto, embora não tivesse a intenção de comer até que parassem onde quer que cemile a levasse. não indicara destino final ou qualquer coisa; sua ligação para a amiga foi um simples e cru pedido de ajuda. ⸻ você está sabendo o que aconteceu? ⸻ sentiu que era uma pergunta estúpida. todo mundo provavelmente estava sabendo do que já tinha acontecido naquela manhã. ⸻ bem, de qualquer maneira, sinto que as pessoas daqui não querem respostas, só culpados. ⸻ suspirou audívelmente, tornando o olhar acastanhado até cemile pela primeira vez dentro do veículo. ⸻ te incomodei muito? estava muito ocupada?
𝜗𝜚 com @huntrnss .
𝜗𝜚 em carro da cemile .
Assim que recebeu a ligação de Nat, ficou meio surpresa que aquilo estava acontecendo. Se tivesse experiência em direito, falaria que era um absurdo sequer desconfiarem dela, já que eram próximas demais para que tivesse algum envolvimento. E, então, descobriu que mais havia acontecido e não era algo fácil de ser contado. Como médica, já tinha visto enormes acidentes acontecerem, muitas vezes sem explicação, mas acontecer com tanta frequência... Os sobreviventes pareciam ter um azar do caramba, definitivamente. Tudo de ruim que poderia acontecer com alguém, acabava acontecendo com eles. Não hesitou em pegar o carro, um Taycan, e dirigir até a delegacia, onde já haviam inúmeros jornalistas, que se reuniam como abutres, tentando conseguir o melhor ângulo. Sabia que acabariam virando os vilões dentro das narrativas dos jornais e revistas, ansiosos para apontar o dedo para quem fosse mais suspeito. Parou o carro, esperando que Natalie fosse capaz de identificar o carro vermelho, que acabava se destacando entre os dois. Abaixou o vidro e acenou para ela, aguardando até que entrasse, enquanto os jornalistas acompanhavam cada passo e olhar dela. Não demorou sequer cinco segundos antes de começar a dirigir, sem saber muito bem para onde estava indo. "Caramba, Nat. Você está bem?" Os olhos foram da rua para ela, meio arregalados de preocupação. Havia tantas perguntas que desejava fazer, mas sabia que não era o mais apropriado. "Na sacola, tem alguns donuts e um café quente. Achei que você fosse precisar." Indicou a sacola que estava em frente a ela, esperando que ela aceitasse.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤera bom se agarrar ao fio de esperança que eram as memórias; mesmo que a situação fosse péssima, ou que tudo se desmantelasse aos poucos, a mais jovem mantinha-se arraigada ao máximo que podia à suas memórias, onde a vida ainda não tinha virado de ponta cabeça. pegava-se procurando quase que instintivamente por lembranças de quando era criança, onde a família ainda não tinha se partido, onde podia sorrir com um pouco mais de liberade. nicholas marcava presença em alguns de seus pensamentos sobre essa época. se parasse para pensar, talvez ele fosse sua amizade mais antiga, uma a quem nunca tentou afastar e a quem permitia mostrar-se um pouco mais que para as outras pessoas desde mais jovem. ⸻ eu, trapaceando? ⸻ nat quase permitiu sentir-se ofendida, o que traduziu-se em sobrancelhas franzidas ao observá-lo, mas ficou feliz em perceber que o havia feito sorrir. a sensação a transportava com força para longe dali; uma lembrança escondida sob tantas camadas de poeira, onde o céu era mais azul, as roupas não carregavam cheiro de terra e metal, e as mãos estavam livres de sangue. ⸻ está me culpando por ter uma estratégia melhor do que a sua, nicholas? ⸻ alfinetou com carinho, uma atitude quase fraternal que deixava implícita nos olhos castanhos. ⸻ pois bem, acho que está na hora de tirarmos a prova. posso garantir que continuo boa na peteca. ⸻ comentou, estendendo uma de suas mãos até a carcaça, tentando esconder o goto subindo pela garganta por certo instante até tocar uma estrutura óssea. não era fácil, obviamente, mas era o que podiam fazer; e estava disposta a tentar superar seus problemas com aquilo se quisesse sobreviver. ⸻ também não sei por onde começar. acho que precisamos encontrar alguma lasca de madeira quebrado para amarrarmos nisso aqui.
O cheiro de ferro ainda grudava nas narinas. Seco, áspero, quase como se tivesse se tornado parte dele. Nicholas não sabia dizer quanto tempo havia ficado parado ali. Ele piscou, os olhos ainda sensíveis ao toque, e sentiu o pano deslizando pelas têmporas, pela curva do queixo, pela fronte manchada. Havia sangue seco em toda parte. Respirou fundo, olhando fixamente para um ponto qualquer no horizonte. Seus joelhos ainda doíam, e a terra sob eles parecia mais fria do que deveria. Era uma dor surda, mas constante. Como o medo. Como a fome. Sobrevivência. Era isso que estavam fazendo. Sobrevivendo. Mas a que custo? Ele queria dizer algo, qualquer coisa, mas ficou calado. Pensava em como todos estavam esgotados, à beira de se quebrarem por completo. Pensava em como, a cada dia, sentia-se um pouco mais vazio. — Obrigado sim. — Murmurou, mesmo com ela dizendo que não precisava. — Você sempre trapaceava. Isso não conta como vitória. — Respondeu, finalmente deixando um sorriso surgir, mesmo que curto. Olhou para ela de soslaio. Havia algo na forma como Natalia existia ao lado dele que o fazia lembrar que ainda era humano. Pelo menos tinha uma amiga de longa data ali. — Quer saber? — Murmurou, deixando a faca escorregar da mão com cuidado até repousar sobre a rocha ao lado. — Isso pode esperar um pouco. A carne não vai sair correndo. — Era mentira. Sabia que quanto mais demorassem, pior seria lidar com o restante da tarefa. Mas naquele instante, não queria ver mais sangue. — Focar em criar uma raquete de ossos soa… horrível, na real. Eu nem sei como fazer algo assim. — Ele soltou uma risada curta. — Mas também soa como a coisa mais próxima de diversão que a gente teve em dias. E se for pra você perder, acho que vale o esforço.