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Caro diário...
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just-likefire · 2 years ago
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"Estamos, aproximadamente, entre os anos 1509 e 1510. Pouquíssimo tempo após a 'descoberta' das terras brasileiras pelo colonizador Pedro Álvares Cabral. Antes de conseguir chegar em terra firme, uma grande caravela portuguesa acabou afundando em alto mar, fazendo com que todos os seus tripulantes tivessem que lutar por suas vidas para que pudessem se manter a salvo. Após muito esforço de todos, alguns homens conseguem alcançar as terras brasileiras, porém algo os surpreendeu ainda mais. Eles estavam prestes a conhecer a tribo Tupinambá. Estes indígenas já viviam por lá a várias gerações e puderam presenciar a vinda daquele povo estranho, com vestes diferentes e atitudes um tanto peculiares. Para os Tupinambás, aqueles homens representavam uma terrível ameaça para suas mulheres, crianças e para toda a sua sobrevivência, então a atitude mais lógica que puderam tomar seria matá-los o mais depressa possível e foi isso o que fizeram. Entretanto, um dos sobreviventes portugueses conhecido como Diogo Álvares Correia, em uma atitude desesperada, atirou para o alto e, seja por sorte ou por vontade própria, atingiu um pássaro que sobrevoava o local, matando-o instantaneamente. A tribo, ao presenciar aquele magnífico momento, preservou sua vida. Diogo, após um certo tempo vivendo com os indígenas, acabou casando-se com uma nativa conhecida como Paraguaçu com a qual tiveram diversos filhos. Suas gerações ao longo da história foram aumentando consideravelmente. Diversos filhos e filhas, netos e netas, vários homens e mulheres foram frutos dessa união garantindo uma quantidade cada vez maior de habitantes na região ao longo dos séculos. Tal fato fez com que Diogo Álvares Correia recebesse a fama de "pai biológico" do Brasil. Acaba que esta embarcação portuguesa naufragou próximo às terras, conhecidas atualmente, como a região de Salvador. Ao atirar para o alto e atingir o pássaro, os indígenas se surpreenderam por nunca terem visto a pólvora ou qualquer tecnologia próximo a ela, então eles começaram a chamar o Diogo por uma palavra que traduzida significa 'Filho do Trovão' ou 'Fazedor de Fogo'. Foi assim que ele ficou então conhecido. Tal palavra é utilizada até hoje, porém muitos não conhecem a sua origem. Foi naquele momento, ao atirar para o alto, atingir a ave e surpreender a todos, que ele foi reconhecido como CARAMURU."
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just-likefire · 3 years ago
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"Estranho...
Muito estranho...
Não tem nem 5 segundos que eu estava desejando, implorando e até mesmo gritando por um momento de paz. Até que, de repente e sem aviso prévio, ela veio. Simplesmente veio. Sem mais dores no corpo, sem mais angústias, sem mais sofrimentos. O coração já não parecia que iria explodir a qualquer momento, o pulmão já não está mais sabotando minha própria respiração e meu cérebro não busca mais uma solução rápida para conseguir sobreviver a qualquer custo. Tudo está finalmente calmo.
Confesso que nem me lembrava como era ficar sentado tranquilamente em uma praça observando a vida ao meu redor. Meses de hospital retiram de você essa perspectiva de que a vida voltará a ser normal novamente. Remédios, tratamento quimioterápicos e reuniões com diversos oncologistas fazem você acreditar que talvez possa ser curado de tudo. Mas apenas talvez ...
Só uma coisa não faz o menor sentido. Como exatamente eu vim parar aqui???
Não tem nem 5 segundos que o gelo do ar condicionado do hospital ainda estava presente no ar, que a mão de uma ou duas médicas aplicavam injeções enquanto gritavam com alguém e que um pedaço de metal frio era colocado em meu peito com uma voz masculina gritando 'Afastem-se!'.
Não tem como isso ser um sonho. Eu consigo sentir a solidez da madeira do banco com meus dedos, consigo sentir a grama sob meus pés e posso ouvir as crianças brincando aqui ao lado. Será que eu est...
- Hoje o dia está lindo, não acha? - disse uma moça ao meu lado.
Que susto! Quando esta mulher apareceu??? Eu não a vi chegando aqui.
- Sim... Você tem razão. Está lindo mesmo. - respondi meio desconfiado.
- Eu estava te esperando.
- Mas a gente se conhece? - eu comentei ainda mais confuso. Nunca tive a melhor memória do mundo, mas acho que me lembraria se eu já a tivesse visto.
- Infelizmente, não. Mas, no fim, eu sempre estou aqui esperando todas as pessoas. Entende?
O que ela quis dizer com tudo isso? Esperando todas as pessoas?
- Desculpa, mas não entendi não. O que significa isso?
