Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
Bom, parece que voltamos...
Um dia li em algum site ou aplicativo desses que falam sobre maneiras de aliviar a ansiedade que existe um negócio que chama escrita terapêutica. Bom, acho que pode ser um bom momento de testar isso, visto que estamos no meio desse redevú que o maldito virus causou e eu estou a beira de um colapso, já vendo as pedrinhas cairem da pontinha laaaa pra baixo no penhasco.
Na verdade eu quero um lugar onde eu possa me sentir livre pra reclamar aqui do alto dos meus privilégios de branca de classe média sem alugar as pessoas próximas, pois está todo mundo meio surtado e não é justo largar meus problemas ridículos nos ombros de alguém ja carregado dos seus problemas ridículos também.
Acontece que eu tenho sufocado tanto as coisas que não to conseguindo nem despejar elas aqui, num blog com o endereço complicado justamente para que ninguém encontre caso seja stalker o suficiente para jogar meu nome no google e ver o que aparece... e pretendo que continue só meu mesmo (se meu eu do futuro mudou de ideia, eu não me responsabilizo, pois meu eu de agora não quer que ninguém leia, que esteja claro).
Talvez a palavra chave desse momento seja justamente aquela virtude que eu não tenho: PACIÊNCIA... Eu estava muito bem e plena, com minha vidinha semi encaminhada.... A luz no fim do túnel eterno que é essa faculdade, estabilizada emocionalmente, cabelo em dia, sexo em dia, saídas em dia....
Eu, que a muito custo construí toda essa fortaleza impenetrável que me deixava tão livre dos intempéries de uma vida afetivamente ativa, vi essa bagaça sendo chutada sem piedade por um playboy desgraçado numa caralha duma BMW no lugar mais improvável do mundo: o estacionamento do pior zaffari de Porto Alegre (eu detesto aquele mercado e agora temos um porquê).
A BMW foi só o que tornou tudo engraçado visto o ranço do meu ex namorado que estava junto comigo fantasiado de empregadinha safada, enquanto eu estava de mulher maravilha. Foi a coragem do playboy de parar no meio da rua e nos abordar daquela maneira, tremendo feito vara verde. Eu me vi naqueles olhos.... triste, sozinho, só tentando achar um ponto de luz na sua realidade caótica.O que leva alguém a ter uma atitude inusitada dessa senão o fim do poço? Ele simplesmente enfiou sua presença goela abaixo do nosso rolê, isso é uma coisa muito estúpida de se fazer, mas deu muito certo.
Menos pra mim, que teve sua fortaleza desmantelada e caiu la do alto da torre no meio dos escombros e ta tentando remover os destroços de cima até agora.
Ok, ja andava meio tedioso mesmo estar la, mas poderia ter sido pelas escadas...
Agora eu to perdida no descampado e não sei direito como eu faço pra voltar pra casa. (Sabe que essa escrita parece ter algum valor, eu me sinto estranhamente aliviada...) Eu nao sei mais nem o que é estar em casa, parece que saí numa viagem longa e onde eu estive antes não faz mais sentido. Sinto falta das coisas... sinto falta de alegria, do riso verdadeiro sem la no fundo ter uma pontinha de dor... aquela dor de não saber em que lugar tu está na vida do playboy, pois parece que ele veio pra ficar de vez no grande rolê. Parece que eu peguei aquela dor toda pra mim, aquela solidão caótica toda pra mim, parece que eu me enfiei numa missao de puxar alguém pra fora do mar quando nem eu sei nadar. Sempre tive uma força bastante grande, desde cedo eu precisei aprender e o exemplo mais forçudo do mundo é minha mãe.... essa mulher é muito foda. Quando eu chorava ela sempre me dizia que as coisas eram passageiras e eu era capaz de enfrentar pq era forte. Ela me fez forte. Hoje eu não consigo mais chorar na frente dela. Eu olho as coisas com cara de paisagem mas no lado avesso eu to gritando ao som de Beethoven.
Eu havia decidido que seria melhor não mais ver o playboy, afinal, as vezes a gente precisa criar vergonha e tomar um decisão pq nao temos mais 18 anos pra não saber o que fazer da vida.... tomar a decisão errada faz parte, temos 30 mas a bola de cristal não vem junto no presente de aniversário, só que tomar alguma decisão que seja é imprescindível. Não deu. Eu tive que reconsiderar pq o dano foi muito grande nesse momento tão desvairado que estamos passando, longe da minha rotininha chata, dos meus rolês que, queira ou nao, me traziam distração e a sensação de controle das coisas.
Agora eu to aqui, barrando a bola de neve e torcendo para que ela diminua em vez de aumentar e destruir minha cerquinha.
“Tenho medo de machucar alguém”, diz ele. Eu não vou tecer comentários sobre isso, mas o fato é que eu ja estou sem pele, esperando ele arrancar meus músculos até chegar nas vísceras. E eu sei que não vou conseguir sair antes que isso aconteça, eu sei que vou espernear até o ultimo miócito pois é bem meu tipinho levar as coisas até as ultimas consequencias pois eu não me permito desistir ate ter uma resposta definitiva, seja ela qual for e da maneira que for. As vezes a resposta vem de mim mesmo, do meu eu interior que diz que: “deu”. Sinceramente é isso que eu espero. Sinceramente, também, eu nao sou trouxa de não saber que pra ele está hiper cômodo tudo isso e que ele não vai largar fora. Mas meu coração idiota (ja dizia o poeta Wander Wildner) insiste em crer em conto de fadas, onde o carinho e a paciencia amolecem até aerolitos de adamantium (novo algarismo na escala Mohs: coração do playboy).
Acho engraçado que ele não se deu conta que a gente ja tem algo que muitos rotulam como um relacionamento sério, eu só acho que ele não consegue admitir porque na cabeça bagunçada do indivíduo precisa ter o mesmo conto de fadas que falei antes.... Somos muito parecidos, mas as loucuras são muitas. Ele mar agitado, conturbado... eu com meu barquinho de madeira ja nauseada e cansada fazendo carinho na água na esperança de que ela me ouça, se acalme e me deixe ficar ali.
E assim eu vou seguir, sem saber se estou no caminho certo, mas vou seguir pq é isso que tem que ser feito: escolher e ter coragem de persistir, até a vida colocar uma nova oportunidade de escolha, e ela SEMPRE coloca. Ficar parado esperando resgate é tolo.
Até as cenas dos proximos capitulos....
1 note
·
View note