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤpara natalia, a pior parte era a aglomeração. os anos em que escolhera a vida solitária de uma cabana às margens de um rio não prepararam-na para um carretel de acontecimentos como os últimos dias haviam sido, pois tinha, por si mesma, escolhido não encarar o desconforto que tinha em ambientes como aquele. os murmúrios eram um lembrete cruel da memória que carregara pelos últimos quinze anos; não havia refúgio o suficiente para ela em hanover. ⸻ então é oficial. agora somos espetáculo. ⸻ comentou, mais para si do que para eliza, ajeitando a alça da bolsa no ombro enquanto caminhavam em direção a uma mesa livre. ⸻ tentei evitar os jornalistas o máximo que eu pude, mas mais parecem ervas daninhas. ⸻ para uma cidade tão moderada em população, havia pessoas demais tentando se enfiar na história da maneira mais esdrúxula possível. eu não deveria ter saído de plymouth, praguejou natalia, utilizando a destra para arrastar a própria cadeira e se sentar na mesa livre mais afastada que havia encontrado. arrastara a cadeira o mais próximo que pôde de uma pilastra, lhe dando cobertura em alguns ângulos. mesmo que estivesse com uma pessoa a quem considerava uma companhia satisfatória, não se permitia o relaxamento total; os ombros ainda estavam tensos e os olhos tempestuosos enquanto se ajeitava em seu assento, observando albuquerque tomar o lugar à sua frente. eliza era sempre bem polida, algo que deixava transparecer até mesmo em suas correspondências profissionais. ⸻ não fizemos nada, sim, mas não acho que pra eles isso basta. ⸻ murmurou com um tom de desafeto, dividida entre o apetite e pouca paciência para folhear o pequeno cardápio. as sensações eram múltiplas, sendo a inquietação a que a dominava, seguida da necessidade compulsiva de lavar novamente as mãos, tentando livrar-se do ambiente da delegacia, o qual pouco apreciava. ⸻ estavam perguntando coisas até demais no meu interrogatório. ⸻ comentou desconfortavelmente. ela e eliza tinham uma regra quase implícita, que as acompanhara durante suas interações ao longo dos anos; o passado não era mencionado, sendo esquecido deliberadamente entre assuntos profissionais e recomendações acadêmicas. eram duas pessoas que haviam escolhido deixar para trás o desconforto da floresta, que parecia retumbar em escárnio, marchando de volta para suas vidas sem consentimento. ⸻ e o seu?
A fala de Natalia não pegou Eliza de surpresa. Pelo contrário. Quando rumou para o Molly's naquela tarde estava certa de que teria que aguentar mais olhares atravessados dos moradores de Hanover. Era claro que todos estariam sabendo sobre como os sobreviventes do acidente estavam sendo considerados como cúmplices da nova morte. Parte da cidade também parecia querer a cabeça deles em uma bandeja, influenciada pelas fofocas venenosas de Madame Voss. Eliza costumava se considerar insensível — não tanto antes, mas com certeza depois do acidente. Desde então, passou a guardar tudo para si, vivendo como uma máquina, sem espaço para sentimentos que a enfraquecessem. Era sua forma de sobreviver — mas aquele grupo de pessoas estava sendo muito pior. Ninguém ali parecia se importar com os traumas vividos por aquelas quinze pessoas que tinham motivos para nunca falarem sobre tudo. "Não queria precisar dizer isso, Nati. Mas você precisa se preparar para os jornalistas... Se é que podemos considerar aqueles urubus como profissionais. Eles me pegaram voltando da delegacia hoje para o hotel e as perguntas foram as piores possíveis." Compartilhou com a mulher, já querendo deixá-la ciente de que os olhares negativos ainda não era pior do que as insinuações absurdas que a mídia estava fazendo para deixá-los constrangidos. "É claro que usei o que posso para deixá-los constrangidos e ameacei enfiar um processo em cada um se publicassem qualquer coisa sem prova, mas eu sei que isso só funciona nos primeiros quinze minutos." Levou a mão até o cabelo e o colocou para trás enquanto respirava fundo. Sua paciência se esgotava a cada dia mais e Eliza temia que voltasse a ter crises fortes como quando mais nova. Dessa vez, sem absolutamente nenhuma rede de apoio para ajudá-la e uma paciência ainda menor poderia ser ainda pior. Ouviu a sugestão de Natalia e assentiu. "É uma boa ideia." Desde que se mudara para Cambridge, Eliza aprendera a se virar sozinha. Teve um namorado ou outro que não ia para lugar nenhum, uma amizade do escritório com quem bebia um drink de vez quando, mas nada demais. Gostava do silêncio, de seguir sua organização e do controle. Mas estava começando a entender que, se não se unisse com aquelas pessoas com quem agora carregava uma história tão profunda, não suportaria a pressão. Além disso, Natalia era uma das poucas com quem ainda mantinha uma relação sólida. Mesmo que evitassem falar sobre o acidente, a parceria profissional entre elas permanecia intacta e, para Eliza, isso já era motivo suficiente para gostar de sua companhia. "Vamos entrar. Cabeça erguida, Nati. Nós não fizemos nada." Disse para a colega, mas também para si mesma. Cada palavra era um esforço consciente para manter o controle e não deixar que tudo desabasse de novo. Sem se sabotar dessa vez, Eliza. Sem cair nas velhas armadilhas. Sem dar espaço para memórias da floresta.