- Algumas pessoas me chamam de monstro. Falam que eu apareci no pior momento possível e me imploraram para que eu vá embora. Outras pessoas me acolhem como uma amiga íntima. Elas me abraçam e se orgulham de tudo o que fizeram. - disse a moça com um sorriso sincero. Ela parecia cansada, como se tivesse feito uma longa jornada e ao mesmo tempo feliz, como se estivesse com saudades de mim. Seus olhos profundos eram lindos, mas também misteriosos.
- E como eu deveria agir agora? Devo pedir que vá embora ou que me abrace? - eu disse ainda mais confuso. Toda aquela conversa não estava ajudando em nada.
- Isso só você pode me dizer. Observando tudo de forma geral, como você acha que foi toda a sua jornada?
Nesse momento, um grupo de jovens comemoraram mais uma vitória no jogo que estavam participando ali perto. Suas risadas me trouxeram um sentimento muito bom no peito. Eu estava feliz por eles, mas também pensativo por lembrar de tudo o que passei.
- Dolorida. Vivi quase metade da minha vida em hospitais lutando contra meu próprio corpo. Nada disso foi fácil.
- Mas também foi em um hospital que você conheceu seus melhores amigos, não foi?
- Foi sim. A gente se divertiu bastante, na medida do possível. - eu disse. Como ela sabia disso? Ela realmente me conhecia mesmo?
- Também foi lá que você aprendeu sobre o amor, sobre o valor da vida e o quão forte e corajoso você é. - disse ela olhando para as nuvens e sentindo a brisa balançando seus cabelos.
- Só que foi lá que eu fiquei dias em uma cama tendo apenas a televisão como companheira e sentindo medo de não poder mais acordar depois de fechar os olhos a noite. - de fato, os meus últimos anos foram bem complicados. Cada dia parecia ser o último.
- Saiba que nada disso foi em vão. Mesmo quando você achava estar sozinho, sempre tinha alguém te admirando de longe e buscando uma inspiração na sua força. Lembra de uma garotinha que vivia com um vestido rosa?
- Claro que me lembro. Ela estava fazendo o mesmo tratamento que o meu. Nossos horários nos uniam poucas vezes na semana, mas nunca cheguei a conversar com ela. Parecia sempre distante.
Ouvimos mais risadas do grupo de jovens. O jogo deles estava acirrado. Mas a competição nem era um problema. Estava evidente que naquele momento, eles estavam jogando por pura diversão. Era, com certeza, um momento de alegria genuína.
- Ela quase desistiu de tudo em um momento. Essa garota não tinha mais nenhum motivo para continuar com tudo, mas ela via que você estava lá todos os dias e, quase sempre, com um sorriso no rosto. Isso a encorajou a seguir em frente até ela encontrar a cura. Então meus parabéns por isso! - o sorriso em seu rosto era lindo. Eu não sabia que havia ajudado alguém em minha vida. Confesso que estou feliz de verdade por isso, orgulhoso de mim mesmo, na verdade.
- Imagino que você já tenha uma ideia de quem eu seja, certo? - continuou ela.
- Comecei a desconfiar poucos segundos atrás.
- E tem algo que queira me perguntar?
- Na verdade, tem sim. Como será daqui pra frente? Minha vida inteira sempre foi baseada no medo do amanhã. E, novamente, estou aqui com medo dos meus próximos passos.
- Infelizmente não posso te dizer como será sua jornada. Tudo isso você descobrirá sozinho. Estou aqui para te dizer que tudo ficará bem, que você não precisa temer nada. Chega de dores, chega de sofrimento, chega de tristeza. Está na hora de você descansar, meu amigo. Vou te acompanhar até lá, mas você continuará a caminhada por conta própria.
A brisa que nos alcançou neste momento foi leve, mas bem refrescante. Por alguns segundos pude sentir um cheiro familiar no ar. Algo muito gostoso mesmo. Talvez seja alguma comida sendo feita ali por perto que parece estar uma delícia, mesmo sem provar. Me pareceu algo que eu gostava na infância.
- Em uma coisa, você estava coberta de razão desde o início. Você é mesmo como uma amiga íntima. Muito obrigado por me ajudar em todo esse processo. Posso te dar um abraço?
- Mas é claro que pode! - ela me respondeu com o sorriso mais sincero que já vi na minha vida.
Nos abraçamos e, naquele momento, eu pude sentir uma paz de espírito e uma calma descomunal. Nunca meu espírito esteve tão leve como neste momento.
- E, se me permite perguntar, qual o seu nome? - eu questionei realmente curioso. Não acredito que demorei tanto pra dizer isso. E ela gargalhou. Como se fosse uma piada interna que tem consigo mesma. Imagino que ouça essa pergunta com muito mais frequência do que eu pensava.
- Pode me chamar como eu realmente sou conhecida. Prazer, meu amigo, eu sou a Morte."
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