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igorrocha97-blog · 5 years ago
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igorrocha97-blog · 6 years ago
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Bárbara
Ela chegou e derrubou bebida em mim. — Desculpa! Não foi por querer. O sorriso dela dizia o contrário. Por mais que eu insistisse que estava tudo bem, ela sentou do meu lado e tentou secar minha calça com guardanapos. — Vocês chegaram cedo, todo mundo costuma vir lá por duas horas. Expliquei que a Paradis estava uma merda, e às 23h00 o Léo já queria ir pra outro lugar. Fui sincero, estava ali por causa do meu amigo. Não ia gastar mais do que a consumação mínima. — Não sou dessas meninas que querem tirar tudo de você. Só quero conversar. Começamos a conversar e acabei comprando uma dose pra ela. Afinal ela estava ali a trabalho, e devia ganhar alguma porcentagem em cima de cada drink. Antes da dose dela chegar, o Léo foi para o quarto. A menina que estava com ele estava com pressa. Queria fazer $1000 até o fim da noite. Quando o garçom voltou, chamou a menina sentada do meu lado de Bárbara. — Não é meu nome de verdade. Tenho nome de princesa. A pedido dela tentei adivinhar o nome. Sem sucesso. Depois de algumas tentativas ela me contou qual era. Perguntou o que eu fazia e tirou sarro dos alunos de humanas. Até tinha um pouco de razão. — Quero fazer física. Ela também já tinha passado no vestibular de matemática, numa universidade que eu não passei nem na primeira fase. Fiquei curioso sobre a idade dela. — Adivinha quantos anos eu tenho. Errei algumas vezes, até que ela disse. Tinha nascido em 2000. — Quer subir fumar um cigarro? Ela fumava dois marlboros no tempo que eu fumava um. Estava visivelmente cansada e, depois de algum tempo jogando conversa fora, ela começou a contar sua história. A mãe tinha expulsado ela de casa. O padrasto dava em cima dela, e ela levava a culpa por supostamente seduzir ele. Já o pai, a única pessoa que amou ela de verdade, morreu de câncer. Perguntei sobre o resto da família, e pra onde ela foi quando expulsaram ela de casa. — Minha mãe disse pra todos que eu dei pro meu padrasto. Quem quer uma garota em casa que vai tentar roubar seu marido? Voltamos pro sofá e o Léo estava lá. Já tinha usado todo o seu tempo. Falei pra ele me esperar assistindo a apresentação de uma das meninas. Queria conversar mais tempo com a Bárbara. — Eu fui morar com meu namorado. Um cara que tratava ela como uma princesa. Até que um dia parou de tratar. — Depois de um tempo ele começou a jogar na minha cara que sustentava a casa sozinho. A cada memória que surgia, a expressão dela ficava mais triste. — Eu andei Curitiba inteira atrás de emprego, sabe? Um dia ele começou a desconfiar que ela traia ele. O ciúme foi crescendo, até que um dia ele bateu nela. — Ele dava vários socos na minha costela enquanto me chamava de vagabunda. Pensei em como demora pra gente conhecer alguém de verdade. Ela disse que no começo do relacionamento ele era fofo e romântico. — Ele achava que eu tinha traído ele e me expulsou de casa. Eu não tinha mais pra onde ir, daí vim pra cá. Perguntei sobre as amigas da época do colégio. Ninguém podia ser tão sozinho. — Elas estão bem. Ninguém tem uma vida perfeita né, mas elas estão bem. Sempre postam a vida feliz delas no Instagram, mas nenhuma me ajudou.  De repente ela me abraçou e começou a chorar. Ela me mostrou as cicatrizes no pulso e disse que não aguentava mais fazer aquilo. Disse que tinha vários remédios em casa e que ia tentar de novo aquela noite. Falei sobre como tudo ia melhorar, como ela não viveu nem um quarto da vida ainda, e como seria um grande erro fazer aquilo. Não sei se ela desistiu da ideia, ou só não quis mais discutir aquilo comigo, mas mudamos de assunto. — Várias meninas que estão aqui vieram por causa de droga. Eu nunca faria algo assim pra usar pó. Tô aqui porque preciso mesmo. Meu amigo me puxou pelo braço. Ele queria ir embora. A Bárbara brigou com ele por isso, e convenceu ele a ficar mais um tempo. Ela tinha razão, o lugar tinha começado a encher de clientes perto das 02h00, e várias outras meninas começaram a aparecer também. — Se a gente tivesse se conhecido em outro lugar, você ia ter vergonha de sair comigo? Ela era linda e inteligente. Falei que com certeza vários caras iriam adorar conhecer ela. — Até parece, se soubessem que eu venho aqui, ninguém ia querer. Ela estava sentada no sofá com as pernas em cima de mim, e eu com as mãos paradas em cima da perna dela. — Você é um cara diferente, os outros já teriam subido essa mão aí. Demos risada. O clima estava começando a melhorar. Uma hora ela ficou quieta e começou a me encarar muito, até que pediu um beijo. Hesitei, mas dei um selinho. Ela reclamou e dei um beijo melhor. — Desculpa. Ela não queria me chatear com os problemas dela. Estava culpada por ter me contado todas aquelas histórias. — Me manda mensagem no Messenger. Entreguei meu celular desbloqueado pra ela enviar uma solicitação de amizade no Facebook. — Talvez eu demore pra responder, tô sem celular. Ela tinha sido assaltada duas semanas antes, igual eu. Só que ela tinha perdido o celular na Nilo Cairo, e eu na República Argentina. A cidade tá foda. — Piá, vamos? Já estávamos há horas lá dentro e o Léo estava impaciente. A Bárbara ainda me puxou algumas vezes quando eu tentei levantar, mas desistiu quando eu disse que estava há vinte e quatro horas acordado e precisava descansar. — Mano, eu esqueci de sacar mais dinheiro, e gastei tudo com aquela mina. Pode pagar minha comanda? Semana que vem eu te devolvo. Paguei e andamos até a saída. A Bárbara acompanhou nós dois. Nos abraçamos por alguns minutos na porta, e quando se afastou parecia diferente. Estava firme, ou fingiu estar. Ela ainda tinha uma noite toda pela frente. — Tchau.
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