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ISABELA MERCED as DINA The Last Of Us | 2.01 - "Future Days"
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ㅤ ㅤ * ㅤ 𝚜𝚎𝚝𝚝𝚒𝚗𝚐 ㅤ 𝄒 ㅤ com @ssquirrzl em: molly's restaurant & bar, após interrogatórios.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤquando primordialmente vislumbrou sua volta à hanover, natalia não imaginava que os dias seriam tão conturbados e envoltos em situações tão… adversas, no sentido mais eufêmico que essa palavra poderia trazer. para ela, a dissonância era uma das piores partes, pareada a tudo que sentia de maneira tão ínfima e incômoda: a falta de pertencimento na cidade onde cresceu, acompanhada por todas as catástrofes que a cercavam, e todas as consequências ainda mais ominosas que pareciam rondá-la (e aos outros sobreviventes) como uma sempre presente nuvem de chuva. queria imediatamente se ver livre de todo aquele escarcéu, mas não estava liberta de sua maldição; assim como todos os outros do grupo implícito ao qual pertencia, tinha simbolicamente um alvo vermelho marcado na testa, que se traduzia em uma mira quase palpável, onde todos os olhos da cidade encaravam fixamente, sem qualquer tipo de pudor. talvez fosse exatamente essa falta de pudor que percebesse ao seu redor ao procurar uma mesa vaga para sentar-se no molly's, percebendo que os outros civis de hanover encaravam-na nem tão furtivamente, visto que seu olhar afiado apanhava-os tão rapidamente de canto de olho. quase desistira de seu almoço quando quase esbarrou-se com eliza ao se direcionar para fora do estabelecimento. a frustração, já prestes a transbordar, encontrou então uma brecha para se manifestar. ⸻ estava quase desistindo de jantar aqui. depois dos últimos acontecimentos, estão me encarando como se fosse uma atração de zoológico. ⸻ deixou que um suspiro cansaço vazasse de seus lábios, evidenciando ainda mais seu desconforto com a cidade, o ambiente e o lugar cheio. quantas complicações para conseguir um simples almoço. ⸻ mas se você for almoçar aqui, podemos nos sentar juntas. ⸻ e, quem sabe, conversar sobre o último tornado de acontecimentos. eliza era uma das poucas com quem o contato de natalia floresceu após a fase adulta, provavelmente porque a ponte que mantinham era sempre pontual e específica, não ultrapassando os limites de quem um dia foram e em quem se moldaram. assuntos acadêmicos e politizados faziam parte de sua rotina habitual de suas cartas e e-mails, mantendo um pacto tácito que tinha como intenção ignorar o elefante na sala que, de uma maneira ou de outra, ultimamente tentava se fazer presente.
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ㅤ ㅤ * ㅤ 𝚜𝚎𝚝𝚝𝚒𝚗𝚐 ㅤ 𝄒 ㅤ com @sinnerwclf em: área dos parques.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤos acontecimentos dos últimos dois dias carcomiam a mente de natalia de dentro para fora. jnunca fora dotada de um sono realmente profundo, mas desde o retorno a hanover, o simples ato de fechar os olhos e tentar encontrar repouso transmutara-se em um campo de batalha, em que sempre perdia, sendo imediatamente atravessada por meio-sonhos que não eram bem vindos e raízes do sonambulismo que sempre tentava tratar. as noites de sono tinham piorado razoavelmente desde o retorno a hanover e, intrinsincamente, ela tinha a perfeita noção de que essa condição não era algo que simplesmente ia embora, como uma brisa outonal; era necessário lutar contra ela, e a única maneira que allende conhecia, a fuga, era protegida – e proibida – por lei. sem conseguir suportar o sufocamento de mais uma noite insone, decidiu fazer o que o instinto lhe urgia profundamente: saiu de casa e seguiu até o parque mais próximo, buscando apenas um banco afastado para tentar se distanciar de tamanho distúrbio. somente queria sanar a necessidade de se sentar em um banco um pouco afastado e manter um pequeno contato com a natureza, essa que lhe fazia tanta falta; não imaginava como estaria sua casa, sozinha, visto o tempo em que estava infelizmente distante. o silêncio era seu maior companheiro, até que sua pequena introspecção fosse interrompida por um toque fofo em sua perna; mais como uma pata que havia encontrado uma nova amizade ocasionalmente. os olhos acastanhdos da pesquisadora encontraram a figura de um golden retriever, cuja guia pendente frouxa sinalizava que havia fugido. por sorte, o dono aparecia há pouca distância e era uma figura conhecida. ⸻ é seu? ⸻ questionou para finn que se aproximava, erguendo as sobrancelhas ao se abaixar brevemente para acarinhar o ponto sensível nas orelhas do animal, que pareceu mais que contente pelo carinho pouco esperado. ⸻ é bem bonito. o que está fazendo aqui? ⸻ ao perceber que estava sendo quase uma autoridade ao enunciar seu interrogatório polido, natalia calou-se; afinal, não era a dona do parque, muito menos uma participante das autoridades. estava somente curiosa, não imaginando que encontraria alguém, ainda mais um conhecido, àquela hora da noite. talvez ele também não conseguisse dormir.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ⸻ dez anos? acho que está sendo generosa. ⸻ a resposta saiu de forma direta, sem qualquer inflexão de humor; se fosse outra pessoa, o tom poderia ter quase saído como uma piada, mas natalia falava com seriedade; aquele lugar era uma amálgama de mistério e antítese. em sua visão, imaginava que poderia ser igualmente ancião e neófito, mil cabanas em uma só, mil histórias condensadas em uma época de pré descobrimento que talvez nunca descobrissem. nunca souberam exatamente quem viveu ali antes, mas era óbvio que não eram os primeiros; afinal, um dia alguém tivera o trabalho de erguer aquela estrutura com qualquer tipo de próposito distorcido de futuro. e não era mais reconfortante imaginar que dividiam o ambiente com o possível primeiro dono do local, calcificado no andar de cima. ⸻ prefiro café, mas meu pai também falava muito sobre eles e suas vantagens. ⸻ recordou-se, quase dolorosamente, enquanto caminhavam. a mãe não gostava de que tomasse chá; as línguas diziam que era um calmante, o que laura por vezes traduzia por uma desculpa para a apatia; e natalia já era pouco ativa o suficiente para ter mais picos de falta de energia decorrentes de uma bebida requentada. ⸻ a floresta é mesmo bem grande. só temos que ter cuidado, já que algumas coisas parecem comestíveis e acabam sendo intoxicantes. ⸻ comentou com a atenção voltada ao caminho. havia há poucos meses lido um livro sobre sementes cruas de algumas espécies nativas, que poderiam portar algumas toxinas quando não preparadas corretamente para consumo. não imaginava que encontraria uma maneira de colocar os conhecimentos a prova tão depressa mas, desde a queda e a subsequente necessidade de sobrevivência no ambiente externo, mantinha todos os sentidos aguçados ao máximo, visando não cometer qualquer erro. ⸻ provavelmente sim. gosto de botânica. ⸻ não era surpresa para muitos de hanover de que natalia e o pai, miguel, faziam diversas trilhas e caminhos pelas reservas de hanover quando ele ainda era vivo. a menção ao restaurante mais famoso de hanover acionou em allende uma coceira no estômago. ⸻ tudo bem. não estou com fome. ⸻ mentira. ⸻ gosto… hã… das trilhas e dos parques. ⸻ sentiu, quase imediatamente após dizer, um gosto amargo se instalar na boca. parecia repetitiva. chata. a vergonha de si mesma invadia o palato com o gosto de uma caretice padrão; sabia que não era interessante, mas se relembrar disso sozinha era mais que incômodo. ⸻ e… do molly's também. é legal. ah! vi um hortelã. ⸻ quase comemorou quando as pupilas repousaram na forma conhecida da herbácea.
às vezes pensa que se fosse outra circunstância — uma menos soturna e desafortunada — seria um prazer e tanto conhecê-la a fundo . não que agora seja menos do que bem-vindo , mas tudo que acontece depois do acidente carrega um quê de instabilidade e incerteza . essa cabana deve ter o quê ? uns dez anos ? aposto que os cupins fizeram o papel deles . recita em menção a possível podridão da madeira ; esperançosa de que não haverá uma possível complicação quanto a farpa . pensa quando éramos crianças! é cada coisa que entra na nossa pele e a gente nem vê . gosta de pensar que o sistema imunológico irá protegê-los da água — quiçá nem tão potável — quanto da alimentação questionável que eles têm . que o universo conspire à favor deles pelo menos desta vez . minha vó dizia que chá cura tudo ! dá 'pra gente ver se tem alguma coisa ' pra fazer . você gosta ? morde o lábio inferior por um ínfero instante ; pensativa se o sabor chegará próximo de ser tolerável quando se falta tantos recursos . se você parar 'pra observar bem ... a floresta é bem , hm , diversificada ? não tenho dúvida de que vamos achar mais do que amoras . retribui o sorriso de natalia com o suave acalentar dos lábios , o ato de abraçar o próprio corpo conforme andam em decorrência ao frio que começa a envolvê-las . incrível como tudo dá saudade de casa , que difícil . uma sutil nota de melancolia compõe a pronúncia de cassandra , que não demora a complementar a frase em um teor mais aconchegante . você parece cuidadosa com plantas . tenho uma leve impressão que já te vi no departamento de botânica . espera não tê-la confundido , mas duvida muito quando as feições de natalia ostentam de certa familiaridade ; o tipo confortável e agradável . a última fala da garota , porém , fê-la voltar a cidade natal com um sentimento agridoce . é inevitável que recorde primeiro dos irmãos ; o parque que tanto frequentavam juntos aos sábados , as caminhadas em família , também relembra do restaurante . você já visitou molly’s? nossa! era o meu restaurante preferido . tem gosto de carinho ? não sei explicar . desgruda os braços ao lado do corpo com suavidade , as mãos que se mexem a medida que fala com uma legítima empolgação que finda em um bico suave . não deveria falar de comida , desculpa . uma péssima ideia , mas fora a alternativa para evitar a sensibilidade de citar os irmãos mais novos . e você ? do que gosta de lá ? quando nós voltarmos preciso te mostrar a minha modesta plantação de lírios . se voltarem , se ainda estiverem vivas até lá .
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤmeneou a cabeça negativamente por alguns instantes, até assumir os cuidados para limpar o rosto do amigo com o verso de sua flanela úmida, que já acumulava certa sujeira nas bordas desde o último mergulho da roupa ao rio. estava tentando dissipar a concentração de sangue seco que ele parecia ter espalhado por todas as extremidades de seu rosto que, natalia percebia, estava um pouco mais pálido. ⸻ é estranho quando se coloca em perspectiva. mas todos dizem sobre como as pessoas agem quando são colocadas em instintos de sobrevivência. ⸻ os dias se arrastavam sem que eles tivessem noção do que realmente eram dias; horas transmutavam-se em momentos desconexos, onde todos seguiam cegamente a mensagem implícita que o cérebro designava: fiquem vivos. todo o resto era apenas uma consequência. a necessidade de sobrevivência era uma constatação quase desconfortável, que testava os limítrofes que eles impunham dia após dia. ⸻ e se conformar nem sempre é sinônimo de se acostumar. não precisa ser normalizado, só precisa ser feito, enquanto enxergarmos que tem a necessidade. e talvez nem tenha. talvez sejamos resgatados antes do próximo cervo aparecer por aqui. ⸻ soltou a frase com uma tentativa disfarçada de leveza, embora a atmosfera do momento fosse densa o suficiente para que quase pudesse ser perfurada por uma lâmina minimamente afiada. para que continuassem vivos, a caça e o corte de carne era imprescindível; disso, todos sabiam. ainda assim, entendia tudo o que ele queria dizer; e concordava, mas pensava mais tecnicamente sobre a situação que os envolvia. era algo que demandava mais que sentimentalismo, ainda que a melancolia a habitasse como estruturas de ferro, e natalia, ainda que uma pessoa bastante taciturna e quieta, oferecesse seus conselhos técnicos aos amigos mais próximos. a idealização de um resgate, no entanto, era o bem sagrado dos que restaram após o acidente, e allende quase se sentiu vil ao aplicar o tom da expectativas para acalmá-lo, visto que suas esperanças vinham sendo minadas minutos após minutos em que não recebiam resposta. ⸻ não precisa agradecer. bem, vamos acabar com a sua tarefa e descansar. ⸻ sugeriu; talvez um descanso simples fosse o que merecessem. pendeu os lábios em um início de sorriso pelo comentário sobre ossos. ⸻ podemos fazer raquetes de ossos. assim, vou poder ganhar de você na peteca aqui também, como quando éramos crianças. ⸻ era um das poucas pessoas com quem tinha lembranças tão gentis e tão antigas; um dos poucos a quem a conhecia para além da superfície antes da queda.
Ela falou da veterinária, da faculdade, do cheiro que ninguém ensinava a lidar. Ele quis dizer que entendia, porque entendia mesmo, mas ficou em silêncio até ela falar sobre sua aparência. Nick ergueu os olhos devagar, e apesar do comentário, deu um risinho curto. No fundo, agradecia a leveza. Ainda que fosse leve com gosto de cansaço. — É, acho que tô virando parte do mato já. — Respondeu, passando a mão suja na bochecha por reflexo. Só espalhou mais sujeira. Nick ficou em silêncio por um instante. Só o som do pano esfregando metal, do vento soprando entre as folhas secas no chão. Depois, ele suspirou, ainda sem encarar Nat diretamente. — O que me assusta... — Repetiu, quase como se testasse o som da frase. — Não sabemos o que será de nós, eu acho. Isso parece que será normal agora. Quando foi que pegar uma faca e cortar uma coisa antes viva se tornou aceitável? — Claro, eles compravam carnes em mercados, mas era diferente de ver sua caça na sua frente viva segundos antes. Coçou a nuca, sujando ainda mais o rosto de terra e sangue. Parecia um menino tentando entender algo grande demais pra sua idade. — Talvez eu esteja só cansado. Ou talvez já esteja ficando como esse lugar. — Silencioso demais por fora, meio apodrecendo por dentro. Deu de ombros, tentando minimizar a profundidade da própria fala com um meio sorriso torto. — Mas relaxa, tô bem. Sério. Só... pensando. E falando demais. — Aí, ouvindo o que ela disse sobre guardar até a gordura, ele assentiu, tentando voltar pra tarefa. Ficou um momento em silêncio, depois olhou pra ela de novo. — Tudo vira recurso agora. Vou guardar até esses ossos, vai que um lobo aparece querendo só ossos. — Fez uma tentativa de piada. — Valeu, tá? Por perguntar. Nem todo mundo tem energia pra isso ultimamente. — Era sincero, mesmo se meio escondido no tom casual.
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MELISSA BARRERA as SAM CARPENTER SCREAM VI (2023) dir. Matt Bettinelli-Olpin & Tyler Gillett
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤo trabalho do corte era quase tão árduo quanto o da caçada, na opinião de natalia, que via as tarefas acontecendo ao longo dos dias e tomava sua parte nelas. estava responsável pela caça e mais do que a exaustão de sentir que andava em círculos, os ombros se tornavam baixos, consequência que se instalava ao manusear uma arma por aí. quando se imaginaria em posse de algo assim? nunca havia passado por sua cabeça e, até o momento pontual de sua curta experiência, não era uma atividade que cultivava seu apreço. ⸻ eu fiz alguns semestres de veterinária e na prática, estou sentindo que não ajuda em muita coisa. na faculdade, pelo menos, eles nunca mostravam o cheiro. ⸻ natalia não era uma apreciadora primorosa do caminho que traçava na universidade, dado que se sentia um pouco infeliz no curso em que estava inserida; mas conhecimento era inquebrável e às coisas poderiam vir a calhar. ⸻ você está precisando lavar o rosto. está imundo. ⸻ o comentário, mesmo dito de maneira tão simples, era carinhoso e jocoso nas entrelinhas. uma fala quase infantil, como o laço que cultivavam. ⸻ o que exatamente te assusta nisso? não ter odiado é bem diferente de gostar, na minha opinião. como você se sente? ⸻ começou a argumentação básica, meneando os ombros. preferia deixar que nick falasse tudo o que tinha a dizer antes que pudesse tentar ajudá-lo, mesmo de seu jeito um pouco torto. seu juízo de valor acompanhava o instinto de sobrevivência. imaginava que era normal que odiassem o que faziam, sendo ela mesma um exemplo de quem rechaçava o que fazia repetidamente. a ideia de alguém que não repudiava aquela situação era pautada, na mente de nat, por algum tipo de resignação, onde o novo cansaço da rotina poderia estar roubando o lugar de outras manifestações sentimentais. de qualquer maneira, não era uma juíza, e tinha interesse em saber o que ele tinha a dizer. ⸻ acho que não tenho mais dicas muito boas… acho que só guardar a gordura, até a parte mais feia, porque vamos precisar.
Nicholas já tinha perdido a noção de quanto tempo estava ali, os dedos pressionando a lâmina com força quase automática enquanto dividia os pedaços ensanguentados com precisão imperfeita. Era o tipo de coisa que exigia foco e justamente por isso ele a fazia. Quanto mais mantivesse a mente ocupada, menos espaço haveria para o resto. Por um instante ele se perguntou se aquilo era mesmo normal. Se deveria estar tão... ok com tudo aquilo. Ou, pior, melhor do que com qualquer outra tarefa. — Eu não sabia que queria ajuda até estar no meio disso. — Murmurou, sem muito esforço para disfarçar o cansaço na voz. Havia algo de vergonhoso em ser visto assim, coberto de sangue, fazendo algo que não sabia se fazia por necessidade ou para se sentir útil. Ou para sentir algo. Quando ela passou o tecido da camisa pelo seu rosto, ele congelou por um segundo. O gesto era íntimo, familiar, um pedaço de antes que colidia com o presente. O comentário dela o fez soltar um riso curto, sem humor. Ele abaixou os olhos para o que restava do animal e inspirou devagar, o cheiro metálico subindo pelas narinas. — Eu fiz um técnico bobo de veterinária quando era mais novo… Não servia pra muita coisa, só pra saber onde era o estômago de um cachorro. Achei que ia lembrar mais do que isso. — Seus dedos ainda estavam trêmulos. — Sabe o que é pior? Eu acho que não odiei fazer isso. Isso me assusta um pouco. — Era uma confissão que ele não faria a mais ninguém. Porque só com Nat, por mais dura que fosse a realidade, ele podia ser sincero sem precisar explicar tudo. — Considerando que não vamos ter nenhum tempero... Agora... Dica número 2?
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤobservava que, acima de tudo, cassie não tinha qualquer tipo de pressa; seus dedos eram macios e traçavam um caminho calmo na pele de allende, que tentava repelir o próprio desconforto, simplesmente porque apreciava aquela companhia. imaginava que cassie era alguém que representava um cenário utópico de calmaria em um ambiente como aquele; a estudante de medicina examinava-a sem qualquer instância de urgência ou pena, sem esbanjar um tipo de preocupação excessiva que costumava deixar natalia desconfortável. ⸻ não vai infeccionar, mas podemos lavar. acho até que você já conseguiu tirá-la, não sinto mais nada nos dedos. ⸻ de fato, não sentia o incômodo enganchado entre a derme de seus dedos, esfregando-os e se aliviando por sentir a palma lisa, sem sinais de atrito. não morreria se tivesse um pequeno pedaço de madeira nos dedos, de qualquer maneira, mas era bom poder tirar um mísero sentimento enfadonho de sua lista de preocupações. depois de alguns segundos demorados, tomou o pulso de volta ao próprio controle, oferecendo à outra figura feminina um de seus pequenos e tão raros sorrisos como moeda de troca pela ajuda amistosa. ⸻ bem, se você viu uma árvore bonita, pode ser um bom sinal. talvez seja bom mesmo procurarmos coisas diferentes para comermos. ⸻ sabia que o intuito não era somente o de encontrar mantimentos; o alento de uma companhia e a distância do sinistro que reinava no andar acima talvez fossem as principais motivações para uma caminhada com capacidades revigorantes. ⸻ pelo menos aqui tem algumas árvores e plantas bem bonitas. me faz ter saudade das reservas perto de casa. ⸻ pontuou como um adendo rápido quando começaram a caminhar, traçando em passos lentos a cobiça de se afastar da residência abandonada. se esforçava para não deixar que o silêncio reinasse de sua parte; pelo que parecia reconhecer recentemente, morgan tinha energia e pautas para manter uma conversa sozinha, mas nat tentava não ser desagradável a ponto de deixar de respondê-la. não conhecia muito bem muitas pessoas com quem havia embarcado nesse avião e, embora fosse um espírito solitário, no fundo gostava de ter alguém que parecia apreciar sua companhia. ⸻ o que você gosta de fazer em hanover? ⸻ perguntou quase de supetão, querendo começar – ou mudar – de assunto. quase entoou o verbo em tempo passado, mas se corrigiu de prontidão; em tempos como aquele, valia a pena ter afeição à esperança, mesmo tão mirrada.
esbanja certo esforço em manter distância com a morte ; ora , o desejo pela sobrevivência precisa vencer a maré de negatividade . mas é impossível que o meio não influencie o todo . a existência do cadáver , por si só , ostenta um teor sinistro . é ainda mais improvável que não pense sobre o indivíduo ; o desfecho melancólico e solitário naquela casa . e se ele for a manifestação daquilo que serão em breve ? um mero indivíduo sem identidade ou raízes que , dado o tempo de putrefação , justifica que ninguém sequer procurou por ele . nós podemos lavar , que tal ? só não quero que infeccione . a pronúncia suave carrega uma preocupação genuína — camufla muito bem o medo que sonda a própria psiquê . à medida que se afasta do sinistro , cassandra também se aproxima daqueles que têm apreço . quiçá seja involuntário , de sua essência cuidadosa , que tenha preocupação e zelo . o polegar tange a superfície cálida do punho de natalia com brandura , o carinho suave que outrora se fez presente ao segurá-la . aposto que já temos lenha o suficiente , uh ? não lhe surpreende , por exemplo , a movimentação para estocar madeira devido ao trauma do frio dos últimos dias . eles têm um abrigo agora e , quem sabe , a natureza pudesse poupá-los de outro infortúnio . pensei que nós poderíamos , bem , procurar algo que não seja amoras . a intenção por trás da sugestão é clara ; distraí-las do elefante branco no andar de cima . eu vi uma árvore bonita perto do lago . não parece a única que necessita de acalento ; uma pequena e inocente distração e , de quebra , que permita trazer uma recompensa satisfatória para todos . o que você me diz , uh ? a gente volta antes de anoitecer .
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ㅤ ㅤ *ㅤ ㅤ 𝚊𝚜𝚔 𝚐𝚊𝚖𝚎.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤnat observava o amigo há poucos minutos, percebendo na movimentação de nicholas um desespero quase implícito enquanto manejava os pedaços de sangue e carne. a cena não era bonita, como tudo que já haviam presenciado naquela floresta; infelizmente, ainda que em meio ao cenário distópico de anarquia e sobrevivência, o hábito de fazer aquele tipo de coisa se diferia profundamente da afeição à repetição daquele tipo de atividade. a menina se revelou com os passos nas folhas secas, o encarando empaticamente, um rosto que conhecia desde a infância, embora os olhos agora fossem um pouco mais nublados. ⸻ claro, nick. você podia ter me pedido ajuda desde o começo. ⸻ murmurou, estendendo uma parte rasgada da manga de sua flanela em direção às maçãs do rosto de nick, esfregando um pouco do sangue. não combinava com ele, aquela sujeira. ⸻ você podia ter pegado alguma outra coisa pra fazer, sabe, ninguém ia ligar. cortar carne é uma merda. ⸻ pontuou, tentando soar um pouco solidária. allende não partilhava da opinião de que ele não era capaz, mas nicholas poderia ter, pelo menos, escolhido algo menos tortuoso. já era mais que desolador as horas sem resposta que se transformavam em dias vazios; não achava inválido quem procurava qualquer tipo de conforto. se abaixando ao lado dele, levantou a barra da flanela em xadrez e prendeu os cabelos, observando o animal que jazia sem vida; talvez, ela pensou, ele que estivesse em vantagem. ⸻ dica número um: se você cortar contra a parte da fibra, a carne rasga mais fácil e cozinha melhor depois. não é uma enorme ajuda, mas acho que talvez ajude na hora de comer.
Nicholas não sabia exatamente por que tinha se oferecido para isso. Talvez fosse a curiosidade, talvez fosse o desafio, ou talvez fosse porque, em meio ao caos absoluto, ele só quisesse ter controle sobre algo. Os olhos dele passaram pela carcaça do cervo, pelo trabalho que teve ao cortar e separar a carne. O cheiro de ferro no ar era forte, e, de repente, o frio parecia ainda mais cortante. Nicholas limpava a lâmina da faca com um pedaço de tecido já manchado de vermelho quando ouviu os passos atrás de si. Se virou para se deparar com @huntrnss. — Se veio perguntar se eu me sinto mal por isso, não precisa. Já passei dessa fase. — Disse, a voz rouca de cansaço. — O que eu preciso saber? Se você tem alguma dica, a hora é agora. — Ele murmurou, franzindo o cenho. — Droga, eu realmente fiz isso. — Nick ergueu os olhos para ela, e o olhar era diferente. Não exatamente vazio, mas… distante. Passou as costas da mão pelo rosto, esquecendo por um segundo que estava sujo, e manchou a própria pele de sangue seco. Ele franziu o cenho, mas não tentou limpar. — Não durmo bem há semanas. Alguma coisa eu tinha que aprender nesse tempo, então... Feito. Pode me ajudar com os pedaços?
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ⸻ não sei de onde saiu essa farpa. provavelmente de alguma das portas… que estão um pouco podres. ⸻ murmurou a última parte mais intimamente, não querendo espalhar uma negatividade imediata. o grupo já estava tendo que lidar com muitas coisas e pensamentos negativos verbalizados tendiam à piorar aquele tipo de situação, natalia já tinha percebido, embora não falasse muito. ⸻ é só uma farpa também, cassie. não precisa se preocupar. ⸻ garantiu à cassie enquanto sentia os dedos mais pálidos investigando curiosamente a palma de sua mão, que faria cócegas se o corpo estranho fibroso e intruso não irradiasse certo incômodo para o restante de seus artelhos franzinos. ⸻ não tive a ideia de ir pegar lenha hoje. está todo mundo sem lenha? se sim, posso ir buscar. ⸻ ofereceu-se de prontidão, meneando os ombros. embora já tivesse trabalhado consideravelmente no dia, imaginava que a ajuda não faria mal. às vezes, allende realizava as tarefas de maneira um pouco egoísta, mesmo que acidentalmente, já que sua auto-infligida solidão à fazia dedicar-se às vezes ao instinto nato de sobrevivência pessoal. dada a vivência forçada em grupo, policiava-se e tentava dedicar-se ao bem conjunto mais frequentemente.
quanta teimosia ! não se surpreende com a resistência alheia , afinal é como um bônus ser a irmã mais velha de uma família grande cheia de garotos . desenvolveu a paciência como um super poder — ou , quiçá , apenas esteja particularmente zen . me deixe ver sua mão ! quem vê pensa que vai ler as linhas da vida de muse , porém , apenas quer ajudá-lx a retirar a maldita farpa de madeira . você estava buscando lenha ? inqueriu , cuidadosa , quando tenta espiar a mão com certa cautela . é estratégia , porém , em fazer um grande caso para desfocar a tensão sobre o cadáver no andar de cima .
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˙ 𝚄𝙽𝚁𝙴𝙰𝙻, 𝚄𝙽𝙴𝙰𝚁𝚃𝙷ㅤ ㅤ *ㅤ ㅤ aparentemente a morte está de olho na presença de 𝙽𝙰𝚃𝙰𝙻𝙸𝙰 𝙰𝙻𝙻𝙴𝙽𝙳𝙴. quando o vôo 317 caiu, 𝙽𝙰𝚃 tinha apenas 𝚅𝙸𝙽𝚃𝙴 𝙰𝙽𝙾𝚂 e a floresta reconhece como 𝙾 𝙹𝙰𝚅𝙰𝙻𝙸. atualmente ela está com 𝚃𝚁𝙸𝙽𝚃𝙰 𝙴 𝙲𝙸𝙽𝙲𝙾 𝙰𝙽𝙾𝚂 e é conhecida como 𝙿𝙴𝚂𝚀𝚄𝙸𝚂𝙰𝙳𝙾𝚁𝙰, algo esperado considerando a reputação marcada por ser 𝙼𝙸𝚂𝚃𝙴𝚁𝙸𝙾𝚂𝙰, embora também seja 𝙸𝙽𝚃𝙴𝙻𝙸𝙶𝙴𝙽𝚃𝙴. ela decidiu sair de hanover depois do resgate. a floresta lhe deseja boa sorte e tome cuidado com a morte, ou não!
ㅤㅤ ㅤㅤ ━━━ ˙ 𝙽𝙰𝚃𝙰𝙻𝙸𝙰 𝙲𝙰𝚁𝚃𝙴𝚁 𝙰𝙻𝙻𝙴𝙽𝙳𝙴 🂱
ㅤ ㅤㅤ ㅤtrouble's always gonna find you, baby ― but so will i.
ㅤㅤ𝙱𝙴𝙵𝙾𝚁𝙴 𝚃𝙷𝙴 𝚂𝚃𝙾𝚁𝙼 ˙ natalia allende nasceu em quinze de julho, em hanover, new hampshire, filha única de miguel allende e laura allende (nascida carter), o guia florestal mais carismático da cidade e da professora de literatura mais rígida dos colégios de ensino médio. como resultado da relação muito próxima com a figura paterna, desde pequena, nat se sentia mais confortável na floresta do que entre uma multidão de pessoas. miguel a levava em caminhadas desde os cinco anos de idade, ensinando-a a ler rastros de animais, diferenciar pegadas e identificar ervas medicinais; seus passatempos mais queridos envolviam fazer nós de escoteiro (instituição da qual fez parte por muito tempo de sua infância; é provável que os mais velhos se lembrem da pequena natalia batendo em suas portas e oferecendo uma variedade de biscoitos) e distinguir o canto dos pássaros da região. já o relacionamento com a mãe era mais complexo; laura queria que natalia se dedicasse aos estudos e tivesse uma vida mais tradicional, enquanto miguel incentivava a filha a seguir seus instintos de exploração à natureza.
não teriam remarcas que tornariam sua vida pessoal nada além do padrão; era uma família como qualquer outra, que dividia jantares à mesa em silêncio e saía para a missa aos domingos bem cedo. a naturalidade do lar em que cresceu moldou natalie no que imaginava ser uma pessoa extremamente careta, salvo o interesse específico pelas trilhas e florestas ao redor de seu condado; pouco imaginava-se como alguém com muitos diferenciais, apenas mais uma adolescente normal entre todas as outras. a família sempre era a mesma e ela também, e havia certo conforto na conformidade do cotidiano. no entanto, sua relação com o pai foi abruptamente interrompida quando ele morreu em um acidente de caça quando ela tinha dezesseis anos; miguel foi encontrado caído em uma trilha, vítima de um disparo considerado acidental pelas autoridades na época da tragédia.
laura já se portava como uma pessoa distante mas, após a morte do marido, mergulhou no trabalho a fim de enevoar a mente, deixando a filha adolescente ainda mais solitária. com o passar do tempo tempo, a jovem se tornou mais reservada e introspectiva, buscando consolo nas árvores e trilhas ao redor de hanover━ o único lugar onde ainda sentia a presença do pai perto de si, como um fantasma bem vindo, acalentando o coração. um fato importante sobre natalia sempre foi que se afastava conscientemente da maioria das pessoas que tentava cultivar o contato, uma tentativa de antever qualquer decepção quando as pessoas com quem conversava pudessem perceber o quanto era patética. pouco tato social e um crescimento muito familiar transformaram-na em uma adolescente pouco comunicativa, mas com um intento desejo de reconhecimento, embora repleta de aversão ao ser o centro das atenções.
a experiência da faculdade se tornou mensurável pela expectativa maternal e uma maneira que encontrou, também, de mergulhar a cabeça em algo que não fosse a tristeza de sempre. o curso de medicina veterinária parecia plausível e um caminho lógico para alguém que sempre esteve próxima à natureza e aos animais, mas rapidamente se interessou mais por zoologia e ecologia do que pela prática clínica. imaginava-se apenas como mais uma dentre o punhado de estudantes com quem partilhava o prédio; era quieta e pouco se interessava pelos eventos comuns, comparecendo em festas apenas quando era arrastada por algumas de suas poucas amizades. mais do que tudo, a conformidade com o futuro pacato a atingia e golpeava-lhe as costas, imaginando que seria só mais uma pelo resto da vida que tinha pela frente.
ㅤㅤ𝚃𝙷𝙴 𝙰𝙵𝚃𝙴𝚁𝙼𝙰𝚃𝙷 ˙ nat não voltou após o resgate; a pessoa que desceu do avião após o acontecimento era alguém completamente diferente, moldada de maneira esmiuçada e minuciosa por dezenove meses ininterruptos. as respostas aos inúmeros interrogatórios que vieram eram curtas e grossas, os movimentos eram pouco bruscos, pouco reativos, como se tivesse sido, como qualquer um, ominosa pelo consumo que a floresta teve em seu corpo e espírito. apenas os olhos lhe pertenciam, sempre tempestuosos e curiosos, reconhecendo novamente o lugar que um dia havia sido casa e, na altura do resgate, eram apenas borrões e mais borrões.
a reintegração foi mais desastrosa do que para a maioria; amaldiçoada com a amálgama de crises de pánico e insônia severa, o quarto na casa que um dia fora seu lar lhe causava terrores extremos a noite e a cidade que lhe pertencia não parecia mais tão receptiva. o máximo que conseguiu aguentar em dartmouth foram mais um semestre em veterinária até que tivesse a matricula encerrada e uma passagem para plymouth, uma cidade cerca de oitenta quilômetros de hanover. até que ingressasse na universidade estadual de plymouth, onde era o suficiente para não ser tão reconhecida, nat trabalhou com pequenos serviços em fazendas e parques de conservação natural na região.
se encontrou na biologia, sua primeira faculdade, embora continuasse se incomodando profundamente com o contato interpessoal; se a primeira natalia já tinha pouco tino para contatos sociais, quem diria a que voltou, com o silêncio ensurdecedor de suas respostas. como sempre, era dona de pouquíssimos amigos, a quem escolhia previamente como quem imaginava que não desistiriam dela. depois de formada, integrou-se aos estudos com a pós-graduação em zoologia, onde mais anos foram demandados para que tivesse o segundo diploma sob sua posse. nos muitos anos de sua formação, o comportamento recluso jamais abandonou-a; recusava festas para escrever os artigos, dedicar-se aos laboratórios e, acima de tudo, deixar os dormitórios de plymouth à noite, consciente ou inconscientemente, ansiando por momentos de contato com a natureza em suas madrugadas consumidas.
não é surpreendente imaginar que depois que concluiu uma parte de seus estudos, sentiu a urgência de se afastar mais uma vez de toda aquela gente; mesmo as pessoas novas já haviam gerado estresse o suficiente e, se fosse sincera, natalie não aguentava mais a cidade, no sentido mais genérico da palavra. quando os salários que juntou foram gentis o suficiente para que permitissem a compra de uma cabana modesta na proximidade do squam lake, ainda em plymouth, se mudou de imediato, pouco interessada em manter contato com a maior parte de todas as pessoas que conhece. são poucos os que mantém contato com natalie, algo que funciona exatamente como sua preferência. seus estudos acerca da flora e fauna nos arredores do lago são peças principais em artigos científicos e revistas acadêmicas, e seu prestígio no âmbito educacional é direcionado apenas ao nome que constantemente revisita os periódicos. sua única conexão com o mundo externo são os pacotes e envelopes que envia com seus estudos e um raro contato com alguns professores e pesquisadores que a ajudam a publicar seu trabalho.
ㅤㅤ ㅤㅤ ━━━ ˙ 𝙸'𝙼 𝙽𝙴𝚅𝙴𝚁 𝙶𝙾𝙽𝙽𝙰 𝙻𝙴𝙰𝚅𝙴 𝚈𝙾𝚄, 🂱
ㅤ ㅤㅤ ㅤbaby, even if you lose what's left ― of your mind.
ㅤㅤto be written.
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